Francisco Amêndola da Silva (Ibitinga SP 1924 - Ribeirão Preto SP 2007)
Pintor, ilustrador, publicitário, artista gráfico e fotógrafo.
Nasce na Fazenda São José Figueira. Seu pai, um líder político, funda o banco Melhoramentos de Ibitinga e o vilarejo de Cambaratiba. Em 1938, muda-se para Campinas e estuda no colégio interno Ateneu Paulista. Nessa época, passa a interessar-se por arte, principalmente pelo desenho. Transfere-se, em 1941, para o Colégio Estadual, em Araraquara, onde permanece até 1944. Nesse ano, com a morte do seu pai, volta a Ibitinga e assume a administração da fazenda. Mais tarde retorna à Araraquara, onde estuda na Escola de Belas Artes e tem aulas de pintura com Mário Ybarra de Almeida (1893-1952) e posteriormente com Domenico Lazzarini (1920-1987). Forma-se em 1950 e, em 1951, participa do Salão de Belas Artes de Araraquara, ao lado de Alfredo Volpi (1896-1988), Tarsila do Amaral (1886-1973), Flávio de Carvalho (1899-1973) e Aldemir Martins (1922-2006). A exposição repercute na mídia e atrai a atenção de críticos, como Ivo Zanini (1929) e Sérgio Milliet (1898-1966). Participa da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951. Em 1954, torna-se diretor da Escola de Belas Artes de Araraquara, onde também leciona. Faz trabalhos em publicidade e ilustrações para a imprensa. Em 1959, dá aulas na Escola de Artes Plásticas de Ribeirão Preto. Envolve-se com as diversas atividades promovidas pela escola, como os clubes de fotografias, mostras de acervos de museus, festivais de cinema, noites de autógrafos, cursos e palestras. Em 1966, funda com outros artistas o Atelier 1104.
Comentário Crítico
Francisco Amêndola é um dos artistas mais representativos da fase de ebulição cultural vivida pelos municípios paulistas de Araraquara e de Ribeirão Preto, entre as décadas de 1940 e 1960. Essas cidades tornaram-se polos artísticos locais, interlocutoras culturais em relação à capital do estado e protagonistas do período de passagem da arte tradicional para a arte moderna no interior de São Paulo. Amêndola estuda na Escola de Belas Artes de Araraquara entre as décadas de 1940 e 1950, tendo como mestres Mario Ybarra de Almeida e Domenico Lazzarini. Em meados dos anos 1950, a pintura de Amêndola elege como referência a corrente geométrico-abstrata, presente nas Bienais de São Paulo. Não adere, porém, à pura geometria: o artista organiza de maneira mais geométrica a composição, mas sem renunciar às modulações das cores, sempre elaboradas com rica gama de tons. Pode-se ver o acréscimo de outra referência à obra desse artista, a partir do fim dos anos 1960: assim como seu mestre Lazzarini, Amêndola liga-se à abstração informal, então em voga no Brasil. O crítico Tadeu Chiarelli observa que "o grafismo da produção de Amêndola entre os anos 50 e 60 pode ser entendido como recriação do grafismo presente na produção pictórica de Lazzarini nos anos 50". Seria o caso, por exemplo, da tela Buracão, de 1963.
Críticas
"Embora tenha Amêndola se expressado com sucesso nas artes gráficas e na fotografia, além do que na pintura, é sem dúvida nesta última técnica que aparece mais claramente, mas não de maneira tão evidente, a presença do elemento conservador assim como o do renovador. Uma observação menos atenta poderia identificar sua pintura como o reflexo de alguns ´ismos´ que influenciaram a cultura artística brasileira durante alguns períodos e levar à errada conclusão de que nada permaneceu em sua obra da tradição anterior, e de que, como muitos artistas contemporâneos, produza exclusivamente sob o signo da mudança. Entretanto o exame atento da pintura, desde a época da escola de Belas Artes até hoje, revela constantes técnicas expressivas, oriundas tanto de sua formação como de sua personalidade, manifestando-se na utilização dos recursos técnicos como nos meios linguísticos elaborados. Contemporaneamente (...) existe toda uma ambientação bucólica, poética, ligada à situação vivencial e existencial de Amêndola. A vivência está no campo, nas árvores, na bicicleta, na mocinha, em seu penteado e saia esquematizados e sugeridos, em resumo, na temática tão espontaneamente circunstancial, vivida pelo artista e não extraída dos livros, ou da imitação dos mestres. Parte do aspecto formal também é vivencial. Trata-se do tratamento das cores, da elaboração rica de pigmentos de cada campo cromático, da harmonia que surge do acostamento de um campo cromático para outro".
Pedro Manuel
AMÊNDOLA. Texto de Pedro Manuel. Araraquara: Itaugaleria, 1983.
Depoimentos
"Eu dava aulas, fazia fotografia, aceitava encomendas para ilustração na imprensa e trabalhei em publicidade. Atividades paralelas, interligadas. Eu estudava essas relações entre o artístico a serviço do comercial, o artístico que fazemos 'para nós', analisava o avanço da mídia, a incorporação a ela das artes plásticas, buscando enfim uma compreensão mais larga das artes nos tempos modernos, e a sua adaptação a novas tecnologias... O meu clique criativo pode ser motivado, pode ser instantâneo, pode ser pesquisado. Diante de uma tela branca que estabeleço um jogo. Confio no inconsciente, no subconsciente. Tenho o meu exercício cotidiano em que aprimoro a linguagem. Quando preparo uma tela, já venho com um esquema interior. No fundo tenho enorme necessidade de mexer com a matéria, com a tinta, sentir o cheiro da tinta, sei lá. . . Quando chego diante da tela, tenho uma tênue previsão daquilo que pretendo conseguir. À medida que o trabalho avança, caminhos surgem, desvios, mas isto é norma em qualquer ato criador".
Francisco Amêndola
AMÊNDOLA, Francisco. "O riso mordaz de Amêndola" (entrevista a Ignácio de Loyola Brandão). In: GALERIA SESC PAULISTA. Francisco Amêndola: exposição retrospectiva: catálogo. São Paulo,1987.
Exposições Individuais
1964 - Ribeirão Preto SP - Individual - Escola de Artes Plásticas de Ribeirão Preto
1964 - São Paulo SP - Individual - Seta Galeria de Arte
1965 - Franca SP - Individual - Faculdade de Filosofia de Franca
1965 - Ribeirão Preto SP - Individual - Humuarama Hotel
1967 - Ribeirão Preto SP - Individual - Escola de Artes Plásticas de Ribeirão Preto
1968 - Araraquara SP - Individual - Galeria Solart
1968 - Santos SP - Individual - Galeria Kiart
1968 - São Paulo SP - Individual - Auditório Itália
1972 - Ribeirão Preto SP - Individual - Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi
1974 - Milão (Itália) - Individual - Galeria Ítalo Brasiliana
1974 - Ribeirão Preto SP - Individual - Sociedade Recreativa de Ribeirão Preto
1975 - Ribeirão Preto SP - Individual - Galeria Miyasaka Tibiriça
1976 - Ribeirão Preto SP - Individual - Galeria La Puerta
1979 - Ribeirão Preto SP - Individual - Stream Place
1980 - Araraquara SP - Individual - Biblioteca Pública Mário de Andrade
1980 - Ribeirão Preto SP - Francisco Amêndola: retrospectiva - Casa da Cultura de Ribeirão Preto
1980 - Ribeirão Preto SP - Individual - Itaugaleria
1981 - Ribeirão Preto SP - Individual - Itaugaleria
1981 - São Paulo SP - Individual - Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
1982 - Brasília DF - Individual - Itaugaleria
1982 - Ribeirão Preto SP - Individual - Senac
1982 - Ribeirão Preto SP - Individual - Galeria Campus
1982 - Ribeirão Preto SP - Individual - Galeria Jardim Contemporâneo
1982 - Uberaba MG - Individual - Cultura Inglesa
1982 - Uberlândia MG - Individual - Cultura Inglesa
1982 - Uberlândia MG - Individual - Universidade Federal de Uberlândia
1983 - Araraquara SP - Individual - Itaugaleria
1983 - Ribeirão Preto SP - Individual - Galeria Jardim Contemporâneo
1983 - Ribeirão Preto SP - Individual - Itaugaleria
1984 - Ribeirão Preto SP - Individual - Galeria Jardim Contemporâneo
1985 - Ribeirão Preto SP - Individual - Galeria de Arte Sesc
1985 - Ribeirão Preto SP - Individual - Shopping Center de Ribeirão
1985 - Ribeirão Preto SP - Individual - Sociedade Hípica de Ribeirão Preto
1985 - Ribeirão Preto SP - Individual - Galeria Jardim Contemporâneo
1985 - Ribeirão Preto SP - Individual - Sindicato dos Empregados do Comércio
1986 - Ribeirão Preto SP - Individual - Itaúgaleria
1987 - Ribeirão Preto SP - Individual - Galeria Eloarte
1987 - São Paulo SP - Francisco Amêndola: retrospectiva - Galeria Sesc Paulista
Exposições Coletivas
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo - Pavilhão do Trianon
1952 - Araraquara SP - 15º Salão de Belas Artes de Araraquara
1953 - Araraquara SP - 16º Salão de Belas Artes de Araraquara
1953 - São Paulo SP - 15º Salão de Belas Artes de São Paulo
1954 - Araraquara SP - 17º Salão de Belas Artes de Araraquara
1955 - Araraquara SP - 18º Salão de Belas Artes de Araraquara
1956 - Araraquara SP - 19º Salão de Belas Artes de Araraquara
1957 - São Paulo SP - 4ª Bienal Internacional de São Paulo - Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - Jaú SP - 9º Salão de Arte Fotográfica de Jaú
1962 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Arte Moderna - Galeria Prestes Maia - menção honrosa
1963 - Araraquara SP - 21º Salão de Belas Artes de Araraquara
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1964 - México - Bienal Mexicana de Arte Fotográfica
1964 - São Paulo SP - 13º Salão Paulista de Arte Moderna
1964 - Uberaba MG - 1º Salão Nacional de Arte Fotográfica de Uberaba
1965 - Amparo SP - 12º Salão Nacional de Arte Fotográfica de Amparo
1965 - Campinas SP - 1º Salão de Arte Contemporânea de Campinas
1965 - Ribeirão Preto SP - Grupo Ribeirão - Prefeitura Municipal
1965 - Ribeirão Preto SP - Grupo Ribeirão - Centro Acadêmico Rocha Lima
1965 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Esso de Artistas Jovens - Museu de Arte Moderna
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo - Fundação Bienal
1965 - São Paulo SP - 1º Salão Esso de Artistas Jovens - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1966 - Buenos Aires (Argentina) - 21º Salon Internacional de Arte Fotográfico de Buenos Aires
1966 - Curitiba PR - 8º Salão Internacional de Arte Fotográfica de Curitiba
1966 - São Carlos SP - 4ª Bienal de Arte Fotográfica de São Carlos
1966 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Arte Moderna - Galeria Prestes Maia
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo - Fundação Bienal
1968 - Piracicaba SP - 1º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba
1969 - Ribeirão Preto SP - Coletiva - Atelier 1104
1970 - Ribeirão Preto SP - Coletiva - Escola de Artes Plásticas de Ribeirão Preto
1970 - Ribeirão Preto SP - Grupo Ribeirão - Praça XV
1971 - Londrina PR - Salão Internacional de Arte Fotográfica de Londrina
1971 - Ribeirão Preto SP - Salão de Arte de Ribeirão Preto
1972 - Ribeirão Preto SP - Coletiva - Atelier 1104
1972 - São Paulo SP - O Fotógrafo Desconhecido - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1973 - Ribeirão Preto SP - Centenário da Câmara Municipal de Ribeirão Preto - Câmara Municipal de Ribeirão Preto
1974 - Milão (Itália) - Exposição Lário Cardorago de Como
1974 - Volta Redonda RJ - 8ª Bienal de Arte Fotográfica de Volta Redonda
1975 - Londrina PR - 4º Salão Internacional de Arte Fotográfica de Londrina
1975 - Milão (Itália) - Rassegna Internazionale di Pittura - Museo Nazionale della Scienza e della Tecnica - Prêmio Presenze de Pintura
1975 - Ribeirão Preto SP - 1º Salão de Arte de Ribeirão Preto - Galpão projetado para sediar esta edição do evento (construído ao lado do terreno atualmente ocupado pela Casa da Cultura)
1975 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Sociedade Carioca de Fotografia
1975 - São Paulo SP - 32º Salão Internacional de Arte Fotográfica de São Paulo - medalha de bronze
1975 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Fotográfica da Sociedade Brasileira de Belas Artes - medalha de bronze
1976 - Londrina PR - 5º Salão de Arte Fotográfica de Londrina - menção honrosa
1976 - Porto Alegre RS - 9ª Bienal Fotográfica de Porto Alegre - medalha de bronze
1976 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Internacional de Arte Fotográfica da Riotur
1976 - São Paulo SP - 4º Salão Internacional de Arte Fotográfica de São Paulo Liberdade
1976 - São Paulo SP - O Cartaz e o Jazz - Museu de Arte Brasileira
1977 - Ribeirão Preto SP - 10º Salão de Arte Fotográfica de Ribeirão Preto
1977 - Ribeirão Preto SP - 2º Salão de Arte de Ribeirão Preto - Casa da Cultura de Ribeirão Preto
1977 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Exposição Internacional de Arte Fotográfica da Riotur
1978 - Piracicaba SP - 10º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba
1978 - Ribeirão Preto SP - 3º Salão de Arte de Ribeirão Preto, na Casa da Cultura de Ribeirão Preto
1978 - Rio de Janeiro RJ - 3ª Exposição Internacional de Arte Fotográfica da Riotur
1979 - Piracicaba SP - 11º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba
1979 - Ribeirão Preto SP - 4º Salão de Arte de Ribeirão Preto - Casa da Cultura de Ribeirão Preto
1979 - Ribeirão Preto SP - Dez Artistas Plásticos da Cidade - Itaugaleria
1980 - Campinas SP - Anacrônicos da Madrugada - Museu de Arte Contemporânea José Pancetti
1980 - Ituiutaba MG - Anacrônicos da Madrugada
1980 - Ribeirão Preto SP - 5º Salão de Arte de Ribeirão Preto - Casa da Cultura de Ribeirão Preto
1981 - Altinópolis SP - Anacrônicos da Madrugada
1981 - Cravinhos SP - Anacrônicos da Madrugada
1981 - Matão SP - Anacrônicos da Madrugada
1981 - Ribeirão Preto SP - 6º Salão de Arte de Ribeirão Preto - Casa de Cultura de Ribeirão Preto
1981 - Ribeirão Preto SP - Anacrônicos da Madrugada - Itaugaleria
1981 - São Carlos SP - Anacrônicos da Madrugada - Itaugaleria
1982 - Belo Horizonte MG - Anacrônicos da Madrugada - Itaugaleria
1982 - Brasília DF - Anacrônicos da Madrugada - Itaugaleria
1982 - Ribeirão Preto SP - 7º Salão de Arte de Ribeirão Preto - Casa de Cultura de Ribeirão Preto
1983 - Catanduva SP - Anacrônicos da Madrugada, na Itaugaleria
1983 - Guaíra SP - 3ª Fecal
1983 - Ribeirão Preto SP - 1º Photoshopping
1983 - Ribeirão Preto SP - 8º Salão de Arte de Ribeirão Preto - Casa de Cultura de Ribeirão Preto
1983 - Ribeirão Preto SP - Exposição Pró Sinfônica de Ribeirão Preto - Itaugaleria
1984 - Nevada (Estados Unidos) - Coletiva - Nugget Hotel
1984 - Ribeirão Preto SP - 2º Photoshopping
1984 - São Paulo SP - Grupo Ribeirão - Paço das Artes
1986 - Ribeirão Preto SP - Coletiva Ribeirão - Itaugaleria
1986 - Ribeirão Preto SP - Panorama da Pintura - Galeria Jardim Contemporâneo
1986 - São Paulo SP - Artistas de Ribeirão - Galeria Sesc Paulista
1987 - Ribeirão Preto SP - Carnaval Via Postal - Itaugaleria
1992 - Ribeirão Preto SP - Modernidade/Experimentalismo - Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
1992 - Santo André SP - 20º Salão de Arte Contemporânea de Santo André - Paço Municipal
1999 - Ribeirão Preto SP - Grupo Thumbérgia - Casa de Cultura Juscelino Kubitschek
2000 - São João da Boa Vista SP - 2ª Bienal de Artes Visuais de São João da Boa Vista - Espaço Cultural Getúlio Vargas
2000 - Uberaba MG - A Pintura Brasileira nas Coleções em Uberaba - Módulo I - Fundação Cultural de Uberaba
2001 - Ribeirão Preto SP - Três de Ribeirão - Galeria de Arte Athanase Sarantópoulos
2005 - Ribeirão Preto SP - O Retrato - Possibilidades - Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi
2006 - Ribeirão Preto SP - Mostra Ribeirão Preto 150 anos - Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi
Fonte: Itaú Cultural