Pílade Francisco Hugo Adami (São Paulo SP 1899 - idem 1999)
Pintor, cenógrafo, cantor lírico, ator.
Aos 12 anos cursa pintura na Escola Profissional Masculina do Brás com Giuseppe Barchitta. Entre 1913 e 1916, estuda com os pintores Alfredo Norfini (1867-1944) e Enrico Vio (1874-1960), e os escultores William Zadig (1884-1952) e José Cuccé, noLiceu de Artes e Ofícios de São Paulo (Laosp). Em 1917, tem aulas com Georg Elpons (1865-1939). Em 1922 embarca para Florença, e lá se torna amigo do poeta Berto Ricci e do pintor Giorgio De Chirico (1888-1978). Estuda pintura na Accademia di Belle Arti di Firenze [Academia de Belas Artes de Florença], sendo aluno de Felice Carena (1879-1966), mas logo abandona a escola para viajar pela Itália para observar obras clássicas. Reside por um período em Paris e interessa-se pela obra do pintor Paul Cézanne (1839-1906). De volta ao Brasil, em 1928, Adami realiza a primeira individual, na Galeria das Arcadas, em São Paulo. Mário de Andrade (1893-1945) publica ensaio sobre a exposição no DiárioNacional. O contato de Mário de Andrade com a obra de Hugo Adami possibilita ao crítico repensar seu projeto modernista. Hugo Adami retorna à Europa em 1929, onde permanece até 1932. Nesse ano, participa da Sociedade Pró-Arte Moderna (Spam). Em 1933, integra o Clube dos Artistas Modernos (CAM), e é ator da peça O Bailado do Deus Morto, de autoria de Flávio de Carvalho (1899-1973). No ano seguinte, trabalha como cenógrafo e consultor de arte no filme Favela de Meus Amores, de Humberto Mauro, e executa a decoração do carnaval do baile da SPAM com Anita Malfatti (1889-1964), Lasar Segall (1891-1957) e Vittorio Gobbis (1894-1968). Em 1937, participa da primeira exposição da Família Artística Paulista (FAP) ao lado de Alfredo Volpi (1896-1988), Bonadei (1906-1974), Clóvis Graciano (1907-1988) e Rossi Osir (1890-1959), entre outros. No mesmo ano, retorna à Europa, lá permanece até 1940, quando se muda para o Rio de Janeiro. Entre 1945 e 1970, afasta-se das atividades artísticas, só voltando a pintar em 1975.
Comentário Crítico
Hugo Adami interessa-se pela pintura ainda muito jovem. Aos 11 anos, já pintava lenços e os vendia em lojas de artigos religiosos. Nessa época estuda arte na Escola Profissional Masculina do Brás e tem como professor o artista siciliano Giuseppe Barchitta. A partir de 1913, continua os estudos no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (Laosp) e tem aulas com Alfredo Norfini (1867-1944). Além da pintura, em 1914, Adami se dedica ao aprendizado de canto e artes cênicas.
Em 1916, ingressa no curso de Georg Elpons (1865-1939), com quem se identifica de imediato. Entre seus colegas estão Di Cavalcanti (1897-1976) e Tarsila do Amaral (1886-1973). Sua pintura abandona os retratos mais tradicionais e se volta para paisagens e temas inusitados. Pinta a tela O Frango (1916), que chama a atenção por sua crueza realista. Por meio de Elpons, Adami se aproxima dos artistas e intelectuais que formariam o grupo modernista. Conhece, entre outros, Anita Malfatti (1889-1964) e Menotti del Picchia (1892-1988), de quem pintaria um retrato.
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1918, integrando-se à companhia teatral de Leopoldo Fróes. Continua pintando paisagens e utiliza seu camarim como ateliê. Em 1921 ganha medalha de prata no Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e resolve dedicar-se mais à pintura. No mesmo ano, volta para São Paulo, onde convive, sobretudo, com os artistas que organizam a Semana de Arte Moderna de 1922. Nesse ano, Adami, que não chega a participar da Semana, pinta Retrato de Mário de Andrade (1922) e vai para a Itália.
Em curta permanência em Florença, estuda na Accademia di Belle Arti di Firenze [Academia de Belas Artes de Florença], faz aulas de anatomia e estuda pintura com Felice Carena (1879-1966). Logo se desinteressa e dedica-se a conhecer a pintura italiana, desde o primeiro Renascimento. Nesse momento, o artista já conhecia o pintor e crítico Ardengo Soffici (1879-1964) e havia se tornado amigo de Giorgio de Chirico (1888-1978). Seu interesse na observação da natureza se converte na busca da constituição de um novo realismo, calcado na tradição italiana. Tal princípio parecia organizar esteticamente os artistas que se reuniam no grupo Novecento Italiano, com quem Adami tem grandes afinidades. Este contato com o realismo de várias épocas leva-o a conhecer a pintura de Masaccio (1401-1428) e Giotto (ca.1266-1337). Mas o contato com a tradição pictórica é contrabalançado pelo estudo de Paul Cézanne (1839-1906), De Chirico e Giorgio Morandi (1890-1964). Durante a estada européia, o artista conhece Paris. Expõe na 14ª Mostra de Arte Internacional de Veneza, em 1924 e na 1ª Mostra do Novecento Italiano, em 1926, em Florença. Entra em contato com vários artistas, entre eles Marino Marini (1901-1980), Ottone Rosai (1895-1957), Gino Severini (1883-1966), Mario Sironi (1885-1961), Giorgio Morandi, Berto Ricci, Carlo Carrà (1881-1966), Cezatti e Giovanni Papini.
Em 1928 Adami volta a São Paulo e monta a sua primeira individual, na Galeria das Arcadas. Mário de Andrade (1893-1945) dedica um ensaio à mostra, publicado no Diário Nacional. No texto o escritor se aproxima lentamente das pinturas, abandona suas reservas e se rende às suas qualidades. As pinturas de Adami fazem o escritor modernista repensar suas categorias de avaliação. Segundo o crítico e historiador Tadeu Chiarelli "para que a objetividade naturalista de Adami coubesse no âmbito da modernidade que Mário de Andrade (...) era necessária uma revisão de seus princípios estéticos do início da década". Por conta desta exposição, Mário de Andrade, deixa de pensar o realismo como antagonista da vanguarda e o reintegra no campo de validade da arte moderna.
No ano seguinte, o artista volta à Europa e expõe na 17ª Mostra Internacional de Veneza, em 1930. De volta ao Brasil, em 1932, participa das reuniões de fundação da Sociedade Pró-Arte Moderna (Spam) e integra o grupo que faria a decoração do Baile de Carnaval da Sociedade, em fevereiro do ano seguinte. Ainda em 1933, participa como ator da peça de Flávio de Carvalho (1899-1973), Bailado do Deus Morto, no Clube dos Artistas Modernos (CAM) outra agremiação modernista.
Em 1937 o artista se aproxima do grupo Família Artística Paulista (FAP). Segundo a historiadora Ivana Soares Paim, "[...] por ver em seus artistas certos interesses comuns: o senso de equilíbrio, o respeito pelos conhecimentos técnicos e a crença no métier como elemento indispensável para a realização da obra de arte". Além disso, a produção de Adami, desde 1933, procura incorporar temas e abordagens populares. O convívio com os pintores do grupo aprofunda a afinidade entre a temática popular e a sofisticação da pintura erudita.
Em 1940, ele se muda para o Rio de Janeiro. Atua como pintor até 1945, quando interrompe a carreira. Segundo o próprio artista, nesse momento ele se vê "num beco sem saída", "se repetindo". O artista volta para São Paulo em 1964, mas se mantém distante da arte até 1975. Depois desse hiato, Adami realiza paisagens com cores mais vigorosas e com menor preocupação de reprodução fidedigna da natureza. Ao se livrar de um realismo muito estrito, consegue voltar a pintar. Em telas como Natureza-Morta na Praia (1982), ele insere objetos estranhos à cena, que atestam a influência da pintura metafísica. Em 1986, tem suas obras reunidas em uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). Nesse período ainda pinta, mas dez anos depois abandona a atividade. Em 1999, com 100 anos, o artista falece, vítima de parada respiratória.
Críticas
"Hugo Adami pinta exatamente ´naturezas-mortas´. Por mais que uma abóbora, uma cebola estejam silenciosamente vivendo, cada uma por si, Hugo Adami assassinou a natureza. O que está vivendo é o quadro como objeto plástico e nada mais. Ora, isso não se dá com a mesma intensidade e a mesma frequência nas paisagens de Hugo Adami, por causa da ausência de deformação nelas ou de composição individual. Por mais que Hugo Adami pinte plasticamente, o quadro vale menos como expressão que como contemplação. (...) Mas nas naturezas-mortas o próprio agenciamento individualista dos valores mata qualquer sensação extraplástica de que na paisagem Hugo Adami não se libertou completamente".
Mário de Andrade
ADAMI, Hugo. Exposição de Hugo Adami. São Paulo: MAM, 1986. p. [9]
"A introdução de um novo tipo de natureza-morta, com expressiva qualidade, na arte brasileira constitui a maior contribuição de Adami ao vocabulário de nossa arte moderna. (...) Fez até 1927 uma série de naturezas-mortas potentes em que a ampliação concentrada do volume como que isola e dá enfâse a cada forma, numa definição que herda algo do metafísico italiano. (...) Ao comparar-se este tipo de natureza-morta com a dos acadêmicos do gênero de nosso Pedro Alexandrino, verifica-se que ele implica um estilo, ou melhor uma estilização, que valoriza formalmente os elementos da composição. (...) Por volta de 1945, o artista diminui ou cessa a sua atividade criadora, interrompendo-a por quase três décadas. (...) Ao retomar a prática da pintura (...), Adami não retornou às suas paisagens tão fortes e cezannianas, nem à solução novecentista, na maioria dos casos. Concentrou-se em um tipo de paisagem simplificada, mais naturalista. (...) A fatura e a cor, mais lisas, estabelecem um tipo de arte perto da realidade, mas produzido por um artista. Ele não desejou retomar ciclo anterior, como fizera Vicente do Rego Monteiro e em parte Cícero Dias. Ocorrem porém naturezas mortas de volumes acentuados colocados 'metafisicamente' junto ao mar".
Mário Barata
ADAMI, Hugo. Exposição de Hugo Adami. São Paulo: MAM, 1986. pp. [3-4]
(....) Uma sensibilidade moderna entrando na exposição de Hugo Adami, a primeira impressão que tem é de desagrado. Mais um copiador da natureza!.... Assuntando milhor a impressão muda. Hugo Adami não copia a natureza como nem a deforma propriamente. O caso psicológico dele é bem complicado e não passou da primeira etapa: enriquecimento.
Hugo Adami se enriqueceu de técnica. De toda a Técnica? Sim, certos quadros que nem "A árvore" baseado na composição por triângulos (...) provam bem (que) as pesquisas de ordem propriamente estética, permanecem no espírito do pintor. Porém é incontestável que Hugo Adami empregou o maior tempo da sua estada na Europa em desenvolver o métier de pintor (...)
(...) Hugo Adami sempre foi um amoroso do fato objetivo. Isso fez ele um pintor naturalista. Só que educado com muita inteligência dentro da estética moderna a paisagem, o fruto que ele amou vai se transformar na tela num fenômeno plástico. Só raramente peca se deixando levar pelo sentimental da paisagem (...) Mas em geral sobretudo nas naturezas-mortas, Hugo Adami converte o seu amor pela objetividade no prazer dum fato plástico(...)
(...) Pois creio que essa sensualidade primordial no pintor, foi o que tornou tão plástico. Talvez Hugo Adami seja o mais exclusivamente plástico dos pintores modernos que têm exposto em S.Paulo. Lasar Segall, por exemplo, que eu considero declaradamente um mestre, une à plasticidade um valor expressivo social formidável (...)
Mário de Andrade
ANDRADE, Mário. in: CHIARELLI, Tadeu. O círculo se expande: O crítico, o amigo. In: ___________ De Almeida Jr a Almeida Jr: a crítica de arte de Mário de Andrade. 1996. Tese (Doutorado). Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, 1996. p.43 [Texto originalmente publicado no Diário Nacional, em 1928].
Depoimentos
(...) Picasso é um pintor que não se deve imitar, não se pode imitar, é uma bestialidade imitar. Pegue um primitivo qualquer, um puro qualquer, e ali você vai encontrar um filão para você se desenvolver, mas Picasso é a tua morte, ele te devora. Todo indivíduo que imitou Picasso não existe. afirmo honestamente, Picasso fez um mal terrível, porque criou uma plêiade de artistas de todas as raças. Me lembro de japoneses imitando Picasso. Mas era tão Picasso que dava raiva(...)
(...) eu não queria ceder em relação a nenhum pintor vivo, contemporâneo meu... Eu achava que os mestres antigos eram muito mais fabulosos que os pintores vivos, em torno de mim... Eu ficava assim preocupado em não ter influência dos pintores (...)
(...) participei do "Novecento Italiano", aquela famosa mostra que foi organizada por Mussolini, e que foi uma demonstração da pintura italiana, e que estavam todos os valores da pintura naquela época, todos presentes. Carrà, Papini, o De Chirico, todos eles estavam no Novecento Italiano, foi justamente nesta ocasião que ele, Mussolini, chegou na exposição, examinou os quadros todos e ficou decepcionado; então chamou os organizadores...a Sarfatti, então, achou que a exposição estava muito influenciada pelos pintores franceses (...)
(...) queria fazer uma pintura mais profunda, mais análise, mais ordem...mas, a nossa paisagem é toda desorganizada...o artista tem que aliar as leis de harmonia, de equilíbrio, geometria, porque pintar a paisagem toscana é sopa, ela está pronta, ela está feita, é a mesma de Masaccio, a de Giotto, aquela gente, dos homens da renascença, as casas dos campônios têm a mesma arquitetura, a mesma coisa, então ali é fácil, mas aqui a nossa natureza é toda, toda...bagunça, toda desordem, com ausência de geometria, então tem que eliminar, tirar umas tantas coisas, fazer só o essencial...não é fácil. (...)
Hugo Adami
[Entrevista ao Artista Antônio Hélio Cabral, no Museu Lasar Segall, São Paulo, março de 1976]
ADAMI, Hugo. In: PAIM, Ivana Soares. Por Enxergar Demais: a pintura de Hugo Adami. 185 f. 2002. Dissertação (Mestrado em História da Arte) - Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, São Paulo, 2002. p. 4, 39, 55,70.
Exposições Individuais
1928 - São Paulo SP - Primeira individual, na Casa das Arcadas
1929 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1933 - São Paulo SP - Individual, na Rua Barão de Itapetininga, nº 6
1938 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Guatapará
1986 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP
1993 - São Paulo SP - Hugo Adami: 35 Pinturas, no Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
Exposições Coletivas
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - pequena medalha de prata
1922 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão da Primavera
1924 - Veneza (Itália) - 14ª Bienal de Veneza
1926 - Florença (Itália) - 5ª Mostra Regional de Arte
1926 - Milão (Itália) - 1ª Exposição do Novecento Italiano, inaugurada por Mussolini
1930 - Veneza (Itália) - 17ª Bienal de Veneza
1933 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, no Palacete Campinas
1934 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão da Pró-Arte, na Enba
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1935 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Social, no Clube de Cultura Moderna
1935 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - grande medalha de prata
1935 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Belas Artes - medalha de prata
1936 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Belas Artes - pequena medalha de ouro
1937 - São Paulo SP - 1º Salão da Família Artística Paulista, no Eplanada Hotel de São Paulo
1937 - São Paulo SP - 1º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo
1938 - São Paulo SP - 2º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo
1940 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Belas Artes
1975 - São Paulo SP - SPAM e CAM , no Museu Lasar Segall
1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall
1980 - São Paulo SP - Três Pioneiros do Tempo dos Salões: Domingos Toledo Piza, Renée Lefevre e Hugo Adami, no Museu Lasar Segall
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP
1982 - São Paulo SP - Marinhas e Ribeirinhas, no Museu Lasar Segall
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1992 - São Paulo SP - Artistas Contemporâneos da Sociarte, na Sociarte
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP
1993 - São Paulo SP - Artistas Contemporâneos da Sociarte, na Sociarte
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Unidade e Conforto, na Escola Panamericana de Arte
1995 - São Paulo SP - Artistas Contemporâneos da Sociarte, na Sociarte
1996 - São Paulo SP - Figura e Paisagem no Acervo do MAM: homenagem a Volpi, no MAM/SP
2003 - Ribeirão Preto SP - Anos 20: A Modernidade Emergente, no Museu de Arte de Ribeirão Preto
2003 - São Paulo SP - Novecento Sudamericano: relações artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai, na Pinacoteca do Estado de São Paulo
2008 - São Paulo SP - MAM 60, na Oca
2010 - São Paulo SP - 6ª SP-Arte, na Fundação Bienal de São Paulo
Fonte: Itaú Cultural