Paulo Humberto Ludovico de Almeida (Goiânia GO 1953)
Desenhista, pintor, designer.
Forma-se em desenho industrial pela Scuola Politécnica Di Design [Escola Politécnica de Design], de Milão, em 1978, e pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC/RJ, em 1980. Realiza curso de desenho e plástica na Universidade de Brasília - UnB e outros promovidos pela Associação de Desenho Industrial de Nápoles, em 1983, a cargo de Ettore Sottsan, Gaetano Pesce e Van Onck. Inicia sua vida profissional no escritório de design de Mario Bellini, Milão, entre 1977 e 1978. Radicado em São Paulo, a partir de 1989, trabalha com Carmela Gross e como assistente de Mira Schendel. Nesse ano, funda, com Carlo Zuffellato, o escritório de design BVDA/Brasil Verde, e realiza catálogos institucionais para a Nestlé e ilustrações eletrônicas para o jornal O Estado de S. Paulo. Sua carreira artística tem início com a mostra Youth Talent Exhibit, realizada no G.R. County Museum, em Grand Rapids, Estados Unidos. Na década de 1980, participa de salões e exposições coletivas no Brasil e no exterior. Em 1993, é selecionado como o representante brasileiro no Prêmio Unesco de Fomento às Artes, em Paris.
Comentário crítico
Delicadeza gestual, elegância e sutileza são termos freqüentemente empregados pela crítica para definir a obra de Paulo Humberto de Almeida. Materiais reduzidos, procedimentos relativamente simples e poucas cores traçam os contornos fundamentais de suas pinturas, objetos e instalações. Tal produção, organizada em séries temáticas, desenha um projeto marcado por obsessões e recorrências, ainda que seja possível perceber o esforço do artista em testar novas possibilidades. Nas pinturas da década de 1980, nota-se a pesquisa de tons complementares, a atenção ao gesto e às texturas, exploradas com o auxílio de pigmentos naturais.
Na década de 1990, o papel japonês e outros materiais delicados, como o voil, por exemplo, são colocados em contato com fios de latão em Semivertebrados, 1993; placas de bronze em Pequenos Esforços, 1995; tiras de borracha em Pequenos Esforços, 1996; e chapas de cobre em Venezianas, 1998, que articulam levemente as superfícies sobrepostas. O nanquim, em maior ou menor quantidade, é mais um elemento utilizado para reagir sobre o papel, que se apresenta ora em estado puro, ora completamente transformado pela ação da tinta, como em Caprichos, 1998, e Velados, 2006. Caixas de acrílico contêm a maior parte dos trabalhos dos anos 1990 e 2000, cercando-os em espaços fechados, mesmo que a transparência do material os coloque em contato com o meio.
Apesar da preferência por formatos e materiais intimistas, o artista experimenta grandes dimensões (como no trabalho realizado para um engenho de açúcar em Piracicaba, em 1992, ou em Galé, 1993), além de testar materiais como o vidro, o aço e o laminado, Portas e Janelas, 1992. O desafio permanente é se aproximar dos materiais. "Não adianta lutar contra eles", diz Almeida.
Críticas
"Aqui, o estatuto da imagem se duplica: não mais 'o que há na imagem', mas o que se passa na superfície desta e o que há em sua profundidade. Por isso não podemos tocar nas rugas, pois a superfície é lisa. Elas preenchem, no entanto, uma outra dimensão da imagem, um dentro da tela que não é resultado de uma perspectiva ou uma relação tonal. Ao contrário, a relação entre os tons complementares vem reforçar isto que, em si, já é profundidade. Assim, nosso olhar deve 'tatear' esse interior rugoso para encontrar, por trás de cada imagem, ainda uma outra".
Rogério da Costa
COSTA, Rogério da. In: ALMEIDA, Paulo Humberto. Paulo Humberto Ludovico de Almeida. Brasília: Artevital, 1991.
"Como a aranha, Paulo Humberto pacientemente tece teias. Sutis, enredantes, hipnóticas teias. Todos sabem que é da natureza da teia que ela não deve ser vista. Quanto mais invisível, mais eficaz na tarefa de ganhar a sua presa. O território que ele estende a nossa volta, com aparente inocência e simplicidade, é pontuado por armadilhas dessa natureza. O silêncio é a principal delas. Tanto que no primeiro contato com essas obras, não a vemos. Inquietos, perplexos, calamos para não perguntar - onde estão?
De seu recolhimento estratégico, esses puros enigmas parecem nos observar, esperando um momento que não tarda - o da sedução. O instrumento dessa conquista é o corpo das obras, um corpo que convida o olhar e o recusa ao mesmo tempo, e cuja função é desnortear os sentidos".
Vera d'Horta
D'HORTA,Vera. In: ALMEIDA, Paulo Humberto de. Paulo Humberto, 47. São Paulo : Valu Oria Galeria de Arte, 2000., p 1.
Exposições Individuais
1987 - Goiânia GO - Individual, no Palácio da Cultura
1989 - Roma (Itália) - Individual, na Galleria Candido Portinari
1989 - Goiânia GO - Individual, na Multiarte Galeria
1990 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no CCCM
1990 - Goiânia GO - Individual, no MAC/GO
1991 - Brasília DF - Pinturas, na Galeria Athos Bulcão
1992 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Macunaíma, na Funarte. Galeria Macunaíma
1993 - São Paulo SP - Individual, no MAC/USP
1993 - São Paulo SP - Paulo Humberto de Almeida, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1994 - Florianópolis SC - Individual, no Masc
1994 - Porto Alegre RS - Individual, no MAC/RS
1996 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Casa da Cultura Laura Alvim
1996 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1998 - São Paulo SP - Três Anos é Muito Tempo/Três Anos é Pouco Tempo, na Valu Oria Galeria de Arte
2000 - São Paulo SP - Individual, na Valu Oria Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1970 - Grand Rapids (Estados Unidos) - Youth Talent Exhibition, no Grand Rapids Country Museum - menção honrosa
1984 - Goiânia GO - Salão Nacional de Artes Plásticas de Goiânia
1988 - Goiânia GO - 1ª Bienal de Artes de Goiás, no MAC/GO - prêmio aquisição
1988 - São Paulo SP - Artistas Goianos, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1989 - Paris (França) - Mondial de L´Antiquité, no Musée d'Art Modérne et Contemporain
1989 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Artes Plásticas, na Funarte - prêmio aquisição
1990 - Goiânia GO - Coletiva, na Multiarte Galeria
1990 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Contemporânea
1991 - Belo Horizonte MG - 23º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Belo Horizonte, no MAP
1991 - Rio de Janeiro RJ - 10 Anos: Coleção Centro Cultural Cândido Mendes, no MAM/RJ
1992 - Piracicaba SP - 24º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba - 1º prêmio
1992 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Macunaíma, na Fundação Nacional de Arte. Centro de Artes
1993 - Brasília DF - 20 x 10, no Espaço Cultural 508 Sul
1993 - São Paulo SP - Jovem Arte Brasileira, na Pinacoteca do Estado
1994 - Rio de Janeiro RJ - 14º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Palácio Gustavo Capanema
1994 - São Paulo SP - Bandeiras: 60 artistas homenageiam os 60 anos da USP, no MAC/USP
1995 - São Paulo SP - Bandeiras do MAC, no MAC/USP
1996 - São Paulo SP - Bandeiras, na Galeria de Arte do Sesi
1998 - São Paulo SP - Múltiplos, na Valu Oria Galeria de Arte
1999 - Bergen (Noruega) - Claming the Clouds, na Foundation 3,14
1999 - Paris (França) - Feira Internacional de Arte Contemporânea
1999 - Ribeirão Preto SP - Dudi Maia Rosa, Cristina Rogozinski, Eliane Prolik, Frederico Pinto, Luiz Hermano, Marcia Pastore e Paulo Humberto, no Marp
1999 - São Paulo SP - Pratos para a Arte, no Museu Lasar Segall
2001 - Rio de Janeiro RJ - O Espírito de Nossa Época, no MAM/RJ
2001 - São Paulo SP - O Espírito de Nossa Época, no MAM/SP
2001 - São Paulo SP - Pequenos Formatos, na Valu Oria Galeria de Arte
2002 - São Paulo SP - O Orgânico em Colapso, na Valu Oria Galeria de Arte
2003 - São Paulo SP - Lugar de Encontros: Amélia Toledo entre nós, na Unicid
2003 - São Paulo SP - Arte Hoje, na Valu Oria Galeria de Arte
2004 - São Paulo SP - Núcleos Contemporâneos, na Valu Oria Galeria de Arte
Fonte: Itaú Cultural