Efigenia Helu
…“Verbalizando à exaustão, quase congelada na teoria, até enfim liberar a mão em um fazer catártico… Ainda é possível pintar… Acreditei…”
Pintora nata e intelectualizando-se por inquietude existencial, os dois lados, segundo ela mesma, conflitavam.
Esta é uma abordagem um pouco, digamos, menor para que se explique a atuação intermitente ou diletante, de quem, por vivência, formação e sensibilidade artística, sempre teve muito a dizer.
Neste espaço falemos apenas de como sua vocação surgiu.
Quando ainda menina, vivendo no interior de São Paulo, espontaneamente, sem qualquer estímulo familiar, acadêmico ou especializado, desenhava e pintava o que via; a avó, a irmã, o irmão, uma amiga, outra amiga, a carismática cozinheira, quem quer se dispusesse posar para ela (enquanto a educação formal, de mais de doze anos, aplicava-se muito mais para a música).
Na adolescência tornou-se também copista.
Sozinha, entre modelos vivos e cópia de grandes mestres, buscava vorazmente satisfazer seu gosto insaciável pela arte, conformando-se já ali, o rigor da técnica, presente em sua produção, dos últimos 30 anos, quando sua poética aflorou com extrema nitidez e força dramática.
Independente do suporte, formato ou diversidade dos elementos plásticos, é possível reconhecer de imediato sua obra, seja pela expressividade do traço… o estranhamento… a contundência do tema…
Compõe assemblages… personas… simples cabeças…
“O sublime e o grotesco como opostos existenciais da linguagem poética” – máxima de Baudelaire – ja haviam sido criticamente detectados em sua linguagem plástica.
” A modernidade –escreveu Baudelaire, in“The painter of modern life”,1863. é o transitório, o fugidio, o contingente; é uma metade da arte, sendo a outra o eterno e o imutável”.
Dessa dualidade- o transitório e o imutável- dessa tensão que não se supera Efigênia entende então que sim… ainda é possível…
Abraça com encantamento a ideia da imutabilidade interpretando-a como ilusão, eterno desejo e compõe sua diretriz:
“…Não pinto enfim para falar de pintura, mas do homem, num pranto soturno, borrado de rímel e batom…”
Efigênia Helu
Artista plástica:
Escola Brasil. Núcleo Inicial do Ateliê São Paulo.
Socióloga:
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP-SP.
Fonte: Site do artista