Heitor dos Prazeres (Rio de Janeiro RJ 1898 - idem 1966)
Pintor, compositor, marceneiro.
Inicia-se na pintura por volta de 1937, como autodidata, estimulado pelo jornalista e desenhista Carlos Cavalcanti. No período de 1937 a 1946, trabalha em rádios do Rio de Janeiro. Ingressa como ritmista na Rádio Nacional, em 1943. Recebe o 3º lugar para artistas nacionais na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, com o quadro Moenda, 1951, inspirado no universo do trabalho rural. É homenageado com sala especial na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1953. No ano seguinte, cria cenários e figurinos para o Balé do IV Centenário da Cidade de São Paulo. Realiza sua primeira exposição individual, em 1959, na Galeria Gea, no Rio de Janeiro. Em 1965, Antônio Carlos Fontoura produz um documentário sobre sua obra. Torna-se um artista destacado, atuando como compositor, instrumentista e letrista de música popular brasileira. Participa da fundação das primeiras escolas de samba cariocas, entre elas a Estação Primeira de Mangueira. Em comemoração do centenário de seu nascimento, em 1999, é realizada mostra retrospectiva no Espaço BNDES e no Museu Nacional de Belas Artes. Em 2003, é publicado o livro Heitor dos Prazeres: Sua Arte e Seu Tempo, da jornalista Alba Lírio.
Críticas
"Se há um homem que não precisava ser pintor era esse, cuja vida e amores já conta de maneira tão boa em outra arte, mas sua riqueza interna veio ganhar na pintura uma expressão irmã do samba, e seria fácil reconhecer o ritmista na composição dos quadros, o 'envernizador técnico' no seu acabamento caprichado, o boêmio nos motivos malandros que o inspiram. Ele não faz pintura 'do Partido Alto', para deleite dos ricos, nem traz para a tela as cenas das macumbas e candomblés que freqüentou, apenas conta essa vida solta e heróica de cavaquinho na mão e cachaça e mulata, sua vida de seresteiro e trovador de muitas conquistas 'não pela cara que tenho, mas pela conversa que eu sei fazer'".
Rubem Braga
BRAGA, Rubem. Três Primitivos. Rio de Janeiro, Ministério da Educação/Serviço de Documentação, série Os Cadernos de Cultura nº 63, 1953, p. 14.
"Sua arte consiste numa visão clara e ingênua de um mundo ideal; até o contorno das figuras parece representar visualmente a distância que existe entre elas e a realidade. Tais figuras, com raríssimas exceções, são retratadas com o rosto de perfil, mesmo quando o corpo aparece de frente ou de três quartos, e, pelo fato de estarem sempre na ponta dos pés, sugerem movimento. São gente de toda cor, participando fraternalmente da mesma atividade: um ensaio, uma serenata, uma ciranda, uma cena campestre. Raras vezes Heitor focaliza aspectos tristes do cotidiano, ou alude a preconceitos. A minúcia microscópica, estendendo-se a todos os elementos do quadro, é uma característica constante, que confirma a irrealidade simplória da obra. As cores, vivas e chapadas em tonalidades únicas, sublinham a simplicidade desse mundo ideal. Fina camada de verniz arremata a obra, denunciando a profissão de 'envernizador técnico' exercida pelo pintor".
Pedro Manuel
E no Brasil. Apresentação de Pietro Maria Bardi e Pedro Manuel. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
"A tônica dominante na pintura de Heitor está na vida e no samba carioca da Praça Onze e dos Arcos da Lapa. (...) Será que esse pintor, igualmente conhecido no cenário musical, teria sido mais compositor que artista plástico? Não há dúvida da importância que tem a música para esse artista: na sua pintura, o samba carioca faz ecoar os sons da África. Mas não se pode negar a força plástica desses personagens do povo, que cantam e dançam com o corpo virado para a frente e a cabeça para o lado. Essas figuras humanas bipolares de Heitor, bem como as cores contrastantes, particularmente na série das rodas de samba, fazem lembrar Di Cavalcanti. Sua declaração de que 'eu sou um ovo e o povo é a chocadeira' ilustra o espírito modernista de Heitor dos Prazeres".
Marta Heloísa Leuba Salum
MOSTRA do Redescobrimento: arte afro-brasileira. Nelson Aguilar, organizador/Fundação Bienal de São Paulo. São Paulo, Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, 2000, p. 116.
Exposições Individuais
1959 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Gea
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1961 - São Paulo SP - Heitor dos Prazeres: pinturas, na Galeria Sistina
1963 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Selearte
1964 - Salvador BA - Individual, na Galeria Quirino
1965 - Porto Alegre RS - Individual, no Margs
Exposições Coletivas
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no MAP
ca.1946 - Londres (Inglaterra) - Mostra em homenagem à Real Força Aérea Britânica - um de seus quadros é adquirido pela Rainha Elizabeth
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon - 3º prêmio
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1957 - Buenos Aires (Argentina) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte Moderno
1957 - Lima (Peru) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte de Lima
1957 - Rosario (Argentina) - Arte Moderna no Brasil, no Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino
1957 - Santiago (Chile) - Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte Contemporáneo
1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Enba
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1965 - Bonn (Alemanha) - Brazilian Art Today
1965 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today, na Royal Academy of Arts
1965 - Paris (França) - Oito Pintores Ingênuos Brasileiros, na Galeria Jacques Massol
1965 - Viena (Áustria) - Brazilian Art Today
1966 - Dacar (Senegal) - 1º Festival Mundial de Artes Negras
1966 - Moscou (União Soviética, atual Rússia) - Pintores Primitivos Brasileiros
Exposições Póstumas
1966 - Dacar (Senegal) - 1º Festival Mundial de Artes Negras
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
1966 - Rio de Janeiro RJ - O Artista e a Máquina, no MAM/RJ
1966 - São Paulo SP - O Artista e a Máquina, no Masp
1967 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Ars Artis
1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici
1982 - Bauru SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Marília SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap
1983 - Belo Horizonte MG - 80 Anos de Arte Brasileira, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1983 - Campinas SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MACC
1983 - Curitiba PR - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAC/PR
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/Olinda
1983 - Ribeirão Preto SP - 80 Anos de Arte Brasileira
1983 - Santo André SP - 80 Anos de Arte Brasileira, na Prefeitura Municipal de Santo André
1984 - Paris (França) - Heitor dos Prazeres: retrospectiva, na Galeria Debret
1984 - Roma (Itália) - Heitor dos Prazeres: retrospectiva, na Embaixada do Brasil na Itália
1987 - São Paulo SP - As Bienais no Acervo do MAC: 1951 a 1985, no MAC/USP
1988 - Rio de Janeiro RJ - Hedonismo: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria Edifício Gilberto Chateaubriand
1988 - Rio de Janeiro RJ - O Mundo Fascinante dos Pintores Naïfs, no Paço Imperial
1992 - Poços de Caldas MG - Arte Moderna Brasileira: acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, na Casa da Cultura de Poços de Caldas
1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, na Casa da Cultura de Poços de Caldas
1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ
1998 - Rio de Janeiro RJ - Heitor dos Prazeres: um século de arte
1998 - São Paulo SP - Fantasia Brasileira: o balé do IV Centenário, no Sesc Belenzinho
1998 - São Paulo SP - Mostra Comemorativa do Centenário do Artista, na Galeria Albert Einstein
1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1999 - Rio de Janeiro RJ - As Três Artes de Heitor dos Prazeres, no MNBA
1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - São Paulo SP - Figuras e Faces, na A Galeria
2002 - Piracicaba SP - 6ª Bienal Naifs do Brasi, no Sesc
2002 - São Paulo SP - Pop Brasil: a arte popular e o popular na arte, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Santa Ingenuidade, na Unifieo
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2005 - São Paulo SP - Individual, no Espaço Cultural BM&F
Fonte: Itaú Cultural