Bassano Vaccarini (Milão, Itália 1914 - Altinópolis SP 2002)
Escultor, pintor, professor, cenógrafo, figurinista, cineasta.
Em Milão começa a estudar no Liceu Artístico em 1929 e em 1932 ingressa na Accademia di Belle Arti di Brera. Continua os estudos na Escola de Artes Aplicadas em Monza, Itália, em 1934, com Marino Marini (1901 - 1980). Nesse período, liga-se ao grupo da revista Corrente, integrado por Renato Guttuso (1912 - 1987), Bruno Cassinari (1912 - 1992) e Ennio Morlotti (1910 - 1992). Faz curso de especialização em escultura na Escola de Arte de Genebra, Suíça, em 1943. Em 1946, passa a residir em São Paulo e atua como cenógrafo, figurinista e diretor técnico do Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, da Cia. de Teatro Bela Vista e da Cia. de Teatro Silveira Sampaio. Em 1951, é contratado como professor da cadeira de plástica na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, FAU/USP, e permanece no cargo até 1955. Integra com Bonadei (1906 - 1974), Bruno Giorgi (1905 - 1993), Lothar Charoux (1912 - 1987) e Frans Krajcberg (1921) o grupo ODA Oficina de Arte. Em 1956, muda-se para Ribeirão Preto, São Paulo, onde um ano depois participa da fundação da Escola de Artes Plásticas. Na década de 1960, leciona na Faculdade de Artes Plásticas da Universidade da Associação de Ribeirão Preto, na qual é co-fundador do Centro Experimental de Cinema, e cria o Atelier 1104. Instala obras em espaços públicos de Ribeirão Preto e outras cidades de São Paulo, como Altinópolis.
Comentário Crítico
Bassano Vaccarini tem uma produção diversificada. Realiza trabalhos em cenografia, pintura, escultura, obras com sucata e resinas plásticas, além de experiências nas áreas de cinema, fotografia e arquitetura. Até meados da década de 1960, dedica-se a executar composições abstratas. Como nota o historiador da arte Teixeira Leite, retoma mais recentemente a figuração em suas pinturas, apresentando afinidades com o expressionismo. Em algumas de suas esculturas, trabalha com formas orgânicas, abstratas, combinadas a elementos figurativos.
Para o historiador da arte Tadeu Chiarelli, Vaccarini poderia ser definido como um artista experimental por excelência, dedicado à pesquisa de novos suportes e materiais, os quais adapta às necessidades de sua produção.
Críticas
"O pesado, o ponderável na escultura de Vaccarini, presente também em muitas obras realizadas com a sucata, deriva da importância que possuem as massas no contexto de cada obra. Na maioria dos casos dir-se-ia que as massas apresentam um acentuado recolhimento, como se as formas tentassem concentrar-se ou fossem atraídas para um núcleo da escultura, numa considerável concentração de matéria. Em outros casos, mais raros, existe um sentido de abandono, como se a matéria estivesse solta, um descanso, ocupando o máximo de seu espaço. Estes dois aspectos, quando aparecem na mesma obra, são uma das causas da dramaticidade.
(...) Vaccarini experimentou todas as técnicas, todos os recursos, todos os materiais. Esculpiu por subtração, por adição e por junções, ou seja, utilizou a talha, a modelagem e a solda. Serviu-se de materiais como o mármore, a pedra-sabão, a madeira e até o cimento para a talha. Cera, argila e tantos substitutos quanto encontrou serviram-lhe para a modelagem que passou para os metais nobres e tradicionais como o bronze ou para o chumbo. A sucata transformou-se em várias formas com a solda. Não repudiou as resinas plásticas e os refugos para criar formas. Toda essa gama de técnicas e materiais foi usada para reproduzir formas da natureza, para sugerir, para deformar ou para elaborar formas abstratas.
(...) entre as várias técnicas usadas nas três dimensões, acima e além destas técnicas, aparecem dois filões. Um raro, quase excepcional, ligado a formas esguias, quase gráficas, realizado com sucata e maçarico. Outro, amplo, caudaloso, fecundo, sempre presente, utilizando-se dos mais diferentes recursos e materiais, plástico na essência, resultado de jogos de massa. No segundo filão, desaparece qualquer diferença, no resultado, entre a utilização da modelagem ou da talha. É nele que se encontra o núcleo mais expressivo de Vaccarini, onde se esconde sua alma e sua ancestralidade".
Pedro Emanuel
Emanuel, Pedro. Bassano Vaccarini: os caminhos além do susto, do desencontro, do esmagamento. In: Vaccarini, Bassano. B. Vaccarini. n. p.
Exposições Individuais
1932 - Itália - Primeira individual
1948 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Domus
1953 - São Paulo SP - Individual, no MAC/USP
1968 - São Paulo SP - Retrospectiva, no Auditório Itália
1978 - São Paulo SP - Individual, no Salão Portinari da Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia
1980 - Altinópolis SP - Individual, na inauguração do Atelier Bassano Vaccarini
1980 - Ribeirão Preto SP - Individual, na Itaugaleria
1981 - Londrina PR - Individual, na Itaugaleria
1982 - Brasília DF - Individual, na Itaugaleria
1982 - Ribeirão Preto SP - Individual, na Itaugaleria
1986 - Ribeirão Preto SP - Individual, na Itaugaleria
1987 - Ribeirão Preto SP - Individual, na Itaugaleria
1989 - Ribeirão Preto SP - Individual, na Itaugaleria
1996 - Ribeirão Preto SP - O Pintor e o escultor: Bassano Vaccarini, no Espaço Cultural Unimed
1997 - Sumaré SP - Individual, na Galeria Bassano Vaccarini
Exposições Coletivas
1933 - Itália - Exposição de Arte - Grupo Futurista Milanês
1935 - Itália - Exposição e Plástica Rural - Grupo Futurista de Gênova
1942 - Veneza (Itália) - Bienal de Veneza
1943 - Itália - Exposição de arte com o Grupo Futurista Milanês
1946 - Rio de Janeiro RJ - Arte Contemporânea Italiana: novos de Milão
1946 - São Paulo SP - Arte Contemporânea Italiana: novos de Milão - 2º prêmio em pintura
1947 - São Paulo SP - Mostra Circulante do Governo do Estado de São Paulo - 2º prêmio em pintura
1947 - São Paulo SP - Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo - 1º prêmio em escultura
1947 - São Paulo SP - Salão Paulista de Belas Artes - 1º prêmio em escultura
1949 - São Paulo SP - Clube dos Artistas e Amigos da Arte
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1962 - Piracicaba SP - 1º Salão Oficial de Arte Contemporânea - prêmio aquisição
1963 - Araraquara SP - 21º Salão de Belas Artes de Araraquara - 1º prêmio em pintura
1964 - São Paulo SP - 3 de Ribeirão, na Galeria Seta
1965 - Brasília DF - 2º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal
1965 - Campinas SP - 1º Salão de Arte Contemporânea - medalha de ouro
1966 - Campinas SP - 2º Salão de Arte Contemporânea
1966 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - medalha de prata em pintura
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1968 - Piracicaba SP - 1º Salão Oficial de Arte Contemporânea de Piracicaba - prêmio aquisição
1969 - Campinas SP - 5º Salão de Arte Contemporânea
1969 - Curitiba PR - 26º Salão Paranaense, na Federação das Indústrias do Estado do Paraná
1969 - Piracicaba SP - 2º Salão Oficial de Arte Contemporânea de Piracicaba
1974 - Milão (Itália) - 4 de Ribeirão, na Galleria D'Arte Italo-Brasiliana
1975 - Ribeirão Preto SP - 1º Salão de Arte de Ribeirão Preto
1976 - Ribeirão Preto SP - 2º Salão de Arte de Ribeirão Preto
1977 - Ribeirão Preto SP - 3º Salão de Arte de Ribeirão Preto
1978 - Ribeirão Preto SP - Coletiva, na Galeria do Sesc
1978 - Ribeirão Preto SP - 4º Salão de Arte de Ribeirão Preto - Prêmio Cidade de Ribeirão Preto
1979 - Ribeirão Preto SP - Dez Artistas Plásticos da Cidade, na Itaugaleria
1980 - Campinas SP - Anacrônicos da Madrugada, no MACC
1980 - Ituiutaba MG - Anacrônicos da Madrugada
1981 - Altinópolis SP - Anacrônicos da Madrugada
1981 - Cravinhos SP - Anacrônicos da Madrugada
1981 - Matão SP - Anacrônicos da Madrugada
1981 - Ribeirão Preto SP - Coletiva, na Galeria de Arte Novo Senac
1981 - Ribeirão Preto SP - Anacrônicos da Madrugada, na Itaugaleria
1981 - Ribeirão Preto SP - 6º Salão de Arte de Ribeirão Preto, na Casa da Cultura de Ribeirão Preto
1981 - São Carlos SP - Anacrônicos da Madrugada, na Itaugaleria
1981 - Tóquio (Japão) - Inaugural Exhibition of the Japan International Artists Society
1982 - Belo Horizonte MG - Anacrônicos da Madrugada, na Itaugaleria
1982 - Brasília DF - Anacrônicos da Madrugada, na Itaugaleria
1982 - Londrina PR - Anacrônicos da Madrugada
1982 - Ribeirão Preto SP - Coletivas, na Galeria de Arte Novo Senac
1982 - São Paulo SP - Cem Anos de Escultura, no Masp
1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, Masp
1982 - São Carlos SP - Anacrônicos da Madrugada
1983 - Catanduva SP - Anacrônicos da Madrugada, na Itaugaleria
1983 - Ribeirão Preto SP - Exposição Pró Sinfônica de Ribeirão Preto, na Itaugaleria
1984 - Ribeirão Preto SP - 9º Salão de Arte de Ribeirão Preto
1984 - São Paulo SP - Grupo Ribeirão, no Paço das Artes
1985 - Ribeirão Preto SP - Artistas de Ribeirão Preto, no Sesc
1986 - Cravinhos SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Cravinhos
1987 - Ribeirão Preto SP - Oito Escultores de Ribeirão Preto, na Itaugaleria
1992 - Ribeirão Preto SP - Modernidade/Experimentalismo: Artes Plásticas em Ribeirão Preto, na USP. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
Fonte: Itaú Cultural