Presciliano Silva (Salvador BA 1883 - Rio de Janeiro RJ 1965)
Pintor.
Inicia seus estudos no Liceu de Artes e Ofícios, em Salvador, e como aluno particular de Manoel Lopes Rodrigues (1861 - 1917). Em 1896 matricula-se na Escola de Belas Artes da Bahia, onde estuda desenho e pintura. É contemplado com bolsa de estudo pelo governo do Estado da Bahia, parte para a França em 1905, e freqüenta a Académie Julian. Retorna à Bahia em 1908 e realiza sua primeira exposição, em Salvador. Entre 1908 e 1912, fixa-se no Rio de Janeiro, onde participa de algumas exposições e uma de suas telas, Interior Bretão, é adquirida pelo governo do Estado. Em 1912, faz nova viagem à Europa, e visita a França e a Bélgica. No ano seguinte, participa do Salão Oficial dos Artistas Franceses, com a obra Retrato de Madame le Clinche. Retorna a Salvador em 1913. Executa pinturas decorativas na nave central e capela-mor da Igreja da Piedade em 1915. Torna-se professor de desenho da Escola de Artífices da Bahia em 1916 e ingressa como professor na Escola de Belas Artes da Bahia em 1928. Dois anos depois, faz a pintura histórica Entrada do Exército Libertador, por encomenda do prefeito de Salvador, Francisco de Souza. Recebe medalha de ouro no Salão Nacional de Belas Artes - SNBA em 1941 e medalha de honra em 1947, pela tela O Romeiro. Participa do 14º Salão Paulista de Belas Artes, em 1948, e é premiado com a tela Interior da Igreja de São Francisco. Em 1960, recebe o título de professor emérito da Universidade da Bahia.
Comentário Crítico
Quando, entre 1905 e 1907, Presciliano Silva aprimora seus estudos na Académie Julian, tem como professores Tony-Robert Fleury (1837 - 1912), Adolphe Déchenaud e Jules Lefèbvre (1836 - 1912). Nesse período, a tela Bebedor de Cidra, de 1907, recebe elogios do crítico Gonzaga Duque (1863 - 1911), que vê em Silva um talento promissor e identifica na austeridade da obra o "... cuidado e tocante preocupação de fazer justo, certo e verdadeiro". Outro trabalho produzido na França é Lição de Tricot, de 1908, que apresenta uma fatura impressionista nas pinceladas ligeiras, no tratamento das figuras e na maneira de criar efeitos de luminosidade. Na obra Lavadeira, de 1911, feita no período em que vive no Rio de Janeiro, pode-se perceber um resultado semelhante, motivado pelo interesse em captar a luz local.
Em 1912, em Concarneau, França, Silva produz marinhas, paisagens e retratos de tons graves, como a Velha de Concarneau, de 1912. Pinta diversas vezes o mercado de Concarneau, interessado em explorar as variações de luz.
A partir de 1918 pinta os interiores de igrejas e sacristias pelos quais se torna conhecido. Entre as diversas obras desse caráter destacam-se Oração da Tarde, 1918, pertencente ao Museu Nacional de Belas Artes - MNBA; Última Porta, 1921, e Sala do Capítulo, 1923, ambas do acervo do Museu Carlos Costa Pinto. Confidências, Manhã no Carmo e Ex-Voto de Bandeirantes são produzidas em 1927 e expostas no Gabinete Português de Leitura de Salvador. Na maioria dessas obras chamam a atenção o tratamento dado ao espaço e os efeitos de luminosidade. O historiador Clarival do Prado Valladares compara seus interiores aos dos mestres holandeses, pelo jogo de luz e a atmosfera de recolhimento.
Silva alcança sucesso entre a burguesia local da época e consolida carreira de destaque como professor. Em 1963, em comemoração dos seus 80 anos, é realizada uma retrospectiva de sua produção no Museu de Arte Sacra da Bahia.
Exposições Individuais
1908 - Salvador BA - Primeira individual, na Escola do Comércio de Salvador
1963 - Salvador BA - Individual, no Museu de Arte Sacra da Bahia
1965 - Salvador BA - Individual, na Galeria Convivium
Exposições Coletivas
1907 - Rio de Janeiro RJ - 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1909 - Rio de Janeiro RJ - Expõe, no Museu Comercial
1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1910 - Rio de Janeiro RJ - 17ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1913 - Paris (França) - Salão dos Artistas Franceses
1941 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - medalha de ouro
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - medalha de honra
1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - 1º Prêmio Governador do Estado
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
Exposições Póstumas
1967 - Salvador BA - Exposição Coletiva de Natal, na Panorama Galeria de Arte
1983 - Salvador BA - Comemorando um centenário, na Academia de Letras da Bahia
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural Unifor
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico. Serviço de Documentação da Marinha
1998 - São Paulo SP - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Espaço Cultural da Marinha
1999 - Salvador BA - 100 Artistas Plásticos da Bahia, no Museu de Arte Sacra
Fonte: Itaú cultural