Quirino da Silva (Rio de Janeiro RJ 1897 - São Paulo SP 1981)
Crítico, pintor, escultor, desenhista, ceramista, gravador.
Entre 1920 e 1925 estuda escultura no ateliê de Modestino Kanto (1889 - 1967) e pintura com Modesto Brocos (1852 - 1936), na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, no Rio de Janeiro. Em 1923 expõe suas pinturas no 1º Salão da Primavera, do qual é organizador. Esse evento se encerra na segunda edição em 1924. Sua primeira individual é apresentada em 1926, em São Carlos, São Paulo. Nesse mesmo ano, organiza o Salão de Outono. Em 1930 realiza painéis alegóricos para o Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, com Di Cavalcanti (1897 - 1976), e edita a revista Forma. Em 1933, atua como colaborador da Base - Revista de Arte, Técnica e Pensamento, criada por Alexandre Altberg. Transfere-se para São Paulo em 1934 e expõe cerâmicas na Casa Baloo. Idealiza o Salão de Maio e conta com a participação de Flávio de Carvalho (1899 - 1973) na comissão organizadora - o evento ocorre de 1937 a 1939. A partir de 1938, atua como crítico de arte no Diário de Notícias e nos Diários Associados. Organiza o Salão de Arte da Feira Nacional das Indústrias em 1941. Em 1947 é fundado o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, e Quirino da Silva é nomeado secretário da primeira diretoria. Organiza em 1972, com doações de obras, o Museu de Artes Plásticas de Mococa, São Paulo, que, em 1981, se transforma no Museu de Artes Plásticas Quirino da Silva. Em 1977 o Masp o homenageia com uma exposição retrospectiva.
Comentário Crítico
Quirino da Silva usa pinceladas soltas que constroem paisagens e retratos com cores vibrantes. Ao simplificar o desenho e reduzir a preocupação com os detalhes, a composição é realçada. Nesse período a obra do pintor francês Paul Cézanne (1839 - 1906) é sua principal influência. Entre as suas obras de grandes dimensões destacam-se os baixo-relevos pintados, com Di Cavalcanti (1897 - 1976), para o Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. São alegorias compostas de máscaras e figuras cênicas. Na década de 1980, numa reforma do prédio, os painéis são destruídos.
Paralelamente à produção artística, deve ser destacada sua atuação como crítico de arte. Em São Paulo lidera oposição ao que, em muitos textos, denomina "aventura pura e simples". Ao mesmo tempo em que combate a chamada arte acadêmica, mostra-se resistente a uma excessiva liberdade formal. Na crítica sobre o trabalho de Francisco Rebolo (1902 - 1980), publicada no Diário de São Paulo, em fevereiro de 1959, escreve: "Os grandes mestres o empolgaram. Com eles aprendeu muita coisa. Aprendeu sobretudo a não ouvir as arengas dos falsos modernistas". Ainda sob influência dos ideais artísticos difundidos pela Semana de Arte Moderna, Quirino da Silva cria o Salão de Maio. O objetivo é incentivar a realização de mostras coletivas voltadas para a arte moderna brasileira e para o intercâmbio com uma determinada produção internacional.
Críticas
"Quirino da Silva é um destes nomes que se impõe, quando se deseja evidenciar valores da arte moderna brasileira. Valores sedimentados pelo tempo que esmaece os coloridos fáceis e sedutores, de pigmentação inconsciente, enquanto fixa e emoldura com a pátina da admiração serena e desapaixonada aqueles de têmpera sadia, colhidos na razão criadora do próprio tempo. (...) As cores o empolgam e sua pintura se desembaraça no trato cotidiano. O grande pintor, senhor do manejo de uma paleta vibrante na sobriedade sensível, constrói uma obra que, se não é mais numerosa como se desejaria, é densa de uma orquestração que empolga. O retrato e a paisagem surgem na segurança e singularidade de sua técnica, sim, sua marcante técnica pictórica, na conformação de um desenho que sempre cultivou no mais estrito rigor de um registro sensível. Soube admirar Cézanne. O mestre de Aix não só lhe guiou a pincelada grave e distinta, a construção cromática sólida, densa, as tintas soltas e de interesse táctil, mas também lhe animou o espírito sôfrego, insatisfeito, pesquisador".
Quirino Campofiorito
QUIRINO da Silva: exposição retrospectiva. Texto de Quirino Campofiorito. São Paulo: MASP, 1977.
Exposições Individuais
1926 - São Carlos SP - Individual
1927 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Blanchon
1933 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Fundação Graça Aranha
1934 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Martim
1934 - São Paulo SP - Individual, na Casa Baloo
1977 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Masp
Exposições Coletivas
1923 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão da Primavera
1924 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão da Primavera
1926 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Outono
1926 - Rio de Janeiro RJ - Salão dos Novos
1926 - São Paulo SP - Expõe ao lado de Tonissi
1928 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1929 - Rosário (Argentina) - 11º Salão de Rosário - medalha de bronze
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1937 - São Paulo SP - 1º Salão de Maio
1938 - São Paulo SP - 2º Salão de Maio
1941 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes
1941 - São Paulo SP - 1º Salão de Arte da Feira Nacional da Indústria, no Parque da Água Branca.
1942 - São Paulo SP - 7º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos, na Galeria Prestes Maia
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no Edifício Mariana
1944 - Londres (Inglaterra) - Exhibition of Modern Brazilian Paintings, apresentada por Rubem Navarro e promovida pela Royal Air Force
1944 - São Paulo SP - Exposição de Pintura Moderna Brasileira-Norte-Americana, na Galeria Prestes Maia
1945 - São Paulo SP - Alfredo Volpi, Bonadei, Carlos Prado, Quirino da Silva, Francisco Rebolo, Mario Zanini e José Pancetti, na Galeria Benedetti
1945 - São Paulo SP - Anita Malfati, Virgínia Artigas, Clóvis Graciano, Mick Carnicelli, Oswald de Andrade Filho, José Pancetti, Carlos Prado, Francisco Rebolo, Quirino da Silva, Alfredo Volpi, Mario Zanini, na Galeria Itapetininga
1946 - São Paulo SP - Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos
1949 - Rio de Janeiro RJ - Exposição da Pintura Paulista
1949 - Salvador BA - 1º Salão Baiano de Belas Artes
1960 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1976 - São Paulo SP - Os Salões, no Museu Lasar Segall
1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall
Exposições Póstumas
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP
1982 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Masp
1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - Salão de 31, na Funarte
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM/BA: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Fantasia Brasileira, no Sesc
1998 - São Paulo SP - Fantasia Brasileira: o balé do IV Centenário, no Sesc Belenzinho
1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP
2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP
Fonte: Itaú Cultural