Gaspar Gasparian (São Paulo SP 1899 - Idem 1966)
Fotógrafo.
Filho de imigrantes armênios, dedica-se na juventude ao comércio de tecidos e roupas nas lojas da família. Em 1938, investe na indústria têxtil e cria o Lanifício Brazilia. Em 1940, começa a fotografar como amador e se associa, em 1942, ao Foto Cine Clube Bandeirante. Neste período, participa de diversas exposições e salões internacionais. Em 1950, deixa o Foto Cine Clube Bandeirante para fundar o Grupo dos Seis, junto com Fernando Palmério, Ricardo Belinazzi, Otávio Pini e José de Amorim Júnior; continua, entretanto, a participar de salões e outros eventos fotoclubísticos. Expõe no Salão Paulista de Arte Fotográfica, em 1944, quando obtém o prêmio Anchieta; na Exposição Internacional de Arte Fotográfica, Rio de Janeiro, 1952, obtém a medalha de prata. Parte das suas obras estão publicadas no álbum Gaspar Gasparian 1954-1955 e, após sua morte, no livro Gaspar Gasparian: um fotógrafo paulista, Editora Marca D´Água, 1988. Em 1990, o Museu da Imagem e do Som, MIS/SP, realiza uma retrospectiva da sua obra. Em 2001, suas fotos são incluídas na Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, no Masp, São Paulo.
Críticas
"Lembrar um fotógrafo é sempre um fato de verdadeiro interesse. No caso do saudoso Gaspar Gasparian, particular tarefa. A introdução que se segue, de dois evocadores do tempo em que Gasparian se dedicou à arte da objetiva, me faz lembrar, e de certo modo me sinto como parte, daquela turma de fotógrafos, da época em que se descobriam os meios de reproduzir o que se queria manipulando uma máquina fotográfica, que a princípio utilizava chapas, para depois se passar à novidade de nela introduzir um filme em rolo. Admirando o quanto aquele filiado ao Fotocine Clube Bandeirante nos deixou, me senti bem próximo e também seu companheiro, tendo, como ele, o prazer de viajar com uma câmera nas mãos. Naqueles tempos, lidando com uma das primeiras Leica, tive a coragem de levá-la comigo numa longa viagem à Rússia. O empenho em não perder tempo levou-me a reproduzir paisagens e cenas de rua. Porém, devido às dificuldades imprevistas, especialmente a de obter filmes, os resultados foram amadorísticos, o que me convenceu de que a arte da fotografia precisava de estudo e não de impaciência. Alguma coisa consegui pôr em prática. Mas, vendo as preciosas imagens de Gasparian, convenço-me de que ele foi certo e justo. Como se vê neste álbum, uma natureza-morta é um exemplo de se ter, antes de tudo, decisão, superando os muitos problemas que se interpõem entre a objetiva e o tema escolhido. Fácil compreender que o tirocínio de Gasparian foi dos mais meditados. Detalhes de composições, especialmente das naturezas-mortas, demonstram que foi necessário esperar a luz conveniente e calcular o tempo de exposição com atenção. Faz-me lembrar os inúmeros pintores acadêmicos, cujos mestres os faziam repetir uma pintura muitas vezes. E como fotografar é igual a pintar, as considerações dos lugares escolhidos são bem apropriadas. A arte fotográfica exige paciência, não se consegue nada de positivo sem ela. Gasparian me parece, além de uma pessoa paciente, alguém empenhado em descobrir a arquitetura, que captou em panorâmicas composições rítmicas de sombra e luz. O que dizer num prefácio dedicado a Gasparian, a não ser recomendar a quem vier a apreciar este álbum que considere o trabalho do autor com a dedicação que merece?"
Pietro Maria Bardi
Gordinho, Margarida Cintra, org. Gaspar Gasparian: um fotógrafo paulista. p. 11-12.
"A trajetória de Gasparian é exemplar: sua produção nos permite acompanhar o desenvolvimento estético da fotografia cubista, bem como dimensionar as contribuições deste movimento no panorama mais amplo da cultura brasileira. Começou a fotografar fortemente influenciado pela estética pictorialista, ainda vigente no meio, destacando-se como um dos artistas mais premiados em salões do Brasil e do exterior. O pictorialismo intentava dar à fotografia o estatuto de obra de arte, adotando como modelo a pintura acadêmica do século XIX. Imbuído desse ideal, Gasparian realizou grande parte do seu trabalho. Não é de estranhar, portanto, que o gênero natureza-morta, tão caro ao repertório clássico da arte do século passado, apareça com tamanha freqüência em sua produção. São objetos, sobretudo garrafas e copos, frutas e até mesmo animais mortos, dispostos cuidadosamente de modo a formar uma composição harmoniosa. As luzes e sombras realçam o contorno das formas, cujas texturas, quase palpáveis, se devem ao emprego de técnicas pictoriais no tratamento da cópia fotográfica. O uso dessas técnicas, de difícil aplicação, como o bromóleo e a goma bicromatada, fazia com que o resultado final se confundisse com desenhos de finíssimo acabamento. Além das naturezas-mortas, Gasparian realizou inúmeras paisagens dentro de um pronunciado espírito acadêmico. São fotos de foco suave, que realçam a beleza dos lugares fotografados. Dedicou-se ainda ao table top, tipo de fotografia de estúdio, onde o fotógrafo criava uma miniatura do mundo e que geralmente apelava para o sentimentalismo. O table top foi muito utilizado no ambiente fotoclubista da época. "
Helouise Costa e Renato Rodrigues
Gordinho, Margarida Cintra, org. Gaspar Gasparian: um fotógrafo paulista. p. 13-14.
Acervos
Coleção Gaspar Gasparian Filho - São Paulo SP
Coleção Pirelli/Masp de Fotografias - São Paulo SP
Exposições Coletivas
1943 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Arte Fotográfica
1944 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Fotográfica - Prêmio Anchieta
1945 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Fotográfica
1946 - Buenos Aires (Argentina) - 10º Salão Anual de Arte Fotográfica Internacional, no Fotoclube Argentino
1946 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Arte Fotográfica
1946 - Zaragoza (Espanha) - Salão Internacional de Fotografia Artística
1947 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Fotográfica
1948 - Antuérpia (Bélgica) - Salão de Antuérpia
1948 - Dinamarca - 2º Salão Internacional da Dinamarca
1948 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Fotográfica
1948 - Vancouver (Canadá) - 9º Salão Internacional de Vancouver
1949 - Barcelona (Espanha) - Salão Internacional de Arte Fotográfica
1949 - Cairo (Egito) - 3º Salão de Cairo
1949 - Quebec e Montreal (Canadá) - Salão Internacional de Fotografia de Quebec
1949 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Fotográfica
1950 - Antuérpia (Bélgica) - Salão de Antuérpia
1950 - Berna (Suíça) - 1ª Photo-Biennale der FIAP - Fédération Internationale de l´Art Photographique
1950 - Cuba - 4º Salão Internacional de Cuba
1950 - Estocolmo (Suécia) - 1º Salão Internacional de Estocolmo
1950 - Lisboa (Portugal) - Salão Internacional de Arte Fotográfica
1950 - Luxemburgo (Luxemburgo) - Salão Internacional de Arte Fotográfica
1950 - Paris (França) - Salão Internacional de Paris
1950 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Internacional de Arte Fotográfica
1950 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Fotográfica
1950 - Zaragoza (Espanha) - Salão Internacional de Fotografia Artística
1951 - Barcelona (Espanha) - Salão Internacional de Arte Fotográfica
1951 - Bengalore (Índia) - 4º Salão de Bengalore
1951 - Bolonha (Itália) - 5ª Mostra de Retratos e Figuras de Bologna
1951 - Escócia - 35º Salão da Escócia
1951 - Paris (França) - Salão Internacional de Paris
1951 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Arte Fotográfica
1951 - Tres Arroyos (Argentina) - 12º Salão Anual de Arte Fotográfica - menção especial
1951 - Zaragoza (Espanha) - Salão Internacional de Fotografia Artística
1952 - Barcelona (Espanha) - Salão Internacional de Arte Fotográfica
1952 - Lyon (França) - 17º Salão de Lyon
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Internacional de Arte Fotográfica, na Associação Brasileira de Arte Fotográfica - medalha de prata
1952 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Arte Fotográfica
1955 - Hong Kong (Inglaterra, atual China) - 10º Salão Internacional de Hong Kong
1955 - Lisboa (Portugal) - Salão Internacional de Arte Fotográfica
1955 - San Sebastian (Espanha) - 8º Salão Internacional de Fotografia
1956 - Belo Horizonte MG - Exposição Internacional de Arte Fotográfica, no Fotoclube de Minas Gerais
1956 - Luxemburgo (Luxemburgo) - Salão Internacional de Arte Fotográfica - medalha de prata
1956 - Recife PE - 3º Salão Nacional de Arte do Recife, no Fotocine Clube do Recife
1958 - Cingapura - 9º Salão de Cingapura
1958 - Lisboa (Portugal) - Salão Internacional de Arte Fotográfica
1958 - Iugoslávia - Salão Iugoslavo - medalha de prata
1959 - Zaragoza (Espanha) - Salão Internacional de Fotografia Artística
1960 - Belo Horizonte MG - Exposição Internacional de Arte Fotográfica, no Fotoclube de Minas Gerais
1960 - Moçambique - 7º Salão Internacional de Arte Fotográfica - medalha de bronze
1961 - Alicante (Espanha) - 10º Salão Internacional de Fotografia
1961 - Adelaide (Austrália) - 2ª Exposição Anual de Fotografia, no Adelaide Camera Club - placa de prata
1961 - Bangcoc (Tailândia) - Salão Internacional de Fotografia Pictórica
1963 - Áustria - 9º Internacional Photo
1963 - Belo Horizonte MG - Exposição Internacional de Arte Fotográfica, no Fotoclube de Minas Gerais
1963 - Guanabara RJ - 1º Salão Nacional de Arte Fotográfica
1963 - Zadar (Iugoslávia, atual Croácia) - Bienal de Fotografia
1963 - Zaragoza (Espanha) - Salão Internacional de Fotografia Artística
1964 - Vitória ES - 17º Salão Internacional de Arte Fotográfica, no Fotoclube do Espírito Santo - primeiro prêmio
1964 - Volta Redonda RJ - 40º Salão Nacional de Arte Fotográfica - Troféu da Companhia Siderúrgica Nacional
1965 - Belém PA - Salão Paraense de Arte Fotográfica - medalha de prata
1965 - Belo Horizonte MG - Exposição Internacional de Arte Fotográfica, no Fotoclube de Minas Gerais
1965 - Zaragoza (Espanha) - Salão Internacional de Fotografia Artística
Exposições Póstumas
1990 - São Paulo SP - Um Fotógrafo Paulista, no MIS/SP
2001 - São Paulo SP - 10ª Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, no Masp
2001 - Campinas SP - Realidades Construídas: do pictorialismo à fotografia moderna, no Itaú Cultural
2001 - Belo Horizonte MG - Realidades Construídas: do pictorialismo à fotografia moderna, no Itaú Cultural
Fonte: Itaú Cultural