Há mais de dez anos intervindo na rua como artista urbano, Chivitz cravou seu nome no cenário artístico-underground de São Paulo através de seus trabalhos intrinsecamente relacionados ao graffiti e à tatuagem. Criador de uma linguagem híbrida que vagueia entre estes dois campos da pintura e se instala em suportes variados, o artista apresenta trabalhos dotados de estética inconfundível, marcada pelo uso das cores lilás, cinza, preta, branca e magenta. A originalidade de seu estilo é resultado de sua vivência na atmosfera urbana do Skate e do Hip Hop e de outras interfaces da cidade, instigando sua mente criativa o tempo todo.
Desde o início de suas atividades como grafiteiro, suas obras estiveram voltadas para o estilo figurativo de pintura, no qual predominam bonecos assombrosos e figuras fantasmagóricas dotadas de feições humorísticas e sarcásticas. A aparência aparentemente tranqüila e pacata de seus personagens é facilmente posta em questão a partir de suas expressões faciais e corporais, que revelam personalidades carregadas de uma malícia tenebrosa, particular ao universo da rua.
Há nitidamente em seus trabalhos um jogo de opostos traduzidos ora pelas cores utilizadas, ora pela temática das obras. A cor preta representa uma negatividade depressiva e opressiva responsável por reforçar o universo sombrio das personagens.
Em contrapartida, o uso do violeta e do lilás reequilibra o cenário e purifica os espíritos das personagens. A temática de suas obras é também permeada por dois tipos de realidade, a primeira, de caráter onírico no qual os personagens se instalam em cenários psicodélicos e se encontram em situações irreais, e uma segunda que corresponde à realidade mundana, cercada de elementos concretos do cotidiano. Esta estética traduz um universo mortiço, porém animado, capaz de arrancar sorrisos do público.
Chivitz demonstra talento nas diversas vertentes estéticas do graffiti, desde seus bombs, caracterizados com símbolos próprios enunciando &ldquoChiv&rdquo até a produção de painéis de grande extensão. O artista mostra-se inovador também no que diz respeito à tipografia de seus trabalhos, cujas letras possuem raízes no graffiti tradicional e na pixação paulistana.
Seus trabalhos também podem ser contemplados em galerias de arte urbana, dispersas pela cidade. As performances do artista ganharam notoriedade em outra esfera artística, o cinema, no qual vem atuando como personagem de grande destaque nos recentes filmes nacionais: &ldquoO Magnata&rdquo e &ldquoInversão&rdquo, ou ainda no internacional &ldquoBlindness&rdquo com estréia ainda indefinida. Suas participações em vídeo se desdobram para a série autoral de &ldquoOs Queixeiras&rdquo, na qual é diretor, editor e produtor. O seriado trata com humor algumas situações do cotidiano vivenciadas por parceiros do graffiti, e narradas por seus respectivos rostos colocados de ponta-cabeça no vídeo e ilustrados pelo próprio artista.
Texto: Rick Kubota
Chivitz
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