Antonio Lúcio Pegoraro (São Paulo SP 1929)
Pintor, restaurador, desenhista.
Trabalha, na adolescência, com fundição de bronze e aprende técnicas de escultura. Estuda desenho e pintura com o professor Alfredo Oliani e aprende técnica de pintura com Pedro Altaza. Ingressa na Escola Nacional de Belas Artes - Enba e no Laboratório do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan, onde aperfeiçoa-se em restauração e pintura sob a orientação de Edson Motta (1910 - 1981). Por volta de 1984, inicia a conservação e restauração do acervo de obras de arte do Museu Paulista da Universidade de São Paulo - MP/USP. Restaura, entre outras obras, Independência ou Morte (1888) de Pedro Américo (1843 - 1905) e dois afrescos de Candido Portinari (1903 - 1962), no Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro. Em 2000, realiza a Retrospectiva 50 Anos, na Paulo Prado Galeria de Arte.
Críticas
"´Nada vem do nada´. O óbvio parece não entrar na mente de certos artistas que renegam sua formação e sua aprendizagem e se dizem simplesmente ´autodidatas´. Existem até pintores que não folheiam livros ou revistas de arte para não serem acusados de ´copiadores´. Esta não foi a atitude de Manet ao copiar Goya ou de Van Gogh ao copiar Delacroix. Através das cópias eles absorviam as lições dos grandes mestres. Para se chegar a uma linguagem própria - erudita - o aprimoramento da bagagem cultural se faz necessário. As telas de Pegoraro justificam bem essas idéias. Suas cores quentes e gritantes lembram os ´fauves´, suas formas ao mesmo tempo pós-impressionistas e construtivas são inspiradas nas descobertas do Cubismo e da Escola de Paris. Entretanto Pegoraro se exprime com uma linguagem absolutamente pessoal, um verdadeiro estilo. Dominador da técnica, mestre de seu ofício, Pegoraro ganha sua vida não como pintor mas como restaurador do Museu Paulista. Lá convive com as obras dos mestres do passado, as quais disseca, opera, cura, salva. A preparação de uma tela, a combinação das cores a óleo, a composição, o equilíbrio são instrumentos de trabalho com os quais convive há anos. Pegoraro não se perde em frenesis técnicas, mais próprias de um ´virtuose´ que de um artista. Nos tempos atuais, quando as ´trouvailles´ nova-iorquinas passam a desinteressar os críticos, ´marchands´ e compradores, que preferem uma volta à pintura, a arte de Pegoraro torna-se atualidade".
Fernando Barreto
PEGORARO. Pegoraro. São Paulo: Paulo Prado Galeria de Arte, 1980.
"Pegoraro possui uma visualização luminosa que coloca nos seus retângulos com uma fremência viva, em paisagens e naturezas-mortas, embebidas de uma vitalidade a toda prova. Quanto mais luminosas as focalizações de seus assuntos quanto mais sombrias, em ambos os casos o artista inato que nele existe resolve com mestria o problema que se propõe. Sua autenticidade está nesse quantitativo vital evidente, que estabelece uma obra de arte sem sofisticação e sem perfilhação teórica estética. Não obstante, devemos filiá-lo ao puro expressionismo, aquele que decorre dessa invariante de arte, só superada no expressionismo abstrato".
Paulo Prado Neto
PRADO NETO, Paulo. Geraldo Ferraz e Lúcio Pegoraro. In: PEGORARO. Pegoraro. São Paulo: Paulo Prado Galeria de Arte, 1980.
" (...) Sua pintura pessoal é livre, de uma liberdade delirante, com pinceladas grossas, tinta escorrendo sobre a tela, cores festivas, gestos bruscos, nervosos; sensibilidade absolutamente moderna. (...) Algo de muito rústico domina suas telas: o tecido grosso se impondo sob a tinta espessa, o gesto vital e categórico, uma força viril emanando de cada objeto. Nesta exposição vamos encontrar mais uma vez Pegoraro às voltas com o seu repertório tradicional: o cais noturno, seus armazéns abandonados, ruas molhadas por uma tempestade que já passou pois a lua brilha sensualmente entre cordas, mastros, bandeiras e cabos de aço. (...) O saldo final nos mostra um grande artista dilacerado entre a inquietação espiritual e um desesperado desejo de paz".
Antonio Zago
ZAGO, Antonio. Visões Noturnas de Lúcio Pegoraro. In: PEGORARO. Pegoraro. São Paulo: Paulo Prado Galeria de Arte, 1988.
Exposições Individuais
1970 - Santos SP - Individual, no Centro Cultural Brasil-Estados Unidos
1972 - Santos SP - Individual, na Aliança Francesa
1973 - Santos SP - Individual, na Associação Médica de Santos
1974 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Prado
1976 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Prado
1980 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Prado
1984 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Prado
1988 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Prado
1988 - São Paulo SP - Individual, no Banespa
1999 - São Paulo SP - Individual, no Espaço Cultural PoliGlot
2000 - São Paulo SP - Retrospectiva 50 anos, na Galeria Paulo Prado
Exposições Coletivas
1952 - Recife PE - 11º Salão Anual de Pintura, no Museu do Estado de Pernambuco - menção honrosa
1954 - São Paulo SP - 19º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1955 - Porto Alegre RS - 6º Salão de Pintura de Porto Alegre - premiado
1958 - São Bernardo do Campo SP - 1º Salão de São Bernardo do Campo - premiado
1960 - São Paulo SP - 25º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - menção honrosa
1961 - São Paulo SP - 26º Salão Paulista de Belas Artes - medalha de bronze
1963 - São Bernardo do Campo SP - 6º Salão de São Bernardo do Campo - premiado
1964 - São Bernardo do Campo SP - 7º Salão de São Bernardo do Campo - premiado
1969 - Santo André SP - 2º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal
1970 - Santo André SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal
1987 - Santo André SP - 15º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal
Fonte: Itaú Cultural