Yara Tupynambá (Montes Claros MG 1932)
Pintora, gravadora, desenhista, muralista e professora.
Yara Tupynambá Gordilho Santos tem seu primeiro emprego aos 17 anos de idade como concursada em datilografia, na Caixa Econômica Estadual. Lá permanece por dois anos e, por datilografar com agilidade, faz um acordo com o chefe e consegue mais tempo livre, o qual utiliza para desenhar. Inicia-se nos estudos de arte com Guignard (1896-1962), em 1950, em Belo Horizonte, além de estudar gravura com Misabel Pedrosa (1927), em 1954, e aperfeiçoar-se posteriormente com Oswaldo Goeldi (1895-1961), no Rio de Janeiro. Cursa a Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG e, em 1967, defende tese sobre Albert Dürer. No ano seguinte, passa lecionar gravura na mesma universidade. Dedica-se à gravura, especialmente sobre madeira, preferindo o preto e branco à gama de cores. Em telas a óleo pinta congados, cavalhadas e violeiros, temas referentes a sua adolescência, e as andanças pelo interior do estado de Minas Gerais. Ela mesma fabrica algumas tintas vinílicas. É convidada a fazer um mural sobre a inconfidência mineira na reitoria da UFMG, inaugurado em 1969, e posteriormente torna-se se diretora da Escola de Belas Artes da mesma universidade. Na década de 1970, realiza diversos murais para residências, estabelecimentos comerciais e órgãos públicos, como o Minas, do século XVII ao século XX , feito para a Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Executa um mural na Igreja Matriz na cidade de Ferros, Minas Gerais, no qual retrata Adão e Eva nus, fato que causa polêmica, obrigando o prefeito a colocar a obra no seguro. Pesquisa as pinturas do século XVIII em igrejas de Ouro Preto e Sabará, produzindo desenhos realizados sobre arcas e baús, e retratando cenas da época e símbolos como brazões. Lidera o Atelier Vivo na Bienal Nacional de São Paulo, em 1974, onde mostra uma pesquisa realizada na área educacional e com estandartes. Recebe bolsa de estudos do Pratt Institute e viaja para Nova York (Estados Unidos). Retorna a Belo Horizonte e torna-se assessora cultural da Empresa Mineira de Turismo - Turminas, além de ser responsável pela implantação de um programa do Ministério do Trabalho para requalificação do artesanato no estado de Minas Gerais. Em 1992, recebe o título de Cidadã Honorária de Belo Horizonte do governo de Minas Gerais. É escolhida pela crítica diversas vezes como destaque das artes, além de homenageada com poemas, como fez Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987) ao escrever o poema Exposição sobre a artista.
Críticas
"(...) É o universo mágico de Yara, na linha do surrealismo mágico, sua preocupação atual, onde nem tudo está de acordo com a lógica. Os desdobramentos das paisagens em contraponto com figuras românticas - um homem e uma mulher, e na maioria das vezes só a mulher - faz confundir superfície com fundo de mar, ou então ambientes internos com externos numa perfeita coexistência do irreal com o real. Sua preocupação pelo realismo minucioso vai até a aparência enganadora ou ao recurso da fotografia (hiper-realismo). Seu universo se desvenda em toda pureza: perspectivas longínquas de paisagens marinhas vistas através de janelas profundas de largas paredes sombrias, tendo, no primeiro plano, o elemento humano. Utilizando-se da construção e da cor, Yara ordena e combina os personagens com uma pintura firme e bem construída sobre o espaço/papel e, além disso, nos propõe novas formas e novos ritmos plásticos: é a nova fase de Yara Tupynambá, através da pintura".
Morgan Mota
TUPYNAMBÁ, Yara. Yara Tupynambá. Belo Horizonte: AMI Galeria de Arte, 1973.
"O trabalho de Yara Tupynambá em desenho e gravura, se estendendo já por vinte anos contínuos, comprova mais uma vez essa estreita ligação com a terra e a história mineiras, que é marca essencial de tantos artistas ali nascidos ou para ali idos desde a presença e o ensinamento lírico de Guignard. (...) A origem nos sertões e o contato constante com as cidades do ciclo do ouro, sobretudo a antiga Vila Rica, determinaram nela o interesse exclusivo pela figuração de temas entre o dramático e o poético, entre o real e o onírico, entre o ressoante e o prosaico, entre o histórico e o individual, consubstanciados nas obras de pequenas dimensões ou nos grandes murais em torno da Inconfidência Mineira e do desbravamento do Rio São Francisco, sem falar na série mais recente de arcas e baús pintados. A mineiridade se alimenta aqui de velhas sombras fortes voltando a percorrer essas paisagens e estórias de outros tempos e opulências; a propensão expressionista, evidenciada inclusive no uso preferencial do contraste violento do preto com o branco, pode levar os desenhos e as xilogravuras de Yara até o ponto crítico de estertor dramatizante, mas, em contrapartida, a retomada periódica do lirismo e da fantasia docemente onírica a recoloca em convivência com os elementos musicais e pacificados dos acontecimentos que a memória condensou em definitivo, para além do ácido da contemporaneidade. A narrativa, agudamente cubo-expressionista e mineiramente barroca, constitui, portanto, a maneira específica de expressar-se dessa artista, para quem Minas é o mundo".
Roberto Pontual
PONTUAL, Roberto. Arte/ Brasil/ hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973.
Depoimentos
"A atração do branco e preto, cujo efeito plástico sempre me seduziu bem mais do que o cromatismo e gamas. Gosto de trabalhar diretamente o material ou suporte de modo a imprimir nele a objetivação do meu gesto dirigido pela emotividade. Ora, a madeira é o suporte que mais fielmente recebe os menores gestos digitais do artista... Procuro conciliar em minha gravura atual os problemas de entalhe e textura, servindo esta como background para o primeiro. Em seguida, tento fazer o branco funcionar como atmosfera ou 'ar'. E, finalmente, pretendo libertar para além do campo da chapa a área e o volume da composição, dando-lhe uma dinâmica".
Yara Tupinambá
VIEIRA, José Geraldo. Yara Tupinambá. Folha da Noite, Belo Horizonte, 04 de jul. de 1960. Seção : Artes Plásticas.
"É assim que poderei designar minha última série de trabalhos que representam o viver e a cultura mineira: a montanha, o oratório, a flor que nasce agreste no sertão, as igrejas, os arabescos dourados, os mastros com bandeirolas, os fogos de artifícios das festas de São João.
Tudo isto, que cala fundo em nossa alma, que pertenceu e que ainda pertence a nossa vivência quotidiana representa, para nós mineiros, os símbolos mais fortes deste solo pátrio.
Minas é um estado de espírito e, por isso, mesmo quando em longíguas cidades, o mineiro o evoca, como Carlos Drummond de Andrade nestes versos:
Espírito de Minas,
me visita
e sobre a confusão desta cidade
lança teu claro raio ordenador
É este ensinamento de permanência espiritual dos mineiros que leva escritores, músicos, pintores e dançarinos a uma busca perene de nossa raiz, como o faço agora, busca da essência de Minas, do ar exato, nesta respiração discreta dos mineiros que significa síntese, conhecimento e o muito amar a este Estado".
Yara Tupinambá
TUPINAMBÁ, Yara. "Signos de Minas". Disponível em : [www.caleidoscopio.art.br/yaratupynamba].Acesso em : 12 de out. de 2001.
Exposições Individuais
s.d. - Brasília DF - Individual, na Oscar Seraphico
s.d. - Brasília DF - Individual, no Teatro Nacional
s.d. - Brasília DF - Individual, na Performance Galeria
s.d. - Guanabara - Individual, na Galeria do ICBEU
s.d. - Paris (França) - Individual, na Galeria Inter Art Brasil
s.d. - São Paulo SP - Individual, na Galeria Sobrado
s.d. - São Paulo SP - Individual, na Casa das Artes
s.d. - São Paulo SP - Individual, na Galeria Danúbio
s.d. - São Paulo SP - Individual, na Galeria Portal
1963 - Belo Horizonte MG - Individual, na Galeria AMI
1963 - Belo Horizonte MG - Individual, na Galeria do ICBEU
1963 - Londres (Inglaterra) - Individual, no Institut of Education da London University
1963 - Paris (França) - Individual, na Galeria Inter Art Brasil
1963 - Porto Alegre RS - Individual, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul
1963 - Santiago (Chile) - Individual, no Centro Cultural Brasileiro
1965 - Belo Horizonte MG - Individual, na Galeria Guignard
1965 - San Francisco (Estados Unidos) - Individual, na Hourian Fine Art Galleries
1972 - Belo Horizonte MG - Individual, na Galeria Guignard
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Chica da Silva
1973 - Belo Horizonte MG - Individual, na Galeria AMI
1988 - Belo Horizonte MG - Retrospectiva, no Palácio das Artes
1990 - San Francisco (Estados Unidos) - Individual, na Hourian Fine Art Galleries
1991 - Sete Lagoas MG - Individual, na Galeria de Arte Casa da Cultura
1992 - Belo Horizonte MG - A mesa: poema de Carlos Drummond de Andrade desenhado por Yara Tupynambá, no Palácio das Artes
1992 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Universidade de Nothinghan
1992 - Santiago (Chile) - Individual, no Centro Cultural Brasileiro
ca.2001 - Belo Horizonte MG - Fragmentos de Minas, no Atelier Cor de Minas
Exposições Coletivas
1958 - Belo Horizonte MG - Salão Municipal de Belas Artes - 1º prêmio em gravura
1960 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1960 - São Paulo SP - Contribuição da Mulher às Artes Plásticas no País, no MAM/SP
1960 - São Paulo SP - Nelson Leirner, Ismênia Coaracy, Yara Tupynambá, Fernando Odriozola, na Galeria de Arte das Folhas
1961 - Belo Horizonte MG - 16º Salão Municipal de Belas Artes - 1º prêmio em gravura
1961 - Recife PE - 20º Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco
1962 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Arte Moderna
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1963 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Arte Moderna
1963 - São Paulo SP - 2º Salão do Trabalho - 1º prêmio em gravura
1964 - Brasília DF - 1º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal
1964 - Ribeirão Preto SP - 1ª Exposição da Jovem Gravura Nacional
1964 - São Paulo SP - 1ª Exposição da Jovem Gravura Nacional, no MAC/USP
1965 - Belo Horizonte MG - 1ª Exposição da Jovem Gravura Nacional, no MAP
1965 - Curitiba PR - 1ª Exposição da Jovem Gravura Nacional, na Secretaria do Estado de Educação
1965 - Florianópolis SC - 1ª Exposição da Jovem Gravura Nacional, no Masc
1965 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Arte Moderna
1966 - Brasília DF - 3º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal
1967 - Campinas SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1967 - Ouro Preto MG - 1º Salão de Ouro Preto
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1969 - Ouro Preto MG - 3º Salão de Ouro Preto
1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1970 - Porto Alegre RS - 1º Salão de Artes Visuais - prêmio aquisição
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1970 - São Paulo SP - A Gravura Brasileira, no Paço das Artes
1971 - Curitiba PR - 28º Salão Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná
1971 - São Paulo SP - 3º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1972 - Belo Horizonte MG - 4º Salão de Arte Contemporânea de Belo Horizonte - 1º prêmio em gravura com a equipe Estandarte
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1972 - São Paulo SP - Mostra de Arte Sesquicentenário da Independência e Brasil Plástica - 72, na Fundação Bienal
1976 - Belo Horizonte MG - Exposição dos Murais das Escolas Municipais de Belo Horizonte
1976 - São Paulo SP - Bienal Nacional 76, na Fundação Bienal
1977 - São Paulo SP - 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1981 - Belo Horizonte MG - 8º Salão Global de Inverno, na Fundação Palácio das Artes
1981 - Belo Horizonte MG - Alunos de Guignard, na Itaugaleria
1981 - Belo Horizonte MG - Seis Artistas de Minas, na Ami Galeria de Arte
1981 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Global de Inverno, no MAM/RJ
1981 - São Paulo SP - 8º Salão Global de Inverno, no Masp
1982 - Brasília DF - 1ª Mostra de Arte Feminina, no Salão Negro do Congresso Nacional
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1985 - Penápolis SP - 6º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1990 - Belo Horizonte MG - Mulher Retratando a Mulher, no Sindicato dos Artistas Plásticos
1990 - Belo Horizonte MG - Terra Brasileira - Aspectos Ecológicos do Vale do Tripéu, no Museu da Inconfidência
1990 - Goiânia GO - 20 Anos do Museu de Arte de Goiânia, no Museu de Arte
1991 - Belo Horizonte MG - Grupo Usearte, no Minas Shopping
1991 - Londres (Inglaterra) - Second Brazilian Art Exhibition, no Institut of Education - London University
1992 - Belo Horizonte MG - A Mesa - Homenagem a Carlos Drummond de Andrade, na Itabira
1992 - Belo Horizonte MG - Coletiva, na Galeria Solange Pretti
1992 - Belo Horizonte MG - Ícones da Utopia, na Fundação Palácio das Artes
1992 - Londres (Inglaterra) - Third Brazilian Art Exhibition, na Galeria Dixon and Bloomsberry
1993 - Campinas SP - Gravura, na PUC-Campinas. Instituto de Letras
1993 - Havana (Cuba) - Grabados del Brasil, no Palacio delas Convenciones
1994 - Belo Horizonte MG - Guignard: 50 anos de uma escola de arte, na Galeria Vidyã
1994 - Bocaiúva MG - A Mesa, na Galeria de Artes do Centro Cultural Henfil
1994 - Campinas SP - Xilo e Print: Mostra Internacional de Gravura em Relevo, no MACC
1994 - Montes Claros MG - A Mesa, no Centro Cultural Hermes de Paula
1995 - Belo Horizonte MG - Projeto Babel, na Praça da Liberdade
1995 - São Paulo SP - Projeto Babel, no Sesc Pompéia
1996 - Belo Horizonte MG - A Cidade e o Artista: Dois Centenários, no BDMG Cultural
1996 - Belo Horizonte MG - Consolidação do Modernismo em Belo Horizonte, no Museu de Arte Popular
1996 - Belo Horizonte MG - Improviso para Guignard, no Espaço Cultural Bamerindus Seguros
1997 - Contagem MG - Alunos de Guignard em Contagem, na Casa de Cultura Nair Mendes Moreira
1998 - Belo Horizonte MG - Arte Encontro-Brasil/Portugal: um momento de convergência, no Museu Mineiro
1998 - Belo Horizonte MG - Projeto Compact, na Superintendência de Limpeza Urbana
1998 - Belo Horizonte MG - Retrospectiva Minas Mundo, na Galeria de Arte da FAFI-BH
1998 - Campinas SP - Xilo e Print: Mostra Internacional de Gravura em Relevo, no MACC
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura. Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
2002 - Brasília DF - JK - Uma Aventura Estética, no Conjunto Cultural da Caixa
2003 - Belo Horizonte MG - Mulheres, na Galeria de Arte Copasa
2004 - São Paulo SP - Coletiva de Artistas Contemporâneos, no Esporte Clube Sírio
Fonte: Itaú Cultural