Manuel Lopes Rodrigues (Salvador, 1860 — idem 1917)
Pintor brasileiro do realismo.
Aluno da Academia da Bahia, onde nasceu a 31 de dezembro de 1860. Discípulo de João Francisco Lopes Rodrigues, seu pai, e de Miguel Cañisares. Veio para o Rio em 1882. Artista muitas vezes premiado. Foi pensionista do Imperador, e pensionista do Governo Republicano, desde 1890.
Formação e ambiente artístico
Fundado em 1872 o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia passou a proporcionar formação acadêmica aos artistas locais e, até, de outros estados. Filho de João Francisco Lopes Rodrigues, recebeu do pai as primeiras lições artísticas, vindo depois a tê-las de Miguel Navarro Cañizares. Freqüentou o Liceu, vindo nele depois a lecionar.
Incipiente, apesar de secular, foi apenas nos governos republicanos que as Belas Artes tiveram maior apoio dos governos baianos, sobretudo Manuel Vitorino e Rodrigues Lima. Mas o maior apoio vinha de D. Pedro II, no Brasil Império, e na forma de pensões, que foram em parte mantidas pela República. Estas eram adquiridas por meio de concursos.
Lopes Rodrigues era pensionista do próprio Imperador - regalia que, dado seu talento, foi mantido quando da Proclamação da República.
A despeito de seu reconhecimento, a quase totalidade de seus trabalhos eram encomendas de sociedades como o Instituto Histórico e Geográfico, a Igreja e entes públicos - o que lhe tolhia a criação, adstrito ao academicismo das encomendas.
Magistério
Foi nomeado em 1672 professor do Liceu baiano e, mais tarde, da Escola de Belas Artes. Dentre seus alunos que mais se destacaram, por quem tinha efetivamente predileção e amizade, conta-se Prisciliano Silva, um dos maiores expoentes da pintura baiana na primeira metade do século XX. Também foi seu aluno o não menos notável porém pouco lembrado Alberto Valença.
Em 1905 Prisciliano vai estudar em Paris, por sua indicação e recomendações. Sobre ele o mestre registrou, em 1908:
“Seguiu um rumo especial escolhido pelo seu talento. Filiou-se à escola nova e voltou impressionista a valer. Seus estudos mostram a preferência pelo ar livre, mas os seus interiores mostram-no ousado dos segredos das paletas ricas em recursos. Seu desenho é vigoroso e certo; as duas qualidades principais do artista”1 .
O discípulo ingressara no Liceu em 1578, e em 1899 chegou a copiar, escondido, um dos quadros do mestre. Sobre ele, escreveu o mestre, ainda:
“Talvez então, o neurastênico que eu sou, orgulhoso de ter descoberto, contente de o ter visto trabalhador e honesto, lhe atire com as flores sinceras do meu aplauso o que a vaidade puder me dar de eloqüência entusiasta do meu amor de Mestre, afirmando-lhe: Não me enganei!”2 .
Trabalhos
Mudou-se por cerca de três anos, para o Rio de Janeiro (de 1882 a 85), quando executa, junto ao escritor Vale Cabral, parte da "Exposição Médica Brasileira", escreve em jornais crítica artística e produz ilustrações médicas, fase considerada como "realismo médico".
Sua crônica acerca da exposição revelava que não possuía apenas talento artístico plástico, mas considerável erudição, senso crítico e, até, espírito jornalístico. Na Bahia, continua escrevendo, eventualmente, em publicações culturais.
Frustração artística
Apesar de farta produção, ressentiu-se toda a vida do reconhecimento devido. A crônica da época registra que, após sua morte, amigos e discípulos tiveram que organizar uma mostra com cinco dezenas de seus quadros, a fim de auxiliar a família do artista.
Obras
Natureza morta, 1890. Museu de Arte da Bahia
Orquestra Ambulante
Muitos de seus quadros e pinturas permanecem na cidade natal do pintor. O Museu de Arte da Bahia (MAB) possui algumas obras do mestre em seu acervo, dentre as quais "Dois Véus", retratando o pranto de duas mulheres, numa sala que leva-lhe o nome.
Ilustrações
Atlas de Moléstias da Pele, de Silva Araújo;
Atlas de Moléstias das Crianças, de Moncorvo;
Atlas da Clínica de Olhos, de Moura Brasil;
Atlas da Clínica de Morféticos, de José Lourenço de Magalhães
Quadros
Aquarelas de anatomia, para a Escola de Medicina do Rio de Janeiro.
Dois véus (tela, 1890 – 1,93 x 1,45) - MAB
Paisagem Romana (tela, s/d – 0,78 x 0,98) - MAB
Nu (tela, Paris, 1899 – 0,19 x 0,38) - MAB
O Adeus (considerada sua obra-prima, tela) – MAB
La Boheme (tela, cópia do original de Franz Hals) - MAB
A República (1896, Roma, 2,30 x 1,20) – MAB
Natureza Morta - MAB
No Museu Nacional de Belas Artes – Rio de Janeiro:
Cabeça de Cão (tela, 0,340 x 0,260)
Natureza morta (tela, 0,460 x 0,560)
Cozinha Bretã (tela, 0,620 x 0,470)
Fundo de Quintal
Auto-retrato
Retrato da vovó
A Forja
Quintal
Homenagens
No bairro de Pirajussara, na Capital do Estado de São Paulo a rua Manuel Lopes Rodrigues Código de Endereçamento Postal 05790-360, homenageia o ilustre pintor.
A Academia Brasileira de Ciências Econômicas, Políticas e Sociais o consagra como patrono da cátedra 43.3