Alessandro Cicarelli

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Biografia

Alessandro Cicarelli (Nápoles, Itália 1811 - idem 1879)

Pintor e professor.

Conclui sua formação artística em Nápoles. Transfere-se para o Rio de Janeiro em 1840, onde participa ativamente da vida artística, expondo e lecionando. Na Exposição Geral de Belas Artes de 1843, da Academia Imperial das Belas Artes - Aiba, apresenta dois retratos e duas telas que mostram, respectivamente, uma formação de tropas em Nápoles e uma cena ao luar. No ano seguinte, recebe de Dom Pedro II a comenda Cavaleiro da Ordem de Cristo. É designado professor de desenho da imperatriz Dona Teresa Cristina. Em 1846, é incumbido pelo imperador de representar seu casamento com a imperatriz em uma imponente tela, destinada à Sala Encarnada do Paço da Cidade e cuja moldura é encomendada a José Ruqué, mestre dourador da Casa Imperial. Em 1881, a obra é apresentada na exposição de História do Brasil, de 1881, e, posteriormente, é levada para a Europa por Dom Pedro. Cicarelli muda-se para o Chile em 1848 e torna-se diretor da escola de pintura de Santiago a partir de sua criação, em 1849, até cerca de 1871. Três de suas pinturas pertencem à coleção do Museu Nacional de Belas Artes - MNBA, no Rio de Janeiro: o retrato do desembargador Rodrigo de Souza da Silva Pontes e os retratos do conde e da condessa de Aljezur.

Comentário crítico

Cicarelli forma-se nos moldes do ensino acadêmico Italiano. Especializa-se em retratos e cenas históricas, o gênero então mais valorizado de pintura. Em sua cidade natal, é reconhecido como retratista de estilo severo. No Rio de Janeiro do período, esse tipo de artista é muito apreciado. São retratos e a pintura histórica que Cicarelli expõe na 4ª Exposição Geral, 1843, que lhe valem a comenda de Cavaleiro da Ordem de Cristo, a designação como professor de desenho da Imperatriz e também o elogio do pintor e crítico Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879).

Segundo o pintor e historiador Quirino Campofiorito (1902-1993), a atenção que o imperador Dom Pedro II dá aos artistas dispostos a retratar a família imperial e contribuir para o ensino no país atrai artistas como Cicarelli. O espírito aventureiro desses artistas aportados no Brasil nos anos 1840 e 1850 é o que explicaria a subsquente ida do pintor ao Chile.¹

O crítico Gonzaga-Duque (1863-1911), a respeito do quadro Uma revista no Campo de Marte em Nápoles, apresentado em 1843, o julga bem desenhado, colorido com simplicidade e de proporções regulares. Já o Casamento de S. M. D. Thereza Christina, de 1846, parece ao crítico uma obra fraca em composição e colorido, de aspecto geral duro e desagradável.²

Em texto citado pelo crítico e historiador Roberto Pontual (1939 - 1994), afirma-se que  os retratos e as paisagens - a que hoje não se tem acesso -, são considerados o melhor de sua obra e que, ainda assim, ele é mais conhecido por sua atividade pedagógica no Chile.³

Notas
¹ CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
² DUQUE, Gonzaga. A arte brasileira. Rio de Janeiro: H. Lombaerts & C., 1888, p. 63.
³ PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1969, p. 135.

Críticas

"É lembrado hoje em dia mais por sua atividade pedagógica e como mestre da geração de artistas chilenos de meados do século XIX do que por sua produção artística. Formara-se no estilo severamente clássico do início do século referido e nele permaneceu. Seus retratos e estudos da natureza constituem a parte melhor de sua obra".
Roberto Pontual
PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Apresentação de Antônio Houaiss. Textos de Mário Barata et al. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.

"O ano de 1840 assinala a chegada ao Rio de Janeiro do pintor italiano Alessandro Cicarelli (...), que junta-se, pelas qualidades de sua pintura, aos nomes mais categorizados que aqui afluíram atraídos pela atenção que a Corte Imperial Brasileira dispensava às artes plásticas. Muito interessado em contar com artistas que de pronto se desincumbissem de retratar condignamente os membros da família imperial e mais personalidades gratas à Corte, Dom Pedro II destinava dedicada amizade a quantos, portando uma segura formação artística logo pudessem reanimar esse compromisso e até mesmo fornecer certa contribuição ao ensino, ao ajudar no preparo de artistas brasileiros pela Academia. (...) Interessado em integrar o artista estrangeiro numa demorada ou definitiva residência no país, o Imperador, como costumeiramente fazia, conferiu em 1844 a Cicarelli a Comenda de Cavaleiro da Ordem de Cristo. (...) Dentre as opiniões mais acatadas que aplaudiram o valor da obra de Cicarelli, contava-se a do pintor e historiador Manuel de Araújo Porto Alegre que sempre lhe apontou qualidades excelentes e muito o distinguiu entre seus colegas estrangeiros. Prova dessa admiração é a designação para professor de desenho da Imperatriz Dona Teresa Cristina".
Quirino Campofiorito
CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.

Exposições Coletivas

1843 - Rio de Janeiro RJ - 4ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba
1844 - Rio de Janeiro RJ - 5ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba - Comenda Cavaleiro da Ordem de Cristo por D. Pedro II
ca. 1848 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Sala Encarnada do Paço da Cidade

Exposições Póstumas

1881 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de História do Brasil, com a tela que retrata o casamento de D. Pedro II com Dona Teresa Cristina
1954 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Retratos Femininos do MNBA com a tela Retrato da Condessa de Algezur
1982 - São Paulo SP - Pintores Italianos no Brasil, no MAM/SP
1994 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores Viajantes: Acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
1998 - São Paulo SP - Brasil Século XIX: uma exuberante natureza
1999 - Rio de Janeiro RJ - O Brasil Redescoberto, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - Coleção Brasiliana, na Pinacoteca do Estado
2000 - Roma (Itália) - Viajantes e Naturalistas Italianos: imagens de Brasil nos séculos XVIII e XIX, no Palazzo Santacroce

Fonte: Itaú Cultural