Henrique Boese (Berlim, Alemanha 1897 - São Paulo SP 1982)
Pintor e professor.
Ingressa na Academia de Belas Artes de Berlim em 1919, onde é aluno da pintora e artista gráfica expressionista Käthe Kollwitz (1867 - 1945). Muda-se para o Brasil, em conseqüência da Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), e reside no Rio de Janeiro a partir de 1939. Aproxima-se do círculo de artistas ligados ao pintor Axl Leskoschek (1889 - 1975). Começa a lecionar desenho e pintura, entre seus alunos destaca-se Almir Mavignier (1925). Realiza sua primeira individual no Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB/RJ, em 1947. Viaja para a Europa em 1951. Retorna ao Brasil, reside sucessivamente em pequenas cidades paulistas: Ubatuba, Caraguatatuba e Monteiro Lobato. Fixa residência em São Paulo em 1955. Em 1972, é realizada a exposição Henrique Boese: 30 Anos de Pintura no Brasil, no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Duas retrospectivas póstumas de sua produção são apresentadas em São Paulo: no Museu Lasar Segall, em 1986, e na Galeria São Paulo, em 1988.
Comentário Crítico
Henrique Boese cursa, entre 1915 e 1921, a Academia de Belas Artes de Berlim, ambiente em que predominam tendências ligadas ao expressionismo, e estuda com a gravadora Käthe Kollwitz (1867 - 1945), além de outros artistas. Muda-se para o Brasil em 1939, em conseqüência da II Guerra Mundial (1939 - 1945), aproximando-se do círculo de pintores ligados a Axl Leskoschek (1889 - 1975). Sua produção do período apresenta uma figuração com formas distorcidas e certo caráter dramático. Pinta retratos, naturezas-mortas e paisagens que revelam simplificação formal e uma paleta de cores contrastantes, como em Paisagem de Santa Teresa (1945).
O artista passa cada vez mais a criar obras que se situam entre a figuração e a abstração, enfatizando os campos de cor. Somente em fins dos anos 1950 sua pintura passa à abstração, sobrevivendo nela, entretanto, uma reminiscência do figurativo. Nas obras dessa época, a geometria predomina sobre o gesto, como em Construção (1961). Explora em seus quadros as texturas densas e as transparências, utilizando cores contrastantes e criando inesperadas harmonias, como em Equilíbrio (1970). Suas obras apresentam relação com a música, revelada também em seus títulos.
Na opinião do crítico Olívio Tavares de Araújo, a produção de Boese revela um equilíbrio entre puro lirismo e rigor. Segundo o crítico, a produção do artista permanece ainda pouco conhecida, entre outros motivos, pelo fato de ter ele se mantido à margem das tendências predominantes no país, não se vinculando a nenhum grupo artístico.
Críticas
"A carreira brasileira de Boese se desenvolveu numa época em que a glória era privilégio de muito poucos, dos nomes heróicos do modernismo - como Tarsila e Di - ou de novas estrelas bem produzidas, como Portinari. O espaço crítico era mínimo, e o de mercado era nenhum, para um estrangeiro que, ademais, nunca aderiu a nenhuma das vanguardas, não pertenceu a qualquer grupo, e, num momento decisivo - o começo dos anos 50 -, nem estava nos centros onde os acontecimentos eclodiam. Em 51, Boese viajara para a Europa, e em 52, de volta ao Brasil, se instalara em pequenas cidades paulistas: Ubatuba, Caraguatatuba, Monteiro Lobato. Só em 55 fixava de vez residência em São Paulo. Se tivesse, nesse instante, entrado por exemplo para o movimento concretista, teria se transformado num nome exponencial. Mas nada mais distante de sua sensibilidade delicada que a rigidez e o furor teorizante do concretismo. Fiel consigo mesmo - e, neste ponto, resistentemente defasado do entono -, fazia pintura figurativa, tecnicamente correta e moderadamente talentosa. Só em em fins dos anos 50, começo dos 60, a pintura de Boese atingiu a abstração e com ela descobriu sua potencialidade qualitativa. Nem foi um estalo de Vieira, nem uma evolução progressiva e trabalhada. Não foi, também, uma ruptura. Na abstração de Boese sobreviveu sempre um perfume reminiscente da figura, e ele mesmo afirmou: ´Para mim, na verdade, não é importante se um quadro é figurativo ou abstrato. Ele tem de ser um testemunho, uma manifestação, uma mensagem´ (...)".
Olívio Tavares de Araújo
HENRIQUE Boese: pintura, só pintura...Texto de Olívio Tavares de Araújo. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1986. (Ciclo Momentos da Pintura Paulista).
Exposições Individuais
1947 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ
1961 - São Paulo SP - Individual, na Galeria São Luís
1963 - São Paulo SP - Individual, na Galeria São Luís
1964 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Seta
1966 - Hamburgo (Alemanha) - Individual
1967 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia
1970 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia
1975 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Arte Global
1976 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Cosme Velho
1979 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Cosme Velho
Exposições Coletivas
1950 - Chile - Exposição organizada por Mário Pedrosa
1952 - São Paulo SP - Artistas Alemães, no MAM/SP
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1969 - São Paulo SP - Coletiva de inauguração do Paço das Artes
1970 - São Paulo SP - 2º Panorama da Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1972 - São Paulo SP - Retrospectiva 30 Anos de Pintura no Brasil, no MAM/SP
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1976 - São Paulo SP - 8º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1978 - São Paulo SP - As Bienais e a Abstração: a década de 50, no Museu Lasar Segall
1979 - São Paulo SP - Quatro Coloristas, na Christina Faria de Paula Galeria de Arte
1979 - São Paulo SP - 11º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1981 - São Paulo SP - Mostra, na inauguração da Galeria Múltipla
Exposições Póstumas
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Hotel Internacional, na Galeria de Arte Banerj
1986 - Rio de Janeiro RJ - Tempos de Guerra: Pensão Mauá, na Galeria de Arte Banerj
1986 - São Paulo SP - Retrospectiva Henrique Boese: Pintura, Só Pintura..., no Museu Lasar Segall
1988 - São Paulo SP - Henrique Boese: Um Pintor Fora das Modas, na Galeria de Arte São Paulo
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1991 - São Paulo SP - Imagens Paulistas, no Paço das Artes
1991 - São Paulo SP - Olhar do Artista: Arcangelo Ianelli, no MAC/USP
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB/Faap
2004 - São Paulo SP - Gesto e Expressão: o abstracionismo informal nas coleções JP Morgan Chase e MAM, no MAM/SP
Fonte: Itaú Cultural