Moacir Andrade (Manaus AM 1927)
Pintor e desenhista.
Inicia-se na pintura como autodidata. Por volta de 1942, estuda desenho na Escola Técnica de Manaus. Gradua-se em Museologia pelo Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Em 1954, aproximadamente, integra o Clube da Madrugada, na cidade de Manaus.
Críticas
"As bandeiras de defesa ecológica ainda não se haviam desfraldado e já o artista amazonense, dotado de uma visão perpetuadora dos maiores paisagistas de todos os tempos, declarava e defendia e defendia em sua telas, pela voz das cores, os perfis mais amados da vida e do homem amazônico. Toda a natureza da Planície, castigada até o sacrifício das espécies, pôde antes providencialmente mostrar-se nas criações de Moacir. Dir-se-ia que ele foi um meio eficaz que a Amazônia encontrou para defender-se e perenizar-se nas suas feições mais belas e essenciais de potestade verde, de vida infinitamente derramada. Esse fenômeno afetivo de a natureza encontrar nos artistas a sua via sacramental, a sua transposição para o futuro, dá-se com insistência, e com ardor é estudado, e continua misterioso. O certo, porém, é que a arte dos iluminados é puro e ancestral movimento de preservação dos valores decisivos na evolução dos povos, um esforço pela perpetuidade dos caracteres biossociais e humanas mais eminentes. A arte que exercita a eternidade é uma conjunção complexa, em que as trocas do homem com a natureza aparecem sinergicamente se completando e redentoramente atuando, sempre a exorcizar a treva aproximada e a mostrar as pontes para o alvorecer. Assim o conjunto da obra de Moacir Andrade, visto na sua grandeza fecunda de meio século, mais parece uma convulsão da natureza, um poderoso despertar das forças naturais amazônicas buscando espaço para multiplicar seus dons, estender seus abraços, prodigalizar suas luzes. Emocionalmente considerado e criticamente medido, o trabalho de Moacir Andrade não pode ser só arte, só amor da terra, é uma verdadeira descida ao fogo sagrado, uma unção sobre a selva, o trasbordamento de uma personalidade que as eras reclamam de milênio em milênio (...)"
Max Carphentier
ANDRADE, Moacir. 50 anos de exposições pelo Brasil e pelo mundo. Apresentação de Thiago de Mello. Textos de Max Carphentier, Menotti del Picchia, Camara Cascudo, Jorge Amado, Gilberto Freyre, Gabriel Garcia Marques. Manaus: Editora Umberto Calderaro Ltda. , s.d., 54p. ilust.
"Moacir Andrade submete, em disciplinados espaços de arte - galos de tapeçaria, cintilação de mosaicos e magia de presépios - os paroxismos de seu diluviano zoorama, feérico epos de fauna: peixes, leviatãs, dragões, harpias, perlados de fria espuma e ocelados de recordações oníricas, à luz de um amarelo a um tempo telúrico e transcendente, apanha assim em tensa ronda a vida do grande rio e grava nos olhos de xerimbabos abissais a desmesura e selva, a cósmica, calada essência da amazônia".
João Guimarães Rosa
KAWALL, Luiz Ernesto Machado. Artes reportagem. Prefácio de Luís Arrobas Martins. Apresentação de Francisco Luís de Almeida Salles. São Paulo: Centro de Artes Novo Mundo, 1972.
"É fato que sua tendência à estilização - tanto nos retratos quanto nas paisagens, figuras e cenas típicas - o tem levado muitas vezes a produzir obras que não dispõem de atmosfera diretamente equatorial e específica, mesclando técnicas e interesses tão diversos com os de um certo expressionismo de função compositiva, um gestualismo derivado do prazer de cobrir amplamente a superfície do papel ou da tela, e um desejo construtivo organizar as múltiplas áreas de cor em estruturas de propensão geometrizante. No entanto, a origem e a vivência amazônicas terminaram ultimamente por assumir importância direta na sua pintura, modificando de modo muito amplo os esquemas anteriores. O que hoje o estimula é a tentativa de recontar, em telas de grandes dimensões, cobertas por inteiro de incontáveis detalhes, as lendas da região, popularmente disseminadas. Se antes a pintura de Moacir Andrade pretendia fundamentar-se em padrões mais clássicos, agora ela se apresenta liberada para o exercício da imaginação, abolindo o convencionalismo da perspectiva e se infantilizando na alegria de amealhar pontos-relevos de cor, elementos fantásticos da fábula e simbologia atavicamente armazenada pelo homem".
Roberto Pontual
PONTUAL, Roberto. Arte/Brasil/hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973.
Exposições Individuais
1941 - Manaus AM - Primeira exposição, no Liceu Industrial
1955 - Manaus AM - Individual, na Biblioteca Pública/Clube da Madrugada
1956 - Manaus AM - Individual, na Biblioteca Pública/Clube da Madrugada
1957 - Manaus AM - Individual, no Ideal Clube
1958 - Brasília DF - Individual, no Hotel Nacional de Brasília
1958 - Manaus AM - Individual, na Biblioteca Pública/Clube da Madrugada
1958 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1959 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Montmartre-Jorge
1960 - Manaus AM - Individual, Biblioteca Pública/Clube da Madrugada
1960 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP - Concurso Probel de Pinturas
1961 - Manaus AM - Individual, na Escola Técnica Federal
1962 - Porto Alegre RS - Individual, na Galeria Casa das Molduras
1963 - Brasília DF - Individual, na Galeria do Hotel Nacional
1963 - Manaus AM - Individual, no Jornal do Comércio
1964 - Salvador BA - Individual, no Belvedere da Sá
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Secretaria de Turismo do antigo Estado da Guanabara
1967 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
1967 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP
1968 - Jackson (Estados Unidos) - Individual
1968 - Knoxville (Estados Unidos) - Individual
1968 - Memphis (Estados Unidos) - Individual
1968 - Nashville (Estados Unidos) - Individual
1968 - Union City (Estados Unidos) - Individual
1968 - Washigton D. C. (Estados Unidos) - Individual, no Congresso Nacional
1968 - Paris (França) - 35 quadros sobre lendas amazônicas
1969 - Lisboa (Portugal) - Individual, sob o patrocínio do Ministério das Relações Exteriores e da Secretaria de Educação e Cultura do Amazonas
1969 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Casa do Brasil
1969 - Washigton D. C. (Estados Unidos) - Individual, na Galeria do BID
1970 - Madri (Espanha) - Individual, patrocinada pelo Ministério das Relações Exteriores
1971 - Bruxelas (Bélgica) - Individual, patrocinada pela Embaixada Brasileira
1971 - Quito (Equador) - Individual, patrocinada pelo Ministério das Relações Exteriores
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Mini Galeria
1974 - Cidade do México (México) - Individual, na Galeria Orozco
1974 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Espade
1974 - Tóquio (Japão) - Individual, patrocinada pela Fundação Japonesa de Cultura
1974 - Osaka (Japão) - Individual, patrocinada pela Fundação Japonesa de Cultura
1974 - Nara (Japão) - Individual, patrocinada pela Fundação Japonesa de Cultura
1974 - Hiroshima (Japão) - Individual, patrocinada pela Fundação Japonesa de Cultura
1975 - Chattanooga (Estados Unidos) - Individual, no Learning Disabilities Center
1975 - Nashville (Estados Unidos) - Individual, na Latin Américan Center of Vanderbilt University
1975 - Martin (Estados Unidos) - Individual, no Fine Arts Center - The University of Tennessee
1975 - Cookville (Estados Unidos) - Individual, na Tennessee Technological University
1975 - Memphis (Estados Unidos) - Individual, no Holiday Inn
1975 - Osceola (Estados Unidos) - Individual, no Carriage Trade Inn
1975 - Washignton D. C. (Estados Unidos) - Individual, no Instituto Cultural Brasileiro
1976 - Manaus AM - Individual, na Galeria do Bradesco
1976 - São Luís MA - Individual, na Galeria de Arte Eney Santana
1977 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria do Cassino Estoril
1977 - Manaus AM - Mostra retrospectiva, no Salão Nobre da ETFAM
1977 - Paris (França) - Individual, na Galeria Debret
1977 - São João da Madeira (Portugal)- Individual, na Câmara Municipal
1978 - Manaus AM - Ecologia, no Teatro Amazonas
1978 - Manaus AM - Mostra em defesa da natureza amazônica - Instituto Brasileiro de Antropologia, no Hotel Amazonas
1978 - Paramaribo (Suriname) - Individual, patrocinada pela Embaixada Brasileira
1979 - Caiena (Guiana Francesa) - Individual
1979 - Chattanooga (Estados Unidos) - Individual, no Hunter Museum
1979 - Atlanta (Estados Unidos) - Individual, no High Museum of Art
1980 - Adelaide (Austrália) - Individual
1980 - Basbane (Austrália) - Individual
1980 - Melbourne (Austrália) - Individual
1980 - Sydney (Austrália) - Individual
1980 - Berna (Suíça) - Individual
1980 - Graz (Áustria) - Individual
1980 - Lunz (Áustria) - Individual
1980 - Salz Busj (Áustria) - Individual
1980 - Viena (Áustria) - Individual
1981 - Dublin (Irlanda) - Individual
1981 - Glasgow (Escócia) - Individual
1982 - Oslo (Noruega) - Individual
1983 - Manaus AM - Individual, na Galeria Afrânio de Castro
1983 - Manaus AM - Individual, no Novotel
1983 - Manaus AM - Individual, no Teatro Amazonas
1984 - Manaus AM - Individual, no Teatro Amazonas
1984 - Neshville (Estados Unidos) - Individual, no Museu da Universidade de Venderbilt
1986 - Manaus AM - Individual, na ETFAM
1987 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Casa do Brasil
1988 - Brasília DF - Individual, na Galeria da Embaixada da França
1990 - Manaus AM - Individual, na Pinacoteca Pública do Estado
1991 - Brasília DF - Individual comemorativa dos 50 Anos de Vida Artística
1991 - Copenhague (Dinamarca) - Individual - premiado
1991 - Helsinque (Finlândia) - Individual, na Universidade Industrial de Helsinque
1991 - Letícia (Colômbia) - Individual, no Centro de Artes
1991 - Lisboa (Portugal) - 50 Anos de Vida Artística, na Galeria do Hotel Meridien
1991 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Câmara Municipal
1991 - Lisboa (Portugal) - Individual, no Centro de Estudos Judiciários
1991 - Oslo (Noruega) - Individual, na Fundação Cultural
1991 - São João do Madeira (Portugal) - Individual
1991 - Wiesbaden (Alemanha) - Individual
1992 - Manaus AM - Exposição de inauguração da Galeria Moacir Andrade-Sesc
1992 - Natal RN - Individual, patrocinada pela Aliança Francesa
Exposições Coletivas
1960 - Manaus AM - 1º Salão de Arte Moderna de Manaus
1961 - Manaus AM - 1º Salão da Madrugada
1963 - Belém PA - 1º Salão de Artes Plásticas da Universidade do Pará
1966 - Salvador BA - 1º Bienal Nacional de Artes Plásticas
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1976 - Manaus AM - Salão Aberto de Artes Plásticas da FCA
1986 - Manaus AM - Coletiva, na Galeria Anete Brito
1986 - Manaus AM - Coletiva, na Suframa
1989 - Manaus AM - 1ª Mostra de Arte da Amazônia, no Cassam
2002 - São Paulo SP - Santa Ingenuidade, na Unifieo
Fonte: Itaú Cultural