Márcia Grostein (São Paulo SP 1949)
Pintora, escultora, cenógrafa, bailarina. Inicia seus estudos em São Paulo, entre 1963 e 1968, passando por instituições como o Instituto de Arte e Decoração, Fundação Armando Álvares Penteado e Museu de Arte de São Paulo. Em 1969, segue para Londres, onde ingressa na Royal Academy of Art. De volta a São Paulo, estuda na Escola Brasil: entre 1971 e 1976. Realiza sua primeira exposição individual na Inter/Design Galeria, São Paulo, em 1972. Muda-se para Nova York em 1977.
Críticas
"(...) A paulista Márcia Grostein expandiu vastamente o seu trabalho desde que se fixou em New York, em 1977. Chegava ali no momento de emergência da 'bad painting', a que aderiu com inteligência e entusiasmo. Com ela, foi construindo suas telas ardentes, onde a brasa de uma fantasia em que tudo se mistura e o fogo de uma cor jamais contida acendem o incêndio selvagem de cenas que são tanto as dos salões da realidade quanto as dos porões do sonho. Uma arte de magma, porões do sonho. Uma arte de magma, de mãos dadas com o inconsciente, bruta, de figuras atarantadas no turbilhão em torno, mas às vezes livre também para banhar-se na volúpia do calor matisseano, que é fogo sem queimadura".
Roberto Pontual
PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1987.
"A arte de Márcia Grostein sofre a influência da cultura de seu país natal, o Brasil, da escola de Paris e da Escola de Pintura de Nova York. A exuberância de seus quadros e suas representações de animais atávicos, a flora tropical e a abundância de vida submarina, tudo isso sugere uma profunda afinidade com as forças interiores do Brasil primitivo e também com o barroco de sua história colonial. Na tradição de artistas mulheres do início do século vinte, tais como Tarsila do Amaral e Lygia Clark, Grostein põe-se em campo para mostrar ao mundo o que pode fazer uma artista brasileira moderna da cultura cosmopolita. Sua crença na vida interior da pintura e seus ideais do grande quadro e da 'abertura total' obviamente devem muito a sua experiência inicial com o expressionismo abstrato. Quando veio para Nova York, com quase trinta anos, Grostein já havia absorvido muitas lições desse movimento. Na verdade, quando mostrou seu trabalho para Willen de Kooning, em 1977, sua resposta foi: "Você não precisa de um professor. ? Em 1983, ela havia se tornado uma pintora de Nova York e estava expondo sua obra juntamente com a de Jackson Pollock na Betty Parsons Gallery, local onde foram realizados muitos dos eventos expressionistas abstratos originais na década de 1950. Se o expressionismo abstrato é representado alternadamente pelos véus e pelos vazios de Rothko e Newman, assim como pela plenitude pictórica de de Kooning e Pollock, a obra de Grostein volta-se definitivamente para esta última - a escola do horror vacui. A qualidade visível de alguns de seus melhores trabalhos da década de 1980 é uma combinação de animação expressionista e densidade lapidar. Embora essas pinturas tenham um aspecto pictográfico, intensamente elaborado, a artista na verdade comporta-se intuitivamente; ela não 'compõe' ou desenha na tela antes de aplicar a tinta. Suas composições vão se acumulando por um processo de acréscimo natural, embora finalmente dêem a aparência de uma inevitabilidade esmaltada".
Brooks Adams
ADAMS, Brooks. O Paraíso terrestre de Márcia Grostein: uma visão americana. In: GROSTEIN, Márcia. Marcia Grostein: the wild form: 20 years'survey. São Paulo: MASP, 1994. p. [22].
"Márcia Grostein tem uma história pessoal marcada pela perda, rejeição e violência. E portanto pelo suprimento contínuo e maciço da falta: luta e conquista da auto afirmação, com todos os percalços nos quais implica essa energia motriz dos instintos de vida. Isto está patente em cada trabalho, onde não há espera, silêncio ou descanso, onde o gosto encontra plenitude mas o gozo é contínuo. Ali, a libido criadora se sobrepõe à ansiedade e a generosidade preenche os espaços vazios da angústia. (...) Longe do pluralismo da década de 70 - que uniu e extrapolou categorias e gêneros estéticos, onde em vez do estilo, tivemos a soma dos estilos, a atitude não reflexiva, mas energética, agressiva e extrovertida - Márcia cria uma coreografia flúida que mistura a experiência real e o universo do sonho. Amálgamas de sexualidade, violência, amor, nascimento e morte, seus trabalhos inventam um mundo capaz de exprimir uma gama extremamente variada de estados de consciência. (...) Márcia Grostein introduz o corpo e a alma em sua obra, até o limite de seus meios. Nas telas, os campos visuais caóticos, simultaneamente fragmentados e lineares, sem apoio algum em planos, esquemas e perspectivas, reforçam a ambigüidade de leitura e interpretação, obrigando o espectador a reconstruir constantemente o tema das pinturas. Cada imagem da artista é o reflexo individual da alienação e da adaptação ao mundo ao mesmo tempo. Da observação sensível do Homem e da sua interação com os objetos que o rodeiam, da apreensão de suas relações inter-pessoais e do seu jogo nas tramas de Eros e Tanatos, nasce um trabalho livre, solto e surpreendentemente desestruturado. Uma réplica ritualística, e às vezes patética, da experiência como resposta vigorosa ao simples desejo do ego, da angústia e do prazer".
Sheila Leirner
LEIRNER, Sheila. A forma selvagem. In: GROSTEIN, Márcia. Marcia Grostein: the wild form: 20 years'survey. São Paulo: MASP, 1994. pp. [8 e 9].
Exposições Individuais
1972 - São Paulo SP - Primeira individual, Zoológico, na Inter/Design Galeria
1978 - Nova York (Estados Unidos) - Painting of the 70's, na Suydam Gallery
1980 - Nova York (Estados Unidos) - Woman, na Sutton Gallery
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Chair Series: paiting and sculpture, no P. S. 1 Contemporary Art Center
1981 - São Paulo SP - Paintings, Watercolors and Prints, na Galeria Paulo Figueiredo
1983 - São Paulo SP - Grandes Telas, na Galeria de Arte São Paulo
1985 - Toronto (Canadá) - Watercolors, na Panova Gallery
1988 - Nova Orleans (Estados Unidos) - Birds into the Night, na Tilden-Foley Gallery
1988 - Veneza (Itália) - Birds in Spirit, na Academia e Museo Diocesano di Sant'Apollonia
1990 - Trieste (Itália) - Homage to Ballanchine: chair sculpture installation, na Nadia Bassanese Studio d'Arte Galleria
1990 - Buenos Aires (Argentina) - Painting and Chair Sculptures, na Kramer Galeria
1991 - Punta del Este (Uruguai) - Sacred Garden Series, no Museo de Maldonado
1991- Nova Orleans (Estados Unidos) - Chair Sculptures Installation, na Tilden-Foley Gallery
1993 - Rio de Janeiro RJ - Integration / Desintegration, na Galeria Saramenha
1994 - Liubliana (Eslovênia) - Chair Sculptures Installation, na Municipal Gallery Exhibition
1994 - São Paulo SP - Instalações/Esculturas, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud
1994 - São Paulo SP - Forma Selvagem: 20 anos de percurso, no Masp
1994 - Rio de Janeiro RJ - Forma Selvagem: 20 anos de percurso, no MAM/RJ
1995 - Nova York (Estados Unidos) - Installation Painting/Sculpture, na Dahn Gallery
Exposições Coletivas
1973 - Bruxelas (Bélgica) - Brazilian Sculpture Exhibition, na Societé des Expositions du Palais des Beaux-Arts
1979 - Brooksville (Estados Unidos) - Boxwood Billboard Show, no Pasco Hernandes Community College
1979 - Nova York (Estados Unidos) - Six Brazilian, na Abrew Gallery
1980 - Nova York (Estados Unidos) - South American Artists, na Sutton Gallery
1981 - Nova York (Estados Unidos) - One of Each, na Sutton Gallery
1981 - Nova York (Estados Unidos) - Summer Collections, na Sutton Gallery
1981- Chicago (Estados Unidos) - Artist's Chair, na Landfall Gallery
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Young Contemporary Artists, na Kouros Gallery
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Homage to Betty Parsons, Márcia Grostein e Jackson Pollock, na Betty Parsons Gallery
1983 - Nova York (Estados Unidos) - Woman of the Americas: emerging perspectives, no Center for Inter-American Relations
1984 - Berlim (Alemanha) - East Village Art in Berlin: romance and castastrophe, na Zellermayer Galerie
1984 - Havana (Cuba) - 1ª Bienal de la Habana
1984 - Norfolk (Estados Unidos) - Contemporary Latin American Artists, no The Chrysler Museum
1984 - Nova York (Estados Unidos) - A More Store, na Jack Tilton Gallery
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Latin Rythms, na Sutton Gallery
1984 - Nova York (Estados Unidos) - New Talent, na Bonlow Gallery
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Sex, na Cable Gallery
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Winter Group Show, na Betty Parsons Gallery
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1985 - Nova York (Estados Unidos) - Abstract Paintings, na Paulo Salvador Gallery
1985 - Nova York (Estados Unidos) - New Forms of Figuration, no Center for Inter-American Relations
1985 - Tóquio (Japão) - Today's Art of Brazil, no Hara Museum of Contemporary Art
1985 - Zurique (Suíça) - Little Paintings, na Nicoline Pon Gallery
1986 - Havana (Cuba) - 2ª Bienal de la Habana
1986 - Nova York (Estados Unidos) - The Embellishment of the Statue of Liberty, no Cooper Hewitt Museum and Barney's
1986 - Nova York (Estados Unidos) - Three Artists, na Jason McCoy Gallery
1987 - Austin (Estados Unidos) - Latin American Artists in New York since 1970, na Huntington Art Gallery/University of Texas
1987 - Nova York (Estados Unidos) - Art Against Aids, na Jason McCoy Gallery
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - São Paulo SP - 19ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1989 - Basiléia (Suíça) - Basel Art Fair: Novak Graphics
1989 - Nova York (Estados Unidos) - Don't Bungle the Jungle, na Tony Shafrazi Gallery
1989 - Nova York (Estados Unidos) - Tropical Rain Forest
1989 - Toronto (Canadá) - Watercolors, na Novak Graphics/Panova Gallery
1990 - Rio de Janeiro RJ - Entre Dois Séculos, no MAM/RJ
1990 - São Paulo SP - A Cor na Arte Brasileira, no Paço das Artes
1992 - Nova York (Estados Unidos) - Body and Soul, na Philippe Staib Gallery
1992 - Nova York (Estados Unidos) - Coletiva, na Carla Stellweg Gallery
1992 - Connecticut (Estados Unidos) - Summer Sculpture Garden, na Kent Gallery
1992 - Nova York (Estados Unidos) - Summer Sculpture Garden, na Philippe Staib Gallery
1992 - East Hampton (Estados Unidos) - Coletiva, na Vered Gallery
1993 - Nova York (Estados Unidos) - Lingua Latina est Regina, na Stux Gallery
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil, 100 Anos de Arte Moderna, no MNBA
1993 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1993 - Rio de Janeiro RJ - Retratos e Auto-Retratos, no MAM/RJ
1993 - São Paulo SP - Mostra de Terracota, no Espaço Estufa
1993 - São Paulo SP - Primavera Cultural, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud
1993 - Washington D. C. (Estados Unidos) - Brasil: imagens dos anos 80 e 90, no Art Museum of the Americas
1994 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: Imagens dos Anos 80 e 90, no MAM/RJ
1994 - San Juan (Porto Rico) - Small Formats in Latin America, na Luigi Marrozini Gallery
1994 - São Paulo SP - Brazil Art Today, na Casa das Rosas
1994 - São Paulo SP - Brasil: imagens dos anos 80 e 90, na Casa das Rosas
1994 - São Paulo SP - 22ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1996 - East Hampton (Estados Unidos) - By the Sea, na Fotouhi Cramer Gallery
1996 - Miami (Estados Unidos) - Gramercy International, na Paulina Kolczynska Fine Art
1996 - Nova York (Estados Unidos) - Coletiva, na Fotouhi Cramer Gallery
1996 - Nova York (Estados Unidos) - Spring Benefit Show, no The Sculpture Center
1996 - São Paulo SP - United Artists 2: utopia, na Casa das Rosas
1997 - Nova York (Estados Unidos) - Mad Dogs and English Man - The Dog Show
1998 - Brasília DF - Projeto Futebol Arte, no Palácio do Itamaraty
1998 - São Paulo SP - Projeto Futebol Arte, na Pinacoteca do Estado
1998 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Futebol Arte, na Fundação Casa França-Brasil
1998 - Paris (França) - Projeto Futebol Arte, no Conseil Économique et Sociel
1998 - Buenos Aires (Argentina) - Feminino Plural, no Museo Nacional de Bellas Artes
1998 - Miami (Estados Unidos) - Gramercy International, na Paulina Kolczynska Fine Art
1999 - Porto Alegre RS - 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, na Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul
2002 - São Paulo SP - Ópera Aberta: celebração, na Casa das Rosas
Fonte: Itaú Cultural