Denilson Rugsvann (Belo Horizonte MG 1967)
Fotógrafo e professor.
Forma-se em artes plásticas pela Escola Guignard, Belo Horizonte, 1998. Faz cursos de desenho publicitário, desenho animado, teatro e música entre 1986 e 1992. No período de 1986 a 1998, participa de montagens e cenografia para o teatro, vídeo e vídeo-clip. Em 1999, é convidado a ocupar espaço na The New York Gallery, Nova York e, em 2000, participa de evento na Academy of Management de Toronto, Canadá. É professor de artes no ensino fundamental e capacitador em artes para professores, na Rede Pitágoras de Belo Horizonte.
Críticas
"Dor amiga, antiga, o universo infantil toma conta em total plenitude da obra de Denilson Rugsvann, que vem há muito em processo de depuração de idéia, apoiado em leituras de crônicas e contos da escritora Clarice Lispector. Denilson, tanto quanto Clarice, acredita na perversidade das crianças, na capacidade que têm de destruir o mundo, se for necessário, dentro de seu código de urgência. No trabalho em questão há duas maneiras de crianças manifestarem-se: primeiro através de seu brinquedo-referência, a boneca, utilizada no esquartejamento - aliás, comum de ser praticado pelas próprias donas das bonecas -, outra é quando é tratado o universo em desalinho, através do esquartejamento do corpo, da dilaceração das mãos, para depois partir - o trabalho continua - para uma série de costuras e aprisionamentos. Rugsvann, alheio à idade Pã, representa toda a sociedade pronta a retalhar esses corpos, castrá-las em seus sonhos mais bonitos, suas esperanças mais aparentemente inesgotáveis. Ele afirma que trabalha o sujo, e suas instalações sobre as mesas de luz, com as partes da boneca esquartejada, são poética urbana de qualidade indiscutível. O conceitual, por mais acirrado que se encontre ao urbano, é onírico, como os sonhos e delírios quer a escritora aqui citada, quer das crianças lembradas, vistas, analisadas, quer do autor, em perpétuo conflito entre sentir e não sentir. A costura tenta segurar os lados, os vértices, de uma alma que se fragmenta ao simples olhar entristecido de um menino.
Rugsvann reinventa o próprio pensamento quando leva à saturação a mutilação da boneca, o esquartejamento do sonho infantil de toda a coletividade. Ele promove a morte do mais duro e estável sonho (a outra espécie de espelho de reflexo). Ao artista serviria tanto, na construção dessa obra riquíssima, o conviver contínuo e continuado com crianças que se deixam aprisionar na ilusão de um instante por demais fugidio. Tanto tempo, tanta eternidade, os únicos elementos que a obra de Rugsvann comporta - tempo e eternidade, enquanto medidas de vida -, que não surpreenderia um passar para o lado oposto e de lá retocar esse retrato feito com os fragmentos de um corpo plástico, o corpo de uma boneca, ou com os fragmentos de um pensar humano demais, sentindo a dor de ser. Mas, quando se lembra que esses artistas integram uma única mostra que investiga o inconsciente de dor e de ser em uma sociedade à beira de uma ataque econômico, sabe-se que à flor da pele existe algum suor aromatizado".
Cláudio de La Rocque Leal
RUMOS VISUAIS ITAÚ CULTURAL (1999/2000). Contra-Imagem. Apresentação Ricardo Ribenboim; texto Cláudio de La Rocque Leal; curadoria Angélica de Moraes, Vitória Daniela Bousso, Fernando Cocchiarale. São Paulo : Itaú Cultural, 1999. 20 p. il. p. b. , color.
Exposições Individuais
1998 - Belo Horizonte MG - Moderado Controle, no Sesiminas
1998 - Mariana MG - Moderado Controle, no Centro de Cultura do Sesi
1999 - Belo Horizonte MG - Carne em Movimento. O Coice, na Cemig Espaço Cultural Galeria de Arte
2001 - Belo Horizonte MG - Individual, na Manoel Macedo Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1993 - Belo Horizonte MG - Coletiva, na Biblioteca Pública de Belo Horizonte
1994 - Belo Horizonte MG - Coletiva, na Galeria ICBEU
1996 - Belo Horizonte MG - Mostra Mercado Mundo Mix
1997 - Belém PA - 3º Salão Unama de Pequenos Formatos, na Universidade da Amazônia. Galeria de Arte
1997 - Belo Horizonte MG - Mostra Mercado Mundo Mix
1998 - Belém PA - 4º Salão Unama de Pequenos Formatos, na Universidade da Amazônia. Galeria de Arte
1998 - Belo Horizonte MG - Mostra Mercado Mundo Mix
1999 - Campinas SP - Rumos Itaú Cultural Artes Visuais. Contra Imagem, no Itaú Cultural
1999 - Contagem MG - Coletiva, na Casa de Cultura
1999 - Curitiba PR - 56º Salão Paranaense, no MAC/PR
2000 - Belo Horizonte MG - A Obra em Branco, na Gesto Gráfico Galeria de Arte
2000 - Belo Horizonte MG - Resumo Hoje, na UFMG. Grande Galeria do Saguão da Reitoria
2000 - Belo Horizonte MG - Rumos Itaú Cultural Artes Visuais. Contra Imagem, no Itaú Cultural
2000 - Penápolis SP - Rumos Itaú Cultural Artes Visuais. Contra Imagem, na Galeria Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - Investigações. Rumos Visuais 2, no Itaú Cultural
Fonte: Itaú Cultural