Carlos Freire (Rio de Janeiro RJ 1945)
Fotógrafo.
Radicado em Paris desde 1968, inicia seu trabalho como fotógrafo em 1973, registrando literatos e artistas para revistas como Magazine Littéraire, Art Press e The Times. Em duas décadas de atividade, produz cerca de 700 retratos. Em 1975, estuda letras (literatura comparada) na Universidade de Sorbonne (Vincennes), em Paris, mas abandona o curso dois anos depois.
Durante sua primeira expedição à Índia, em 1978, começa a documentar os hábitos dos povos de certas cidades e regiões. Desde então, amplia seu campo de pesquisa, visitando, entre outros lugares, Itália, Marrocos, Japão e Brasil. Esse trabalho de documentação ganha, em 1981, o Prêmio de Melhor Exposição de Fotografia, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), e o Prêmio Air France Ville, de Paris, no ano seguinte. Em 1996, exibe a série Regards de Francis Bacon, em Paris, com fotos realizadas no ateliê do pintor anglo-irlandês, realizada em 1976, e nunca antes exibida Em 2008, é nomeado Officier des Arts e des Lettres, pelo Ministério da Cultura da França. Entre suas publicações estão: Nápoles (1992), Alexandria (1998), Tout Doit Disparaître (2001), Aleppo (2004), Carnets de Route (2005), Amazing (2006) e Avatars (2007).
Comentário Crítico
Carlos Freire inicia seu trabalho fotográfico realizando retratos. Sempre fiel aos filmes em preto e branco, retratou personagens artísticos como Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987), Lygia Fagundes Telles (1923) e Jorge Amado (1912 - 2001). A maioria desses trabalhos relaciona os artistas a seu ambiente de trabalho, em escritórios, ateliês etc. Seus retratos se caracterizam por uma trama sutil nos meios tons, na qual várias tonalidades de cinza desenham de forma equilibrada as personalidades representadas.
Quando, no final da década de 1970, inicia a prática de viajar para registrar a arquitetura, os habitantes e os hábitos dos povos, o fotógrafo não abandona sua relação com a literatura. Passa, a partir de então, a trabalhar com escritores, convidando-os a escrever os textos que acompanham suas fotografias. Entre eles, há colaborações do historiador da arte e escritor italiano Cesare de Seta (1941), em Napol, il Reame della Gente (1992), e do escritor e poeta francês Alain Jouffroy (1928), em Regards de Francis Bacon (1996) e Tout doit Disparaitre (2001). Assim como em seus retratos, aqui também suas fotografias lançam mão de uma ampla variedade de cinzas, tirando o máximo partido dos filmes em preto e branco.
Críticas
"A fotografia aprisiona momentos de tempo, dando a uma realidade substantiva alguma coisa que, por sua natureza mesma, seria efêmera. Todos nós podemos apontar uma câmera na direção de uma outra pessoa, apertar o botão e apreender o nosso próprio momento ´visto´. No entanto, poucos entre nós podem captar no filme aquela estranha e indefinida qualidade que faz da humanidade o que ela é. Carlos Freire é um dos poucos fotógrafos que pode captar esse elemento quintessencial".
Michael Young
Young, Michael, citado por Federico Mengozzi. In: Mengozzi, Federico. Um fotógrafo encontra seu país. O Estado de S. Paulo. P. 19.
"(...) Carlos Freire, fotógrafo profissional, fotógrafo livre. Duas características difíceis de serem conciliadas. Mas ele consegue. Trabalho ´sob encomenda´? Será que a ´encomenda´ mataria a criatividade, provocaria a autocensura, embaçaria a visão? E faria com que o fotógrafo enxergasse só o que o seu veículo de comunicação pautou, delimitou, que revele apenas o que o público gostaria de ver? ´Não, a minha cabeça não funciona assim´, diz Freire. ´Sou dono solitário da minha imagem. ´ (...)"
Stefania Bril
Bril, Stefania. Carlos Freire e as luzes da Índia. O Estado de S. Paulo.
Exposições Individuais
1995 - São Paulo SP - Retratos, na Casa da Cultura Francesa
1997 - São Paulo SP - Individual Fotografando, na Pinacoteca do Estado
Exposições Coletivas
1977 - Paris (França) - Coletiva, no Centro Georges Pompidou
1979 - Paris (França) - Índia - Carnet de Voyage, Galignani
1980 - Paris (França) - Ecrivains et Peintres, Galignani
1981 - São Paulo SP - Fotografias, 1972/1981, no Masp
1982 - Paris (França) - Brésil des Brésiliens, no Centro Georges Pompidou
1984 - Paris (França) - Cinéastes Françaises Contemporaines, na Cinemateca Francesa
1986 - Paris (França) - Le Cinquantenaire de la Cinémathèque
1986 - Paris (França) - Lumières de l´Inde, na Maison des Sciences de l'Homme
1987 - Paris (França) - Rencontre et Voyages, no Montrouge
1987 - Paris (França) - Traversées et l'Inde, na Galerie Debret
1989 - Paris (França) - L'Esprit des Lieux, no Espace AGF Richelieu
1989 - Paris (França) - Marguerite Yourcenar, no Centro Georges Pompidou
1991 - Boston (Estados Unidos) - Yourcenar
1991 - Nova York (Estados Unidos) - Yourcenar
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, na Kunsthaus Zürich
1993 - Nápoles (Itália) - Nápoles, Reino do Povo
1993 - Paris (França) - La République de Venise et le Royaume de Naples, L'Institut Cultural Italien
1995 - Rio de Janeiro RJ - Retratos, na Casa França-Brasil
1996 - Paris (França) - Regards de Francis Bacon, na Galerie Samy Kinge
1996 - Rio de Janeiro RJ - Nápoles, Reino do Povo, no CCBB
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira Contemporânea: doações recentes/96, no MAM/SP
1996 - São Paulo SP - 6ª Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, no Masp
1999 - São Paulo SP - Fotógrafos e Fotoartistas na Coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo: fotografia contemporânea brasileira, no Espaço Porto Seguro de Fotografia
2000 - São Paulo SP - Brasil em branco e preto: 50 fotografias da coleção do MAM, no MAM/SP
2002 - São Paulo SP - Fotografias no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
2004 - São Paulo SP - Fotografia e Escultura no Acervo do MAM - 1995 a 2004, no MAM/SP
Fonte: Itaú Cultural