Estêvão Silva

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Biografia

Estêvão Silva (Rio de Janeiro RJ ca.1844 - idem 1891)

Pintor e professor.

Estêvão Roberto da Silva foi o primeiro pintor negro formado pela Academia Imperial de Belas Artes - Aiba a obter destaque. Matricula-se na instituição em 1864 e estuda com Victor Meirelles (1832 - 1903), Jules Le Chevrel (ca.1810 - 1872) e Agostinho da Motta (1824 - 1878), com quem compartilha a predileção por naturezas-mortas. Na década de 1880, convive com os integrantes do Grupo Grimm, em especial com Antônio Parreiras (1860 - 1937) e Castagneto (1851 - 1900), de quem pinta um retrato em 1880. No entanto, Silva não segue os integrantes do grupo em sua ruptura com a Aiba. Um episódio de sua vida torna-se particularmente conhecido: em uma sessão da Aiba, em 1880, Silva protesta, na presença do imperador dom Pedro II (1825 - 1891), por discordar da premiação destinada a ele na 25ª Exposição Geral de Belas Artes da Aiba. Uma comissão avalia sua atitude como insubordinação e suspende-o das atividades discentes por um ano.1 A partir da década de 1880, Silva leciona no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. O artista, que realiza retratos e composições de temas históricos e religiosos, é considerado um dos melhores pintores de naturezas-mortas do século XIX.

Comentário Crítico

Estêvão Silva é o primeiro pintor negro de destaque formado pela Academia Imperial de Belas Artes - Aiba e, como apontam vários estudiosos, pode ser considerado um dos melhores pintores de naturezas-mortas do século XIX. Seu interesse pelo tema deve ter sido motivado pelo estudo com Agostinho da Motta (1824 - 1878), na Aiba. Silva realiza predominantemente pintura de frutos, como Grumixamas e Jaboticabas, s.d., Araçás, 1870 ou Natureza-Morta, 1884.

O crítico Gonzaga Duque (1863 - 1911) ressalta a qualidade das composições do artista, realizadas com prodigalidade de vermelhos, amarelos e verdes, nas quais ele consegue dar a aparência de fidelidade à representação, passando para a tela tudo o que vê e sente na natureza. Parece-lhe até impossível "pintar frutos melhor do que os tem pintado Estêvão. Os seus pêssegos são na forma, na cor, na penugem macia e alourada que os reveste, verdadeiros pêssegos".2

Na década de 1880, Estêvão Silva convive com os integrantes do Grupo Grimm, porém sem nunca romper seus vínculos com a Aiba. O artista realiza também alguns retratos, como o do pintor Castagneto (1851 - 1900), em 1880, e composições de temas históricos e religiosos, como S. Pedro, s.d., A Caridade, s.d. e um esboço para o quadro A Lei de 28 de Setembro, s.d.

Notas
1 O fato é relatado de forma detalhada pelo crítico de arte Laudelino Freire (1873 - 1937) e também na autobiografia de Antônio Parreiras. Ver: FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil: de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983; PARREIRAS, Antônio. História de um pintor contada por ele mesmo: Brasil - França: 1881-1936. Apresentação Athayde Parreiras. Niterói: Diário Oficial, 1943.
2 DUQUE, Gonzaga. A arte brasileira. Campinas: Mercado de Letras, 1995. (Coleção Arte: Ensaios e Documentos). p. 219.

Críticas

"Aí está a fidelidade, está a realidade, e quando o artista consegue nos iludir perfeitamente, quando consegue passar para a tela o que vê e o que sente na natureza, tem conseguido tudo. Há, no entanto, na sua habilidade, uma pequena falha - é a maneira de fazer as sombras. Estêvão carrega-as rudemente, acusando, como se faz na Academia, a projeção dos corpos. Disso resulta um certo peso na tonalidade. O mesmo defeito, ainda que menos pronunciado, pode ser notado nas paisagens ou nas marinhas executadas pelos pincéis de Estêvão Silva".
Francisco Acquarone e A. de Queiroz Vieira
PRIMORES da pintura no Brasil. Francisco Acquarone; A. de Queiroz Vieira. 2. ed. Rio de Janeiro, s. ed. , 1942.

"Distinguiu-se na pintura de frutas, merecendo a seguinte apreciação da crítica da época: ´Realmente é difícil e até parece impossível pintar frutas melhor do que as que tem pintado Estêvão´ (...) Era de gênio irrequieto e turbulento. De uma vez, em plena solenidade de distribuição de prêmios na Academia, levantou-se e queixou-se a D. Pedro II, presente ao ato, de que tinha sido vítima de injustiça não sendo premiado. A comissão designada para apurar o incidente, após ouvi-lo, puniu-o com a pena de suspensão dos estudos por um ano".
Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala
CAVALCANTI, Carlos; AYALA, Walmir, org. Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Apresentação de Maria Alice Barroso. Brasília: MEC/INL, 1973-1980. (Dicionários especializados, 5).

Acervos

Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo SP)
Museu Mariano Procópio (Juiz de Fora MG)
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA (Rio de Janeiro, RJ)

Exposições Coletivas

1872 - Rio de Janeiro RJ - 22ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba
1876 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba
1879 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba - medalha de prata
1882 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Promovida pela Sociedade Propagadora das Belas Artes, na Sociedade Propagadora de Belas Artes
1884 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba - 2ª medalha de ouro
1890 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - prêmio aquisição

Exposições Póstumas

1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1979 - Rio de Janeiro RJ - Quadros Oitocentistas Brasileiros e Europeus, na Mauricio Pontual Galeria de Arte
1983 - São Paulo SP - História da Pintura Brasileira no Século XIX, no Paço das Artes
1986 - São Paulo SP - Mostra Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado
1988 - São Paulo SP - A Mão Afro-Brasileira, no MAM/SP
1993 - São Paulo SP - Pintores negros do Século XIX, na Pinacoteca do Estado
2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes - RJ, no Margs
2000 - Rio de Janeiro RJ - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Negro de Corpo e Alma, na Fundação Casa França-Brasil
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos

Fonte: Itaú Cultural