Loio-Pérsio (Tapiratiba SP 1927 - Rio de Janeiro RJ 2004)
Pintor, desenhista, gravador, ilustrador, artista gráfico e publicitário.
Loio-Pérsio Navarro Vieira de Magalhães mudou-se com a família para Curitiba em 1943, onde estuda pintura com Guido Viaro (1897-1971). Em 1948, ingressa na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Um ano depois, decide trancar sua matrícula na faculdade e vai para o Rio de Janeiro. Nesta cidade, cursa pintura com Ado Malagoli (1906-1994) e cenografia com Santa Rosa (1909-1956), no Serviço Nacional de Teatro, entre 1949 e 1950. Em 1951, retorna a Curitiba e retoma o curso de direito. No mesmo ano, funda o Centro de Gravura do Paraná. Em 1952, é convidado pelo governo do estado para organizar e dirigir a Casa-Museu Alfredo Andersen e a Pinacoteca Paranaense. Porém, por falta de suporte institucional, demite-se do cargo um ano depois. Em 1953, trabalha em ateliê comum com o pintor, desenhista e gravador alemão Gunther Schierz, discípulo de Käthe Kollwitz. Conclui o bacharelado em ciências jurídicas e sociais em 1955. Transfere-se para São Paulo em 1958, onde trabalha em agência de publicidade e também realiza capas de livros para a Companhia Editora Nacional e Livraria Francisco Alves. Com o prêmio de viagem ao exterior, concedido pelo Salão Nacional de Arte Moderna em 1963, viaja para a Europa, no ano seguinte. É convidado a trabalhar na Escola Superior de Arte de Stuttgart, Alemanha, em 1965. Em 1970, integra o júri de seleção e premiação do Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Entre 1975 e 1976, viaja para Roma, Londres e Paris, onde torna-se pintor-residente na Fundação Karoly em 1974. Em 1981, muda-se para Belo Horizonte, onde leciona desenho e pintura na Escola Guignard. Em 1995, fixa-se novamente em Curitiba.
Comentário Crítico
A produção de Loio-Pérsio na segunda metade dos anos 1940 enfatiza a técnica do desenho e o trabalho com a linha, sublinhando o contorno de objetos e figuras e apenas sugerindo volumes e planos. O tema geralmente parte de modelos externos, numa chave figurativa, e grande parte dessa produção destina-se à ilustração e à publicidade.
No início da década de 1950, quando retoma o curso de direito anteriomente abandonado, a produção de gravura de Loio-Pérsio toma impulso com a adoção de temas sociais. As primeiras incursões práticas na linguagem abstrata ocorrem em 1957, em pinturas nas quais o artista decompõe figuras e trabalha com manchas de cor, na tentativa de evitar qualquer sugestão de representação. Em exposição realizada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 1958, apresenta trabalhos que ressaltam a elaboração das superfícies, através do emprego de areia, terra, papel, tecidos, cordões, tintas à base de celulose, ceras e resinas. Aprofunda-se a pesquisa na linguagem abstrata, tomando como desafio aliar matéria e cor, sem nenhuma associação figurativa com assuntos ou referência externa. Para a historiadora Vera Regina Vianna Baptista, o que caracteriza a obra de Loio-Pérsio é a composição com ritmo e harmonia estruturados pela linha, o plano e a cor.
Críticas
"Dois esteios, a cada momento recombinados, comparecem na base da obra de Loio-Pérsio Vieira de Magalhães: o latejo lírico e o fervor expressionista. Mas se ambos eram, em princípio, forças emanando da emoção, um terceiro elemento, de caráter racional e propensão construtiva, esteve sempre ali para assegurar o equilíbrio entre estímulos contrários. Houve apenas um instante de aparente recusa desse arcabouço essencial. Foi quando, para superar a figuração prévia e incluir-se na severidade geométrica típica da época, ele produziu uma série de desenhos rigorosamente minuciosos ou esquemáticos, por volta de 1958. De um modo ou de outro, predominava a certeza da linguagem encontrada na abstração, pendesse ela às vezes para o cálculo ou para a comoção, satisfeita assim de prescindir das coisas concretas que habitam o cotidiano. Claramente expressionista foi, por exemplo, a fase da abstração informal, na abertura dos anos 60, com interesse pela pesquisa da matéria da pintura. Menos exacerbados nesse sentido, os trabalhos posteriores a 1967, seguindo-se a uma viagem pela Europa, entraram pouco a pouco na linha de conciliação dos extremos, desde os feixes flexíveis de listras às placas mais ou menos interpenetrantes de cor. (...) Nas obras dos últimos tempos, o tom tem sido insistentemente dado pelo acordo do emocional com o racional, do vibrante com o contido. Elas impõem uma estrutura de fonte geométrica, porém passada pelo filtro da modulação cromática".
Roberto Pontual
PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Prefácio de Gilberto Allard Chateaubriand e Antônio Houaiss. Apresentação de M. F. do Nascimento Brito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1987.
Exposições Individuais
1947 - Curitiba PR - Individual, no Centro Cultural Interamericano
1956 - Curitiba PR - Individual, no IAB/PR
1956 - Curitiba PR - Individual, na Galeria da Vinci
1956 - São Paulo SP - Individual, no IAB/SP
1957 - Curitiba PR - Individual, na Galeria Cocaco
1958 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Biblioteca Nacional
1959 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Tenreiro
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MAM/RJ
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1963 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Tenreiro
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Copacabana
1977 - Curitiba PR - Individual, no MAC/PR
1979 - Vitória ES - Individual, na Galeria de Arte e Pesquisa da UFES
1980 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer
1986 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Anna Maria Niemeyer
1988 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Figueiredo
2001 - Rio de Janeiro RJ - Brasil Sempre, no MNBA
2001 - Rio de Janeiro RJ - Brasil Sempre, na Galeria Anna Maria Niemeyer
Exposições Coletivas
1949 - Curitiba PR - 6º Salão Paranaense de Belas Artes, no Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pilotto - menção honrosa
1951 - Curitiba PR - 4º Salão de Belas Artes da Primavera, no Clube Concórdia - medalha de prata
1951 - Curitiba PR - 8º Salão Paranaense de Belas Artes, no Departamento de Cultura do Estado - Sala de Exposições - prêmio aquisição
1952 - Curitiba PR - 9º Salão Paranaense de Belas Artes, no Departamento de Cultura do Estado
1953 - Curitiba PR - 9º Salão Paranaense - medalha de prata
1955 - Curitiba PR - 1º Salão da Cidade, na Câmara Municipal de Curitiba - prêmio em pintura
1956 - Curitiba PR - 13º Salão Paranaense
1957 - Curitiba PR - 14º Salão Paranaense
1958 - Curitiba PR - 10º Salão de Belas Artes da Primavera, no Clube Concórdia - medalha de ouro
1958 - São Paulo SP - Salão Paulista de Arte Moderna - medalha de prata
1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Munique (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna - isenção de júri e medalha de prata
1959 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Brasileira - prêmio aquisição
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo - Sala Especial Pintura Abstrata, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1959 - São Paulo SP - 8º Salão de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - medalha de prata
1959 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Nova York (Estados Unidos) - Guggenheim International Award
1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna
1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Veneza (Itália) - 30ª Bienal de Veneza
1961 - Cidade do México (México) - 2ª Bienal Interamericana do México - medalha de ouro
1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna
1961 - Rio de Janeiro RJ - 1º O Rosto e a Obra, no Galeria Ibeu Copacabana
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - Paris (França) - 2ª Bienal de Paris
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao estrangeiro
1967 - Rio de Janeiro RJ - 16º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio de viagem ao país
1969 - Rio de Janeiro RJ - 18º Salão Nacional de Arte Moderna
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/SP
1973 - São Paulo SP - 5º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1980 - Curitiba PR - 2ª Mostra do Desenho Brasileiro, no Teatro Guaíra
1980 - Curitiba PR - Salão de Desenho do Paraná - premiado
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Reino Unido) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/SP
1984 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Petrobras
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1986 - Curitiba PR - Tradição e Contradição, no MAC/PR
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1988 - Curitiba PR - 8º Gravadores Paranaenses das Décadas de 50/60, no Museu Municipal de Arte
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo - Efeito Bienal 1954-1963, na Fundação Bienal
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1º A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Curitiba PR - 50 Anos do Salão Paranaense de Belas Artes, no MAC/PR
1995 - Londrina PR - Pintura Recente, na Universidade Estadual de Londrina
1996 - Niterói RJ - Arte Contemporânea Brasileira na Coleção João Sattamini, no MAC/Niterói
1998 - Curitiba PR - Arte Paranaense: movimento de renovação, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
2002 - Belém PA Convidado - 21º Salão Arte Pará, no Museu do Estado do Pará
2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
Exposições Póstumas
2010 - São Paulo SP - SP Arte - 6º Feira Internacional de Arte de São Paulo, na Fundação Bienal (São Paulo, SP)
Fonte: Itaú Cultural