Gilson Ramos Barbosa (Cachoeira BA 1935 - idem 1981)
Pintor, gravador, desenhista, ator, cenógrafo e figurinista.
Participa de diversas peças teatrais em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1956, transfere-se de Cachoeira para Salvador e integra a primeira turma formada pela Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia. Em 1960, muda-se para São Paulo e atua ao lado de Cacilda Becker na montagem da peça A Dama das Camélias para a televisão. Também acompanhando Cacilda Becker, trabalha no Teleteatro, programa da Rede Cultura. A convite de Theon Spanudis, em 1964, realiza a primeira exposição individual, em São Paulo, na Galeria La Ruche. Dedicando-se principalmente à pintura e ao desenho, faz diversas exposições individuais e participa de três edições da Bienal Internacional de São Paulo.
Críticas
"Toda a alegria barroca da vida baiana está presente em seus trabalhos. A sua pintura tem a leveza de uma borboleta. Abacaxis festivos, amontoados de cajus, folhas e flores, pássaros e peixes são seus assuntos prediletos. Coloridos leves, curvas sensuais e exuberantes criam a atmosfera de vivências vibrantes e festivas. Não resta dúvida de que ele é muito talentoso. Se prosseguir seriamente em seu caminho ele poderá com o tempo alcançar aquilo que um Francisco Brennand alcançou".
Theon Spanudis
SPANUDIS, Theon. Gilson Barbosa. In.: BARBOSA, Gilson. Gilson Barbosa. São Paulo : Galeria La Ruche, 1964.
"Aquilo que impressiona mais no seu desenho é a liberdade plástica dos ritmos amplos e exuberantes, a sensualidade e finura da sua sinuosidade, a atmosfera festiva das suas curvas. O colorido limpo, tinente, ora suave, ora forte, cria junto com a riqueza das linhas exuberantes a atmosfera de alegria e de festa. A sua linha lembra, sem dúvida alguma, Matisse, apesar de que ele nunca havia visto desenhos de Matisse, só que ele é mais exuberante que Matisse, um Matisse tropical por assim dizer. A sinuosidade da sua linha tem algo de fabulador e infinito lembrando vagamente os desenhos geométricos das tatuagens dos índios onde a linha se desenvolva também infinitamente, embora seus desenhos não tenham nada de geométrico. Já na sua pintura Gilson é mais restrito. O material não permite tão facilmente as extravagâncias do desenho, as festividades barrocas. Comparada com seu desenho, a sua pintura parece mais simples e simplória, sem a exuberância realmente orgiástica e embriagada do seu desenho. Em compensação tem outras qualidades interessantes. Se a linha não pode mais desenvolver livremente seus arabescos, temos em sua pintura a beleza virginal das formas poética e densas, e a beleza do colorido. O seu colorido é extremamente leve, poético e epidérmico, embora vivo e alegre. Toda a leveza de uma juventude despreocupada está neste colorido. O seu colorido não passou ainda sofrimentos. Não tem ainda a densidade do amadurecimento. Esta é a sua vantagem e desvantagem ao mesmo tempo. Mas apesar desta leveza poética e epidérmica o seu colorido tem uma qualidade realmente rara e excepcional. É estrutural".
Theon Spanudis
SPANUDIS, Theon. A Pintura de Gilson Barbosa. In: Habitat 83. Arquitetura, Interiores, Artes Plásticas, Artesanato. Sem Local, 1965, pp. 64-65.
"O Gilson Barbosa que voltou a São Paulo é um artista maduro, requintado. Um pintor que aprendeu a utilizar e dominar a técnica que escolheu; um pintor que filtrou tudo o que viu nos museus e galerias da Europa e se não chegou, ainda, a criar um estilo próprio e marcante, já tem uma iconografia inconfundível. Ela é feita de erotismo declarado ou sutil; de frutos da terra; de montanhas que são carne humana petrificada; de dedos denunciando dor e violência; de bandeiras desfraldando ou de pedras suspensas no espaço; tão caras a Magritte. O Gilson Barbosa de hoje é um artista preocupado com o Homem, a figura sempre presente e quase sempre central de suas telas".
Olney Krüse
BARBOSA, Gilson. Pinturas de Gilson Barbosa. Apresentação Olney Krüse. São Paulo : Grife, 1977. folha dobrada s. il.
Exposições Individuais
1964 - São Paulo SP - Primeira Individual, na Galeria La Ruche
1965 - São Paulo SP - Individual, na Galeria São Luís
1967 - São Paulo SP - Individual, no Auditório Itália
1969 - São Paulo SP - Individual, na Azulão Galeria
1969 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Voltaico
1977 - São Paulo SP - Pinturas de Gilson Barbosa, na Galeria Grife
Exposições Coletivas
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna
1966 - Salvador BA - 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas
1967 - São Paulo SP - 16º Salão Paulista de Arte Moderna - medalha de prata
1967 - São Paulo SP - 1ª Exposição de Pintores Surrealistas do Brasil, no Auditório Itália
1967 - Campinas SP - 3º Salão de Arte Contemporânea
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1968 - Salvador BA - 2ª Bienal Nacional de Artes Plásticas, no MAM/BA
1968 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Pintores Surrealistas do Brasil, no Auditório Itália
1968 - São Caetano do Sul SP - 2º Salão de Arte Contemporânea de São Caetano do Sul
1969 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Contemporânea, no Masp
1973 - Madri (Espanha) - Grabadores del Nuevo Mundo, na Galeria Aele
1979 - São Paulo SP - Coleção Theon Spanudis, no MAC/USP
Fonte: Itaú Cultural