Angelo de Aquino (Belo Horizonte MG 1945 - Rio de Janeiro 2007)
Pintor e desenhista.
Angelo Rodrigo de Aquino muda-se para o Rio de Janeiro por volta de 1960. Na década de 1960, inicia formação artística no ateliê de pintor e escultor Roberto Moriconi (1932 - 1993), e convive com artistas Rubens Gerchman (1942 - 2008), Roberto Magalhães (1940) e Antonio Dias (1944). Em 1965, é um dos organizadores do evento Propostas 65, na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap, São Paulo. Como ilustrador e escritor, colabora na revista Cadernos Brasileiros. Desde fim dos anos 1960 até a metade da década de 1970, produz obras conceituais, e passa posteriormente à pintura abstrato-geométrica. Em 1970, residindo em Milão, inicia a edição de pequenas publicações de vanguarda. De volta ao Brasil, realiza trabalhos em vídeo e filmes de artista, dos quais é considerado um dos precursores no país. Organiza, com Walter Zanini, a mostra Prospectiva 74, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP. No início dos anos 1980, passa a dedicar-se à pintura figurativa. Em 1984, cria o personagem cão Rex, constantemente retomado em sua produção. Realiza exposição comemorativa dos 10 anos desse personagem, em 1994, no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro - CCBB/RJ, intitulada Rez Faz Dez. Em 1997, publica Vida Rex, reeditado em 2004, quando Aquino comemora 40 anos de pintura, com exposição na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro.
Comentário Crítico
A produção de Angelo de Aquino, na década de 1960, está ligada à temática urbana e à cultura de massa e apresenta uma gama cromática vibrante. Na década de 1970, vincula-se à arte conceitual e posteriormente à abstração geométrica.
Nos anos 1980, seus trabalhos mantém diálogo com a arte pop. Cria o personagem Rex, um cachorro que passa a representar em uma grande série de pinturas. Na opinião de alguns críticos, suas obras mantêm uma ligação com o universo das histórias em quadrinhos e também com a obra do artista norte-americano Keith Haring (1958-1990). Em relação à série Rex, pode-se notar que, nos primeiros trabalhos, o tratamento conferido pelo artista é puramente gráfico. Posteriormente, além do uso explosivo da cor, trabalha a superfície da tela empregando transparências, revelando luminosidades e pinceladas gestuais. Em Rex Visita Vygian Aguilar (1985), faz referência à produção de José Roberto Aguilar (1941), utilizando tons contrastantes, grafismos e gestualidade, criando assim uma superfície vibrante, na qual são inseridas algumas palavras.
Como nota o crítico Roberto Pontual, o trabalho de Angelo de Aquino deixou-se marcar desde o começo pela inquietude na absorção das mais diferentes linguagens contemporâneas, utilizando diversas técnicas como desenho, pintura, arte postal e vídeo.
Críticas
"É assim que Angelo de Aquino vem mostrando uma nova motivação na pintura do Brasil, em exposições simultâneas no Rio de Janeiro, em Paris na Fiac 86 e na Galeria 1900-2000. Exposições que têm um valor especial ao revelarem um panorama tropical que respira oxigenação purificante. Nem um átomo de sujeira parece poder existir em seus quadros e em sua paleta. Quadros que parecem recém-lavados. Seus aviões voam num espaço sem poluição, suas montanhas assemelham-se a pirâmides que se formam como cones de areia límpida, petrificadas num ar de cristal. Imaginando paisagens e compondo seus quadros através de esquemas de diferentes horizontes, a realidade joga um papel importante já que anuncia os fantasmas do artista. O ateliê, as viagens, personagens e cachorros se unem lançados de maneira contemporânea, buscando uma maturidade na criação do artista. Por sua juventude e sua cultura, nos encontramos, então, frente a um dinâmico artista que não pode de nenhuma maneira evitar de idealizar seus quadros, porém de maneira simples, criados quase como desenhos de infância. Todos os seus quadros são pintados em acrílico sobre tela. Os cachorros de língua pendente e de dentes brancos não nos amedrontam; nos fazem sorrir naturalmente pois vemos que ainda existem artistas que pintam por amor. Alegram-nos com uma pintura fresca como um vaso de flores recém-colhidas, cores nascentes que aspiram um ar puro".
Isaac Ortizar
SÃO Paulo - Rio - Paris. Apresentação de Marie-Odile Briot. Textos de Isaac Ortizar et al. São Paulo: Montesanti Galleria, 1987. p. [6]
"Está aqui um pouco da história dos dez anos de resistência de Rex. Emblemático, o cão criado em 1984 pelo artista Angelo de Aquino aparece sistematicamente em seus trabalhos desde então, quase como uma assinatura. Um cão que "fala" por seu criador e que parece, a cada momento, saltar desses quadros para a vida. Antes de Rex, o inquieto Aquino passou pelas experiências de praxe que marcaram a ruptura com a arte do passado. Aliás, romper com tudo era uma das bandeiras da mostra Opinião 65, onde despontou ao lado dos maiores talentos de sua geração. O conceitualismo veio depois. E depois, ainda, a arte geométrica. Sempre, e em tudo, uma tendência anárquica, marca e motor de sua trajetória".
AQUINO, Angelo de. Rex faz dez: pinturas 84/94. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1994. p. [3]
"Conheço Angelo de Aquino há cerca de vinte e cinco anos. Ao longo deste período pude reunir um conjunto de obras representativas de sua trajetória. Primeiro foram as obras conceituais tão em voga nos anos 70, nas quais o artista revelava sua inteligência e sua ironia diante dos problemas da arte. Com o passar do tempo, o seu temperamento inquieto e seu extraordinário talento de colorista levaram-no em direção à pintura. Nesta técnica Angelo encontrou os meios para firmar-se como um dos mais brilhantes artistas brasileiros contemporâneos. Numa cidade possuidora de tantos ícones visuais, Angelo povoa nossas retinas e nossas fantasias com uma pintura generosa e exuberante, festiva e comunitária, nas quais Rex passeia como um cartoon carioca a olhar a vida com sarcasmo e encantamento".
Gilberto Chateaubriand
AQUINO, Angelo de. O Artista e o colecionador: Angelo de Aquino na coleção Gilberto Chateaubriand Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1995. p. [2].
Exposições Individuais
1966 - Belo Horizonte MG - Individual, na Galeria Guignard
1969 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1970 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Goeldi
1973 - Poznan (Polônia) - Individual, na Galeria Akumulatory 2
1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1978 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Global
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Ibeu
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1985 - São Paulo SP - Individual, no Subdistrito Comercial de Arte
1986 - Paris (França) - Individual, na Galeria Sculpture
1987 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Montesanti
1987 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Montesanti
1988 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1988 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria GB
1989 - Paris (França) - Individual, na Galeria de Poche 1900-2000
1990 - Paris (França) - Individual, na Galeria Flak
1990 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1992 - Paris (França) - Individual, na Galerie 1900-2000
1992 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1994 - Rio de Janeiro RJ - Rex faz dez: pinturas 84/94, no CCBB
1995 - Rio de Janeiro RJ - O Artista e o Colecionador: Angelo de Aquino na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MNBA
1997 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos 1983-1997, na Casa de Cultura Laura Alvim
1998 - Rio de Janeiro RJ - Angelo de Aquino: Duas Pinturas, 1989-1998, na Galeria Toulouse
1998 - Waltham (Estados Unidos) - Individual, na The Bentley College Art Gallery
2000 - Rio de Janeiro RJ - Angelo de Aquino - 55, na Galeira GB
Exposições Coletivas
1965 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, no MAM/RJ
1965 - Rio de Janeiro RJ - Opinião 65, no MAM/RJ
1965 - São Paulo SP - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, no MAC/USP
1965 - São Paulo SP - Propostas 65, na Faap
1966 - Belo Horizonte MG - Vanguarda Brasileira, na UFMG
1966 - Rio de Janeiro RJ - Opinião 66, no MAM/RJ
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas
1968 - Curitiba PR - 25º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná
1968 - Rio de Janeiro RJ - 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1968 - Rio de Janeiro RJ - 8 Artistas, na Petite Galerie
1969 - Rio de Janeiro RJ - Angelo de Aquino, Miguel Rio Branco e Lee Jaffe, na Galeria Goeldi
1969 - Rio de Janeiro RJ - Salão da Bússola, no MAM/RJ
1971 - Liege (Bélgica) - Information, na Yellow Now Galerie
1972 - Brno (Tchecoslováquia, atual República Tcheca) - House of Art
1972 - Gottingen (Alemanha) - A. R. T. Gottingen Kunstkonkreb
1972 - Lausanne (Suíça) - Attention, na Galeria Impact
1972 - Porto Rico - 5 Brasileiros, na University of Porto Rico
1972 - Poznan (Polônia) - Net Show
1972 - São Paulo SP - 72ª Mostra de Arte Sesquicentenário da Independência e Brasil Plástica, na Fundação Bienal
1972 - Sydney (Austrália) - Communication Trans/Art 3, na Inhibrodness Galerie
1972 - Rio de Janeiro RJ - Grupo B
1973 - Budapeste (Hungria) - Mirror, na Balonttonboglar-Chapel
1973 - Reykjavik (Islândia) - A. R. T. , na Summ Gallery
1973 - Rio de Janeiro RJ - Indagação sobre a natureza, função e necessidade da obra de arte, na Galeria de Arte Ibeu
1973 - São Paulo SP - 6 Artistas Conceituais, no MAC/USP
1974 - Maastrich (Holanda) - Art and Ideology in Latin America, no Agora Studio
1974 - São Paulo SP - 8º Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1974 - São Paulo SP - Prospectiva 74, no MAC/USP
1976 - Kyoto (Japão) - 18 Latin American Artists, na Gallery Art Core
1976 - São Paulo SP - 2ª Multimedia, no MAC/USP
1976 - São Paulo SP - The Seventies, no MAM/SP
1977 - São Paulo SP - Mostra, no MAC/USP
1979 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1981 - Rio de Janeiro RJ - Do Moderno ao Contemporâneo: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Lisboa (Portugal) - Do Moderno ao Contemporâneo: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1984 - Rio de Janeiro RJ - Viva a Pintura, na Petite Galerie
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato na arte brasileira, no MAM/SP
1985 - Rio de Janeiro RJ - Opinião 65 - 20 Anos, na Galeria Banerj
1985 - Rio de Janeiro RJ - Velha Mania: desenho brasileiro, na EAV/Parque Lage
1986 - Paris (França) - Los Americanos, na Galeria Arteurial
1986 - Paris (França) - Mostra, na Fiac 86 e na Galerie 1900-2000
1987 - Paris (França) - São Paulo - Rio - Paris, na Galerie 1900-2000
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand , no MAM/RJ
1987 - Rio de Janeiro RJ - São Paulo - Rio - Paris, na Montesanti Galleria
1987 - Rio de Janeiro RJ - Gesto Alucinado, no Rio Design Center
1987 - São Paulo SP - Gesto Alucinado, no MIS/SP
1987 - São Paulo SP - São Paulo - Rio - Paris, na Galeria Montesanti Roesler
1988 - Rio de Janeiro RJ - Hedonismo: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria Edifício Gilberto Chateaubriand
1988 - Rio de Janeiro RJ - O Eterno é Efêmero, na Petite Galerie
1988 - Rio de Janeiro RJ - Ponte para o XXI, no Rio Design Center
1989 - Cannes (França) - 1er Bienalle Internationale de la Jeune Peinture Humour et Revolution
1989 - Girone (Espanha) - 1er Bienalle Internationale de la Jeune Peinture Humour et Revolution
1989 - Freiburg (Alemanha) - Viva Brasil, na Ruta Correa Gallery
1989 - Nice (França) - Art Jonction Internationale, na Galerie 1900-2000
1989 - Paris (França) - Viva Brasil, na Galerie 1900-2000
1989 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos, no Rio Design Center
1990 - Freiburg (Alemanha) - Aspekte Latein Amerikanische Künster in Paris, na Ruta Correa Gallery
1990 - Nice (França) - Art Jonction Internationale, na Artension Magazine
1991 - Doterhausen (Alemanha) - Aspekte Latein Amerikanische, na Worforum
1991 - Freiburg (Alemanha) - Art Frankfurt, na Ruta Gallery
1991 - Paris (França) - 6 Artistas Latino-Americanos, na Galerie 1900-2000
1991 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1992 - Paris (França) - Diversité Latino-Americaine, na Galerie 1900-2000
1992 - Paris (França) - Tapis d'Artistes, na Galerie 1900-2000
1992 - Rio de Janeiro RJ - Eco-Art, no MAM/RJ
1993 - Maubeuge (França) - 1a Trienalle das Ameriques
1993 - Paris (França) - Natures Mortes, na Galerie Gloria Cohen
1993 - Rio de Janeiro RJ - 1º A Caminho de Niterói - Coleção João Sattamini, no Paço Imperial
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: coleção Gilberto Chateaubriand MAM/RJ, na Galeria de Arte do Sesi
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Porto Alegre RS - Angelo de Aquino e Rubens Gerchman, na Bolsa de Arte de Porto Alegre
1995 - Rio de Janeiro RJ - Angelo de Aquino e Rubens Gerchman, no Espaço 999
1995 - Rio de Janeiro RJ - Da Cor do Rio, no Espaço Cultural dos Correios
1995 - Rio de Janeiro RJ - Opinião 65: 30 anos, no CCBB
1996 - Rio de Janeiro RJ - Petite Galerie: uma visão da arte brasileira, no Paço Imperial
1997 - Paris (França) - L'Histoire d'en Face, na Galerie 1900-2000
1997 - Rio de Janeiro RJ - AR: exposição de artes plásticas, brinquedos, objetos e maquetes, no Paço Imperial
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1999 - São Paulo SP - 5ª United Artist - Viagem de Identidade, na Casa das Rosas
2000 - Rio de Janeiro RJ - Situações: arte brasileira anos 70, na Fundação Casa França-Brasil
2000 - São Paulo SP - Arte Conceitual e Conceitualismos: anos 70 no acervo do MAC/USP, na Galeria de Arte do Sesi
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Campo, no Centro Cultural da Justiça Federal
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte
2005 - São Paulo SP - O Corpo na Arte Contemporânea Brasileira, no Itaú Cultural
Fonte: Itaú Cultural