Alice Vinagre (João Pessoa PB 1950)
Pintora, desenhista.
Alice de Faria Vinagre conclui o curso de pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro - EBA/UFRJ em 1984. Nos anos 1980 participa ativamente de salões e mostras coletivas no Brasil e no exterior. Recebe o prêmio aquisição do 9º Salão Nacional de Artes Plásticas da Fundação Nacional de Arte - Funarte, no Rio de Janeiro, em 1986, e uma bolsa de estudo para a Alemanha no workshop itinerante Brasil-Alemanha, organizado pelo Instituto Goethe e pela Associação Teuto-Brasileira, em 1991. Três anos depois expõe na 4ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, Equador, e em 2001 participa da 3ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Inicia em 1998, no Convento de Santo Antonio, em João Pessoa, a série Azul, um conjunto de intervenções realizadas em diferentes espaços expositivos. Em 2008 lança catálogo com mesmo título da série, com texto de Moacir dos Anjos, propondo uma síntese desse percurso, que inclui ainda exposições em Berlim, São Paulo, Natal e Recife.
Comentário Crítico
Destaca-se na produção de Alice Vinagre a procura de uma unidade sintética com base na sobreposição de elementos contrastantes, seja por meio do choque entre texto e imagem, da contraposição entre potência expressiva e enquadramento geométrico das formas, seja pela convivência forçada entre transparência e opacidade, figura e abstração. Nas várias fases de sua produção, desde a formação em pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro - EBA/UFRJ, nos anos 1980, explora o equilíbrio instável entre os diferentes elementos compositivos e formais.
Na série No Coração de Todas as Coisas ou Ainda sob o Signo da Obscuridade, que data do fim da década de 1980, nota-se o peso preponderante da narrativa e da explosão cromática associada à arte pop. Nessas telas, há um choque evidente entre título e imagem. Nos trabalhos seguintes, a artista paraibana dá lugar a uma expressividade mais rude. A palavra e os símbolos gráficos tornam-se elemento constitutivo da obra, e as formas adquirem um ritmo gestual, caligráfico, compondo um fluxo circular. Estabelece-se como crítica a "um pensamento binário incapaz de perceber as nuanças de que é feita a vida".1 Nos anos 1990, Alice Vinagre adere a uma experimentação formal maior, explorando os apelos sensoriais de materiais não tradicionais como o papel vegetal, o veludo e até mesmo brinquedos de pano (série Bonecas). Também mescla diferentes meios de expressão. Pintura, desenho e colagem se complementam, forçando um caminho para além dos limites da moldura. No fim dessa década, a artista inicia as intervenções da série Azul, nas quais contrapõe a gestualidade e a forte intensidade cromática dos desenhos a uma organização rigidamente geométrica do conjunto e em relação direta com o espaço expositivo.
Outras experimentações derivam dessa mesma pesquisa, como os desenhos com caneta prateada sobre papel vegetal pintado de azul, que compõem a mostra Anotações Sobre o Céu, realizada em 2003, no Les Varietés, em Marselha, França. Mais recentemente inclui outros elementos extrapictóricos, como cobras de plástico, livros e espelhos, e amplia ainda mais a gama de técnicas utilizadas, incorporando elementos da instalação, da fotografia e o vídeo.
Nota
1 Ideia expressa por Moacir dos Anjos em: VINAGRE, Alice. Dumaresq Galeria de Arte, Recife, 2004.
Críticas
"(...) No seu trabalho, a figura já não é o centro da obra. É apenas um elemento a serviço de uma construção poética. Sua pintura é uma grafia, é um discurso descontínuo de imagens e gestos que falam da atualidade, dos seus paradoxos dentro de visões ternas ou irônicas, mas sempre carregadas de revelações. (...)"
Roberto Galvão
BR 80: pintura Brasil década 80. Apresentação de Ernest Robert de Carvalho Mange. Organizado pelo Instituto Cultural Itaú. Textos de Frederico Morais e Roberto Galvão. Fortaleza: Salão Nobre Palácio da Abolição, 1991.
Acervos
Fundação Espaço Cultural - Funesc - João Pessoa PB
Fundação Joaquim Nabuco - Recife PE
Fundação Nacional de Arte - Funarte - Rio de Janeiro RJ
Fundação Pierre Chalita - Maceió AL
Fundação Rômulo Maiorana - Belém PA
Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - Mamam - Recife PE
Museu do Estado de Pernambuco - Recife PE
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Pinacoteca da Universidade Federal da Paraíba - João Pessoa PB
Exposições Individuais
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria EBA 7
1987 - João Pessoa PB - Individual, na Galeria Gamela
1987 - Olinda PE - Individual, na Oficina Guaianases
1991 - Fortaleza CE - Individual, na Itaugaleria
1992 - João Pessoa PB - Individual, na Galeria Gamela
1995 - João Pessoa PB - Perfil do Artista, no Núcleo de Arte Contemporânea
1995 - Olinda PE - Perfil do Artista, no Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco
1996 - João Pessoa PB - Desenhos, na Galeria da Aliança Francesa
1997 - Brasília DF - Desenhos, na Galeria Parangolé. Espaço Cultural 508 Sul
1997 - Recife PE - Desenhos e Aquarelas de Alice Vinagre, na Galeria Vicente do Rego Monteiro
1998 - João Pessoa PB - Individual, no Centro Cultural de São Francisco
1998 - São Paulo SP - Individual, na Adriana Penteado Arte Contemporânea
2002 - Natal RN - Individual, na Casa da Ribeira
2002 - Recife PE - Individual, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães
2003 - Marselha (França) - Anotações sobre o céu/Annotations sur le ciel, nas Les Varietés
2004 - Recife PE - Individual, na Dumaresq Galeria de Arte
2006 - Recife PE - Desejo ou O Caminho se faz Caminhando, na Galeria Mariana Moura
Exposições Coletivas
1982 - Recife PE - 35º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco
1982 - São Paulo SP - 3º Salão Brasileiro de Arte da Fundação Mokiti Okada
1983 - Atami (Japão) - 6º Exposição de Belas Artes Brasil/Japão
1983 - Curitiba PR - 40º Salão Paranaense
1983 - Kyoto (Japão) - 6º Exposição de Belas Artes Brasil/Japão
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Exposição de Belas Artes Brasil/Japão
1983 - São Paulo SP - 6º Exposição de Belas Artes Brasil/Japão
1983 - Tóquio (Japão) - 6º Exposição de Belas Artes Brasil/Japão
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1985 - Recife PE - 38º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1986 - Recife PE - 39º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco
1987 - Belém PA - 4º Salão Arte Pará - Prêmio Aquisição
1987 - Recife PE - 40º Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco, na Galeria Metropolitana Aloísio Magalhães
1987 - Rio de Janeiro RJ - Arte Hoje, no MNBA - Sala Exibição Especial
1988 - Berlim (Alemanha) - Workshop Berlin in São Paulo, no Staatliche Kunstalle
1988 - João Pessoa PB - Arte Atual Paraibana, no Espaço Cultural
1988 - Olinda PE - 41º Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco, no Centro de Convenções de Pernambuco - menção especial do júri
1988 - São Paulo SP - Workshop Berlin in São Paulo, no MAC/USP
1988 - São Paulo SP - Workshop Berlin in São Paulo, no Masp
1989 - São Paulo SP - 20º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1990 - Belo Horizonte MG - Olhar Van Gogh, no Palácio das Artes
1990 - João Pessoa PB - 2º Arte Atual Paraibana, na Fundação Espaço Cultural da Paraíba
1990 - Rio de Janeiro RJ - Olhar Van Gogh, na EAV/Parque Lage
1990 - São Paulo SP - Olhar Van Gogh, no MASP/SP
1991 - Fortaleza CE - BR/80 Pintura Brasil Década 80, no Centro de Artes Visuais Raimundo Cela
1991 - João Pessoa PB - Workshop Brasil-Alemanha, no Espaço Cultural
1991 - Salvador BA - Anos 80: nordeste, no Museu de Arte da Bahia
1996 - Salvador BA - 3º Salão MAM-Bahia, no MAM/BA
1999 - Campina Grande PB - Arte Contemporânea da Paraíba, no Museu de Arte Assis Chateaubriand
1999 - São Paulo SP - Nordestes, no Sesc Pompéia
2001 - Porto Alegre RS - 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
2002 - Recife PE - Em Sete Tempos, na Amparo Sessenta Galeria de Arte
Fonte: Itaú Cultural