Zina Aita (Belo Horizonte MG 1900 - Nápoles, Itália 1967)
Pintora, ceramista e desenhista.
Tereza Aita viaja para Florença, onde permanece entre 1914 e 1918, e realiza estudos com o artista Galileo Chini (1873 - 1956) na Accademia di Belle Arti di Firenze [Academia de Belas Artes de Florença]. Retornando ao Brasil, entra em contato com os modernistas Manuel Bandeira (1886 - 1968) e Ronald de Carvalho (1893 - 1935). Torna-se amiga da pintora Anita Malfatti (1889 - 1964) e do escritor Mário de Andrade (1893 - 1945). Realiza a primeira mostra individual em Belo Horizonte, em 1920, sendo considerada precursora do modernismo em Minas Gerais. Participa da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em 1922. Nessa época realiza ilustrações para a revista Klaxon, publicação dos modernistas paulistas. Sua produção permanece pouco conhecida, e grande parte de suas obras não é datada. Para alguns estudiosos, sua pintura desse período aproxima-se do movimento art nouveau e do pós-impressionismo. Realiza mostra individual na livraria O Livro, em São Paulo, em março de 1922, e participa, no ano seguinte, do 1º Salão da Primavera, no Rio de Janeiro. Em 1924, muda-se para a Itália, reside em Nápoles, onde dirige uma fábrica de cerâmica. Nos seis anos seguintes, realiza estudos em Roma, Florença, Milão e Veneza. Na Itália, torna-se conhecida como ceramista, participando de diversas coletivas. Em 1990, ocorre no Museu de Arte da Pampulha - MAP a mostra Jeanne Milde, Zina Aita: 90 Anos.
Comentário Crítico
Zina Aita realiza estudos em Florença, entre 1914 e 1918, com o artista Galileo Chini (1873 - 1956). Retorna ao Brasil, e participa da Semana de Arte Moderna, incentivada pelos amigos Ronald de Carvalho (1893 - 1935) e Manuel Bandeira (1886 - 1968). Como aponta a historiadora da arte Marta Rossetti Batista, por meio dos títulos das obras que constam no catálogo da Semana de 22, pode-se notar o interesse da artista pelo caráter decorativo e pela figura humana, e a ligação com o impressionismo. A tendência decorativa em sua produção revela-se nos títulos de três das oito obras expostas em 1922.
Na opinião do historiador da arte Walter Zanini, durante sua estada em Florença, Zina Aita identifica-se com o ambiente artístico italiano, onde predomina o movimento art nouveau e principalmente a tendência do retorno à ordem. Da artista, é conhecida a cena de trabalhadores calçando uma rua, feita com o uso da técnica divisionista, Homens Trabalhando [A Sombra], 1922. Também é identificada uma aquarela com um nu feminino, que revela seu talento de desenhista e a afinidade com a produção de Degas (1834 - 1917). A pintura Friso, ca.1928 reafirma o interesse da artista pelo aspecto decorativo e revela sua apreciação da obra de Klimt (1862 - 1918). A maior parte de sua produção não é identificada nem datada.
Críticas
"O que a pintura de Zina Aita revela é em boa parte conseqüência de estudos realizados em Florença, para onde se deslocaram quando adolescente, e contém assimilações várias do ambiente italiano, do art nouveau, ingredientes 'cerebrais' do modernismo parisiense pós-impressionista, impondo-se mais que tudo a observância da linha do retour à l'ordre, de largo domínio no decênio de 1920, ou seja, o abandono da idéia de vanguarda e a re-assimilação da figuratividade de padrões clássicos. Também desde logo se delineara uma tendência decorativista em sua produção - fruto, é certo, do aprendizado junto a Galileo Chini - como indicam os títulos de três das oito obras exibidas na Semana de Arte Moderna: a de nº 47, Paisagem Decorativa, a de nº 48, Máscaras Siamesas e a de nº 51, Painel Decorativo. O material apresentado se dispersou mas a pequena e conhecida cena de operários calçando uma rua, que subsistiu, documenta o uso de defasada técnica divisionista. Yan de Almeida Prado trouxe o testemunho de Zina Aita como expositora de 1922 que mais agradou ao público. É bem provável que para isso concorresse o lado decorativista da pintora, um traço característico de sua personalidade. Desse interesse que suscitou é evidência ainda a bem sucedida mostra na livraria de Jacinto Silva. Sua presença na Semana marcava-se certamente pela não recorrência aos ismos. Ela remetia-se um pouco atrás, para o seu impulso. Uma aquarela representando um nu feminino, do ano seguinte, influenciado por Degas, denota suas virtudes de desenhista, visível em outros trabalhos de 1923, nanquim ou aquarelados. De sua inspiração em Gustav Klimt e seu refinado sentido decorativo, é, mais tarde, quando vivia fora do Brasil, o Friso, com imagens de mulheres compungidas, que dedicou a Mário de Andrade".
Walter Zanini
JEANNE Milde, Zina Aita: 90 anos. Belo Horizonte: Museu de Arte de Belo Horizonte, 1990. p. 28.
Exposições Individuais
1920 - Belo Horizonte MG - Primeira individual, no Palácio do Conselho Deliberativo
1920 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Liceu de Artes e Ofícios
1922 - São Paulo SP - Individual, na livraria O Livro
1950 - Nápoles (Itália) - Individual, na Câmara de Comércio de Nápolis
1957 - Nápoles (Itália) - Ceramiche di Zina Aita, na Galleria d'Arte Vanvitelli
Exposições Coletivas
1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1922 - São Paulo SP - Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal
1923 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão da Primavera
1952 - São Paulo SP - Angelicum
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1955 - Roma (Itália) - Mostra do Meio-Dia
1956 - Nápoles (Itália) - Exposição de Arte Sacra, no Palácio Real
1957 - Roma (Itália) - Mostra do Presépio, no Palácio Braschi
1957 - Nápoles (Itália) - Manifestação de Arte Nacional, no Palácio Real
1961 - Nápoles (Itália) - Mostra do Presépio, no Palácio Real
1967 - Roma (Itália) - 4ª Exposição Nacional de Arte
Exposições Póstumas
1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1972 - São Paulo SP - A Semana de 22: antecedentes e consequências, no Masp
1979 - São Paulo SP - Retratos de Mário de Andrade, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP
1986 - Belo Horizonte MG - O Modernismo em Minas: o Salão de 1936, no Espaço Cultural Casa do Baile
1990 - Belo Horizonte MG - Jeanne Milde e Zina Aita: 90 anos, no MABH
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP
1993 - Poços de Caldas MG - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel, na Casa da Cultura de Poços de Caldas
1996 - Belo Horizonte MG - Emergência do Modernismo, no Museu Mineiro
2000 - Lisboa (Portugal) - Brasil-brasis: cousas notaveis e espantosas. Olhares Modernistas, no Museu do Chiado
2001 - Belo Horizonte MG - Modernismo em Minas: ícones referenciais, no Itaú Cultural
2001 - Penápolis SP - Modernismo em Minas: ícones referenciais, na Galeria Itaú Cultural
Fonte: Itaú Cultural