Décio Vieira (Petrópolis RJ 1922 - Rio de Janeiro RJ 1988)
Pintor, desenhista.
Décio Luiz Monteiro Vieira estuda desenho e pintura com Axl Leskoschek (1889 - 1975) na Fundação Getúlio Vargas - FGV do Rio de Janeiro, em 1948. A partir desse ano, entra em contato com a gravadora Fayga Ostrower (1920 - 2001) e tem aulas como pintor Ivan Serpa (1923 - 1973) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. Na década de 1950, integra o Grupo Frente, com Lygia Pape (1927 - 2004), Lygia Clark (1920 - 1988), Hélio Oiticica (1937 - 1980), e outros. Participa do Grupo Neoconcreto, dissidência carioca do grupo concretista. Entre 1954 e 1962, produz estampas para tecidos com Fayga Ostrower. Em 1966, em São Paulo, trabalha com Alfredo Volpi (1896 - 1988) no afresco Dom Bosco, para o Palácio dos Arcos, em Brasília, e com ele estuda a técnica da têmpera e passa a apresentar uma produção abstrata. Na década de 1970, volta à figuração, dedicando-se principalmente à pintura de paisagem, e leciona no MAM/RJ, nos cursos coordenados pelo crítico Frederico Morais. Com a orientação de Ivan Serpa cria, com Dulce Vieira, uma escola de arte para as crianças da comunidade da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. É realizada exposição retrospectiva de sua produção, intitulada Décio Vieira: Resumo de uma Trajetória, na Galeria Rodrigo de Mello Franco, da Funarte, no Rio de Janeiro, em 1992.
Comentário Crítico
Décio Vieira participa, na década de 1950, do Grupo Frente, constituído por artistas de tendências construtivo-geométricas. Nessa época, articula o espaço por meio de variações de formas e cores e por distorções da perspectiva, como ocorre em Espaço Construído, 1954. Em seus quadros, concilia a construção geométrica com a pesquisa de nuances cromáticas e o uso do sfumato, criando assim um jogo entre o definido e o indefinido.
O artista aprende com Alfredo Volpi (1896 - 1988) a técnica da pintura a têmpera, que confere ao seu trabalho um caráter mais lírico na abstração. Realiza obras que tendem ao monocromático. Em Quadrados, Retângulos e Linhas, 1961, o espaço pictórico é dividido em módulos regulares e o artista emprega o mínimo de variações tonais para construir a estrutura, que apresenta grande equilíbrio. A partir da metade da década de 1960, suas obras revelam maior liberdade no uso da cor e da textura. Em diálogo com a produção de Volpi, Décio Vieira realiza uma pintura econômica, com o emprego sutil da luz, em construções que utilizam predominantemente o branco. Na década de 1970, o artista tem importante atuação como professor do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, criando também uma escola de arte para as crianças da favela da Rocinha.
Críticas
"Dentre os neoconcretistas destacou-se pelo radicalismo quanto às formas e pela sua opção por monocromias, algumas vezes trabalhando somente com o branco. O período neoconcreto coincide com o momento de maior síntese em sua obra. Por volta de 1966 observou-se um parênteses em sua postura ascética, quando passou a trabalhar a cor e a textura de maneira mais lírica, período que coincide com seu trabalho conjunto com Volpi nos painéis da Navegação Costeira e no Palácio dos Arcos. Foi com Volpi que aprendeu a técnica da têmpera e tomou gosto pelas possibilidades oferecidas por esse meio de expressão".
Maria Izabel Branco Ribeiro
EM busca da essência: elementos de redução na arte brasileira. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1987.
"Foi sempre amoroso do artesanato da pintura. Com Volpi desenvolveu o gosto pela pintura enquanto ofício e não como ilustração de um ideário estético ou filosófico. Prepara ele mesmo suas telas e suas tintas e o ato de pintar é algo que lhe dá enorme prazer. Não é do tipo que sai por aí dando explicações, que sabe do quadro antes mesmo de acabá-lo, às vezes antes mesmo do início. Ao contrário, é do tipo que fica curtindo o quadro, descobrindo coisas, confrontando com os outros, esperando que os significados apareçam pouco a pouco. Vendo seus quadros, qualquer um pode concluir que pintar é, para ele, algo sensual, que lhe dá enorme prazer. E é nessa sensualidade que se manifesta especialmente na cor e na textura, ambas geradoras de espaço, que os cariocas se distinguem dos paulistas, desde os tempos polêmicos, e hoje históricos, do concretismo-neoconcretismo".
Frederico Morais
Em busca da essência: elementos de redução na arte brasileira. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1987.
Exposições Individuais
1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Thomas Cohn
Exposições Coletivas
1953 - Petrópolis RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata, no Hotel Quitandinha
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP
1954 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente, na Galeria Ibeu Copacabana
1954 - Rio de Janeiro RJ - Salão Preto e Branco
1955 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente, no MAM/RJ
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1956 - Resende RJ - Grupo Frente, no Itatiaia Country Club
1956 - São Paulo SP - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no MAM/SP
1957 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no MAM/RJ
1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Munique (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa -1959 : Munique, Alemanha) - Kunsthaus.
1959 - Rio de Janeiro RJ - Primeira Exposição de Arte Neoconcreta, no MAM/RJ
1959 - Salvador BA - 1ª Exposição de Arte Neoconcreta, na Galeria Belvedere da Sé
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Exposição de Arte Neoconcreta, no MEC
1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Zurique (Suíça) - Konkrete Korst, no Helmhaus
1961 - Rio de Janeiro RJ - O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, MAM/RJ
1977 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no MAM/RJ
1977 - São Paulo SP - Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado
1981 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva Nuchy, no Nuchy Galeria de Arte
1984 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Frente 1954-1956, na Galeria de Arte Banerj
1984 - Rio de Janeiro RJ - Neoconcretismo 1959-1961, na Galeria de Arte Banerj
1984 - Volta Redonda RJ - Grupo Frente 1954-1956
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1985 - Rio de Janeiro RJ - Axl Leskoschek e seus Alunos: Brasil/1940-1948 na Galeria de Arte Banerj
1985 - São Paulo SP - Axl Leskoschek e seus Alunos: Brasil/1940-1948, no MAM/SP
1986 - Resende RJ - Grupo Frente 1954-1956
1987 - Rio de Janeiro RJ -1ª Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, na Funarte
1987 - São Paulo SP - 19ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1987 - São Paulo SP - Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, no MAB/Faap
Exposições Póstumas
1989 - Rio de Janeiro RJ - Pequenas Grandezas dos Anos 50, no Gabinete de Arte Cleide Wanderley
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1º A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini. No Paço Imperial
1992 - Rio de Janeiro RJ - Décio Vieira: resumo de uma trajetória, na Funarte. Galeria Rodrigo Mello Franco de Andrade
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1996 - São Paulo SP - Desexp(l)os(ign)ição, na Casa das Rosas
1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/SP
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/RJ
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2000 - Lisboa (Portugal) - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Calouste Gulbekian
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ
2005 - Petrópolis RJ - Expresso Abstrato, no Museu Imperial
Fonte: Itaú Cultural