Rosalbino Santoro (Fuscaldo, Itália, 1863¹ - Roma², 19?)
Pintor e professor.
Na Itália, estuda na Academia de Nápoles com os pintores Postiglione e Filippo Palizzi (1818-1899). Entre 1880 e 1883, participa de exposições nas academias de Brera, Milão, Veneza e Nápoles.
Chega ao Rio de Janeiro por volta de 1884, segundo indicam paisagens cariocas datadas desse ano³. Em 1885, expõe na galeria Glace Elegante. Requer vaga para cadeira de paisagem da Academia Imperial de Belas Artes - Aiba, anteriormente ocupada por Georg Grimm (1846 - 1887), mas tem o pedido negado.
Em 1887, muda-se para São Paulo onde inicia a realização de pinturas, sob encomenda, de paisagens de fazendas no interior do estado. Entre o final da década de 1880 e 1895, torna-se, por breve período, professor do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo - Laosp, substituindo o pintor Almeida Júnior (1850-1899). Na década 1890, continua a viajar a trabalho para interior, a fim de produzir obras encomendadas. Algumas dessas viagens são feitas com o amigo e pintor Antonio Ferrigno (1863-1940).
Participa da Exposição Nacional de Belas Artes (Enba), do Rio de Janeiro, de 1898 com a obra Desfolha do Milho (ou Vida na Fazenda) e 1905 com Remanso e Tempestade. Em 1900, encontra-se em Taubaté, onde permanece por um período na casa da família da futura pintora Georgina de Albuquerque (1885 - 1962), de quem é o primeiro professor. Em 1903, expõe no Banco Francês, em São Paulo. Em 1904 expõe, ao lado de Antônio Ferrigno, no Banco Constructor. Em 1906, faz individual no Banco de Crédito Real de São Paulo. Participa da Enba em 1908. Nesse ano, aparece como sócio perpétuo e benemérito da Sociedade Italiana de Beneficência, fundada em 1904, em São Paulo. Em 1909, retorna à Itália, fixando-se em Roma, onde permanece ativo até, pelo menos, 1934.
Comentário Crítico
Rosalbino Santoro integra um grupo de artistas estrangeiros, sobretudo italianos, que, embora aportem primeiramente no Rio de Janeiro, fixam residência em São Paulo, a partir do último quarto do século XIX.
Se a sua vinda posterior para esse estado parece decorrer, de um lado, da dificuldade de se inserir no circuito carioca de arte, mais saturado e, portanto, mais fechado para artistas recém-chegados, de outro, se deve à atração criada pelo crescente mercado de arte paulista, decorrente também da economia cafeeira.
De fato, durante o período que vive no Brasil (1884-1909), Santoro faz inúmeras incursões no interior de São Paulo com o intuito de pintar, sob encomenda, paisagens de propriedades cafeicultoras. Essa demanda garantiu uma ativa produção durante o período. Em contrapartida, dificultou o conhecimento integral de sua obra pictórica, da qual são conhecidos poucos exemplares devido à sua permanência em coleções particulares.
De todo modo, das primeiras pinturas brasileiras de que se tem notícia (dos anos 1884 e 1885) até as últimas (da década de 1900), nota-se uma mudança brusca no estilo do artista. As paisagens cariocas que pinta logo após a sua emigração, como Cais da Glória, têm relação mais próxima com o trabalho que desenvolve ainda na Itália: são muito mais descritivas no tratamento formal, e, em certa medida, "fotográficas". Suas últimas paisagens brasileiras, como Colheita de Café, são mais sintéticas. Nelas parece prevalecer um interesse mais "anedótico", do qual o artista se vale para representar as atividades diárias do trabalho na lavoura, desenvolvido em grande parte por imigrantes italianos em busca de trabalho em uma nova terra.
Notas
¹ A bibliografia brasileira aponta para 1858 como o ano do nascimento de Santoro. Entretanto, dotamos data indicada no recente dicionário de artistas italianos da região da Calábria, "Arte di Calabria tra Otto e Novecento: dizionario degli artisti calabresi nati nel'Ottocento", cujo verbete, o mais completo encontrado, corrige alguns erros a respeito da vida do artista e inclui dados da sua vida após 1908, ano em que cessam referências sobre ele na bibliografia brasileira.
² Segundo "Arte di Calabria tra Otto e Novecento: dizionario degli artisti calabresi nati nel'Ottocento".
³ São elas: Cais da Glória e Terraço do Passeio Público.
Críticas
"Muito pouco conhecemos deste artista, senão algumas referencias da ´Gazeta Literaria´ relativas a exposições de seus quadros. Pelo critico que ali escrevia, é o pintor italiano considerado como demuito merecimento, bastante conhecedor da perspectiva linear, da qual não descuida em nenhuma circumstancia. As figuras das suas paizagens são bem desenhadas e tem movimento e vida".
Laudelino Freire
FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil: de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
Acervos
Universidade de São Paulo. Escola de Comunicações e Artes. Biblioteca Maria Luisa Monteiro da Cunha (São Paulo, SP)
Serviço de Biblioteca e Informação da FAU/USP (São Paulo, SP)
Biblioteca Municipal Mário de Andrade (São Paulo, SP)
Acervo Instituto Itaú Cultural (São Paulo, SP)
Exposições Individuais
1903 - São Paulo SP - Individual
1906 - São Paulo SP - Individual, no Banco de Crédito Real
Exposições Coletivas
1895 - Cosenza (Itália) - Exposição Artística do Congresso Agrário de Cosenza - medalha de prata
1898 - Rio de Janeiro RJ - 5ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1903 - São Paulo SP - Rosalbino Santoro e Antônio Ferrigno
1905 - Rio de Janeiro RJ - 12ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
Exposições Póstumas
1982 - São Paulo SP - Pintores Italianos no Brasil, no MAM/SP
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado
1989 - Rio de Janeiro RJ - O Rio de Janeiro de Machado de Assis, no CCBB
2000 - São Paulo SP - O Café, no Banco Real
Fonte: Itaú Cultural