Essila Paraíso (Ivrea, Itália 1941)
Fotógrafa.
Essila Burello Paraíso mudou-se para o Brasil em 1946 e fixa-se residência na cidade do Rio de Janeiro. Conclui estudos na EAV/Parque Lage, em 1972. Entre 1972 e 1974, freqüenta o Centro de Pesquisa de Arte; de 1984 a 1987, estuda museologia na Universidade do Rio de Janeiro. Em 1977, publica o anúncio Venda de Objetos de Arte, no Guia Semanal das Artes do Jornal do Brasil, como parte do projeto Em Arte Nada se Cria, Nada se Perde, Tudo se Transforma.
Críticas
"(...) Os projetos de Essila elaboram um mesmo e único material: objetos diversos, nos quais obras de arte foram apropriadas e incorporadas. Num primeiro momento, pode parecer, a partir das características destes objetos, que a investigação da artista vincula-se ao Kitsch. O que está em questão, porém, não é a denúncia de uma diluição/vulgarização da arte, nem tampouco a valorização das imagens produzidas e/ou consumidas na chamada cultura popular. O material elaborado dá o tom da estratégia geral da série - com toda a certeza este tom não é o Kitsch - mas não a esgota. É na relação entre objetos e os outros elementos com os quais Essila trabalha, que se encontra o sentido de sua produção recente. No primeiro projeto, 'Matéria de uso' (1975), o tratamento dado aos objetos aparece claramente definido. 'Esses objetos, encontráveis no mercado, foram classificados conforme o Código de Propriedade Industrial, distribuídos em quarenta e uma classes de artigos, produtos e serviços'. Há, pois, um critério que define o grupamento dos objetos. Seu uso é preciso, uma vez que classifica produtos industriais, destinados a um mercado capitalista. Mas os objetos apresentam uma outra característica comum que se sobrepõe à primeira - em todos eles há referência a obras de arte. Essila exerce um direito adquirido pelos artistas contemporâneos - a possibilidade de apropriar-se de objetos fora do circuito de arte e trazê-los para dentro dele. Mas essa não é a chave fundamental para a compreensão da inteligência interna de seu trabalho. O essencial é o objetivo da apropriação e o que está pretendendo discutir e afirmar. 'Matéria em uso' põe em destaque o que a ideologia do mercado de arte nunca diz claramente: o trabalho do artista é um produto e como tal, antes de mais nada, uma mercadoria. É impossível escapar desta leitura no projeto. O critério classificatório - Código de Propriedade Industrial - torna explícita a intenção crítica do trabalho. Se as imagens incorporadas aos objetos são o passaporte para seu ingresso no sistema de arte, o critério adotado impede que este ingresso dilua o que Essila quer sublinhar. É claro que a apresentação de obras-primas, ilustrando mercadorias banais destinadas a um consumo supérfluo - bolsinhas, chaveiros, embalagens diversas etc. - aludem à dimensão mercantil inseparável dos produtos artísticos nas sociedades capitalistas. (...) A mudança do contexto dos objetos altera, com certeza, a função a que se destinavam, transformando-a em uma função nova: arte. O que está em pauta, porém, é o que foi mantido intacto nesta transformação. O Código da propriedade Industrial sinaliza que, para além das diferenças, existe algo que é comum a ambos contextos - uma obra de arte e um objeto qualquer são mercadorias. Associação incômoda, que afirma haver identidade entre realizações de grandes artistas e o produtor sem rosto das coisas de nosso quotidiano".
Fernando Cocchiarale
A HISTÓRIA da Arte: exposição de Essila Paraíso. Texto Fernando Cocchiarale. Rio de Janeiro: Espaço Arte Brasileira Contemporânea/Funarte, 1980. s. n.
Exposições Individuais
1976 - Rio de Janeiro RJ - Opera Aperta/Opera Arte, na EAV/Parque Lage
1978 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Fotográfica, no MAM/RJ
1980 - Rio de Janeiro RJ - História da Arte, Espaço ABC/Funarte
1981 - Rio de Janeiro RJ - Viagem Pitoresca, no Solar Grandjean de Montigny
Exposições Coletivas
1972 - São Paulo SP - Mostra de Arte Sesquicentenário da Independência e Brasil Plástica - 72, na Fundação Bienal
1973 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Libraria Divulgação e Pesquisa
1976 - São Paulo SP - Novos e Novíssimos Fotógrafos, no MAC/USP
1976 - Antuérpia (Bélgica) - Small Press Festival, na Galerie Kontakt
1976 - Kassel (Alemanha) - Multimedia III, na Galeria Riccardo Bottinelli
1976 - Montecatini (Itália) - Eighteen Brazilian Artists, na Universitá di Padova - Galleria Spazio Alternativo
1977 - São Paulo SP - Poéticas Visuais, no MAC/USP
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas - Atitudes Contemporâneas
1985 - São Paulo SP - Tendências do Livro de Artista no Brasil, no CCSP
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
Fonte: Itaú Cultural