Hilal Sami Hilal (Vitória ES 1952)
Artista multimídia. Cursa artes plásticas na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Em Minas Gerais, nos Festivais de Inverno de Ouro Preto de 1973 e 1974, estuda gravura em metal. Em 1977, um ano depois de se formar, começa a dar aulas na universidade e a pesquisar o papel artesanal. Em 1981, vai ao Festival de Inverno de Diamantina, em Minas Gerais, para estudar as artes da fibra, e viaja ao Japão para se aperfeiçoar na técnica do papel. Em 1984, participa do 15º Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), e da mostra Papéis do Papel, na Fundação Nacional de Arte - Funarte, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, tem sua primeira individual na Galeria Usina, em Vitória. Em 1996, deixa de dar aulas para dedicar-se apenas à sua produção artística e toma parte da Mostra Brasil: Papel Feito à Mão, no Equador. No ano seguinte, expõe no 25º Panorama da Arte Atual Brasileira, no MAM/SP, e em coletivas na Índia e no Líbano. O trabalho toma então a forma de um rendilhado e ele o mostra na Alemanha, nos Estados Unidos, na Espanha e na França. Em 2002, recebe o prêmio do júri na 8ª Bienal Paper Art, Turbulenzen in Papier, em Düren, Alemanha. Em 2007, faz no Museu Vale, em Vitória, uma grande individual que depois é apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ e no Sesc Pompeia. Também em 2007, participa da coletiva Radical Lace & Subversive Knitting, no Museum of Arts and Crafts, de Nova York.
Comentário crítico
A obra de Hilal Sami Hilal apresenta grande variedade de materiais e de significados. Hilal começa pintando aquarelas, mas logo passa a fabricar papel artesanal tendo como base uma pasta de algodão feita de roupas velhas de amigos e familiares. Os papéis são grossos e têm camadas, sugerindo uma arqueologia, mas se apresentam como pinturas, pois têm cores e profundidade. O crítico Casemiro Xavier de Mendonça (1947-1992) os chama de tapetes voadores1. Hilal entende que em seu trabalho o papel não é apenas um suporte.
Quando coloca a pasta de papel em uma bisnaga de confeiteiro, usando-a para desenhar, o papel se transforma em um rendilhado. Esse traçado lembra a caligrafia e a arquitetura árabes, que remetem à sua origem familiar. Os trabalhos que executa em folha de metal podem se constituir de superfícies autônomas, reunidas em livros, ou mesmo enroladas em uma bola. Ele desenha letras, números e nomes de pessoas sobre quadriculados e usa ácido para corroer as partes em branco. Ao sobrepor as folhas, o artista cria concavidades, ressaltando os espaços vazios.
O vazio tem grande importância também quando utiliza resina e outros materiais. Ele se faz presente em toda a obra. Hilal afirma que todo seu trabalho pode ser relacionado à morte do seu pai, ocorrida quando ele tem apenas 12 anos2. Pela arte, procura lidar com aquela ausência, reconstituindo essa figura. Sua exposição itinerante, iniciada em 2007 no Museu do Vale do Rio Doce, em Vila Velha, Espírito Santo, intitulada Seu Sami, é uma homenagem a seu pai.
Notas
1 HERKENHOFF, Paulo. In: HILAL, Hilal Sami. Seu Sami. Vila Velha: Museu Vale do Rio Doce, 2007, p. 38.
2 Ibidem, p. 80.
Críticas
"(...) Basicamente, seu trabalho seria apenas pinturas sobre papel. No entanto, o resultado é mais do que isso. Tanto a trama do papel como a textura das tintas são tão importantes como as variações de cores. E as imagens finais guardam um aspecto suntuoso, como as antigas tapeçarias do Oriente. Como um hábil criador de imagens, Hilal consegue dosar referências de várias épocas. Como se as suas formas, que evocam tapetes, na verdade sugerissem o tapete mágico que salta em instantes de uma época para outra. Algumas de suas peças, por exemplo, têm uma rica textura em ouro, prata ou vermelho vivo e indicam soluções visuais muito próximas das lições orientais. Em outras, ele usa o grafite e o cinza criando como um grande manto escultórico onde o lado físico do objeto também se torna muito importante. Finalmente ainda mostra outras imagens que ainda remetem o espectador para a Viena do fim do século passado ou para as texturas dos cristais do Art-Nouveau, em tons de amarelo, branco e violeta. Essas referências culturais na verdade transparecem com muita discrição. As suas formas são muito livres, independentes, e, mesmo que o público não tenha a menor iniciação a esse tipo de associações, as pinturas continuam a manter a sua força visual. (...)"
Casimiro Xavier de Mendonça
HILAL Sami Hilal: pinturas. Texto de Casimiro Xavier de Mendonça. Vitória: Galeria Usina, 1986.
Exposições Individuais
1974 - Vitória ES - Individual, na Galeria do Teatro Carlos Gomes
1976 - Vitória ES - Individual, na Galeria do Teatro Carlos Gomes
1977 - São Mateus ES - Individual, no Espaço Aberto do Porto
1980 - Vitória ES - Individual, na Galeria de Arte e Pesquisa da UFES
1984 - Vitória ES - Individual, na Galeria de Arte e Pesquisa da UFES
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Maior
1986 - Vitória ES - Individual, na Galeria de Arte e Pesquisa da UFES
1986 - Vitória ES - Individual, na Galeria Usina
1987 - Vitória ES - Individual, na Galeria Usina
1988 - Porto Alegre RS - Individual, na Galeria Tina Zappoli
1989 - Niterói RJ - Individual, na Galeria de Arte da UFF
1993 - Vitória ES - Individual, na Galeria Xerox do Brasil
1997 - Vitória ES - Hilal Sami Hilal: Limites, Oceano Atlântico, no Espaço Cultural Yázigi
1998 - São Paulo SP - Individual, na Marília Razuk Galeria de Arte
1998 - Belo Horizonte MG - Individual, na Galeria Kolamus
1998 - Vitória ES - Individual, no Museu Ferroviário da Vale do Rio Doce
2001 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na H.A.P Galeria
2003 - São Paulo SP - Individual, na Marília Razuk Galeria de Arte
Exposições Coletivas
1973 - Vitória ES - Coletiva, na Galeria Hilal
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1984 - Rio de Janeiro RJ - Os Papéis do Papel, na Funarte
1984 - São Paulo SP - 15º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1984 - Fortaleza CE - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas
1987 - Belo Horizonte MG - 19º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Belo Horizonte, no MAP
1987 - Campinas SP - Papel no Brasil, no MACC
1987 - João Pessoa PB - Coletiva, no Núcleo de Arte Contemporâneo
1987 - Vitória ES - Artistas Capixabas, no Espaço Universitário da UFES
1989 - São Paulo SP - Coletiva, na Pinacoteca do Estado
1989 - Vitória ES - Um Código 7, na Álvaro Conde Galeria de Arte
1990 - Belo Horizonte MG - Encontro Latino Americano de Papel Artesanal
1990 - Vitória ES - Arte Fragmentada, na Capela Santa Luzia
1991 - Vitória ES - BR/80, Pintura Brasil Década 80, na Itaugaleria
1991 - Vitória ES - Porto 91, no Porto de Vitória
1993 - Brasília DF - Um Olhar sobre Joseph Beuys, na Fundação Athos Bulcão
1996 - Quito (Equador) - Mostra Brasil de Papel Artesanal
1997 - Beirute ( Líbano) - Mostra Brasileira, no Museu Nicolas Sursock
1997 - Nova Deli (Índia) - Mostra Brasil de Papel Artesanal
1997 - Ouro Preto MG - Experiências e Perspectivas: 12 visões contemporâneas, no Museu Casa dos Contos
1997 - São Paulo SP - 25º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/SP
1998 - Niterói RJ - 25º Panorama de Arte Brasileira, no MAC/Niterói
1998 - Recife PE - 25º Panorama de Arte Brasileira, no Mamam
1998 - Salvador BA - 25º Panorama de Arte Brasileira, no MAM/BA
1999 - Niterói RJ - Confluências, a pintura nos anos 80, na UFF
1999 - Vitória ES - Sedução, no Espaço Universitário da UFES
1999 - Vitória ES - Minha Vitória, na Capitania dos Portos
2001 - Nova York (Estados Unidos) - The Thread Unraveled: contemporary brazilian art, em El Museo del Barrio
2002 - Buenos Aires (Argentina) - The Thread Unraveled: contemporary brazilian art, Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires
2002 - São Paulo SP - 10 Anos Marília Razuk, na Marília Razuk Galeria de Arte
2003 - Vila Velha ES - O Sal da Terra, no Museu Vale do Rio Doce
2004 - Vitória ES - Heterodoxia: edição Vitória, na Casa Porto das Artes Plásticas
Fonte: Itaú Cultural