Newton Cavalcanti (Bom Conselho PE 1930 - Rio de Janeiro RJ 2006)
Gravador, pintor, aquarelista, ilustrador, desenhista e professor.
Inicia seus estudos nos ateliês de Raimundo Cela (1890-1954) e de Oswaldo Goeldi (1895-1961). Em 1954, ingressa na Escola de Belas Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Estuda arte educação na Escolinha de Arte do Brasil em 1962. Entre 1973 e 1975, viaja para a Europa, onde participa de cursos e estágios na Inglaterra, na Itália e na Alemanha, patrocinado pela Fundação Brasileira de Educação e pelo governo alemão. Em 1975, vai para Lisboa com bolsa de estudos da Fundação Gulbenkian. É professor de gravura do Centro Educacional de Niterói, entre 1960 e 1976. Leciona, também, na Universidade de Brasília (UnB), em 1966, e no Instituto de Artes Visuais, Inaert, em 1976. Ilustra diversos livros de fábulas e publica livros com suas gravuras. No cinema, realiza curtas e longas-metragens, junto com Paulo Sarraceni e Fernando Campos.
Críticas
"Gravador e desenhista dos mais importantes do país tem praticado igualmente a pintura e com excelentes resultados. Sobre sua arte não repercutem influências propriamente ditas, mas afinidades: Newton Cavalcanti pertence à família dos visionários e videntes, que inclui também Callot, Magnasco, Goya, Daumier, Redon, Ensor e Kubin - para só citar nomes bem conhecidos. Tematicamente, não há inovação no que ele realiza: tanto na gravura quanto no desenho ou na pintura, Newton consagra os mesmos motivos, que já quase equivalem a uma assinatura e que bem traduzem seu mundo de idéias. São rostos deformados, animais compósitos erguidos sobre as patas traseiras, num balé ridículo e fantástico, carantonhas a meio caminho entre a máscara e o esgar, e sobretudo grupos de três ou quatro dançarinos e músicos, dispostos num primeiro plano, formando uma espécie de 'sacra conversazione', pelo avesso, para a qual demônios, e não santos, tivessem posado. Quanto à execução, imagine-se uma explosão de linhas, de cortes, de pinceladas, sincopadas, espalhando-se em todos os sentidos, numa 'feérie' perturbadora: La Folia, de Corelli, executada em pífaro e zabumba. (...) Nervosa, ágil, bruxa, sintética, sensível, expressiva, expressionista são adjetivos que se aplicam amiúde à arte de Newton Cavalcanti".
José Roberto Teixeira Leite
LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
"Cruzam-se, em Newton Cavalcanti, muitos discursos da gravura brasileira, vindos de muitos lugares, da política, da arte, do popular, do nacional, nenhum dos quais coagulado, pois não se produz êxtase, de espécie chauvinista ou outra, nas intersecções. Designado por 'social', o campo das múltiplas funções, que se interceptam, ilumina-se com a paixão de Newton Cavalcanti pela xilogravura. Recusando a internacionalização capitalista e artística enquanto submissões oportunistas, Newton Cavalcanti situa, entretanto, o artista brasileiro em uma história em que jogam várias funções, na qual a si mesmo localiza: traz Barlach e o expressionismo nórdico, medita Goya e sua crítica gráfico-política, considera a enxurrada de gravuras de Posadas e seus limites no Brasil. Valorizando a obra de Poty ou Goeldi, Newton Cavalcanti não se situa como discípulo, pois a própria diversidade de seus interesses exclui filiações. Ambos, porém, estão presentes em seu pensamento: Poty enquanto ilustrador, Goeldi enquanto incentivador e testemunha do surgimento de um dos traços de sua obra, a meditação sobre a xilogravura do cordel. Esta constitui-se como uma funda incisão na moderna arte brasileira, pois, tendo embora na xilogravura o campo próprio de reflexão, também se pensa no desenho e na pintura, à maneira do ex-voto, que opera analogamente na escultura e no objeto. Sendo embora nordestina a referência, a xilogravura de cordel rompe os limites do regional, pois aparece em posição semelhante à da escultura africana como baliza para a arte que recusa a adesão a todo custo às tendências internacionais. As gravuras de Newton Cavalcanti tendem, ainda, a valorizar, para lá das referências à arte popular, outra direção, hiperbolizada no Brasil como espécie de natureza, a dos assim chamados 'barroco' e 'barroquismo', que chancelam a dramaticidade da ação e a mobilidade da figura, para o que contribuem as cortantes luzes e sombras das cenas. Por isso, embora poderosos em Newton Cavalcanti, os pretos não o incluem na linhagem de Goeldi, uma vez que a dramatização e o dinamismo de suas gravuras estão em plano distinto do efeito de suspensão que nas deste prevalece".
Leon Kossovitch e Mayra Laudanna
GRAVURA: arte brasileira do século XX. Apresentação Ricardo Ribenboim; texto Leon Kossovitch, Mayra Laudanna, Ricardo Resende; design Rodney Schunck, Ricardo Ribenboim; fotografia da capa Romulo Fialdini. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000, p. 26.
Exposições Individuais
1958 - Salvador BA - Individual, na Prefeitura de Salvador
1958 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Enba
1959 - Belo Horizonte MG - Individual, no Museu de Arte de Belo Horizonte
1959 - Florianópolis SC - Individual, no MAM/SC
1963 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Piccola Galeria
1965 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Senha
1965 - Santiago (Chile) - Individual, pelo Ministério das Relações Exteriores
1965 - Valparaiso (Chile) - Individual, pelo Ministério das Relações Exteriores
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Gemini
1967 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Giro
1968 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1969 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galeria
1970 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Ocara
1970 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Livraria Carlitos
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Chica da Silva
1973 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Chica da Silva
1973 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1975 - Londres (Inglaterra) - Individual, no The Canning House Gallery
1976 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria do Ibeu
1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria César Aché
1978 - Brasília DF - Individual, na Galeria Parnaso
1978 - Curitiba PR - Individual, no Museu Guido Viaro
1980 - Brasília DF - Individual, na ECT Galeria de Arte
1981 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva, no MNBA
1981 - Curitiba PR - Individual, no MAC/PR
1981 - Porto Alegre RS - Individual, no Projeto Arco-Íris
1981 - Londrina PR - Individual, no Projeto Arco-Íris
1981 - Florianópolis SC - Individual, no Projeto Arco-Íris
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria César Aché
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1986 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria A. M. Niemeyer
1986 - Kassel (Alemanha) - Individual, na Galeria M/Kassel, Das Basspiel
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mitos da Terra, no Espaço Cultural Caravelas
Exposições Coletivas
1956 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Ferroviário, no MEC
1957 - Moscou (Russia) - Salão para Todos
1957 - Pequim (China) - Salão para Todos
1958 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Arte Moderna
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna
1960 - Buenos Aires (Argentina) - Gravura Brasileira
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna
1962 - Curitiba PR - Salão do Paraná, na Biblioteca Pública do Paraná
1963 - Paris (França) - 3ª Bienal de Paris
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1963 - Santiago (Chile) - 1ª Bienal Americana de Gravura
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1964 - Ribeirão Preto SP - 1ª Exposição da Jovem Gravura Nacional
1964 - Rio de Janeiro RJ - 13º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao país
1964 - Rio de Janeiro RJ - 2º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - São Paulo SP - 1ª Exposição da Jovem Gravura Nacional, no MAC/USP - prêmio aquisição
1965 - Barcelona (Espanha) - Mostra Oito Gravadores Brasileiros
1965 - Belo Horizonte MG - 1ª Exposição da Jovem Gravura Nacional, no MAP
1965 - Curitiba PR - 1ª Exposição da Jovem Gravura Nacional, na Secretaria do Estado de Educação
1965 - Estocolmo (Suécia) - Brazilian Art Today
1965 - Florianópolis SC - 1ª Exposição da Jovem Gravura Nacional, no Masc
1965 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today
1965 - Oslo (Noruaega) - Brazilian Art Today
1965 - Santiago (Chile) - 2ª Bienal Americana de Gravura
1965 - São Paulo SP - 2ª Exposição do Jovem Desenho Nacional, no MAC/USP
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1965 - Viena (Áustria) - Brazilian Art Today
1966 - Buenos Aires (Argentina) - Coletiva Artistas Brasileiros Contemporâneos, no Museo de Arte Moderno
1966 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão de Abril, no MAM/RJ
1966 - Salvador BA - 1º Bienal Nacional de Artes Plásticas - prêmio aquisição
1967 - Santiago (Chile) - Bienal de Santiago
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1968 - Campo Grande MS - 28 Artistas do Acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, no Diário da Serra
1968 - Caracas (Venazuela) - Artistas Brasileiros
1968 - Curitiba PR - 25º Salão Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1968 - Tóquio (Japão) - Bienal de Gravura de Tóquio
1969 - Capri (Itália) - 1ª Triennale Della Xilografia Contemp, no Castelo Del Pio
1969 - Fortaleza CE - 28 Artistas do Acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, no Centro de Artes Visuais Raimundo Cela
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1969 - São Paulo SP - 10ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1970 - Cali (Colombia) - Festivel de Cali
1970 - Porto Rico - Bienal de Porto Rico
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1971 - São Paulo SP - 3º Panorama de Arte Atual Brasileira, MAM/SP
1972 - Rio de Janeiro RJ - 21º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao exterior
1973 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Eneida, Carnaval, Chica da Silva
1974 - Montreaux (Suiça) - Arte Brasileira
1975 - Lisboa (Portugal) - Coletiva, na Galeria Grafil
1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1978 - Curitiba PR - 1ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, no Centro de Criatividade
1978 - São Paulo SP - 1ª Bienal Latino-Americana de São Paulo, na Fundação Bienal
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - Rio de Janeiro RJ - Futebol: interpretações, na Galeria de Arte Banerj
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, no MAM/RJ
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, MAM/RJ
1984 - Curitiba PR - 6ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba. A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Casa Romário Martins
1984 - Ribeirão Preto SP - Gravadores Brasileiros Anos 50/60, na Galeria Campus - USP - Banespa
1984 - Rio de Janeiro RJ - A Xilogravura na História da Arte Brasileira, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1984 - Rio de Janeiro RJ - Pau, pedra, fibra, metal, na EAV/Parque Lage
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, no Fundação Bienal
1985 - Rio de Janeiro RJ - A nova figuração, na Galeria do Ibeu
1985 - Rio de Janeiro RJ - Velha Mania: desenho brasileiro, na EAV/Parque Lage
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1986 - Curitiba PR - 7ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba. Acervo do Museu Nacional da Gravura - Casa da Gravura, no Museu Guido Viaro
1986 - Itaipava RJ - Homenagem a Manuel Bandeira, no Centro Cultural Itaipava
1989 - Frankfurt (Alemanha) - Pintura Brasileira
1989 - Nuremberg (Alemanha) - Pintura Brasileira
1989 - Rio de Janeiro RJ - A gravura fantástica, na EAV/Parque Lage
1990 - Curitiba PR - 9ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, no Museu da Gravura
1991 - São Paulo SP - O Que Faz Você Agora Geração 60?: jovem arte contemporânea dos anos 60 revisitada, no MAC/USP
1992 - Rio de Janeiro RJ - Gravura de Arte no Brasil: proposta para um mapeamento, no CCBB
1993 - João Pessoa PB - Xilogravura: do cordel à galeria, Funesc
1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi
1994 - São Paulo SP - Xilogravura: do cordel à galeria, no Metrô
1999 - Niterói RJ - Mostra Rio Gravura. Acervo Banerj, no Museu do Ingá
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Coleção Mônica e George Kornis, no Centro Cultural Correios
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
2000 - São Paulo SP - Investigações: A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2002 - Niterói RJ - Niterói Arte Hoje, no MAC/Niterói
2002 - Passo Fundo RS - Gravuras: Coleção Paulo Dalacorte, no Museu de Artes Visuais Ruth Schneider
2002 - Porto Alegre RS - Gravuras: Coleção Paulo Dalacorte, no Museu do Trabalho
2002 - Rio de Janeiro RJ - Niterói Arte Hoje, no Centro Cultural Candido Mendes
Fonte: Itaú Cultural