Antônio de Pádua Dutra

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Biografia

Antônio de Pádua Dutra (Piracicaba SP 1905 - Nápoles Itália 1939)

Pintor, professor e escritor.

É bisneto do pintor Miguelzinho Dutra (1812-1875), filho do pintor, escultor e musicista Joaquim Miguel Dutra (1864-1930) e irmão dos artistas João Dutra (1893-1983), Alípio Dutra (1892 - 1964) e Archimedes Dutra (1908-1983). Em 1923, forma-se professor pela Escola Normal de Piracicaba. É premiado na Exposição Geral de Belas Artes, precursora do Salão Nacional de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), em 1926, 1928 e 1933, no Rio de Janeiro. Em 1929, leciona desenho na Escola Normal de Casa Branca e, em 1933, na Escola Normal de Piracicaba. No ano seguinte, integra mostra de pintores brasileiros no museu Nicholas Roerich, em Nova York, Estados Unidos. Em 1931, integra o Salão Revolucionário, na Enba. Desenha, com seu irmão Archimedes, a capa do Manual de Campanha do Voluntário Constitucionalista em 1932. Participa do Salão Paulista de Belas Artes entre 1934 e 1940, recebendo prêmios em 1935 e 1940, sendo este último póstumo. Em 1937, ganha o prêmio de viagem do Conselho de Orientação Artística de São Paulo e vai a Florença, Itália. Freqüenta a Real Academia dessa cidade até 1938, como aluno de Felice Carena (1879 - 1966). Seus trabalhos integram mostras com os irmãos em 1935 e 1937 no Palácio das Arcadas, em São Paulo, e, postumamente, em 1945 na galeria Itapetininga. Sua obra é mostrada ainda na exposição 50 Anos de Paisagem Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), em 1956.

Comentário crítico

Antônio de Pádua Dutra obtém êxito nos salões nacionais de belas artes e, ao ser premiado em 1937 com uma viagem de estudos à Europa, muda-se para Florença. Nessa cidade, ingressa na Academia de Belas Artes, formalizando o aprendizado em pintura. Devido a essa transferência, a maior parte de suas obras conhecidas no Brasil é aquela produzida antes que deixasse o país.

Deve-se notar ainda que a obra de Felice Carena, professor de Dutra na academia florentina, absorve lições do pós-impressionismo, com especial atenção para Cézanne. Esse dado traz complexidade aos estudos "acadêmicos" de Dutra, indicando uma sintonia entre sua pintura antes da partida para a Itália, que demonstra um olhar atento para vertentes não-acadêmicas, e o trabalho do próprio Carena, que congregava procedimentos de referências artísticas diversas.

As paisagens de Dutra demonstram certa liberdade da pincelada, observável em momentos de Paisagem com Flamboyant, s.d., Rua Ensolarada, 1929, e Quintal com Bananeiras, 1937, entre outras, indicando um flerte com o impressionismo que, entretanto, não domina a composição como um todo. Em outras ocasiões, influenciado pelo pós-impressionismo, como em Margem do Rio Piracicaba, 1925. Um exemplo interessante dessa articulação entre diferentes concepções pictóricas é Barcos Ancorados, 1927, no qual soluciona a representação dos objetos por meio de uma linguagem naturalista, atenta aos detalhes, que se contrapõe às soluções da grama e da terra, representada por manchas de cor de contorno mais indefinido.

Dando banho no cachorro, 1929, radicaliza a indefinição das figuras ao promover uma quase fusão entre homem e animal, resolvidos por meio de pinceladas semelhantes. Porém, a descrição da tina e do chapéu impedem que a fusão se complete.

Segundo comentadores, o artista nutria grande admiração pelo pintor Almeida Júnior (1850-1899), produzindo ainda obras que visavam o registro de tipos paulistas, como em Depois da Missa, Indecisão, Desconfiada e Pronta para o Passeio¹.

notas
¹ VELLOSO, Augusto Carlos Ferreira. Os Artistas Dutra: oito gerações: presença de mais de dois séculos na arte do Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado/ Sociarte, 2000, p.84

Críticas

"Como já era de hábito na família dos Dutra, cedo interessou-se pela pintura, atraído, desde o início, pela linguagem pictórica do figurativismo realista".
Samyra B. Serpa Crespo e outros
LOUZADA, Júlio. Artes plásticas: seu mercado, seus leilões. São Paulo: J. Louzada, 1984-.

Acervos

Pinacoteca do Estado de São Paulo - São Paulo SP

Exposições Individuais

1928 - São Paulo SP - Individual
1930 - São Paulo SP - Individual
1937 - São Paulo SP - Individual

Exposições Coletivas

1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção honrosa
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de bronze
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no Nicholas Roerich Museum
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba
1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de prata
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes, na Rua 11 de Agosto
1935 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Belas Artes - menção honrosa
1935 - São Paulo SP - João Dutra, Alípio Dutra, Archimedes Dutra e Antônio de Pádua Dutra, no Palácio das Arcadas.
1935 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Belas Artes menção honrosa
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto Previdência
1936 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Belas Artes
1937 - São Paulo SP - Archimedes Dutra, Alípio Dutra, João Dutra, Antônio de Pádua Dutra, Miguelzinho Dutra e Joaquim Miguel Dutra, no Palácio das Arcadas
1937 - São Paulo SP - Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas
1939 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Belas Artes

Exposições Póstumas

1940 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Belas Artes, no Salão de Arte Almeida Júnior da Prefeitura Municipal de São Paulo - grande medalha de ouro
1945 - São Paulo SP - João Dutra, Archimedes Dutra, Alípio Dutra e Antônio de Pádua Dutra, na Galeria Itapetininga
1956 - São Paulo SP - 50 Anos de Paisagem Brasileira, no MAM/SP
1996 - Osasco SP - 4ª Mostra de Arte, na Fundação Instituto de Ensino para Osasco - Fieo

Fonte: Itaú Cultural