Pedro Alexandrino Borges
O pintor paulistano, Pedro Alexandrino Borges (São Paulo, 1856-1942) nasceu em São Paulo em 1856 e faleceu nesta mesma cidade 86 anos depois. Ao terminar o curso da Academia Imperial de Belas-Artes do Rio de Janeiro, foi discípulo de Almeida Júnior, em São Paulo.
Alexandrino é conhecido pela representação de composições com naturezas mortas às quais, junta muitas vezes, objetos em metal, dos quais consegue transmitir a impressão de volume e brilho e não raro, o reflexo de outro objeto. Outra constante em seu trabalho é a exploração dos efeitos de transparência, quando pinta cristais ou garrafas de vidro.
Como podemos ver nos dois trabalhos apresentados neste leilão, nosso laborioso artista é um mestre acadêmico que se utiliza de sua especialidade com originalidade, sensibilidade e desembaraço. É a opção pela “pintura natural das coisas naturais” destacando a presença do corpo e a realidade detalhada do objeto através dos contrastes de luz e sombra.
Durante o período 1897-1907 viajou a Paris. Quando do seu retorno ao Brasil trouxe consigo 110 obras, das quais 84 delas retratavam naturezas-mortas, gênero que o consagrou. Antes mesmo de sua viagem de estudos a Paris, Pedro Alexandrino já era um artista especializado em natureza-morta. Sua produção desse período é influenciada por seu mestre, Almeida Júnior (1850-1899), principalmente na fatura sem asperezas ou rugosidades e na utilização de planos de fundo escuros.
Presente na arte já desde a Grécia Antiga, esse gênero de representação se fez presente em afrescos encontrados em Pompéia. Foi abandonado durante a Idade Média para depois ressurgir com grandiloqüencia barroca nas obras de Caravaggio (1571-1610), ovvero, Michelangelo Merisi da Caravaggio. Foi muito utilizada por Jean-Baptiste-Siméon Chardin (1699-1779) e, de lá, migrou para o pós-impressionista Paul Cézanne (1839-1906) – “o pai de todos nós”, no dizer de Matisse e Picasso.
Na história da arte brasileira as composições com frutas e vegetação de Albert Eckhout (ca.1610-ca.1666) encontram-se entre as primeiras naturezas-mortas realizadas. É possível acompanhar o gênero durante o século XIX, com as produções de Agostinho da Motta (1824-1878) e Estêvão Silva (ca.1844-1891), significativos pintores no contexto carioca. Já em São Paulo, na primeira metade do século XX, destaca-se a produção de Pedro Alexandrino (1856-1942).
Com os artistas reunidos no Núcleo Bernardelli e Grupo Santa Helena, nas décadas de 1930 e 1940, o gênero ganha nova importância na arte brasileira. Nos anos de 1950, Milton Dacosta (1915 – 1988), Maria Leontina (1917 – 1984), Iberê Camargo (1914 – 1994), entre outros, realizam naturezas-mortas.
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Texto: Valerio Pennacchi