Ricardo Aprígio Fonseca Ferreira (Recife PE 1954)
Pintor, desenhista, gravador.
Estuda desenho e pintura com Rubens Sacramento, Noêmia Victor e Vera Victor, entre 1964 e 1967, em Olinda, Pernambuco. Freqüenta o curso de comunicação visual da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), entre 1974 e 1977. No começo da década de 1980, cursa litogravura na Escola de Belas Artes de San Fernando, em Madri, Espanha, com orientação do professor Dimitri Papagueorguiu. Depois freqüenta a Oficina Guaianases de Gravura, em Olinda. Inicialmente, Aprígio dedica-se à pintura, voltada a temas da cultura regional, como o carnaval pernambucano, a cerâmica popular ou o lendário personagem Papafigo. No fim da década de 1970, residindo em São Paulo, realiza com seu irmão Frederico (1956) uma série de gravuras retiradas de inscrições presentes nas calçadas de Olinda, e publica-as em livro em 1987. O tema torna-se constante na obra do artista, que passa a realizar também colagens, agregando objetos à sua produção. Em 1998, a prefeitura de Olinda adquire os desenhos de Aprígio e Frederico da série Das Calçadas de Olinda e os reproduz em mosaicos nas ruas da cidade. A invasão holandesa no Nordeste brasileiro, no século XVII, é evocada pelos artistas na criação dos desenhos e pinturas do projeto Olanda, Olenda e Olinda, em 1999.
Comentário Crítico
Em sua produção, Aprígio trabalha com elementos urbanos. Na série Das Calçadas de Olinda (1978), desenvolvida com seu irmão, Frederico (1956), recria em monotipias os desenhos e grafismos dos muros e calçadas de Olinda. A textura do cimento transportada para o papel oferece um efeito de fragmentação granulada, aproximando-se formalmente de uma extensa superfície topográfica. Já em Pátio (1990), realiza colagens com materiais diversos, como pó de mármore, borracha, asfalto, barro e cimento sobre papel de seda ou madeira, simulando lajotas.
Algumas de suas pinturas da década de 1980 se aproximam de verdadeiras projeções tridimensionais, nas quais as formas volumétricas são associadas a outras, irregulares e sensuais. Mais recentemente, Aprígio realiza composições em que agrega objetos encontrados ao acaso. Na opinião da historiadora da arte Maria Cecília França Lourenço, sua arte revitaliza e torna visível um universo de objetos já rotinizado em nosso cotidiano, acrescendo-lhe outros significados, como em A Árvore de Tomas (1992).
Entre 1993 e 1998, o artista desenvolve com Frederico um projeto denominado Olanda, Olenda, Olinda, constituído por uma série de desenhos e pinturas inspirada na livre interpretação de fontes documentais e iconográficas acerca da invasão holandesa no nordeste brasileiro.
Críticas
"O pernambucano Ricardo Aprígio, dedicado a uma composição de expressiva imagística, reflete em seus quadros a fantasia de acontecimentos de forma livre e, em alguns trabalhos, abstratizante. Na riqueza de pormenores concentra-se um dos pontos altos de sua obra. Sempre cuidadoso na textura que utiliza para compor as pinturas, o artista já conseguiu marcar a sua obra".
Ivo Zanini
EXTREMOS: Aprigio, Britto Velho, Dina Oliveira e Leonel Mattos. Apresentação de Ivo Zanini. São Paulo: Espaço Cultural Cásper Líbero, 1987.
"Em sintonia com o trabalho de Frederico, mas concebido de maneira absolutamente independente, Aprígio desenvolve uma pintura diferenciada, resultado do diálogo que estabelece com a arqueologia captada. Aprígio não se prende a suportes. A diversificação de materiais, como a pele de animais que utiliza atualmente, serve de apoio nessa pesquisa que tem como característica o retorno ao real. Com esses recortes, de fundo translúcido, ele provoca um diálogo de descoberta com o público, a partir de elementos anônimos, mas reconhecíveis. Com essa 'antropologia' Aprígio cria novas percepções que desmitificam a idéia do belo. A redução dos meios expressivos sustenta seu discurso que envolve e recupera um grafismo vindo de todas as camadas sociais e são incorporados ao circuito erudito de arte".
Leonor Amarante
AMARANTE, Leonor. In : PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Vírgula 7 : catálogo. São Paulo, 1996.
Depoimentos
"Em fevereiro de 1978 fomos a São Paulo, onde passamos a morar. Caminhando pelo bairro de Pinheiros, mais exatamente pela rua Teodoro Sampaio, percebemos a ausência de inscrições nas calçadas. A partir de então, por onde quer que andássemos, qualquer rabisco nos chamava a atenção, porém não encontramos nada que nos reportasse aos desenhos que nós próprios executávamos ferindo o cimento fresco com cacos de telha, pedaços de madeira ou qualquer outro objeto rijo. Com o objetivo de uma maior aproximação em relação à fonte do trabalho, em julho daquele mesmo ano, voltamos a Olinda e fizemos as primeiras experiências com o processo de impressão nas próprias calçadas. Surgiram então as primeiras 'monotipias' ".
Aprígio e Frederico Fonseca
FONSECA, Aprígio e Frederico. In : Das Calçadas de Olinda. Edição ; Aprígio e Frederico. Olinda, 1987.
"Já fiz vários trabalhos com meu irmão, porém enquanto tendo mais para o construtivismo abstrato, meu irmão é mais lírico, mais colorista e usa cores fortes. Uso em meus trabalhos cores mais tênues, uma certa sobriedade colorista. Atualmente faço mestrado na USP, cujo tema é pixação, mas abrangendo outros aspectos sobre a intervenção no espaço público".
Aprígio Fonseca
FONSECA, Aprígio. Conversa telefônica, São Paulo, 27 de ago. de 2001.
"Em um primeiro momento o que me motivou a desenvolver meu mestrado sobre pichação foi a capacidade do pichador em conseguir chegar aos lugares mais intransponíveis. Depois passei a associar essas pequenas transgressões com os desenhos em Olinda. Logo comecei a me preocupar mais com o lado ideológico do que o iconográfico, as grandes transgressões na paisagem urbana, como a poluição, por exemplo".
Aprígio Fonseca
FONSECA , Aprígio. In : Conversa telefônica em 18 de setembro de 2001.
Exposições Individuais
1973 - Olinda PE - Individual, na Galeria do Mercado da Ribeira
1974 - Campina Grande PB - Individual, no Museu de Arte da Furne
1976 - João Pessoa PB - Individual, na Galeria Pedro Américo
1980 - Olinda PE - Individual, na Galeria Lautreamont
1983 - Madri (Espanha) - Individual, na Galeria de Arte da Casa do Brasil
1985 - São Paulo SP - Individual, na Prado e Associados Galeria de Arte
1987 - Salvador BA - Individual, na O Cavalete Galeria de Arte
1987 - São Paulo SP - Aprígio: pinturas, na Tema Galeria de Arte
1989 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Prado
1992 - São Paulo SP - Aprígio: pinturas, na Monica Filgueiras Galeria de Arte
1993 - Recife PE - Aprígio: pinturas, na Artespaço Galeria de Arte
1994 - São Paulo SP - Individual, na Prado Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1964 - Recife PE - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, na Galeria da Prefeitura
1974 - Olinda PE - Coletiva 6, na Galeria do Mercado da Ribeira
1975 - Atlanta (Estados Unidos) - Artistas Pernambucanos
1975 - Campina Grande PB - 1ª Mostra Paraibana de Artes Plásticas, no Museu de Arte Assis Chateaubriand
1975 - Geórgia (Estados Unidos) - Artistas Pernambucanos
1975 - João Pessoa PB - 1ª Mostra Paraibana de Artes Plásticas, no Athelier 58
1975 - João Pessoa PB - Coletiva 4, no Athelier 58
1975 - Recife PE - 2º Salão de Arte Global de Pernambuco, na Casa da Cultura
1976 - Olinda PE - Momento Um, no MAC/Olinda
1976 - Recife PE - 29º Salão Oficial de Arte Pernambuco, no Museu do Estado de Pernambuco
1977 - João Pessoa PB - 2º Salão Nacional Universitário de Artes Plásticas - 3º prêmio em pintura
1977 - Olinda PE - Gil Vicente, Aprígio e Frederico, na Galeria Corredor
1977 - Recife PE - 30º Salão Oficial de Arte de Pernambuco, no Museu do Estado de Pernambuco - 1º prêmio em desenho
1978 - Curitiba PR - 35º Salão Paranaense, no Teatro Guaíra - prêmio aquisição
1978 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA - prêmio aquisição
1978 - Vitória ES - 3º Salão Universitário de Artes Plásticas - prêmio aquisição
1979 - Olinda PE - Momento Dois, no MAC/Olinda
1979 - Recife PE - 32º Salão Oficial de Arte de Pernambuco, no Museu do Estado de Pernambuco - prêmio aquisição
1979 - Recife PE - 7 Artistas, na Artespaço Galeria de Arte
1979 - Rio de Janeiro RJ - 3 Artistas Pernambucanos: Aprígio, Frederico e Plínio Palhano, no MNBA
1980 - Porto (Portugal) - Artistas Plásticos Pernambucanos em Portugal, na Escola Superior de Belas Artes do Porto
1980 - Recife PE - 33º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, no Museu do Estado de Pernambuco - Prêmio Museu do Estado
1980 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA
1980 - São Paulo SP - Que Viva Canudos, no Masp
1981 - Olinda PE - Que Viva Canudos, no Museu de Arte Sacra
1981 - Recife PE - 1ª Exposição Internacional de Art-Door
1981 - Recife PE - 34º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, no Museu do Estado de Pernambuco - prêmio aquisição
1981 - Recife PE - Panorama da Arte Atual em Pernambuco, na Galeria da Prefeitura
1981 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1981 - Salvador BA - 1º Encontro Nordestino de Artistas Plásticos, no Solar do Unhão
1982 - Fortaleza CE - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas do Ceará, na Casa da Cultura Raimundo Cela
1982 - João Pessoa PB - Das Calçadas de Olinda, no Núcleo de Arte Contemporânea
1982 - Olinda PE - Das Calçadas de Olinda, na Galeria do Mercado da Ribeira
1982 - Olinda PE - Mostra inaugural do ATELIÊ
1982 - Recife PE - 1º Salão de Arte Cidade do Recife, na Galeria Lula Cardoso Ayres - Prêmio Cidade do Recife
1982 - Recife PE - 2ª Exposição Internacional de Art-Door
1982 - Recife PE - 35º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, no Museu do Estado de Pernambuco - prêmio aquisição
1982 - Recife PE - 1ª Exposição de Arte Latina, na Galeria Lula Cardoso Ayres
1983 - Alicante (Espanha) - Das Calçadas de Olinda, na Cátedra de Arte Cinética
1983 - Curitiba PR - 5ª Mostra do Desenho Brasileiro, no Teatro Guaíra - Prêmio Secretaria da Saúde
1983 - Madri (Espanha) - Das Calçadas de Olinda, na Galeria de Arte da Casa do Brasil
1983 - Madri (Espanha) - Mataram Mas Não Morreu, na Galeria de Arte da Casa do Brasil
1983 - Olinda PE - Hélio Feijó e Aprígio, no Estúdio de Arte
1983 - Recife PE - 36º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, no Museu do Estado de Pernambuco
1983 - São Paulo SP - Panorama de Arte Atual Brasileira, na reabertura do MAM/SP
1983 - Vigo (Espanha) - Das Calçadas de Olinda, no Centro Cultural da Cidade de Vigo
1984 - Curitiba PR - 6ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba
1984 - Goiânia GO - Salão Nacional de Artes Plásticas de Goiânia
1984 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Fundação Bienal
1984 - São Paulo SP - 4º Salão Brasileiro de Arte, na Fundação Mokiti Okada - M.O.A.
1984 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Arte Contemporânea, no MIS/SP
1985 - Atami (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1985 - Kyoto (Japão) - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1985 - Rio de Janeiro RJ - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1985 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Brasil-Japão
1985 - Tóquio (Japão) -7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão
1986 - Belém PA - 5º Salão Arte Pará, na Fundação Rômulo Maiorama - Prêmio Fundação Rômulo Maiorana
1986 - Belo Horizonte MG - 9º Salão Nacional de Artes Plásticas: Sudeste, na Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
1986 - Curitiba PR - 43º Salão Paranaense, no MAC/PR - prêmio em pintura
1986 - São Paulo SP - 1ª Seleção Helena Rubinstein de Arte Jovem, no Masp
1986 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Fundação Bienal
1987 - Caraguatatuba SP - Arte Litoral Norte: 9 artistas contemporâneos, no Espaço Setur
1987 - Paris (França) - 1ª Seleção Helena Rubinstein de Arte Jovem, na Maison de L'Amerique Latine
1987 - Recife PE - 40º Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco, na Galeria Metropolitana Aloísio Magalhães
1987 - São Paulo SP - Extremos, na Fundação Cásper Líbero
1987 - Salvador BA - Extremos
1987 - Olinda PE - Extremos
1987 - Recife PE - Extremos
1987 - Belém PA - Extremos
1987 - Rio de Janeiro RJ - Extremos
1987 - Brasília DF - Extremos
1987 - Belo Horizonte MG - Extremos
1987 - Florianópolis SC - Extremos
1987 - Curitiba PR - Extremos
1987 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Pinacoteca do Estado
1988 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Fundação Bienal
1988 - São Paulo SP - MAC 25 Anos: aquisições e doações recentes, no MAC/USP
1990 - Recife PE - Aprígio e Frederico: pinturas, no Centro Cultural Adalgisa Falcão
1991 - Recife PE - Pátio, na Galeria Vicente do Rego Monteiro
1992 - Braga (Portugal) - Trajetórias, na Galeria Belo Belo
1992 - Madri (Espanha) - Trajetórias, na Galeria de Arte da Casa do Brasil
1993 - São Paulo SP - Aprigio e Ayao, na Ana Cláudia Roso Escritório de Arte
1993 - São Paulo SP - Trajetórias, na Kramer Galeria de Arte
1994 - Salvador BA - 1º Salão MAM-Bahia de Artes Plásticas, no MAM/BA
1994 - São Paulo SP - Pátio, na Mônica Filgueiras Galeria de Arte
1996 - Recife PE - Bronzes das Calçadas de Olinda, na UFPE. Instituto de Arte Contemporânea
1996 - Salvador BA - 3º Salão MAM-Bahia, no MAM/BA
1996 - São Paulo SP - Mostra do Acervo, na Sudameris Galleria
1997 - Paris (França) - Vírgula 7, no Espaço Cultural Jorge Amado
1997 - Madri (Espanha) - Vírgula 7, na Galeria de Arte da Casa do Brasil
1997 - Tóquio (Japão) - Vírgula 7, na Galeria da Embaixada do Brasil
1997 - Santiago (Chile) - Vírgula 7, no Museo de Arte Contemporáneo de la Universidad de Chile
1997 - São Paulo SP - Vírgula 7, na Pinacoteca do Estado
1998 - Recife PE - Tejupares, no Mamam
1998 - São Paulo SP - Traços e Formas, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1999 - Olinda PE - Olanda, Olenda, Olinda, no MAC/Olinda
2000 - São Paulo SP - Olanda, Olenda, Olinda, na Ana Cláudia Rosso Escritório de Arte
2001 - São Paulo SP - Arco das Rosas: marchand como curador, na Casa das Rosas
2005 - São Paulo SP - Pequenas Grandes Obras, no Cultural Blue Life
Fonte: Itaú Cultural