Atiliano Félix Bernardelli

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Biografia

Atiliano Félix Bernardelli (São Pedro do Sul RS 1862 - Guadalajara, México 1908)

Pintor, músico.

Provém de uma família de artistas - o avô é escultor; o pai, músico; a mãe, bailarina; um irmão é o escultor Rodolfo Bernardelli (1852-1931); e outro, o pintor Henrique Bernardelli (1858-1936). Muda-se com a família para o Rio de Janeiro, quando os pais são convidados pelo imperador dom Pedro II (1825-1891), a ser preceptores das princesas Isabel (1846-1921) e Leopoldina (1847-1871). Felix Bernardelli segue os passos dos irmãos, ingressa na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba) em 1877 e também viaja para Roma a estudo. Divide-se entre a prática da pintura e da música, tendo como instrumento musical o violino. Participa de várias edições da Exposição Geral de Belas Artes, e obtém, em 1894, a medalha de ouro de 3ª classe, com a apresentação, entre outros trabalhos, de Passará Ele?, adquirido na ocasião pelo Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). Especializa-se em pintura de cenas de costumes e paisagem. Por volta de 1900, estabelece-se no México (onde seu avô vai executar um busto do presidente Benito Juarez, anos antes) e lá morre prematuramente. Laudelino Freire (1873-1916), em seu livro Um Século de Pintura, publicado em 1915, considera o pintor um dos destaques da "época de desenvolvimento" da pintura brasileira.

Comentário Crítico

Felix Bernardelli não tem o mesmo papel na vida artística brasileira que seus irmãos Rodolfo e Henrique, cuja contribuição, na passagem do império para a república, é importante quando a Enba busca redimensionar sua missão, em meio a intenso debate. Rodolfo torna-se professor e posteriormente diretor da Enba. Henrique, também professor da Enba, é tido como um artista cuja pintura é portadora de um impulso novo, influenciada pelos macchiaioli e pelo realismo na temática.

É possível enxergar características semelhantes na pintura de Felix Bernardelli, porém com resultados mais convencionais. Passará Ele?, premiada em 1894 na 1ª Exposição Geral de Belas Artes, traz uma moça no momento em que interrompe seus afazeres domésticos para observar o exterior, à espera do amado. A composição é articulada por um forte contraste de luz. O foco, vindo da janela, é rebatido pelo avental branco da moça, acentuando a penumbra do restante do quarto. Apesar de as superfícies serem compostas de manchas de cor, e não de pinceladas que desenhem as formas, o resultado não alcança o efeito de luminosidade característico da técnica da mancha, em que cada superfície de cor emite certa intensidade luminosa.

Em Costumes Mexicanos, s.d., a paleta é clareada, mas o modelado das figuras remete aos padrões da pintura em claro-escuro. Ambas atestam a resistência, comum a muitos artistas do período, de abrir mão por completo da tradição formal mais coerente com os novos propósitos da arte.

Exposições Coletivas

s.d. - Rio de Janeiro RJ - Galeria Irmãos Bernardelli, no MNBA
1894 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro de 3ª classe 
1895 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1896 - Rio de Janeiro RJ - 3ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1897 - Rio de Janeiro RJ - 4ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1898 - Rio de Janeiro RJ - 5ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1902 - Rio de Janeiro RJ - 9ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

Exposições Póstumas

1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba 
1907 - Rio de Janeiro RJ - 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba 
1976 - São Paulo SP - O Retrato na Coleção da Pinacoteca, na Pinacoteca do Estado
1996 - Guadalajara (México) - Felix Bernardelli y Su Taller, no Instituto Cultural Cabañas

Fonte: Itaú Cultural