Gregório Gruber (Santos SP 1951)
Pintor, desenhista, gravador, escultor, cenógrafo, fotógrafo. Inicia formação artística com cursos de piano e teoria musical na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap em 1965, e com aulas de cravo na Pró-Arte. Freqüenta o curso de desenho de Frederico Nasser (1969), e também produz filmes em super-8. Em 1971, interrompe o curso de arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e passa a freqüentar aulas de litografia e de gravura em metal, no Ateliê Mário Gruber e no Socorro Curso de Gravura em Metal, respectivamente. Ingressa no curso de artes plásticas da Faap, em 1972, abandonando-o no ano seguinte. Viaja para Paris e tem aulas de desenho na Académie de la Grande Chaumière, em 1974. Nesse ano, realiza sua primeira individual, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp. Faz estágios de artes gráficas e fotografia no Ateliê Mário Gruber, em 1975, e, no ano seguinte, é responsável pelo curso de desenho de modelo vivo, na Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp. É contemplado com o prêmio de melhor gravura da Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA em 1976. Edita o livro Bodas de Sangue, em 1986, com desenhos realizados com base no filme de Carlos Saura. E atua como cenógrafo da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues (1912 - 1980), dirigida por Marcio Aurelio (1948), em 1987. Sua obra é objeto de quatro filmes: O Gesto Criador, 1977, e Retrato do Artista Quando Jovem, 1978, ambos de Olívio Tavares de Araújo; Uma Tarde com Gregório, 1987, de Nelson Pereira dos Santos e Gregório, 1992, do Instituto Itaú Cultural.
Comentário crítico
O nome de Gregório Gruber liga-se diretamente às vistas e cenas urbanas, sobretudo às imagens de São Paulo como Avenida São João, 1991, Major Sertório e Pacaembu, 1993. Trata-se de representações objetivas, quase fotográficas da cidade, o que leva os críticos a definirem sua obra como hiper-realismo. De fato, a pintura de Gruber apresenta inúmeras afinidades com a fotografia, utilizada, segundo ele, como "esboço" e "parte do processo de criação". Mas outros recursos são também empregados como meios de construção da tela. "Sou muito arquiteto", afirma. "Estruturo os quadros, fico planejando. Começo sempre da anotação, quase sempre no caderninho, depois vem a aquarela, às vezes até mesmo o pastel, só depois vou para a tela com óleo ou acrílico".
A vocação arquitetônica do pintor apresenta-se no projeto e também no resultado do trabalho; afinal, o que as pinturas revelam são construções: casarios, ruas, avenidas, viadutos e arranha-céus, flagrados à noite ou à luz do dia. As linhas e os planos da cidade podem ser apreendidos num só golpe de olhar, ainda que a clareza da imagem se encontre de modo geral perturbada nessas superfícies, ora esfumaçadas, ora transparentes, ora espelhadas. O jogo de revelações e ocultações, mobilizado tecnicamente pelo artista, compromete o verismo da cena, imprimindo-lhe feições etéreas, oníricas e mesmo surreais. A metrópole mostra-se esvaziada dos fluxos e multidões que a caracterizam; apenas linhas, volumes e cintilações.
Críticas
"(...) o surgimento de Gregório no panorama atual da arte brasileira é bem recente, embora venha desenhando desde muito cedo. A base de toda a sua linguagem foi até aqui o realismo de aproximação fotográfica, não se devendo, porém, considerá-lo um hiper-realista. Partindo de tomadas fotográficas, ele situa na cidade grande em que vive, São Paulo, a atmosfera estática de solidão e alheamento que nos faz lembrar sobretudo a dolorosa dosagem do real na pintura do norte-americano Edward Hopper. Além de substituir as figuras de meia-idade, freqüentes neste anunciador da pop art e do realismo contemporâneo, por jovens companheiros diários, inclusive ele próprio, ainda razoavelmente isentos da frustração existencial, Gregório costuma intensificar com peso irreal as luminosidades e brilhos cenográficos de seus ambientes e cenas paulistanas a um nível evitado por Hopper, sempre econômico e álgido. Neste sentido, o palco em que as coisas se passam no desenho do jovem paulista - executado na maior parte das vezes a pastel - pende para o fantástico em contraposição ao fundamento metafísico do norte-americano. Mas não se trata de um fantástico de fuga do real e sim de sua intensificação. Esses personagens e atmosferas são muito conhecidos nossos, sua estranheza não exige demasiado esforço de decifração. Apenas se encontram como que em suspensão, desprevenidos do olhar que os vê agora, do lado de lá da realidade concreta que foram em determinado momento anterior".
Roberto Pontual
PONTUAL, Roberto. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1976.
"O tema principal do trabalho criador de Gregório é o olhar. É certo que sendo ele um habitante da cidade, o que vê ao seu redor, na rua, são automóveis, edifícios, postes; no interior da casa os objetos e, nas pessoas, os gestos. Não podendo se perder em lonjuras, o olhar procura exercitar o detalhe naquilo que, por força da circunstância urbana, encontra-se inevitavelmente perto e, assim, o que ganha expressividade é a fusão de pequenos gestos e objetos. Este olhar paciente e silencioso, autobiográfico, não é crítico, não toma partido em relação à realidade que o cerca até que Gregório desvie seu olhar de certas cenas, preferindo aquelas que correspondam mais à sua maneira de ser. Seu olhar procura sempre um certo tipo de imagem da qual emana um halo de tristeza ou solidão e, para isso, ele prefere as horas mortas da cidade, o silêncio de interiores. Por outro lado, nesses momentos, as ruas e os objetos parecem adquirir uma 'vida interior', revelam uma presença que o artista procura transferir ao espectador. Estas imagens de cidade começaram a aparecer, em sua obra, nos pastéis de 1971, e progrediram até a Bienal de 1979 com as pinturas acrílicas de grande dimensão. 'Hoje', diz o artista, 'estes lugares me causam outro tipo de emoção. Sinto-os como composições - plásticas, situações que me envolvem com seus brilhos e principalmente com o clima de cenário que as modernas construções têm' ".
Frederico Morais
MORAIS, Frederico. Dacoleção: os caminhos da arte brasileira. São Paulo: Júlio Bogoricin Imóveis, c. 1986.
Exposições Individuais
1974 - Campinas SP - Gravuras, na Galeria Girassol
1974 - São Paulo SP - Gregório Gruber: pastéis, no Masp
1975 - Rio de Janeiro RJ - Pastéis, na Graffiti Galeria de Arte
1976 - Rio de Janeiro RJ - Gravuras, na Graffiti Galeria de Arte
1976 - São Paulo SP - Gregório Gruber: aquarelas, desenhos e pinturas, no MAB/Faap
1977 - São Paulo SP - O Artista no Banco: impressões, no Masp
1978 - Brasília DF - Gregório Gruber: desenhos, na Oscar Oscar Seraphico Galeria de Arte
1978 - São Paulo SP - Gregório Gruber: pinturas e aquarelas, na Galeria Alberto Bonfiglioli
1979 - Santos SP - Gregório Gruber: desenhos, no Tênis Clube
1979 - São Paulo SP - Anatomias, na Galeria Luisa Strina
1980 - Porto Alegre RS - Gregório Gruber: paisagens, na Galeria do Centro Comercial
1980 - São Paulo SP - Gregório Gruber, na Galeria Alberto Bonfiglioli
1980 - São Paulo SP - Gregrório Gruber: paisagens, na Galeria Alberto Bonfiglioli
1981 - Brasília DF - Gregório Gruber: desenhos, na Oscar Seraphico Galeria de Arte
1982 - São Paulo SP - Gregório Gruber: óleos e pastéis, na Galeria Alberto Bonfiglioli
1983 - Rio de Janeiro RJ - Gregório Gruber: pastéis, na GB ARTe
1983 - São Paulo SP - Gregório Gruber: bronzes, na Galeria de Artes Rastro
1983 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Alberto Bonfiglioli
1983 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Sesc Paulista
1984 - São Paulo SP - Lugares: pinturas, desenhos, fotos, na Galeria Alberto Bonfiglioli
1986 - Rio de Janeiro RJ - Bodas de Sangue, na Casa de Cultura Laura Alvim
1986 - Rio de Janeiro RJ - Gregório Gruber: pastéis e video-gráficos, na Montesanti Galleria
1986 - São Paulo SP - Bodas de Sangue, no Escritório de Arte São Paulo
1988 - São Paulo SP - Individual, no Escritório de Arte São Paulo
1988 - São Paulo SP - Voyeur e o Banco, no Espaço D'Artefacto
1990 - São Paulo SP - Gregório Gruber Gravuras: obras sobre papel, no Morumbi Shopping
1993 - São Paulo SP - Individual, Galeria São Paulo
1993 - São Paulo SP - Gregório Gruber: pinturas, papéis, cerâmicas, no Escritório de Arte São Paulo
1993 - São Paulo SP - Pinturas, Papéis, Cerâmicas, na Galeria São Paulo
1995 - São Paulo SP - Gregório Gruber: visões, n'A Hebraica
1996 - Poços de Caldas MG - Gregório Gruber: pinturas, desenhos e esculturas, na Casa de Cultura de Poços de Caldas
1996 - São Paulo SP - Gregório Gruber: pinturas, no Espaço Ox
1996 - São Paulo SP - Gregório Gruber: pinturas, desenhos e esculturas, no Instituto Moreira Salles
2001 - São Paulo SP - Gregório Gruber: pinturas e papéis, na Galeria Múltipla de Arte
2002 - São Paulo SP - Individual, na Bolsa de Mercadorias e Futuros
Exposições Coletivas
1970 - São Paulo SP - 4ºJovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1971 - São Paulo SP - 3º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1971 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Galeria Prestes Maia
1972 - Campinas SP - 8º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC - primeiro prêmio
1972 - Jundiaí SP - 3º Encontro Jundiaiense de Arte, no Museu Histórico e Cultural
1972 - São Paulo SP - 3º Salão Jovem Arte Contemporânea, no MAC/USP
1972 - São Paulo SP - Prêmio Brasil Plástica 72, na Fundação Bienal
1972 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea, no Masp
1973 - Bruxelas (Bélgica) - Image du Brésil, no Manhattan Center
1973 - Rio de Janeiro RJ - Alguns Aspectos do Desenho Brasileiro, na Galeria Ibeu Copacabana
1973 - Santos SP - 2ª Bienal de Artes Plásticas
1973 - São Paulo SP - 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1974 - Belo Horizonte MG - Desenho Brasileiro 74, no Palácio das Artes
1974 - Brasília DF - Desenho Brasileiro 74, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1974 - Campinas SP - 9º Salão de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1974 - Rio de Janeiro RJ - Desenho Brasileiro 74, no MAM/RJ
1974 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão de Verão, no MAM/RJ
1975 - Jundiaí SP - 4º Encontro Jundiaiense de Artes
1975 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Fundação Bienal
1976 - Cali (Colômbia) - 3ª Bienal Americana de Artes Gráficas, no Museo de Arte Moderno La Tertulia
1976 - Rio de Janeiro RJ - Arte Agora I - Brasil 70/75, no MAM/RJ
1976 - São Caetano do Sul SP - Arte Contemporânea 76, na Fundação das Artes
1976 - São Paulo SP - Bienal Nacional 76, na Fundação Bienal
1976 - São Paulo SP - 8º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1977 - Belo Horizonte MG - 5º Salão Global de Inverno, na Fundação Palácio das Artes
1977 - Brasília DF - 5º Salão Global de Inverno, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1977 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Global de Inverno, no Mnba
1977 - São Paulo SP - 5º Salão Global de Inverno, no Masp
1977 - São Paulo SP - 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1978 - Buenos Aires (Argentina) - 15 Artistas Brasileiros, no Museo de Arte Moderno de Buenos Aires
1978 - Maldonado (Uruguai) - 2ª Bienal de Maldonado
1978 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Mnba - prêmio aquisição
1979 - Belo Horizonte MG - 11º Salão Nacional de Arte
1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1979 - São Paulo SP - 11º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1980 - Paris (França) - Bienal de Paris
1981 - São Paulo SP - Artistas Contemporâneos Brasileiros, no Escritório de Arte São Paulo
1982 - Penápolis SP - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1983 - São Paulo SP - 14º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1983 - São Paulo SP - Avenida Paulista, na Galeria Sesc Paulista
1983 - São Paulo SP - Palmeira, na Galeria Alberto Bonfiglioli
1983 - São Paulo SP - 14º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - As Dimensões Urbana e Industrial na Pintura Figurativa Paulista, na Traço Galeria de Arte
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1985 - Penápolis SP - 6º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Fundação Educacional de Penápolis. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1985 - Rio de Janeiro RJ - Velha Mania: desenho brasileiro, na EAV/Parque Lage
1985 - São Paulo SP - Destaques da Arte Contemporânea Brasileira, no MAM/SP
1986 - São Paulo SP - A URBS na Visão de Oito Artistas, na Galeria Montesanti Roesler
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand , no MAM/RJ
1987 - São Paulo SP - 18º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1987 - São Paulo SP - 20ª Exposição de Arte Contemporânea, na Chapel Art Show
1987 - São Paulo SP - 18º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1987 - São Paulo SP - Trama do Gosto, na Fundação Bienal
1988 - São Paulo SP - Juréia, na Sadalla Galeria de Arte
1992 - Santo André SP - Litogravura: métodos e conceitos, no Paço Municipal
1992 - São Paulo SP - Anos 60/70: Coleção Gilberto Chateubriand - MAM/RJ, na Galeria de Arte do Sesi
1993 - Santos SP - 4ª Bienal Nacional de Santos, no Centro Cultural Patrícia Galvão
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos de Unibanco, na Casa da Cultura de Poços de Caldas
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Bandeiras: 60 artistas homenageiam os 60 anos da USP, no MAC/USP
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ
1996 - São Paulo SP ? Bandeiras, na Galeria de Arte do Sesi
1996 - São Paulo SP - OFF Bienal, no MuBE
1997 - São Paulo SP - A Cidade dos Artistas, no MAC/USP
1998 - São Paulo SP - Arte Contemporânea, na Sérgio Caribé Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1999 - São Paulo SP - 8 Artistas Brasileiros, na Sérgio Caribé Galeria de Arte
1999 - São Paulo SP - Litografia: fidelidade e memória, no Espaço de Artes Unicid
2000 - São Paulo SP - O Papel da Arte, na Galeria de Arte do Sesi
2000 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Contemporânea, no Complexo Cultural Júlio Prestes
2001 - São Paulo SP - Museu de Arte Brasileira: 40 anos, no MAB/Faap
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
2002 - São Paulo SP - 8 Artistas Brasileiros Contemporâneos, na Casa das Rosas
2002 - São Paulo SP - Quem Faz as Bienais, na Galeria Múltipla de Arte
2003 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte
2003 - São Paulo SP - Arte & Artistas: exposição dos dezenove pintores, na Masp. Galeria Prestes Maia
2003 - São Paulo SP - Israel e Palestina: dois estados para dois povos, Sesc/Pompéia
2004 - Campinas SP - Coleção Metrópolis de Arte Contemporânea, no Espaço Cultural CPFL
2004 - São Paulo SP - 450 X 45, na Nova André Galeria
2004 - São Paulo SP - Coletiva de Artistas Contemporâneos, no Esporte Clube Sírio
2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural
Fonte: Itaú Cultural