Osmar Pinheiro (Belém PA 1950 - São Paulo SP 2006)
Pintor e professor.
Começa a atividade artística cedo: recebe o 4º prêmio do I Salão Cultural do Estado do Pará, em 1966, e o 1º prêmio do Salão Banco Lar Brasileiro, em Belém, em 1969. Participa do Salão da Pré Bienal de São Paulo, em Belém, em 1970, e da XII Bienal de São Paulo, em 1973. A partir desse ano e até 1994, é professor adjunto de pintura e história da arte na Universidade Federal do Pará. Entre 1982 e 1986, é representante do Pará no II Simpósio Nacional de Artes Plásticas, em Olinda, Pernambuco; é autor de um projeto para a Fundação Nacional de Arte - Funarte sobre a visualidade amazônica; e é membro da Comissão Nacional de Artes Plásticas. Em 1985, realiza sua primeira individual na Galeria Arte Liberal, Belém. No ano seguinte, muda-se para São Paulo e expõe na II Bienal de Havana, em Cuba. Em 1988, recebe a bolsa de Guggenheim Foundation de Nova Yorque para passar um período em Berlim e faz parte do workshop Berlim São Paulo, com coletiva no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriant (Masp) e no Staatliche Kunsthalle, em Berlim. Em 1991 e 1992, é convidado a acompanhar as atividades da Hochschule der Kuenste [Escola Superior de Artes] de Berlim. Expõe na XXI Bienal de São Paulo, em 1992, e na VI Bienal Internacional de Pintura, em Cuenca, Equador, em 1998. Em 2003 cria com o pintor Marco Giannotti (1966), a Oficina Virgílio, em São Paulo, núcleo de ensino e pesquisa em arte.
Comentário crítico
A obra de Osmar Pinheiro, frequentemente ressalta a influência alemã, sobretudo do neoexpressionismo. Antes mesmo de sua estada na Alemanha, Osmar se impressiona com a sala do pintor germânico Anselm Kiefer (1945) na 19ª Bienal de São Paulo. A influência de Kiefer se mostra principalmente na utilização de variados materiais, como pigmentos, metais, cera, pedras entre outros, e nas referências à história, ao mito e às religiões.
Entretanto, conforme o período, outras influências se fazem presentes no trabalho do pintor. O crítico Olívio Tavares de Araújo reconhece elementos das colagens cubistas, do construtivismo de Kurt Schwitters (1887 - 1948) e da escritura subjetiva do pintor Cy Twombly (1928).1
Encontramos em sua obra características constantes: a colagem, a utilização da encáustica, ou de resina; e as cores rebaixadas, geralmente escuras. Ele oscila entre a figuração e a abstração: às vezes reconhecemos paisagens e partes de corpos, outras vezes apenas formas geométricas ou rabiscos. As telas recentes são divididas em áreas geométricas que recebem tratamento diversificado, seja nas cores, nas texturas ou na aplicação de imagens fotográficas. O trabalho sempre tem camadas de tintas que remetem o tempo e a memória, como aponta o crítico João Cândido Galvão.2
Notas
1 ARAÚJO, Olívio Tavares de. In: Osmar Pinheiro. São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1991
2 GALVÃO, João Cândido. In: Osmar Pinheiro. São Paulo: Galeria São Paulo, 1994.
Críticas
"No primeiro momento é o embate da luz com as trevas. Um espaço de tensão onde o branco e o negro se contraem e se dilatam em um duplo envolvimento. (...) Finalmente, as cores estão por toda a parte (...) linhas de força saltam, linhas que não delimitam nada, puramente direcionais e intensivas. Estamos diante da tela. Osmar Pinheiro nos apresenta uma obra complexa que parece ter sido arrancada do caos. Amazônia. Experiência singular do artista. Fluxos em meandros atravessam raízes negras que sobem ao céu se envolvendo umas às outras ao infinito. Grandes correntes líquidas refletem, no seu silêncio, uma estranha sonoridade que atravessa o ar. Núpcias com o elementar, com o molecular que é este grande Deserto Verde. (...) Deste trajeto o artista extrai o germe de sua obra. Apenas esse processo não resultará na representação ou figuração de coisa alguma. Ao contrário, é a representação mesma que sairá abalada. O processo vem tornar visíveis as forças afrontadas, extrair uma nova ordem do caos. E talvez esteja aí o mais difícil da arte de Osmar Pinheiro: tornar visíveis o líquido e o sonoro, mas também o silêncio e o infinito das linhas que fogem para o céu. Paisagens desmontadas. (...)"
Rogério da Costa
COSTA, Rogério da. Osmar Pinheiro: nova ordem do caos. Galeria: revista de arte, São Paulo: Area Editorial, n. 11, p. 79-81, 1988.
"(...) Osmar se defrontava com uma determinada grande superfície, que ele tratava de resolver. Na pintura atual, enuncia, primeiro, unidades mínimas de significação - pequeninas telas, ou quadros-objetos -, análogas, em sua gênese, a uma célula rítmica em Bethoven, por exemplo, e, em seu funcionamento estrutural, ao plano em um filme. A obra final vem pelo desenvolvimento e pela aglutinação de partes e idéias. E como não estamos no terreno da aritmética, mas sim da estética, o todo é evidentemente maior que a soma das partes. As unidades mínimas de significação são um exercício simultâneo de consciência e jogo, de determinação e indeterminação, de razão e prazer. (...) Osmar interage, sim, com o acaso, na hora de montar cada peça, mas não se coloca à mercê dele. Cada obra tem uma ordem latente, uma posição final correta, que o artista vai descobrindo e que, uma vez estabelecida, é definitiva. Não se trata pois de obra aberta, com componentes permutáveis (...) o ato de estar construindo, de empregar inclusive a geometria e jogos de proporção numéricos, não transforma Osmar num artista construtivista. Nenhuma destas peças teve um projeto prévio. Brotou e cresceu orgânica e intuitivamente".
Olívio Tavares de Araújo
OSMAR Pinheiro. Apresentação de Olívio Tavares de Araújo. São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1991.
Exposições Individuais
1990 - Berlim (Alemanha) - Individual, na Galerie Michael Schultz
1994 - São Paulo SP - Individual, na Galeria São Paulo
2003 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Virgílio
2005 - São Paulo SP - Individual, naGaleria Virgílio
Exposições Coletivas
1966 - Belém PA - 1º Cultural do Estado do Pará, promovida pela Fundação Bienal de São Paulo - 4º prêmio
1969 - Belém PA - Salão Banco Lar Brasileiro - 1º prêmio
1970 - São Paulo SP - Pré-Bienal de São Paulo, na Fundação Bienal
1972 - Belém PA - 1ª Bienal Amazônica de Artes Visuais, na UFPA - 1º prêmio
1972 - São Paulo SP - Mostra de Arte Sesquicentenário da Independência e Brasil Plástica - 72, na Fundação Bienal
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1973 - Rio de Janeiro RJ - Arte Agora Brasil, no MAM/RJ - Prêmio Light
1974 - São Paulo SP - Bienal Nacional 74, na Fundação Bienal - 1º prêmio como membro do grupo Etsedron
1976 - Rio de Janeiro RJ - 1º Arte Agora, no Museu de Arte Moderna
1979 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ - prêmio aquisição
1980 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA
1980 - São Paulo SP - 12º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1981 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1982 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas no MAM/RJ
1984 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Arte Contemporânea
1985 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Fundação Bienal
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna
1986 - Havana (Cuba) - 2ª Bienal de Havana
1988 - São Paulo SP - Workshop Berlim-São Paulo, no Masp
1988 - Berlim (Alemanha) - Workshop Berlim-São Paulo, no Staatliche Kunsthalle
1989 - São Paulo SP - Acervo Galeria São Paulo, na Galeria de Arte São Paulo
1989 - São Paulo SP - 20º Panorama Atual de Arte Brasileira, no MAM/SP
1990 - Berlim (Alemanha) - Coletiva, na Galeria Rudolf Schoen
1991 - São Paulo SP - 21ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1991 - Paris (França) - Mostra, Saga e Art
1991 - Basel (Suíça) - Mostra, Saga e Art
1992 - Caracas (Venezuela) - Coletiva, no Museu de Arte Contemporânea Sofia Imbert
1993 - São Paulo SP - 23º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1994 - Juiz de Fora MG - America, na Universidade Federal de Juiz de Fora - Reitoria
1994 - São Paulo SP - Paisagens, na Galeria São Paulo
1994 - São Paulo SP - América, no Masp - itinerante
1995 - Santos SP - 5ª Bienal Nacional de Santos, no Centro Cultural Patrícia Galvão
1996 - Rio de Janeiro RJ - Dialog - Coletiva de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
1998 - Belém PA - 4º Salão Unama de Pequenos Formatos, na Universidade da Amazônia. Galeria de Arte
1998 - Cuenca (Equador) - 6ª Bienal Internacional de Cuenca
1998 - Manaus AM - 2º Salão de Arte Contemporânea da Unama - sala especial
1998 - São Paulo SP - Acervo Galeria de Arte São Paulo, na Galeria de Arte São Paulo
1999 - Goiânia GO - 2ª Grande Coletiva da Arte Brasileira, na Galeria de Arte Marina Potrich
2001 - São Paulo SP - Cristina Canale, Omar Pinheiro, Sérgio Sister, em A Hebraica
2002 - São Paulo SP - México Imaginário: o olhar do artista brasileiro, na Casa das Rosas
2002 - São Paulo SP - Ópera Aberta: celebração, na Casa das Rosas
2002 - São Paulo SP - 28 (+) Pintura, no Espaço Virgílio
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte
2004 - São Paulo SP - Outro Lugar, na Galeria Virgílio
2005 - São Paulo SP - BR 2005, na Galeria Virgílio
2006 - Belém PA - Traços e Transições da Arte Contemporânea Brasileira, no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas
Exposições Póstumas
2006 - São Paulo SP - Paisagem Bruta, na Galeria Virgílio
2006 - Belém PA - 25º Salão Arte Pará
2007 - Rosario (Argentina) - La Espiral de Moebius o Los Límites de la Pintura, no Centro Cultural Parque España
2008 - Belém PA - Acervo Onze Janelas [Gravuras do Pará], no Museu Casa das Onze Janelas
2008 - São Paulo SP - Coletiva br 2008, na Galeria Virgílio
2010 - São Paulo SP - 6º sp-arte, na Fundação Bienal
2011 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Virgílio
Fonte: Itaú Cultural