Mauro Restiffe (São José do Rio Pardo SP 1970)
Fotógrafo.
Estuda cinema na Faculdade de Comunicação da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, formando-se em 1993. Neste ano, inicia suas exposições com a participação no 1º Mês Internacional da Fotografia, no Sesc Pompéia, em São Paulo. Em 1994, recebe o Prêmio Estímulo de Fotografia, concedido pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Estuda fotografia no International Center of Photography, em Nova York, entre 1994 e 1995. Nesse ano e nessa mesma instituição, participa da coletiva One Year Program Students Exhibitions. De volta ao Brasil, expõe em diversas cidades brasileiras, como Rio de Janeiro (Projeto Macunaíma, 1997), Salvador (6º Salão MAM-Bahia, 1997) e Goiânia (Entre o Eu e o Mundo, 1999). É contemplado, em 2000, com a bolsa ApARTES, concedida pelo Ministério da Cultura (MinC). Neste mesmo ano, realiza suas duas primeiras exposições individuais, no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, e na galeria Thomas Cohn, em São Paulo. Em 2001, recebe dois prêmios, ambos em Nova York: The Louis Comfort Tiffany Biennial Award e Rema Hort Mann Art Grant. Entre 2001 e 2003, estuda no departamento de artes da Universidade de Nova York.
Comentário crítico
Segundo o crítico Dan Cameron, a fotografia de Mauro Restiffe vem se baseando, já há algum tempo, numa espécie de observação oblíqua daquilo que o circunda. Como se o fotógrafo dirigisse seu interesse a imagens que aparentemente revelam pouco, porém na realidade expressam muito. Afastando-se de qualquer tendência da fotografia atual que encene ou manipule as imagens, Restiffe não faz retoques em suas fotos, seja no laboratório, seja pelo uso do computador. Ainda segundo Cameron, o artista fotografa detalhes, fragmentos de experiências visuais, que insistem em sugerir que o que olhamos sem muita atenção pode, freqüentemente, revelar tanto quanto aquilo que queremos de fato ver. Para este crítico, essa atitude está ligada à formação de Restiffe em cinema, pois representa um procedimento vagamente cinematográfico de reduzir detalhes à experiência essencial. A opção pela fotografia em preto e branco poderia ser compreendida através dessa busca por uma imagem reduzida à essência. Ainda que Restiffe traga traços do cinema para sua fotografia, não há nela qualquer tentativa de criar uma linha narrativa que ligue percepções isoladas. Ao invés disso, a pesquisa deste fotógrafo é pautada pelo questionamento de alguns limites - aquele existente entre as dimensões físicas no espaço, como em O Espelho (1999) ou na série Oclusões (1998); o limite entre fotografia, pintura e escultura, com Vermeer (1998) e Rio (2000); ou ainda o limite entre a anarquia da natureza e a ordem imposta pelo ambiente construído, nas séries Mirante (2003) e Roebling & North 4th (2002).
Depoimentos
"A despeito de a subjetividade, originalidade e autoria terem sido neglicenciadas na recente história das artes contemporâneas, penso que a expressão do artista conjugada com a ambiência, a intimidade e a interioridade ainda pode ser estruturada para definir o significado de uma obra de arte. Essas categorias, transladadas para o campo da fotografia, também foram contestadas por artistas que se utilizaram da fotografia de maneira divergente daquelas empregadas pelos fotógrafos de arte. Esses artistas exploraram as potencialidades desse instrumento de construção da imagem, inseridas nos meios de comunicação de massa, e desenvolveram novas estratégias de fazer arte, tais como a apropriação, a fetichização, o questionamento da identidade e a exploração do simulacro. Desse modo, eles deram maior relevância à crítica do próprio meio utilizado e à maneira de articular o discurso artístico.
Utilizando fotografia em preto-e-branco, dando ênfase a uma abordagem autoral, mas seguindo algumas das estratégias elaboradas por esses artistas, tenho procurado criar um trabalho que traz para novo contexto o diálogo entre arte e fotografia: reafirmar a fotografia autoral no campo das artes plásticas. Minha pesquisa caminha em duas direções em que se estabelece a dicotomia diluição/construção da identidade. De um lado, exploro o universo doméstico, fotografando com mesmo tratamento e importância pessoas, objetos e ambientes com os quais tenho certa intimidade e familiaridade, atribuindo-lhes assim um caráter ambíguo que dilui suas identidades. De outro, nas fotografias em que aparecem imagens fotográficas, o processo de identificação é o inverso, pois essas imagens refotografadas emergem em sua plenitude cognitiva. Nesse caso a identidade não provém das fotografias pura e simplesmente, e sim de uma construção a partir de uma releitura dessas imagens.
Assim sendo, ao questionar a identidade na representação através dessa dicotomia, este processo confirma o lado crítico reflexivo da arte contemporânea e, ao mesmo tempo, deixa transparecer os traços de autor".
Mauro Restiffe
Acervos
Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP - São Paulo SP
Exposições Individuais
2001 - São Paulo SP - Individual, no Centro Cultural São Paulo
2005 - São Paulo SP - O Retrato como Imagem do Mundo, no Museu de Arte Moderna
2005 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Casa Triângulo
2006 - Rio de Janeiro - Brasília/Brooklyn, na Laura Marsiaj Arte Contemporânea
2007 - São Paulo SP - Red Light Portraits, na Galeria Casa Triângulo
Exposições Coletivas
1993 - São Paulo SP - Fotografia Contemporânea Brasileira, 1º Mês Internacional da Fotografia, Sesc/Pompéia
1994 - Campinas SP - São Paulo 440, no Instituto Cultural Itaú. Centro de Informática e Cultura II
1994 - São Paulo SP - São Paulo 440, no Instituto Cultural Itaú. Centro de Informática e Cultura I
1995 - Nova York (Estados Unidos) - One Year Program Students Exhibition, International Center of Photography
1996 - Moscou (Rússia) - Jovens Fotógrafos, 1º Mês Internacional da Fotografia
1996 - São Paulo SP - Antarctica Artes com a Folha, no Pavilhão Manoel da Nóbrega
1996 - São Petesburgo (Rússia) - 4ª Bienal Internacional de São Petersburgo, na Art Collegium Gallery
1997 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Macunaíma, na Funarte
1997 - Rio de Janeiro RJ - Identidade/Não Identidade: a fotografia brasileira atual, no Centro Cultural Light
1997 - Salvador BA - 4º Salão MAM-Bahia, no Museu de Arte Moderna
1997 - São Paulo SP - Identidade/Não Identidade: a fotografia brasileira atual, no Museu de Arte Moderna
1998 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna
1998 - São Paulo SP - Além do Arco Íris, no Museu de Arte Brasileira
1998 - São Paulo SP - Cohntemporânea, na Galeria Thomas Cohn
1998 - São Paulo SP - Novíssimos, no Paço das Artes
1999 - Goiânia GO - Entre o Eu e o Mundo ..., no Museu de Arte Contemporânea
1999 - São João da Boa Vista SP - 2ª Semana Fernando Furlanetto Fotografia, no Teatro Municipal
1999 - São Paulo SP - Entre o Eu e o Mundo ..., na Funarte
1999 - São Paulo SP - Fotógrafos e Fotoartistas na Coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo: fotografia contemporânea brasileira, no Espaço Porto Seguro de Fotografia
1999 - São Paulo SP - Photo99@thomascohn.br, na Galeria Thomas Cohn
2000 - São Paulo SP - A Fotografia no Espelho, no Espaço MAM - Villa-Lobos
2000 - São Paulo SP - Desfile de Vacas
2000 - São Paulo SP - Entre a Arte e o Design: acervo do Mam, no Museu de Arte Moderna
2001 - São Paulo SP - Primeiro de Abril - April Fool's Day, na Residência/atelier na Rua Mário, 25 - Vila Romana
2002 - Rio de Janeiro RJ - Artefoto, no Centro Cultural Banco do Brasil
2002 - São Paulo SP - Albano Afonso, Ricardo Carioba, Sandra Cinto, Laura Lima, Rubens Mano, Mário Ramiro, Mauro Restiffe, Márcia Xavier, na Galeria Casa Triângulo
2002 - São Paulo SP - Fotografias no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM
2002 - São Paulo SP - Paralela, no Galpão localizado na Avenida Matarazzo, 530, São Paulo. Exposição idealizada e organizada em conjunto pelas galerias Fortes Vilaça, Luisa Strina, Casa Triângulo e Brito Cimino
2003 - Brasília DF - Artefoto, no Centro Cultural Banco do Brasil
2003 - São Paulo SP - A Nova Geometria, na Galeria Fortes Vilaça
2003 - São Paulo SP - Casa Triângulo, na Casa Triângulo
2003 - São Paulo SP - Clube de Colecionadores de Gravura do MAM
2004 - Rio de Janeiro RJ - Novas Aquisições 2003: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna
2005 - Rio de Janeiro RJ - Artecontemporânea, na Mercedes Viegas Arte Contemporânea
2005 - São Paulo SP - O Retrato como Imagem do Mundo, no Museu de Arte Moderna
2005 - São Paulo SP - 29º Panorama de Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo
2006 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva de Fotografia, na Laura Marsiaj Arte Contemporânea
2006 - São Paulo SP - 27ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
2006 - São Paulo SP - MAM na Oca, na Oca
2007 - São Paulo SP - 1º Circuito de Fotografia, no Shopping Iguatemi
2007 - São Paulo SP - 16ª Coleção Pirelli/Masp de Fotografia, no Museu de Arte de São Paulo
2008 - Madri (Espanha) - Arco, no Instituto Feria de Madrid
2008 - Rio de Janeiro RJ - Fotoencontro, no Mercedes Viegas Escritório de Arte
2008 - São Paulo SP - Panorama dos Panoramas, no Museu de Arte Moderna
2008 - São Paulo SP - Relíquias e Ruínas, no Sesc
Fonte: Itaú Cultural