Luiz Armando Bagolin (Ribeirão Preto SP 1964)
Gravador e professor.
Licencia-se em educação artística, com habilitação em artes plásticas, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Em 1999, obtém o título de mestre em estética e história da arte pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP), e em 2005, doutora-se pela mesma faculdade. É consultor, desde 1994, de cursos livres na área de história da arte brasileira oferecidos pela Casa de Cultura de Poços de Caldas, do Instituto Moreira Salles (IMS). Desde 1998 é professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG), e a partir de 2002 leciona na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). É autor de Arte e Artistas Plásticos no Brasil 2000, publicado pela Editora Metalivros, em 2000.
Comentário Crítico
Em 1994, Luiz Armando Bagolin realiza uma série de 45 litografias intitulada K. Trata-se, na realidade, de um livro-álbum, pois o artista usa como suporte da impressão as páginas do livro O Desespero Humano - Doença até a Morte, do filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Considerado fundador do existencialismo, Kierkegaard defende a ideia de que o indivíduo é a entidade moral suprema, e que a atividade humana mais importante é a tomada de decisão, pois é por meio de escolhas que se dá forma à vida e ao próprio ser humano.
As litografias de Bagolin estruturam-se de modos diversos: em algumas páginas, os borrões negros cobrem quase totalmente o papel; em outras, a aplicação da tinta coincide mais ou menos com a mancha tipográfica; em outras, ainda, a impressão aparenta-se a uma moldura, ocupando as margens da página e deixando boa parte do texto legível. E assim por diante. Esses traços e manchas inquietos espalhados pelo livro revelam uma ambiguidade intrínseca à obra: por um lado, parecem mimetizar em gestos gráficos o desespero errante de cada homem, transformando o conceito abstrato contido no texto escrito em matéria visual. Porém, ao mesmo tempo, a força presente na gestualidade do artista, capaz de domar o peso do negro, afasta qualquer sombra de lamentação ou rendição diante do destino humano de sempre buscar a si mesmo.
Críticas
"Luiz Armando Bagolin ao nos propor esta exposição de litografias, lhe dá o título de Cartazes. Não se trata de um rótulo metafórico ou evocativo. Ao contrário, é indicativo, mais ainda, incisivo. Os cartazes pretendem ser explícitos: escancarar um objeto para os nossos olhos. Dessa maneira, são vistos como anúncio de algo segundo a sua imagem. Não há apelo para o olhar crítico, analítico ou descobridor. As litografias oferecidas para nossa contemplação querem mostrar algo como os cartazes - o verbo querer tomado aqui como expressão de uma vontade efetiva -, mas, não pelo aspecto da imagem, e sim, pela visualização de uma imagem que faz aparecer algo. Trata-se da ambigüidade do termo 'aparência' - que, aliás, acompanha a reflexão estética desde os seus primeiros ensaios nos textos de Platão e Aristóteles - , uma vez que sinaliza, ao mesmo tempo, a simulação da realidade bem como a sua manifestação. Da simulação à manifestação. Aí temos o sentido que Luiz Armando Bagolin procurou imprimir aos seus Cartazes. O ponto de partida é o cartaz e o de chegada, o avesso do cartaz. Assim, o artista ao trabalhar com as letras e as palavras estabelece uma relação ou um nexo entre o valor semântico e o valor visual. Estamos diante de composições que lembram um poema-visual. A contemplação não pode se contentar com a mera recepção; ao contrário, deve ser ativa: identificar as letras, decifrar as palavras, apreender a mensagem. . Entretanto, as letras e as palavras são imagens. Ao contrário do cartaz que se movimenta no plano da fugacidade, estes Cartazes procuram afirmar uma permanência. reconhecemos, então, a inspirada frase de Leonardo: 'Os seres não vão para o nada' ".
Victor Knoll
BAGOLIN, Luiz Armando. Cartazes. Apresentação Victor Knoll, Victor Knoll; versão em inglês Marta Batista Oliveira. São Paulo: Sesc Galeria Paulista, 1996. f. dobrada: il. p. b.
Exposições Individuais
1984 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Cine-Arte
1994 - Curitiba PR - Individual, no Museu da Gravura
1996 - São Paulo SP - Cartazes, na Galeria Sesc Paulista
Exposições Coletivas
1984 - Curitiba PR - 6ª Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, no Museu do Gravura
1984 - São Paulo SP - Desenhos, na Galeria Aires Arte
1991 - Curitiba PR - 1ª Mostra Panamericana de Gravura, no Museu da Gravura
1991 - São Paulo SP - Fotografia e Gravura, na Estação Sé do Metrô
1991 - Valparaíso (Chile) - 10ª Bienal Internacional de Arte
1992 - São Paulo SP - A Arte da Gravura, no Sesc Pompéia
1993 - Curitiba PR - Atelier Experimental de Gravura Francesc Domingo, no Museu da Gravura
1993 - Ribeirão Preto SP - Gravuras, no Marp
1993 - San Juan (Porto Rico) - Bienal de San Juan del Grabado latino-americano y del Caribe
1993 - São Paulo SP - Brasil, Pequenos Formatos, Poucas Palavras, na Documenta Galeria de Arte
1994 - Brasília DF - Gravura Paulista, na Galeria Rubem Valentim, Espaço Cultural 508 Sul da Fundação Cultural do Distrito Federal
1994 - São José dos Campos SP - 1ª Bienal de Gravura de São José dos Campos - artista convidado
1994 - São Paulo SP - Anos 90: a gravura contínua, no CCSP
1994 - São Paulo SP - MAC/USP - 60 Anos da USP, no MAC/USP
1995 - Brasília DF - Testemunhos da Utopia, no Espaço Cultural 508 Sul da Fundação Cultural do Distrito Federal
1995 - São Paulo SP - Gravura Paulista, no Escritório de Arte São Paulo
1995 - São Paulo SP, Recife PE, Rio de Janeiro RJ e Porto Alegre RS - Projeto Tamarind, no MAC/USP, no Espaço Cultural Bandepe, na EAV/Parque Lage e no Ateliê Livre de Porto Alegre
1995 - Terrassa (Espanha) - Mostra Internacional de Gravura, na Baumann Servei Jove
1996 - Havana (Cuba) - Premio La Jovem Estampa, na Casa de las Americas
1996 - Kochi (Japão) - The 3rd Kochi International Triennial Exhibition of Prints
1997 - Portland (Estados Unidos) - Contemporary Brazilian Prints, no Portland Art Museum
1998 - Campinas SP - Coletiva, na Galeria de Arte da Unicamp
1999 - Biella (Itália) - Premio Internazionale Biella per L´Incisione, no Chiostro di S. Sebastiano
1999 - Mondovi (Itália) - Premio Internazionale Biella per L'Incisione: selezione di incisori stranieri, na Galleria S. Rocco al Ponte delle Ripe
1999 - Mosso (Itália) - Incisioni da Tutto il Mondo - 22 incisori partecipanti al 24º Premio Internazionale Biella 1999
1999 - São Paulo SP - Litografia: fidelidade e memória, no Espaço de Artes Unicid
1999 - Bolonha (Itália) - Premio Internazionale Biella per L´Incisione, na Accademia di Belle Arti di Bologna
2000 - São Paulo SP - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaú Cultural
2001 - Brasília DF - Investigações. A Gravura Brasileira, no Itaugaleria
2001 - Penápolis SP - Investigações. A Gravura Brasileira, na Galeria Itaú Cultural
Fonte: Itaú Cultural