Henry Chamberlain (Inglaterra 1796 - Ilhas Bermudas 1844)
Desenhista e pintor.
Henry Chamberlain, oficial da Artilharia Real Britânica, vem ao Brasil em 1819 acompanhando seu pai, cônsul-geral da Inglaterra, incumbido de transações comerciais no país. Permanece no Rio de Janeiro até 1820, e nesse período dedica-se a representar, em desenhos e pinturas, aspectos pitorescos da vida cotidiana da cidade. Em 1821, publica em Londres o álbum Views and Costumes of the City and Neighbourhood of Rio de Janeiro [Vistas e Costumes da Cidade do Rio de Janeiro e Arredores], ilustrado com 36 gravuras em água-tinta, coloridas, acompanhadas por textos descritivos. Após sua estada no Brasil, prossegue na carreira militar e alcança o posto de capitão. Viaja ainda para Nova Zelândia e Ilhas Bermudas, onde morre.
Comentário Crítico
O pintor Henry Chamberlain, oficial da Artilharia Real Britânica, vem ao Brasil em 1819, acompanhando seu pai - cônsul-geral da Inglaterra -, encarregado de transações comerciais no país, e permanece no Rio de Janeiro até 1820. Nesse período dedica-se principalmente a captar aspectos pitorescos da vida cotidiana da cidade do Rio de Janeiro, sua arquitetura, tipos e costumes.
Em 1821, publica em Londres o álbum Views and Costumes of the City and Neighbourdhood of Rio de Janeiro [Vistas e Costumes da Cidade do Rio de Janeiro e Arredores], ilustrado por 36 gravuras em água-tinta, coloridas, acompanhadas por textos descritivos. As composições distinguem-se pela acurada representação do cenário urbano, que, segundo estudiosos, pode permitir uma reconstituição fidedigna de certas ruas ou mesmo de quarteirões da cidade dessa época. Chamberlain realiza, de forma semelhante a Joaquim Cândido Guillobel (1787 - 1859), uma cuidadosa representação dos tipos populares, principalmente em relação ao registro das vestimentas e indumentárias utilizadas. Porém, como nota o historiador da arte Luciano Migliaccio, em seus desenhos Guillobel mantém o caráter típico da descrição de usos e costumes, sem revelar a ilustração das relações sociais e da vida nas ruas do Rio de Janeiro, como também o fazem diversos artistas estrangeiros, como Chamberlain.
Nas gravuras para o álbum publicado em 1821, Chamberlain apresenta o trabalho dos negros de ganho nas ruas da cidade, e atividades cotidianas em locais como o largo da Glória e o mercado, com detalhes arquitetônicos do período, embora as vistas urbanas lembrem um cenário teatral. Em gravuras como Uma Família Brasileira ou Uma História, o artista não enfatiza o claro-escuro e a relação entre figura e fundo - as figuras humanas parecem "recortadas", e destacam-se pela variedade de trajes, apresentados de forma detalhada. Essas imagens sugerem também uma narrativa, instigando a curiosidade do observador.
Alguns estudiosos apontam na obra de Chamberlaim um senso de humor afinado com a tradição inglesa do século XVIII, como se verifica na produção do pintor e gravador inglês William Hogarth (1697 - 1764).
Acervos
Acervo Banco Itaú S.A. - São Paulo SP
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp - São Paulo SP
Museus Castro Maya - Rio de Janeiro RJ
Museu Imperial - Petrópolis RJ
Exposições Póstumas
1987 - São Paulo SP - O Brasil Pintado por Mestres Nacionais e Estrangeiros: séculos XVIII - XX, no Masp
1994 - Lisboa (Portugal) - Rio de Janeiro: capital d'além-mar, no Museu Rafael Bordalo Pinheiro
1994 - Rio de Janeiro RJ - Rio de Janeiro: capital d'além-mar, no CCBB
1994 - São Paulo SP - O Brasil dos Viajantes, no Masp
1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, na Pinacoteca do Estado
1999 - Rio de Janeiro RJ - O Brasil Redescoberto, no Paço Imperial
2000 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio na Coleção Geyer, no CCBB
Fonte: Itaú Cultural