Celso Oliveira (Rio de Janeiro RJ 1957)
Fotógrafo.
Celso de Oliveira Silva começou a fotografar em 1975 enquanto trabalha como assistente de laboratório no Estúdio Fotografismo e Artes, no Rio de Janeiro. Em seguida, transfere-se para São Paulo e inicia a carreira de fotojornalista, colaborando em diversos jornais e revistas como Veja, IstoÉ, Visão, Tênis Esporte e O Globo. Em 1980, muda-se para Fortaleza, onde integra a equipe coordenada por Chico Albuquerque (1917-2000) no jornal O Povo e participa do grupo de fotógrafos Dependentes da Luz. Na capital cearense, junto com o fotógrafo Tiago Santana (1966), em 1994, cria a agência e editora Tempo D'Imagem, com o objetivo de desenvolver ensaios documentais e livros de fotografia. Seu trabalho está voltado, sobretudo, para o registro de manifestações culturais e festas populares do Nordeste. Participa de diversas exposições, tanto no Brasil quanto no exterior, entre as quais se destaca o 5º Colóquio Latino-Americano de Fotografia, realizado na Cidade do México, em 1996. No fim da década de 1990, com Santana, Antonio Augusto Fontes (1948), Ed Viggiani (1958) e Elza Lima (1952), desenvolve o projeto Brasil sem Fronteiras, documentando as cidades fronteiriças do oeste do país. O trabalho dá origem a um livro homônimo, lançado em 2001. Oliveira vive entre Fortaleza e Rio de Janeiro, onde mantém uma filial da editora Tempo D'Imagem.
Comentário Crítico
Celso Oliveira se dedica, sobretudo, a projetos de fotografia documental. Diferente do fotojornalismo diário em que o profissional registra acontecimentos pontuais e não tem controle sobre o que será publicado, o fotodocumentarista escolhe o assunto, aborda-o num tempo alargado e edita as próprias imagens. Com o intuito de afirmar um ponto de vista pessoal, para ele as questões estéticas são tão importantes quanto a representação do referente. O trabalho é visto como uma junção de arte e jornalismo e seu objetivo é quase sempre a realização de livros e exposições. Do ponto de vista histórico, o trabalho de Oliveira se alinha à tradição documental internacional representada pelos fundadores da agência Magnum Photos: Robert Capa (1913-1954), Henry Cartier-Bresson (1908-2004), David Seymour (1911-1956) e George Rodger (1908-1995). Para eles, a fotografia não é um testemunho imparcial, mas uma forma de intervenção social. Por ela, poderiam revelar realidades pouco conhecidas e denunciar injustiças.
Os principais temas de Oliveira são a cultura popular e as festas religiosas do Norte e Nordeste do Brasil. Em seu trabalho, os enquadramentos e a ordenação dos elementos no plano afastam a fotografia de uma dimensão meramente objetiva. Buscando evitar o imediatismo da mensagem, o fotógrafo frequentemente mostra indivíduos fragmentados, borrados ou encobertos por objetos. Como num desenho inacabado que torna presente algo que não está completo, os desfocamentos e cortes levam o observador a imaginar como são as formas das coisas que estão ocultas.
Críticas
"Em 1972, uma matéria publicada na revista Realidade sobre a seca do Nordeste, no Ceará, com fotos de Walter Firmo, teve uma importância fundamental para que Celso Oliveira se decidisse pela carreira de fotógrafo. ´Quando vi essas fotos, pensei, um dia quero ir para o Nordeste. ´
Filho de mãe nordestina, radicada no Rio de Janeiro, Celso, desde os 13 anos, trouxe consigo o desejo de reencontro com as raízes. Já no Nordeste, em 1982, uma determinação: fotografar a questão da religiosidade. De início, o encanto pela luminosidade do Ceará é expressa através de uma fotografia colorida. Em 1986 faz a opção pela fotografia em preto-e-branco, para ressaltar o aguçamento da tensão e do contraste sobre a luz do Ceará.
Diversos fotojornalistas exerceram influência sobre a obra de Celso Oliveira. Com o amigo Ed Viggiani, em 1982, em Fortaleza, tem a oportunidade de avaliar o uso da fotografia em preto-e-branco, no material produzido por Ed sobre religiosidade.
Outras influências vieram ao longo do tempo. Da convivência com Tiago, capta a importância do rigor do acabamento da imagem e da apresentação do trabalho. Da leitura dos grandes mestres, destaca as referências visuais de Cartier-Bresson, Joseph Koudelka e Sebastião Salgado, que aparecem como sementes à espera de um novo plantio".
Ângela Magalhães e Nadja Peregrino
MUSEU DO CEARÁ. Quem somos nós: fotografia - Tiago Santana e Celso Oliveira. Texto Angela Magalhães, Nadja Peregrino; tradução Thaís Costa. Fortaleza: Museu do Ceará. 20 p., il. p&b.
Acervos
Coleção Joaquim Paiva
Coleção Pirelli/Masp de Fotografias - São Paulo SP
Coleção da Fundação Cultural de Curitiba - Curitiba PR
Exposições Coletivas
1982 - Fortaleza CE - Fotografia, na Galeria Raimundo Cela
1984 - Rio de Janeiro RJ - 1º FotoNordeste, na INFoto/Funarte
1991 - Fortaleza CE - 41º Salão de Abril, na Fundação Cultural de Fortaleza
1991 - Rio de Janeiro RJ - FotoRiografia, no MAM/RJ
1991 - São Paulo SP - Fotojornalismo dos Anos 80, no MIS/SP
1992 - Belém PA - 1º Salão Paraense de Arte Contemporânea, na Fundação Cultural do Pará
1992 - Fortaleza CE - 42º Salão de Abril - 1º prêmio
1992 - Munique (Alemanha) - Nahe Dem Wildem Herzen (500 Anos de Descobrimento da América), na Aspekte Galerie - menção honrosa
1993 - Belém PA - 12º Salão Arte Pará, na Fundação Romulo Maiorana
1993 - Belém PA - 2º Salão Paraense de Arte Contemporânea, na Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves
1993 - Fortaleza CE - Arte Postal Ceará, Dependentes da Luz, na Galeria do Centro de Turismo
1993 - Fortaleza CE - Fotografia Contemporânea Cearense, na Galeria Ignês Fiúza
1993 - São Paulo SP - Fotografia Brasileira Contemporânea, International Photo Meeting/NAFoto, no Sesc Pompéia
1994 - Belém PA - 3º Salão Paraense de Arte Contemporânea, na Fundação Cultural do Pará - 2º prêmio
1994 - Belém PA - Arte Pará, na Galeria Romulo Maiorana
1994 - Fortaleza CE - Quem Somos Nós
1994 - João Pessoa PB - Quem Somos Nós, na 1ª Semana Paraibana de Fotografia
1994 - Niterói RJ - Quem Somos Nós
1994 - Rio de Janeiro RJ - Quem Somos Nós
1995 - Belém PA - Quem Somos Nós, na Galeria Romulo Maiorana
1995 - Belém PA - Salão de Pequenos Formatos - prêmio aquisição
1995 - Herten (Alemanha) - Licht Bilder, 3 Internationale Fotage
1995 - São Paulo SP - Coletiva Brasileira de Retratos Anos 80 e 90, no Espaço Cultural Faap
1995 - São Paulo SP - Investigação Brasil, no CCSP
1995 - São Paulo SP - O Retrato Brasileiro, 2º Mês Internacional da Fotografia
1996 - Belém PA - 15º Salão Arte Pará, no Museu de Arte do Belém
1996 - Cidade do México (México) - Muestra de Fotografia Latinoamericana, 5º Colóquio latino-americano, no Centro de la Imagen
1996 - Colônia (Alemanha) - Licht Bilder, Junge Brasilianische Fotografie (Photokina), na Die Galerie Lichtblick
1996 - Curitiba PR - Brasil Mostra Tua Cara, na Bienal Internacional de Fotografia
1996 - Londres (Inglaterra) - Novas Travessias, na The Photographer's Gallery
1996 - Ouro Preto MG - Quem Somos Nós, no Festival de Inverno, na UFMG
1996 - São Paulo SP - 6ª Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, no Masp
1996 - São Paulo SP - Sertões, no Itaú Cultural
1997 - Belém PA - Arte Pará: fronteiras, no Museu de Arte do Belém - prêmio aquisição
1997 - Recife PE - Quem Somos Nós, na Galeria Observatório
1998 - Amsterdã (Holanda) - Brasil Bom de Bola
1998 - Fortaleza CE - Brasil Bom de Bola, na Galeria do Ibeu
1998 - Fortaleza CE - Ceará e Pernambuco: dragões e leões, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
1998 - Madri (Espanha) - Brasil Bom de Bola
1998 - Paris (França) - Brasil Bom de Bola, no Musée du Louvre
1998 - Recife PE - Brasil Bom de Bola, na Galeria Observatório
1998 - Rio de Janeiro RJ - Brasil Bom de Bola, no Museu da República
1998 - São Paulo SP - Brasil Bom de Bola, no MIS/SP
1998 - São Paulo SP - Fronteiras, no Itaú Cultural
1999 - Wolfsburg (Alemanha) - Brasilianische Fotografie 1946 bis 1998, no Kunstmuseum Wolfsburg
2000 - Belém PA - Arte Pará 2000, na Galeria da Residência
2000 - Curitiba PR - Brasil sem Fronteiras, no Centro Cultural Solar do Barão
2000 - Recife PE - A Corte vai Passar: um olhar sobre o carnaval de Pernambuco, no Centro de Dança Jaime Arôxa
2000 - Recife PE - Imagens de Fronteira, no Observatório Cultural Malakoff
2001 - Belém PA - 20º Salão Arte Pará, na Galeria da Residência
2001 - Houston (Estados Unidos) - Brasil sem Fronteiras, no Houston Center for Photography
2001 - Pittsburg (Estados Unidos) - Brasil sem Fronteiras, no Silver Eye Center for Photography
2001 - São Paulo SP - Mar de Luz, na Casa da Fotografia Fuji
2002 - São Paulo SP - Visões e Alumbramentos: fotografia contemporânea Brasileira da coleção Joaquim Paiva, no Pavilhão Lucas Nogueira Garcez - OCA
Fonte: Itaú Cultural