Sim! … … Castagneto

Giovanni Battista Castagneto
Praia
25 x 41 cm
óleo sobre tela
ass. inf. dir.

Sim! Os dois grandes marinhistas brasileiros foram italianos. E o outro? Ora o outro foi Giuseppe Pancetti (1902-1958) que apesar de ter nascido no Brasil, cruzou o Atlântico às avessas e foi repatriado em 1920. Ambos eram marinheiros, ambos tinham um nível de instrução muito precário, ambos sofreram de doenças incuráveis para a época – Pancetti; a letífera tuberculose e Castagneto, mesenterite agravada por voluntariosa embriaguez; e, ambos morreram pobres e esquecidos… . Ambos foram geniais!

Mas falemos de Castagneto. Chegou a Brasil em 1877 e apesar de um grau de instrução muito precário – beirando o analfabetismo – foi aceito como ouvinte e pode freqüentar o curso de 1878 até 1884 tendo como mestres, entre outros, Zeferino da Costa e Vitor Meireles. Foi também orientando de Georg Grimm entre 1882 e 1884, tendo acompanhado o paisagista alemão, quando este deixou a Academia e foi instalar seu ateliê, ao ar livre, na praia da Boa Viagem, em Niterói. Dele aprendeu os segredos da pintura “en pleine air”.

Na década seguinte viajou à Toulon para desenvolver sua pintura. Seu estilo foi influenciado pelo Romantismo, Realismo, até incorporar traços impressionistas.
Nosso pregão mostra: “Duas troncos de árvores com paisagem marítima ao fundo”, obra que num exíguo espaço mostra quão livre, desembaraçada e completa é a pintura, pois o barco que se aproxima sugere a participação do ser humano; que nunca ou muito raramente, se faz presente. Um segundo “barco apenas chegado junto à praia” deixa entrever um grupo de ocupantes que se dirigem à choupana; e , um esquecido “barco ao seco” está à espera de quem o queira pilotar. Nas três obras a evocação subjetiva do tema que envolve a humanidade e que, pelos seus pequenos formatos mostra o apego à técnica ligeira e sintética do pintor.

E é dentro desse contexto que a pintura de marinha do artista tem o seu caráter de inovação: o abandono da pintura histórica – com seus grandes feitos narrativos e da iconografia consagrada – o caráter de apresentação topográfica das cidades – pela total imersão na representação de uma paisagem que é esvaziada de narrativa. Essa paisagem torna-se, assim, o tema por excelência para a realização da expressão do artista.

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Texto: Valerio Pennacchi