Antonio Ferrigno

Obras de arte disponíveis

Antonio Ferrigno - Paisagem

Paisagem

óleo sobre madeira
35 x 21 cm
Antonio Ferrigno - Paisagem com Lago

Paisagem com Lago

óleo sobre madeira
13 x 23 cm
Leilão de Arte Online

Biografia

Antônio Ferrigno (Salerno, Itália 1863 - idem 1940)

Pintor e professor.

Nasce em Maiori, província de Salerno. Estuda pintura com Giacomo de Chirico (1844 - 1883) em Nápoles. Aos 19 anos, recebe bolsa de estudo e matricula-se na Accademia di Belle Arti di Napoli [Academia de Belas Artes de Nápoles], e freqüenta de 1883 a 1885, o curso de escultura com Stanislao Lista (1824 - 1908) e de pintura ao natural com Teofilo Patini (1840 - 1906). Entre 1884 e 1886, freqüenta o curso de Domenico Morelli (1826 - 1901). Começa a se interessar pela pintura paisagística e realiza vistas de Nápoles. Abre, com Luigi Paolillo (1864 - 1934), um pequeno ateliê de pintura.

Parte para o Brasil em 1893 e fixa residência em São Paulo, onde se encontra o amigo e pintor Rosalbino Santoro (1858 - s.d.) desde 1887. Convive com Pedro Alexandrino (1856 - 1942) e Almeida Júnior (1850 - 1899) e torna-se amigo do mecenas Freitas Valle (1870 - 1958). Rapidamente alcança notoriedade como pintor e passa a receber encomendas de fazendeiros, entre as quais se destacam a série de 12 telas sobre o cultivo do café, que reproduzem a vida e os costumes do interior paulista, feita para o conde de Serra Negra em 1900, e as seis grandes telas sobre diversos momentos da lavoura do café, pintadas na Fazenda Santa Gertrudes, localizada no atual município de Santa Gertrudes, São Paulo, em 1903. Em 1905, antes de retornar à Itália, realiza uma exposição individual com 64 obras, a maioria de paisagens e marinha. A mostra obtém grande sucesso, pois quase todas as obras são vendidas.

De volta a Salerno, mantém uma vida artística ativa, participando das principais mostras na Itália. Obtém a cátedra de professor de desenho da Escola Técnica de Salerno, em 1913. E no ano seguinte participa do Salon des lndépendents, em Paris. Em 1927 participa da Mostra Salernitana, realiza exposição individual em Salerno e expõe em Nápoles diversas marinhas, paisagens da costa e jardins. Em comemoração dos seus 50 anos de atividade artística, em 1933, é realizada uma exposição especial em Salerno.

Comentário Crítico

Antônio Ferrigno é um importante pintor da Scuola di Maiori, como fica conhecido o grupo de artistas formado ainda por Pietro Scoppetta (1863 - 1920) e Gaetano Capone (1845 - 1920). Com outros pintores da região de Salerno, integra um grupo de artistas que são chamados de Il Costaioli, pela presença constante das paisagens da costa amalfitana entre os trabalhos. Raras vezes data seus quadros, o que dificulta identificar as fases de sua pintura. Segundo Massimo Bignardi, pesquisador da obra de Ferrigno, pode-se dividir sua produção em três grupos: as pinturas executadas até 1900, que apresentam uma relação com o que é novidade no meio artístico local e trazem uma afinidade técnica com o impressionismo; as pinturas com preocupação social, existentes tanto em sua produção européia como na brasileira; e a pintura de paisagem das grandes fazendas, encomendas de ricos proprietários que lhe trouxeram fortuna. Para Bignardi, na década de 1890 a pintura de Ferrigno passa por uma transformação significativa. Um marco dessa transformação é a tela Le Lavandaie [As Lavadeiras], de 1890. Para o autor, "as cores do artista então se tornam fluidas, luminosas".1

Nos 12 anos que permanece em São Paulo, entre 1893 e 1905, reproduz paisagens paulistanas, do interior e do litoral, assim como cenas de gênero que retratam personagens populares. Encanta-se a princípio com o litoral. O mar já o atraía na Itália: interessa-lhe explorar os efeitos da luz sobre a água. No Brasil, pinta baías com pequenas casas, barcos, praias, muitas delas povoadas por pescadores, crianças e senhoras passeando, como as que aparecem em Passeio nas Pedras - Guarujá. Diversas dessas cenas do litoral - que retratam praias de Santos, São Vicente, Guarujá e Caraguatatuba - fazem parte de sua exposição individual de 1905. Da capital paulista, Ferrigno pinta diversas telas em que fixa a paisagem urbana, como em Vista da Várzea do Carmo, Rio Tamanduateí, Várzea do Tamanduateí com Convento do Carmo, Estação Barra Funda e Porto de Areia do Rio Tietê. A rua 25 de Março é várias vezes retratada. Uma das telas, presenteada a Pedro Alexandrino (1856 - 1942), hoje faz parte do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp.

De acordo com a pesquisadora Ruth Tarasantchi,2 Ferrigno costuma realizar um esboço da paisagem no local, e finaliza os quadros no ateliê com acréscimo de elementos diferentes, aliando assim observação e imaginação. Embora sejam representações pictóricas e não possam ser imediatamente consideradas registros de uma época, tais pinturas permitem entrever aspectos interessantes da configuração da paisagem e dos costumes paulistas do início do século XX. Destacam-se entre essas telas as pinturas que retratam lavadeiras no rio, com suas roupas coloridas espelhando-se na água em manchas luminosas. Nessas obras, que retomam o tema explorado anteriormente na Itália, de que são exemplos Ladeira Porto Geral e Lavadeiras do Rio Tamanduateí, o artista manifesta seu apuro técnico com liberdade criativa.

Diversas vezes em sua carreira, Ferrigno dedica-se a retratar personagens anônimos, populares, em seu trabalho cotidiano, como o velho que repara seu instrumento em Afinando o Violino, ou em um momento de descanso, como em Mulata Quitandeira, pertencente ao acervo da Pesp. Comprada pelo governo do Estado em 1903, a tela mostra uma negra escrava vendedora cochilando em uma tarde quente de verão.

Por ter retratado as fazendas de orgulhosos proprietários que querem fixá-las em telas, fica conhecido como o pintor do café. A série realizada na Fazenda Victória, em Botucatu, é encomendada pelo conde de Serra Negra, que, ao notar que se iniciava uma crise na cafeicultura em decorrência da superprodução, tem a idéia de fazer uma campanha de propaganda do café brasileiro na Europa. As pinturas são apresentadas em Paris em 1900, e depois em diversas capitais européias, em exposições para divulgação do café paulista. Outra série bastante conhecida o pintor executa na Fazenda Santa Gertrudes, localizada no atual município de Santa Gertrudes. As seis grandes telas - Florada, A Colheita, Lavadouro, O Terreiro, Ensacamento do Café e Café para a Estação - que hoje pertencem ao Museu Paulista da Universidade de São Paulo - MP/USP são enviadas pelo governo brasileiro à Exposição Universal de Saint Louis em 1903 para representar o Brasil e depois expostas em São Paulo, alcançando significativo sucesso de crítica e público.

De volta à Itália, passa progressivamente a pintar com menos detalhamento, acrescentando elementos da memória e da fantasia. Nos anos 1920 e 1930, pinta diversos jardins, de Ravello, Vietri e Salerno, telas de cores fortes e brilhantes, em que explora as diferentes tonalidades de verde, a luz e o desenho. Telas como Alameda da Villa Rufolo guardam afinidades com o impressionismo no modo de aplicação das cores.

Notas
1 Massimo Bignardi apud TARASANTCHI, Ruth. 100 anos depois. In: ANTONIO Ferrigno: 100 anos depois. São Paulo: Pinacoteca do Estado: Sociarte, 2005. p. 22.
2 TARASANTCHI, Ruth. 100 anos depois. In: ANTONIO Ferrigno: 100 anos depois. São Paulo: Pinacoteca do Estado: Sociarte, 2005. p. 23.

Exposições Coletivas

1902 - São Paulo SP - Exposição de Belas Artes Industriais
1903 - São Paulo SP - Rosalbino Santoro e Antônio Ferrigno  
1914 - Paris (França) - Salon des Independants

Exposições Póstumas

1978 - São Paulo SP - Destaque do Mês, na Pinacoteca do Estado
1979 - São Paulo SP - A Paisagem na Coleção da Pinacoteca, na Pinacoteca do Estado
1980 - São Paulo SP - A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes
1982 - São Paulo SP - Pintores Italianos no Brasil, no MAM/SP
1983 - São Paulo SP - O Olhar Italiano sobre São Paulo, na Pinacoteca do Estado
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado
1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, na Pinacoteca do Estado
1993 - São Paulo SP - O Olhar Italiano sobre São Paulo, na Pinacoteca do Estado
1994 - São Paulo SP -Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, na Pinacoteca do Estado
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira
2000 - São Paulo SP - O Café, no Banco Real
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 Anos, no Museu de Arte Brasileira
2003 - São Paulo SP - Pintores do Litoral Paulista, na Sociarte
2005 - São Paulo SP - Antonio Ferrigno: 100 anos depois, na Pinacoteca do Estado
2008 - São Paulo SP - Acervo BM&FBOVESPA, no Espaço Cultural BM&FBovespa
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, na Fundação Bienal
2011 - São Paulo SP - Arte no Brasil: Uma História na Pinacoteca de São Paulo, na Pinacoteca do Estado

Fonte: Itaú Cultural