Axl Leskoschek (Graz, Áustria 1889 - Viena, Áustria 1975)
Gravador, pintor, ilustrador, desenhista, professor, cenógrafo.
Ingressa na Escola de Belas Artes de Graz e na Escola de Artes Gráficas de Viena, em 1919, e tem aulas com Hofbauer, Hermann Cossmann (1884 - 1966) e Schorotter. Nessa época participa dos grupos Sezession, em Graz e Viena, e Werkbund. Em 1921, apresenta aquarelas em sua primeira individual em Viena. Entre 1929 e 1932 cria cenários para teatro. Fugindo do nazismo, refugia-se na Suíça, onde inicia a série de xilogravuras Odysséia. Em 1939, muda-se para o Rio de Janeiro e leciona xilogravura no curso de desenho de propaganda e de artes gráficas da Fundação Getúlio Vargas - FGV, entre seus alunos estão Fayga Ostrower (1920 - 2001), Renina Katz (1926), Ivan Serpa (1923 - 1973) e Edith Behring (1916 - 1996), e também dá aulas de gravura em seu ateliê, no bairro da Glória. O artista, além de realizar xilogravuras, pinta paisagens, naturezas-mortas e cenas do cotidiano carioca e fluminense. Ilustra vários livros, a maioria publicada pela Livraria Editora José Olympio, como O Romanceiro do Brasil, de Ulrich Bechers, Dois Dedos, de Graciliano Ramos (1892 - 1953), Uma Luz Pequenina, de Carlos Lacerda, e as traduções brasileiras de Fédor Dostoïevski (1821 - 1881). Retorna à Áustria em 1949, e reside em Viena, onde ilustra revistas e livros.
Comentário Crítico
A produção brasileira de Axl Leskoschek inclui aquarelas, óleos, gravuras em linóleo, água-forte e, principalmente, xilogravuras. O artista prefere realizar trabalhos em pequenos formatos, elaborados com grande precisão técnica, nos quais apresenta grande riqueza de detalhes. Nessas obras, representa cenas da vida urbana e suburbana do Rio de Janeiro.
Leskoschek ilustra diversas publicações, entre as quais se destaca a série de 60 diminutas xilogravuras para O Romanceiro do Brasil, de Ulrich Bechers. Como aponta o pesquisador José Neisten, nas ilustrações que faz para a tradução brasileira das obras de Fédor Dostoïevski (1821 - 1881), lançada pela Livraria Editora José Olympio, o artista surpreende pela adequação formal e psicológica à verdade humana e literária dos personagens criados pelo escritor. Para a crítica de arte Radha Abramo, a atenção com à minúcia leva o artista, em suas xilogravuras, a reconstituir os cenários de época, com riqueza de texturas e jogos de luz.
O artista desenvolve importante atividade docente, sendo professor do curso de desenho, propaganda e artes gráficas criado pela Fundação Getúlio Vargas - FGV, e ministrando aulas de gravura em seu ateliê. É responsável pela formação de diversos artistas, entre eles, Fayga Ostrower (1920 - 2001), Renina Katz (1926), Misabel Pedrosa (1927), Rachel Strosberg (1927), Danúbio Gonçalves (1925), Décio Vieira (1922 - 1988), Ivan Serpa (1923 - 1973), Teresa Nicolao (1928), Edith Behring (1916 - 1996).
Críticas
"Nas miniaturas, gênero no qual [Leskoschek] é hoje reconhecido como mestre de porte internacional, estão registradas cenas da vida urbana, suburbana e rural, tanto da cidade como do Estado do Rio [...]. Nos pochoirs foram concentrados os ângulos mais densos e dramáticos das áreas pobres, da paisagem agreste ou da mais disciplinada. As xilogravuras maiores ilustram obras de Dostoievski, publicadas apenas nas edições brasileiras do novelista russo [...]. Alguns linóleos ilustram vários clássicos dentre os modernos novelistas brasileiros. Dentre as xilogravuras maiores, merecem especial destaque as que formam a série de Ulisses, versão personalíssima de Leskoschek do inesgotável filão grego, iniciada no Brasil e concluída anos depois na Áustria. Diagramação, gravuras e vinhetas para Os Lusíadas, iniciais, ex-libris, cartões de circunstância e trabalhos gráficos ilustram a imensa versatilidade e a contribuiçao de Axl à atividade nesses setores, no Brasil dos anos 40".
José Neistein (1981)
NEISTEIN, José. Feitura das artes. São Paulo : Perspectiva, 1981. p. 83-84.
"Seus óleos revelam afinidades temáticas com as ´miniaturas brasileiras´. São paisagens, naturezas-mortas, composições com frutos e flores, aspectos do cotidiano carioca e fluminense - morro, subúrbio, vendedores, pedreiros, boiadas. Alguns locais são citados no título das obras: Pendotiba, Mury, Santa Rosa, em Niterói, Cônego, como também os jardins de Portinari, em Brodósqui, e de Burle Marx. Entre os quadros expostos, alguns são considerados decorativos (painel, decomposição) pelo autor, que também pinta lendas e uma cena grega (Odysséia). (...) Tanto no Brasil quanto no exterior, sua obra tem sido analisada quase que exclusivamente pelo ângulo gráfico, especialmente sua atividade de ilustrador. No exame da xilogravura como veículo da ilustração, não raro se esquece de examinar suas qualidades formais. Por outro lado, seus guaches e óleos jamais foram objetos de análise. É certo que, nesse campo, sua produção foi menor, e o pouco que ele criou se dispersou em coleções particulares, aqui e no exterior. Será preciso, um dia, analisar o pintor Leskoschek".
Frederico Morais
AXL Leskoschek e seus alunos: Brasil/1940-1948. Curadoria e texto Frederico Morais. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Banerj, 1985.
"Era uma pessoa extraordinária, tinha a capacidade de não impor a sua solução artística. Era um excelente técnico e um grande ilustrador, capaz de captar o clima mental de uma cena ou de uma narrativa, o que fazia de maneira brilhante. Como professor levava os alunos a participarem da crítica de seu próprio trabalho. Esta é das melhores coisas que pode haver no ensino. Na época era o único professor moderno e, por isso, foi muito procurado.
Terminado o curso da Fundação, um pequeno grupo de alunos foi tomar aulas com ele no seu ateliê. Aí as aulas não eram mais apenas de xilogravura, mas também de pintura, desenho e composição. Ele mostrava que existiam regras, mas que estas não eram apenas preceitos. Cada um tinha de descobri-las.
... Para os artistas de minha geração, a grande dívida é para com os pioneiros, gente como Leskoschek, Lívio Abramo, Oswaldo Goeldi e Carlos Oswald, pelo fato de que eles viveram 20, 30 anos sem o menor incentivo - eles não tinham como vender seus trabalhos - mas sem jamais perder sua integridade artística".
Fayga Ostrower
LESKOSCHEK, Axl. O mestre gravador: xilogravuras do período brasileiro: 1940-1948. Porto Alegre: Caixa Econômica Estadual, 1989. p. 5-6.
Exposições Individuais
1921 - Viena (Áustria) - Primeira individual
1942 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Le Connoisseur
1946 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1948 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MEC
1971 - Graz (Áustria) - Individual, no Landesmuseum Joanneum
1973 - Washington (Estados Unidos) - Os Anos de Brasil de Axl Leskoschek, na Art Gallery of the Brazilian-American Cultural Institute
1974 - Rio de Janeiro RJ - Os Anos de Brasil de Axl Leskoschek, na Galeria Grupo B
1974 - São Paulo SP - Os Anos de Brasil de Axl Leskoschek, no MAB/Faap
1974 - Viena (Áustria) - Retrospectiva, no Museu Albertina
Exposições Coletivas
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Royal Academy of Arts
1944 - Norwich (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Norwich Castle and Museum
1945 - Edimburgo (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na National Gallery
1945 - Glasgow (Escócia) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Kelingrove Art Gallery
1945 - Bath (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Victory Art Gallery
1945 - Bristol (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Bristol City Museum & Art Gallery
1945 - Manchester (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, na Manchester Art Gallery
1946 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores vão à Escola do Povo, na Enba
Exposições Póstumas
1978 - Curitiba PR - 1ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, no Centro de Criatividade
1978 - São Paulo SP - Individual, na Graphus Galeria de Arte
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1984 - Curitiba PR - 6ª Mostra de Gravura Cidade de Curitiba
1984 - Curitiba PR - 6ª A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Casa Romário Martins
1984 - Porto Alegre RS - Gravuras: uma trajetória no tempo, no Cambona Centro de Artes
1984 - Rio de Janeiro RJ - A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Rio de Janeiro RJ - Axl Leskoschek e seus Alunos: Brasil/1940-1948, na Galeria de Arte Banerj
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - Axl Leskoschek e seus Alunos: Brasil/1940-1948, no MAM/SP
1986 - Curitiba PR - 7ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba
1986 - Curitiba PR - Individual, no Museu Guido Viaro
1988 - Lisboa (Portugal) - Pioneiros e Discípulos, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - Porto Alegre RS - O Mestre Gravador Axl Leskoschek: xilogravuras do período brasileiro/1940-1948, na Galeria de Arte da Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul
1991 - São Paulo SP - Registros e Impressões: artistas seminais, na Casa das Rosas
1992 - Rio de Janeiro RJ - Gravura de Arte no Brasil: proposta para um mapeamento, no CCBB
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, na Funesc
1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô
1996 - São Paulo SP - Ex Libris/Home Page, no Paço das Artes
1998 - São Paulo SP - Os Colecionadores - Guita e José Mindlin: matrizes e gravuras, na Galeria de Arte do Sesi
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Axl Leskoschek, no Espaço Cultural dos Correios
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2002 - Londres (Inglaterra) - Axl Leskoschek: the brazilian years, na Gallery 32
2003 - São Paulo SP - Entre Aberto, na Gravura Brasileira
Fonte: Itaú Cultural