Elim Saturnino Ferreira Dutra (Bom Jesus RS 1942)
Escultor.
É diplomata de carreira, formado pelo Instituto Rio Branco do Rio de Janeiro. Estuda escultura com Leão Veloso no antigo Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro, atual EAV/Parque Lage, entre 1964 e 1966. Cursa gravura em metal, na Universidade de Brasília, em 1972. A serviço do Itamaraty representa o Brasil na Itália, Argentina e Estados Unidos, nas décadas de 70 e 80. Dirige a Agência Brasileira de Cooperação, em Brasília, na década de 90. Desde 2001 é embaixador do Brasil em Estocolmo, Suécia.
Críticas
"Conheço Elim Dutra há cerca de nove anos. Sei do empenho e da seriedade que ele dedica ao fazer escultórico. Nesse espaço de tempo, sua escultura tornou-se mais leve, caminhando para uma síntese só conseguida através da circunstância e do respeito ao material que ele trabalha, sobretudo a madeira. As formas que estão no interior do artista e se transformam em matéria visível tendem, cada vez mais, a relacionar-se com o mundo exterior, produzindo, assim, uma dialética enriquecedora entre o seu universo de formas subjetivas que afloram do inconsciente e a realidade que o cerca. Embora intimistas, as formas significativas de Elim, por suas características especiais, se impõem e buscam integrar-se em ambientes exteriores. A meu ver, da síntese das artes, isto é, participação da escultura-pintura na obra arquitetônica e urbanística".
Rubem Valentim
DUTRA, Elim. Esculturas. Textos Elim Dutra, Rubem Valentim, Ijalmar Nogueira. São Paulo: Galeria de Arte do Sesi, 1982.
"Desde sempre fui apaixonado pelas árvores, pela madeira e pelos objetos feitos de madeira. As casas, os velhos arados, as ferramentas, as mesas, cadeiras, utensílios. Trabalhar com madeira para mim é algo sagrado, como uma religião. Talvez nenhum material tenha sido tão útil e tão ligado ao desenvolvimento humano como a madeira. Gosto também de trabalhar com mármore e com bronze, mas a madeira, para mim, é mais nobre do que a pedra e do que o metal, porque tem vida, tem poros, respira, e mesmo depois de cortada continua com sua energia e a se relacionar com o meio em que se encontra. Reage ao calor, ao frio, à umidade e à luz. Se dilata, abre e fecha os poros, muda de cor... mais do que qualquer outro material, a madeira atrai o ser humano, que tem vontade de nela tocar e sentir sua energia positiva. Como brasileiro, vivo em um país que tem, talvez, as mais belas madeiras do mundo. O Pau Brasil é o mais nobre dos exemplos. Com sua cor vermelho brasa, ou " vermelho Brasil ", usado como tintura pelos índios, acabou dando nome ao país de onde é originário. Considero um objetivo nobre, mostrar a dignidade e a beleza das madeiras de lei através de obras de arte, e incentivar as pessoas a respeitá-las e preservá-las".
Elim Dutra
DUTRA, Elim. Elim Dutra. Textos Armindo Trevisan, Rubem Valentim, Ijalmar Nogueira, José Neistein, Carlos Alberto Martinez, Maria Teresa Guerreiro, Isabel Rith-Magni. Fotografia Rui Fachini. Porto Alegre: Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, 1997. s. n.
"A escultura de Elim Dutra é plenamente moderna e contemporânea. Moderna no que tem de objectual; contemporânea por sua elaboração minimalista. A revolução artística, que culminou no Abstracionismo, consistiu em dar à natureza - à matéria em si - mais atenção do que às projeções psicológicas do artista que, em épocas passadas, se esforçava por absorver o mundo exterior no seu próprio mundo. (...) Elim segue, literalmente, os veios da madeira. Nada lhe escapa. É um corpo-a-corpo limpo, glorioso. A madeira não é despoticamente submetida; é convidada a revelar-se. Com sutileza, a mão de Elim persegue a coreografia subjacente ao que foi outrora raiz, tronco, ramagens, flores. A genealogia da terra, inscrita no suporte, emerge. Por quê? Não para permitir ao homem que atravanque com suas idéias, dogmas, sentimentos... Não! O artista, lúcido e humilde, não quer transformar o lenho numa estátua ou numa imagem; quer induzi-lo a ser mais lenho, a expor-se, a entremostrar a sua intimidade. Por isso, a escultura de Elim é uma escultura ecológica. A madeira é respeitada, quase reverenciada. O artista, simplesmente, dá-lhe a mão, não para a mutilar ou racionalizar, constrangendo-a a assumir formas alheias a si, como seriam um rosto, ou um ângulo reto (que não existe na natureza), mas para transformar num poema, nascido de sua própria necessidade. É admirável contemplar a volumetria sinfônica de tais peças! Cada uma delas se liga às demais por uma espécie de parentesco intrínseco, e o homem, ao vê-las, e também tocá-las, sente que algo de si surge na indiferença da pele polida, paradoxalmente cálida. É este o segredo das madeiras amorosamente esculpidas por Elim. Uma lição de solidariedade e respeito, de amor jubiloso e sentido cósmico".
Armindo Trevisan
DUTRA, Elim. Elim Dutra. Textos Armindo Trevisan, Rubem Valentim, Ijalmar Nogueira, José Neistein, Carlos Alberto Martinez, Maria Teresa Guerreiro, Isabel Rith-Magni. Fotografia Rui Fachini. Porto Alegre: Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, 1997. s. n.
Exposições Individuais
1982 - Brasília DF - Individual, na Galeria do Teatro Nacional
1982 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte da Fiesp
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Aktuel
1984 - Washington (Estados Unidos) - Individual, na Touchstone Gallery
1984 - Brasília DF - Bronzes, na ECT Galeria de Arte
1985 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, no One Citycorp
1988 - Bogotá (Colombia) - Esculturas, no Museo de Arte Contemporaneo de Bogotá
1990 - Brasília DF - Individual, na ECT Galeria de Arte de Brasília
1993 - Munique (Alemanha) - Individual, das Haidhausen Museum
1997 - Porto Alegre RS - Individual, no MAC/RS
1998 - Brasília DF - Esculturas, no Vecchia Bar
Exposições Coletivas
1981 - Brasília DF - 3º Salão Naval de Artes Plásticas - 1º prêmio escultura
1981 - Curitiba PR - 38º Salão Paranaense, no Teatro Guaíra
1982 - Recife PE - 1º Salão de Arte Latina
1982 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Skultura
1983 - Porto Alegre RS - A Escultura Contemporânea do Rio Grande do Sul, na UFRS
1983 - São Paulo SP - Esculturas Contemporâneas do Rio Grande do Sul, na Galeria Skultura
1983 - Porto Alegre RS - 3 Escultores Gaúchos, na Galeria Singular
1983 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, na Galeria Aktuel
1983 - Washington (Estados Unidos) - Christmas Show, na Touchstone Gallery
1984 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Skultura
1984 - Porto Alegre RS - Coletiva, Galeria Singular
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Coletiva, na Kouros Gallery
1984 - Washington (Estados Unidos) - Expansion: Two and Three Dimensional Large Works, na Touchstone Gallery
1984 - Washington (Estados Unidos) - The Philips Collection Benefit
1985 - Washington (Estados Unidos) - Brazilian 20th Century Art From Washington Collections, na Baci Art Gallery
1985 - Nova York (Estados Unidos) - Coletiva, na Kouros Gallery
1985 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Skultura
1987 - Porto Alegre RS - Coletiva, na Galeria Bolsa de Arte
1987 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Skultura
1991 - Brasília DF - Coletiva, na Galeria Performance
1991 - Brasília DF - Coletiva, na Galeria Visual
1992 - Porto Alegre RS - Coletiva, na Galeria Bolsa de Arte
1992 - Porto Alegre RS - Coletiva, na Galeria Marisa Soyberman
1993 - Hamburgo (Alemanha) - Kunst im Zürichhaus, na Zürich-Haus
1994 - Bonn (Alemanha) - Elim Dutra und Sérgio Lemos, na Galeria BMW
1997 - Hanover (Alemanha) - Feira Internacional de Hanover
Fonte: Itaú Cultural