Antonio Bandeira (Fortaleza CE 1922 - Paris, França 1967)
Pintor, desenhista, gravador.
"Nunca pinto quadros. Tento fazer pintura. Meu quadro é sempre uma seqüência do quadro que já foi elaborado para o que está sendo feito no momento, indo esse juntar-se ao que vai nascer depois. Talvez gostasse de fazer quadros em circuitos, e que eles nunca terminassem e acredito que nunca terminarão mesmo".
Antonio Bandeira. In: “Antonio Bandeira, um raro”; Vera Novis; Salamandra; RJ, 1996. p.68-69.
“Nunca pinto quadros. Tento fazer pintura”. Essas duas frases pronunciadas pelo nosso pintor cearense mostram seu intento de pintar pela “pintura em si” e não pelo assunto ou sua representação.
Auto-Retrato; aquarela, 44x35, 1944
Inicialmente (1941-1945) participou da fundação do “Centro Cultural de Belas Artes” que em 1944 se transformou na “Sociedade Cearense de Belas Artes”, contando com a participação de Inimá de Paula, Aldemir Martins, João Maria Siqueira e Francisco Barbosa Leite – entre outros – participando das primeiras edições dos Salões de Artes Plásticas sendo premiado, em 1944, com a medalha de ouro.
1945: Seguindo conselho de Jean-Pierre Chabloz[1] – Suíça, 1910 – Fortaleza, 1984. Pintor, desenhista, crítico de arte, músico, professor e publicitário formado, em 1938, pela Accademia Belle Arti di Brera, Milão. Chega ao Brasil em 1940 e trabalha em Fortaleza em 1943... – parte para o RJ em 1945. Diz-nos Bandeira através de um eficaz, porém triste princípio: “O único meio é emigrar. (...) no nordeste até os artistas são flagelados[2]” .
Na adolescência e juventude demonstrava grande interesse pela poética desenvolvida por Van Gogh (1853-1890)[3] – artista tardiamente “descoberto” pelo público e crítica, 1901, ca. – iniciando sua produção artística “alla maniera” van goghiana. “Meu quarto na Rua Paissandu; ost, 75x36, RJ, 1945”, é um bom exemplo, pena que pouco reproduzido pela “media” atual.
Em 1946, como num passe de mágica – leia-se Chabloz, Raymond Warnier e Centro de Estudos Franceses-RJ – recebeu uma bolsa de estudo e estava a bordo de um cargueiro que o conduziria a Paris e em pouco tempo se transformaria no “Monsieur Banderrà de Saint-Germain-des-Prés[4]”; bairro aquele, que desde o século XVII, se encontrava ligado à vida intelectual da cidade. Com a oportunidade, estudou “École Superieure des Beaux Arts” e na “Académie de la Grande Chaumière[5] dedicando-se, principalmente ao desenho. Participou do “Salon d’Automne – 1947”, do “Salon d’Art Libre – 1948”, da exposição “La rose des Vents” e “Black and White” na “Galerie des Deux Îles” em 1948 e 1949, do “Salon de Mai – 1949” em preparação para sua primeira exposição individual na “Galerie du Siècle” em 1950.
Grupo Banbryols: Devo muito a Wols.
Mas é sobretudo a paris que sou reconhecido.
(...) Com Wols e Bryen – o poeta-pintor – passei o melhor e mais fecundo período da minha estada na França[6].
Antonio Bandeira.
Anos 1950: Além da sua exposição individual, o aparecimento do “Salon de Réalités Nouvelles – 1952, 53, 56 e 58” que havia sido criado para a apresentação de obras não figurativas; ovvero, de abstracionismo geométrico e depois, de abstracionismo informal, proporcionou novo ambiente exposito.
Na mesma época conheceu o pintor e poeta Camille Bryen (1907-1977) e através dele o abstracionismo informal; herança de Gauguin, Van Gogh e Cézanne, filtradas pelos consagrados Matisse, Kirchner e Picasso, que seguiu após experimentar o “fovismo nas cores” e o “cubismo na forma”. Em pouco tempo, Bandeira romperia com o ensino tradicional, juntando-se a Wols (pseudônimo de Alfred Otto Wolfgang Schulze, foi um pintor alemão; 1913-1951) Camille Bryen (pintor, poeta e gravador ligado ao Tacxhismo; 1907-1977) dando origem ao grupo “Banbryols”, iniciais dos nomes dos três pintores. O grupo duraria de 1949 a 1951, quando Wols morreu.
Cartaz da IIª Bienal Internacional de São Paulo.
Retornou ao Brasil (1951) e no mesmo ano expos MAM-SP onde confrontou o público com sua nova linguagem “abstrato-concreta” que apontava para o “abstracionismo informal” que viera a substituir o “expressionismo van goghiano” fortalezense. Em 1953, ganhou o concurso para o cartaz da “II Bienal Internacional de São Paulo” e no ano seguinte partiu para sua segunda temporada européia.
Dedicou-se ao “abstracionismo absoluto” – não aquele que pudesse ser confundido com o cubismo ou futurismo – mas sim àquele que é geralmente entendido como uma manifestação que não representa objetos próprios da nossa realidade concreta. Usava cores, linhas e superfícies para compor a realidade da obra, de uma maneira "não representacional", despertando “emoções” e “sensações diferentes” em cada pessoa; daí, seu relacionamento com o “Expressionismo[7]”. O movimento abraçado por Bandeira foi, sem dúvida, uma cisão cirúrgica com a arte renascentista das “Academias”, que tentavam prolongar indefinidamente sua trajetória greco-romana e, ao mesmo tempo, afugentar o “abstracionismo geométrico”.
Anos 1959-1964: Depois de cerca de cinco anos na Europa, nosso artista retorna ao Brasil para uma estadia prevista de seis meses que se estendeu por cinco anos! Continua exercendo atividade artística extraordinariamente intensa, viaja pelo território nacional; e, a partir de 1960 quando Alfredo e Giovanna Bonino abrem a galeria no RJ, novo incremento é dado à obra de Bandeira. Participa também de importantes exposições, em paralelo a mostras em Paris, Munique, Verona, Londres e Nova York.
Em 1961, edita um álbum de poemas e litogravuras de sua autoria, e, no mesmo ano, João Siqueira realiza um curta-metragem sobre a obra do pintor.
Amazonas guerreando, ost, 89x146, 1958
Em 1962, PM Bardi lhe presta uma homenagem dizendo... “(...) este charmant cearense , mais conhecido em Montparnasse do que em Copacabana, é o artista que representa fora do Brasil a nossa arte de cunho genuíno, possante, por suas raízes sem sabor indígena. Bandeira é inconfundível.”
Clarival do Prado Valladares afirma:
“Não há o menor empenho de situar Bandeira entre os artistas de uma realidade plástica nacional, de vinheta verde-amarela em suas telas. Bandeira é produto de uma contemporaneidade inexorável e de uma universalidade arejada. Só por artifício poder-se-ia descobrir notas regionais em sua pintura.”
A catedral; ost, 162x97, 1964. Obra exposta na Galeria Bonino, em 1968, na mostra em homenagem ao falecimento do artista.
Sua última aparição em território nacional foi em 1964. Voltou a Paris em 1964-65, onde permaneceu até sua morte, em 1967 – abatido em pleno vôo por um acidente cirúrgico – aborrecido com a interpretação da imprensa que o julgava ingrato para com o país que lhe havia dado tantos prêmios e homenagens.
E do parentesco com a minúcia imensurável de Paul Klee? Não falamos ...mas quem sabe um dia.
Sua assinatura:
“Je n’ai pas de style, c’est le Brésil qui l’en a”.
Florilégio
"Em seus primeiros contatos com o movimento artístico de Paris no período fecundo que se seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial, Antonio Bandeira ainda se mostrava ligado à arte figurativa, como era natural que acontecesse.
Mas, logo se sentiu atraído pela abstração, que passara a crescer consideravelmente, empolgando os meios artísticos. De 1945 a 1950, assistiu-se em Paris ao triunfo da arte abstrata caindo aos poucos os baluartes que outrora lhe manifestavam aberta hostilidade. A produção predominante era a da abstração geométrica, que se havia tornado, principalmente através do Salon des Realités Nouvelles, o novo conformismo da época.
Muitos pintores figurativos, alguns sem possibilidades de dizer nada de original, aderiram à arte abstrata. Outros se filiaram ao movimento porque sentiam que a abstração se havia tornado a verdadeira linguagem artística da época. Entre estes, estava Antonio Bandeira, que cedo formou entre os pintores que iriam reagir contra a academização da pintura abstrata. Ligou-se por isso mesmo ao grupo de Wols, que levava uma vida boêmia em Paris. Bandeira tornou-se mesmo figura conhecida em Saint-Germain-des-Prés, na época de fastígio dos cafés existencialistas".
Antonio Bento
BANDEIRA, Antonio. Bandeira: pintura. Rio de Janeiro: MAM, 1960.
"(...) Acho definitiva, para a compreensão de sua obra, esta afirmação: “Nunca pinto quadros. Tento fazer pintura”. Quer dizer, o quadro não parece significar para ele uma realidade autônoma, uma estrutura que possui suas próprias leis, algo que se constrói com elementos específicos. A pintura é um estado de alma que ele extroverte aqui e ali, sem outro objetivo que o de comunicar um sentimento, uma emoção, uma lembrança. Enfim, é “uma transposição de seres, coisas, momentos, gostos, olfatos que vou vivendo no presente, passado, no futuro”. Não é algo comprometido com o mundo - suas lutas e tensões - é uma pintura levitando sobre o mundo, dentro de seu ser. Apesar do otimismo dos depoimentos, exala, na obra de Bandeira, um halo de solidão, de angústia indefinida. Pode-se depreender isso do próprio processo criador do artista. Manchas, respingos, escorrimentos, pequenos toques do pincel, a pintura de Bandeira não é um mundo acabado: o artista insinua, alude, sugere, esboça cores ou imagens que apenas faíscam, por um momento, como estrelas no céu, como pedras preciosas".
Frederico Morais
MORAIS, Frederico. Abstração informal. In: DACOLEÇÃO: os caminhos da arte brasileira. São Paulo: Júlio Bogoricin, 1986. p.160.
"A ausência de reconhecimento do limite do quadro verifica-se também na maioria das chamadas "explosões" dos anos 60. (...) A explosão em Bandeira está quase sempre em momento de "reconversão", prestes a deixar emergir energias centrípetas, que impedirão qualquer projeção ameaçadora do retângulo da tela. Carlos Drummond de Andrade capta melhor a natureza deste procedimento. Mais do que forças projetivas, Bandeira é, para ele, "modelador de névoas, formas raras, espumas, unindo fantasia a uma restrita beleza".
É preciso destacar, a meu ver, três idéias ao menos no pensamento de Drummond.
A primeira, a da "restrita beleza", reitera a frase inicial de Bandeira: há nas composições do artista uma maneira de renúncia em se projetar no espaço, que torna sua beleza estrita, restrita a si. (...) Seria naturalmente ingênuo pensar que este desconhecimento estético do retângulo não resulte da construção, de um cálculo secreto, rigoroso, cuja maestria consiste justamente em enviar o confronto com as retas-limite, através de uma diversão na acepção militar do termo. Para tanto, Bandeira constrói-se um outro limite, invisível, emanado da própria pintura, o que requer um senso agudo e uma nova idéia da composição, pensada doravante como uma espécie de coral a capela que prescinde, para pairar no espaço, de qualquer arquitetura de sustentação ou enquadramento harmônico.
A segunda idéia de Drummond é a de que Bandeira "modela". Para um pintor tão pictórico, tão indiferente à observação do corpo, tão alheio, em suma, à tradição da forma plástica, a idéia é no mínimo extravagante. Mas modelar deve ser entendido, aqui, não como criar modelado, e sim modelo. Criar modelado significa utilizar funcionalmente a luz e a sombra para suscitar a impressão da presença tangível de um corpo ou de uma forma orgânica pré-existente. Um modelo, ao contrário, é tal, quanto nada nele decorre da mímese. Modelo é o que não tem modelo. (...) Existe, enfim, na frase do poeta, esta união da beleza restrita à fantasia. Aparente contradição associar-se o arbitrário da fantasia à intuição de uma ordem interna, oculta nesta beleza restrita. Mas Bandeira edifica esta ordem com o elemento mais fantasioso, mais resistente à racionalidade: a cor, percebida como uma qualidade da luz. Bandeira modela uma ordem inorgânica com a luz em cor. Se há uma única redução admissível da abstração do artista às formas sensíveis do mundo, esta será a redução ao céu, seja ele o do espaço não-finito em que vibram as cores sem forma, seja o da abóbada semeada de estrelas. Bandeira é o siderus nuncius da lírica abstrata. O epíteto convém ao artista obcecado pelas constelações de luz erradiça das cidades noturnas: Stellae manentes in ordine suo, estrelas em sua ordem, diria, citando o Livro dos Juízes, Vieira, numa de suas siderais e siderantes metáforas do bom Sermão".
Luiz Marques
BANDEIRA, Antonio. Antonio Bandeira, 70 anos. São Paulo:
Dan Galeria, 1992. p.21
"Bandeira, definitivamente, não era um teórico, não se movimentava com desenvoltura no plano das idéias, mas possuía, além do evidente talento, uma aguda inteligência e uma sensibilidade apurada.
A partir do encontro com Wols, Bryen e os pintores informais, o desenvolvimento de sua obra foi rigorosamente planejado, e mesmo quando incorporado os elementos circunstanciais, como as impressões dos casarios de Capri, do barroco baiano, das cores tropicais do Nordeste, os seus "apontamentos de viagem", como gostava de chamar, fazia-o de um modo deliberado.
"Da fundição de meu pai aprendi misturas que ele nem suspeita; vendo derreter ferro ou bronze, aprendi muito. Hoje misturo emoções em cadinhos iguais ao dele, de ferro, de bronze, de corpo, de alma, de vento, de paisagem, de objeto, e dessa mistura fabrico as peças para o meu trabalho.” O visto e o vivido não são "o" seu trabalho, senão meras peças "de" seu trabalho. O misturador é também um transfigurador. Bandeira foi simultaneamente um artesão e um artífice. O processo emocional de apreensão do mundo estará sempre subjugado ao processo mental de construção de sua obra. Bandeira tinha consciência da arquitetura geral, do plano piloto de sua obra em progresso:
"Nunca pinto quadros. Tento fazer pintura. Meu quadro é sempre uma seqüência do quadro que já foi elaborado para o que está sendo feito no momento, indo esse juntar-se ao que vai nascer depois. Talvez gostasse de fazer quadros em circuitos, e que eles nunca terminassem e acredito que nunca terminarão mesmo".
Vera Novis
NOVIS, Vera. Antonio Bandeira, um raro.
Rio de Janeiro: Salamandra, 1996. p.68-69.
Antônio Bandeira; Ensaio Crítico sobre “Amazonas guerreando”
http://eduardogirao.blogspot.com.br[8]
Elemento Visual
Amazonas guerreando, ost, 89x146, 1958
Pintura marcada por fortes espatuladas fazendo uma correspondência entre realidade e abstração. São gestos, muitas vezes, firmes, rápidos e curtos - únicos que se multiplicam de forma singular por toda a obra em diversas direções, espessuras, formatos, tamanhos, cores.
Neste caso, seria fora do contexto reproduzi-los uniformemente.
Antônio Bandeira preenche a tela como um todo, não deixando espaços vazios. Apenas sobressaindo alguns mais do que outros. Vejo algumas espatuladas vermelhas demarcando (rodeando) o espaço pictórico, as mesmas cores também estão presentes em outros lugares. É como se elas quisessem chamar a atenção para as imagens centrais do quadro. Também há espatuladas azuis, verdes, amarelas, pretas, brancas e cinzas, sendo que as essas últimas formam um campo aberto (plano de fundo) para que as outras possam se sobressair.
Algumas vezes, as cores ficam sobrepostas umas sobre as outras principalmente o azul e o verde que, por sinal, se destacam. O amarelo pontua alguns momentos e a cor preta forma figuras que beiram a realidade: círculos (será discutida na interpretação).
As linhas (algumas suaves, outras nem tanto) estão tanto na horizontal quanto na vertical, cada uma simboliza uma força impar de expressão. Horizontais, imobilidade; verticais, instabilidade. Já as linhas diagonais podem ser consideradas dinâmicas, dando idéia de movimento e ação. Juntas, as espatuladas e linhas ajudam a eqüilibrar, enriquecer, dinamizar a composição.
Antônio Bandeira soube a hora certa de parar, em Amazonas Guerreando não há linhas supérfluas, o que prejudicaria o trabalho. Mesmo nesse quadro não figurativo, é possível entender os elementos visuais e chegar a uma interpretação; e, como tal é pessoal e depende de inúmeros fatores... . Esse contraste entre dinamismo e estabilidade reforça a tensão, cria conflitos e ritmos, enriquecendo o conteúdo expressivo da obra. A clareza do pintor é reconhecida pelas linhas, cores, contrastes, superfície e ritmos, tudo isso não passa despercebido.
Em relação à superfície, os círculos, por exemplo, não são mais do que linhas presas no fluir do tempo. Com isso, são elementos considerados de caráter mais estático do que dinâmico. Antônio Bandeira também produz outras formas não geométricas, irregulares, sinuosas, pontudas com as espatuladas e ajuda das cores (maioria primária). Na verdade, o pintor lida com uma infinidade de combinações intermediárias de superfícies nem totalmente fechadas nem abertas, alterando tudo ao redor e formando novas feições.
Em Amazonas Guerreando, o artista consegue imprimir certo grau de volume, conseqüentemente profundidade. Ao interligar as linhas horizontais, verticais e diagonais e superfície, ele produz imagens as quais refletem novas dimensões - algumas bidimensionais. Há uma transformação constante dos elementos visuais (importante para reverter os aspectos estáticos), cada um pode ser transformado em outro, visto como componente de um novo elemento.
Há todo um caminho a ser percorrido: linha, superfície, volume. É bom deixar claro que nenhum elemento perde sua identidade no contato com outro. As escolhas conscientes ou não do artista possibilitam inclusive criar pontos de fuga, afunilando nosso olhar para o centro da tela. Para isso, basta seguir as espatuladas coloridas. Vindas de todas as direções, elas parecem convergir e unir-se no horizonte.
Na obra do artista, por mais que haja um contraste entre claro e escuro (espatuladas brancas em contraste com as coloridas), o elemento formal seria a superfície e não a luz. Não há nessa obra, um avanço/recuo entre claro e escuro. Porém, é necessário ser dito que, as linhas, superfícies, volumes, tonalidades de cor foram elaboradas consistentemente em valores claros e escuros. Com elas, o movimento pulsante da luz pode ter sido orientado para determinadas direções favorecendo o plano pictórico.
Há algumas semelhanças e contrastes no quadro Amazonas Guerreando. Exemplo: as espatuladas, independentemente da cor, introduz uma seqüencia rítmica, mais lírica. Quando comparadas às linhas e aos círculos formam contrastes, o caráter dramático da obra. Esses contrastes significam as tensões espaciais. Essas diferenças podem ser vistas na direção das linhas, na escolha das cores (vermelho versus verde), etc. É através desses contrates que se podem visualizar as figuras, concentrando nossa vista em certos lugares e criando focos de tensão espacial em outros. Por mais que se tenha um emaranhado de elementos visuais, Antônio Bandeira nos guia por percursos repletos de dramaticidade, os quais sem as repetições não teriam a mesma força.
Direções Espaciais
O espaço proposto na tela por Antônio Bandeira tem muitas imagens criadas pelo autor inspiradas em seu mundo - único. São expressões carregadas de emoções, mesmo nas formas geométricas como os círculos.
O leitor começa a enxergar a obra da esquerda para a direita, de cima para baixo (movimentos sinuosos) até chegar ao canto inferior direito. A porta de entrada é uma espécie de introdução seguida de desenvolvimento, clímax e conclusão - nem sempre essa ordem é seguida.
A pintura se espalha horizontalmente pelo espaço pictórico. Em Amazonas Guerreando, até para os menos observadores é possível ver as mulheres em combate com seus cavalos e lanças retratadas, é claro, de forma abstrata. A batalha se espalha pela tela como uma explosão de vida e morte. Todas as formas do espaço enchem-se de conteúdos expressivos, existenciais, que se elaboram espontaneamente diante dos nossos olhos.
As direções espaciais dão um equilíbrio ao quadro contrabalançando a parte inferior com a superior. O peso e densidade da parte inferior são suavizados com imagens construídas acima em quantidades significativas. Se dividíssemos a tela pela metade com um giz, as imagens criadas abaixo do centro visual perceptivo se repetiriam também acima do mesmo como se fossem um espelho d´água - claro que obedecendo as singularidades das linhas que nunca se repetem e sabendo que as imagens abaixo tem um peso maior, pois são mais densas, e as acima, mais leves, flutuantes. Isso também não quer dizer que os lados sejam iguais, por mais simétricos que sejam.
Uma observação é importante ser dita: ao colocar o quadro de cabeça para baixo, percebemos que o equilíbrio interno da obra seria destruído. Essa experiência demonstrou que, mesmo que se trate de formas abstratas, não foi possível virar a composição de ponta cabeça, porque perdeu a essência, o sentido, desequilibrou o espaço pictórico.
Técnica
Antônio Bandeira utilizou pintura a óleo que é uma técnica artística que trabalha com tintas a óleo, aplicadas nesse caso com pincéis e espátulas sobre uma tela de tecido (89,0 x 146,0 cm).
Não se sabe ao certo o motivo pelo qual optou em trabalhar com tinta a óleo. O que se sabe é que a grande vantagem da pintura a óleo é a flexibilidade, pois a secagem lenta da tinta permite ao pintor alterar e corrigir o seu trabalho constantemente. E Antônio Bandeira era um “expert” em deixar a tinta escorrendo sobre a tela em várias posições para que novas imagens fossem criadas ajudando assim a formar sua composição abstrata.
A pintura a óleo é conhecida também pela versatilidade que oferece ao artista conferindo resultados nas técnicas tradicionais (como a mistura cromática e o brilho). Ainda há uma abrangência de cerca de 100 cores de um elevado nível de pigmentação intenso com ótimas propriedades de pintura.
Interpretação
As Amazonas eram mulheres guerreiras que se estabeleciam em uma espécie de repúblicas femininas. Símbolo da mulher livre, elas repudiavam o casamento e se recusavam a obedecer ou submeter-se ao domínio masculino, almejando participar da vida pública por seus próprios méritos.
Tendo como base essa informação e observando a tela Amazonas Guerreando, percebe-se que os círculos chamam a atenção e levam-nos a pensar que eles sejam as próprias guerreiras retratadas. Vejo também uma batalha com direito a lanças, cavalos e sangue. E por que não?
Para Antônio Bandeira, a pintura é um estado de alma que extroverte os sentidos, sem outro objetivo que não seja o de comunicar um sentimento, uma emoção, uma lembrança. Com cores fortes, mostra a urgência de uma expressão livre e de uma identidade nacional. Em Amazonas Guerreando, o rígido naturalismo dá espaço a hieróglifos intricados e enigmas orgânicos. Enfim, é uma transposição de seres, coisas, momentos, gostos, olfatos que vou vivendo no presente, passado e futuro. Inspiração e transpiração dosadas de poesia e equilíbrio físico e mental.
Contextualizar Técnica no Ambiente de Aprendizado e Possibilidades da Região onde o Artista estava Inserido
Infância - Quando criança, Antônio Bandeira brincava em torno de árvores frondosas. Na fundição de seu pai aprendeu a misturar os tons das cores vendo ferro e bronze serem derretidos. Depois, a família contratou uma professora de pintura para que o jovem pudesse aperfeiçoar seu talento. Até então, Bandeira aprendera a retratar paisagens em aquarela - técnica de pintura, muito utilizada por iniciantes, na qual os pigmentos se encontram dissolvidos em água.
Quando viajou à Paris para estudar na Escola de Belas Artes, Bandeira amadureceu como artista e pessoa. Vivenciou os Anos Dourados em um dos centros urbanos e culturais mais modernos da época. Fez amizade com os artistas Wolf e Camille Bryen[9] - juntos fundaram o grupo Banbryols. O encontro o impulsionaria para o abstracionismo lírico e informal, em que se inspirava no instinto, no inconsciente e na intuição para construir uma arte imaginária ligada a uma "necessidade interior"; tendo sido influenciado pelo expressionismo, aparece como reação às grandes revoluções do século. O grupo realizou apenas uma exposição, em 1949, na Galerie des Deux-Iles, em Paris, o suficiente para influenciar Bandeira nas novas experimentações estéticas impulsionadas pela tradição modernista pregressa.
Bandeira foi influenciado também por filósofos, escritores, enfim, pela intelectualidade presente da época: Manuel Bandeira, Sartre, Pietro Bardi, Freud, Carlos Drummond de Andrade e Jorge Amado.
Em Paris, teve contato com várias correntes estilísticas (Fauvismo, Cubismo, Expressionismo, Surrealismo) e obras de renomados artistas (Van Gogh, Gauguin, Picasso, Paul Klee).
Essa miscelânea de conhecimento possibilitou Bandeira desenvolver um estilo, considerado por muitos críticos, único. A dúvida que fica é: caso tivesse permanecido em Fortaleza teria tido tanto sucesso? Talvez o talento do jovem Bandeira não tivesse chegado tão longe, por exemplo, nos museus mundo afora. As possibilidades artísticas no Ceará não eram tantas, apesar da criação da Sociedade Cearense de Artes Plásticas – SCAP, o mercado de artes nacional ainda se concentrava no eixo Sul e Sudeste brasileiro.
Citar Três Artistas Contemporâneos de Antônio Bandeira e Estabelecer uma Ligação entre Obras. Utilizar Capítulo: Correntes Estilísticas para Definir os Estilos
Criada em Fortaleza, em 1944, a Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP (origem remete ao CCBA - Centro Cultural de Belas Artes) tem papel destacado na afirmação da arte moderna no Ceará e também por estabelecer uma parceria entre os mais renomados artistas plásticos nascidos no Estado: Antônio Bandeira, Aldemir Martins, Inimá de Paula (1918-1999), Mário Baratta, Barrica (1913-1993), Jean-Pierre Chabloz (1910-1984) e Raimundo Cela (1890-1954). Além de ter revelado novos talentos, o Centro Cultural consolidou expressões locais, e constituiu um importante espaço para a promoção dos artistas da região fazendo um intercâmbio com os de outros estados.
A tradição paisagística inaugurada pelos pioneiros é retomada nas obras de Mário Baratta, Barrica e Barbosa Leite (1920-1997), fiéis ao figurativismo.
- Inimá de Paula combina a paisagem com retratos, vistas urbanas, marinhas e naturezas-mortas. Próximo a Candido Portinari (1903-1962), que o auxilia na execução do grande painel Tiradentes, hoje no Memorial da América Latina, em São Paulo. A estada em Paris (de 1952 a 1956) dá lugar a trabalhos que caminham para a abstração. Mas, após curta passagem pelo abstracionismo, o pintor Inimá volta às figuras e, sobretudo, às paisagens.
- Aldemir Martins é talvez o nome mais popular do grupo, em função dos materiais gráficos que produz (capas de livros, discos e ilustrações) e dos objetos utilitários (jóias, embalagens e aparelhos de jantar) que levam sua assinatura por meio dos desenhos. Sua obra mobiliza um amplo repertório de temas e figuras do Nordeste brasileiro (como cangaceiros e rendeiras), além de explorar o colorido e as imagens nacionais da fauna e flora.
Bandeira talvez seja aquele a adquirir maior projeção internacional e reconhecimento entre os críticos. Inicia sua carreira com trabalhos figurativos, mas que procuram fugir do típico e pitoresco, como indica a tela premiada no 3º Salão Anual Cearense, Cena de Botequim (1943).
O período parisiense (1946-1950) representa uma guinada de sua obra em direção à abstração.
Isso se dá, fundamentalmente, pelo contato com as vanguardas - sobretudo com o cubismo e fauvismo - e pela participação no Grupo Banbryols. Os críticos datam justamente desse período (1948) sua adesão ao abstracionismo de corte informal, como em Paysage Lointan, 1949.
Entretanto, o próprio artista não se via como um abstracionista. Considerava-se um “impressionista novo”. Ao contrário dos ideais dos artistas abstratos, de subtrair completamente o tema e a representação de suas obras, Bandeira reconhecia que parte dos temas reais limita-se a uma mera reinterpretação de tais temas, algo como um “novo realismo”.
Hoje se percebe que a produção artística de Antônio Bandeira é caracterizada por uma diversidade estilística. Porém, as obras que mais se destacam pertencem a corrente estilística do expressionismo por diversos motivos, entre eles, pela interiorização da criação artística, projetando na pintura uma reflexão individual e subjetiva, ou seja, a obra de arte é reflexo direto do mundo interior do artista.
Bandeira era considerado abstrato, porque se inspirava no instinto, no inconsciente e na intuição para construir uma arte imaginária ligada a uma "necessidade interior".
Sabe como os grandes mestres da pintura usar as relações entre cores, linhas e superfícies para compor a realidade da obra, de uma maneira "não representacional". No quadro Amazonas Guerreando, há uma deformação da realidade para expressar mais subjetivamente, dando vazão à expressão dos sentimentos mais do que à descrição objetiva da realidade.
Bandeira também bebeu da fonte do fauvismo[10] (corrente do expressionismo). Se formos levar em consideração os princípios do movimento, a obra Amazonas Guerreando possui algumas características desse estilo. Exemplos não faltam para afirmar isso. A tela possui uma estética que obedece aos impulsos instintivos e as sensações vitais da vida, onde as linhas e as cores lembram o estado de pureza das crianças.
Amazonas Guerreando se apresenta quase plana, obtendo apenas comprimento e largura e baseando-se na força das cores. A cor, por sinal, é utilizada para delimitar planos, criando a perspectiva e modelando o volume. Porém, Bandeira tem uma preocupação excessiva com a composição, o que o diferencia de outros artistas do mesmo gênero.
Como Van Gogh, Bandeira também experimenta aplicar a tinta diretamente na tela, onde os vermelhos, os amarelos, os verdes antecipam o gosto moderno pela cor pura. Espatuladas e pinceladas fortes e rápidas como as de Van Gogh.
Exposições Individuais
1945 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no IAB/RJ - bolsa de estudo do governo francês
1950 - Paris (França) - Individual, na Galerie du XX Siècle
1951 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na ABI
1951 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP
1953 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP
1954 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na ABI
1954 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP
1955 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Galeria Obelisk
1955 - São Paulo SP - Antonio Bandeira: guaches, no MAM/SP
1956 - Paris (França) - Individual, na Galerie Edouard Loeb
1957 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Gallery Seventy-Five
1960 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
1961 - Fortaleza CE - Individual, no Museu de Arte da UFCE
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Gead
1961 - São Paulo SP - Antonio Bandeira: guaches, na Galeria São Luís
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1963 - Fortaleza CE - Individual, no Museu de Arte da UFCE
1963 - Salvador BA - Individual, na Galeria Querino
1964 - São Paulo SP - Pintura de Antonio Bandeira: óleos e guaches, na Galeria Atrium
Exposições Coletivas
1942 - Fortaleza CE - 1º Salão de Abril - medalha de ouro
1943 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - medalha de bronze
1945 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Cearense, na Galeria Askanasy
1947 - Paris (França) - Salão de Outono, no Grand Palais
1948 - Paris (França) - Salão de Arte Livre
1949 - Paris (França) - Grupo Banbryols, na Galerie des Deux-Iles
1950 - Salvador BA - 2º Salão Baiano de Belas Artes, na Galeria Belvedere da Sé
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1951 - Rio de Janeiro RJ - 57º Salão Nacional de Belas Artes - Divisão Moderna, no MNBA - medalha de bronze
1952 - Paris (França) - 38º Salão de Maio
1952 - Paris (França) - Salon Réalités Nouvelles
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
1952 - Veneza (Itália) - 26ª Bienal de Veneza
1953 - Paris (França) - Salon Réalités Nouvelles
1953 - Petrópolis RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata, no Hotel Quitandinha
1953 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão de Naturezas Mortas, no Theatro Municipal
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados - Prêmio Fiat
1954 - Rio de Janeiro RJ - Salão Preto e Branco, no Palácio da Cultura
1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1954 - Veneza (Itália) - 27ª Bienal de Veneza
1955 - Paris (França) - A Arte na França e no Mundo, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1956 - Paris (França) - Salon Réalités Nouvelles
1957 - Paris (França) - 50 Ans de Peinture Abstraite, na Galerie Greuze
1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Munique (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, na Kunsthaus
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte das Folha
1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Veneza (Itália) - 30ª Bienal de Veneza
1961 - Aschaffenburg (Alemanha) - Exposição Internacional de Aschaffenburg
1961 - Rio de Janeiro RJ - 1º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP
1963 - Campinas SP - Pintura e Escultura Contemporâneas, no Museu Carlos Gomes
1963 - Crato CE - Civilização Nordeste, no Museu da Universidade do Ceará
1963 - Rio de Janeiro RJ - 1º Resumo de Arte JB, no Jornal do Brasil
1964 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - Veneza (Itália) - 32ª Bienal de Veneza
1965 - Bonn (Alemanha) - Arte Brasileira Atual
1965 - Bruxelas (Bélgica) - Artistes Latino-Américains, no Palais de Beaux-Arts
1965 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today, na Royal Academy of Arts
1965 - Madri (Espanha) - L'Oeil de Boeuf
1965 - New Orleans (Estados Unidos) - Artistas do Brasil
1965 - Paris (França) - Exposition d'Art Latino Americain à Paris, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1965 - Viena (Áustria) - Arte Brasileira Atual
1966 - Bruxelas (Bélgica) - Arte Brasileira Contemporânea, no Palais de Beaux-Arts
1966 - Paris (França) - Artistes Brésiliens de Paris, na Galerie Debret
1966 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos, na Galeria Ibeu Copacabana
Exposições Póstumas
1968 - Fortaleza CE - Individual, no Museu de Arte da UFCE
1968 - Paris (França) - Salon Comparaisons
1969 - Rio de Janeiro RJ - Antonio Bandeira: retrospectiva, no MAM/RJ
1970 - São Paulo SP - Pinacoteca do Estado de São Paulo 1970
1971 - Paris (França) - Bandeira à Paris, na Galerie Debret
1972 - São Paulo SP - A Semana de 22: antecedentes e conseqüências, no Masp
1976 - São Paulo SP - O Desenho Jovem dos Anos 40, na Pinacoteca do Estado
1977 - Rio de Janeiro RJ - Antonio Bandeira Caminho da Abstração: guaches e desenhos, na Galeria Luiz Buarque de Holanda e Paulo Bittencourt
1977 - São Paulo SP - Mostra de Arte, no Grupo Financeiro BBI
1978 - São Paulo SP - As Bienais e a Abstração: a década de 50, no Museu Lasar Segall
1980 - São Paulo SP - Mestres do Abstracionismo Lírico no Brasil, na Galeria Eugenie Villien
1981 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Carnaval: imagens e reflexões, na Acervo Galeria de Arte
1982 - Lisboa (Portugal) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1982 - Londres (Inglaterra) - Brasil 60 Anos de Arte Moderna: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Barbican Art Gallery
1982 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Futebol, no MAM/RJ
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto
1983 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj
1984 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata-Hotel Quitandinha 1953, na Galeria de Arte Banerj
1984 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - Paris (França) - Mostra, na Galeria Broomhead
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1986 - Rio de Janeiro RJ - Coleção de Trinta Guaches de Antonio Bandeira: fase Paris, na Ralph Camargo Consultoria de Arte
1986 - Rio de Janeiro RJ - JK e os Anos 50: uma visão da cultura e do cotidiano, na Galeria Investiarte
1986 - São Paulo SP - Antonio Bandeira e Bernard Quentin, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1987 - Rio de Janeiro RJ - Ao Colecionador: homenagem a Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc
1988 - Rio de Janeiro RJ - Hedonismo: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria Edifício Gilberto Chateaubriand
1988 - São Paulo SP - A Mão Afro-Brasileira, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no MAC/USP
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
1989 - São Paulo SP - 20ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1990 - Rio de Janeiro RJ - Antonio Bandeira: guaches e aquarelas dos anos 50, na Bolsa de Arte
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1991 - Fortaleza CE - Scap: 50 anos, no Imperial Othon Palace Hotel
1991 - Rio de Janeiro RJ - Antonio Bandeira Guaches Inéditos: Coleção Particular Fronteira Arte e Hotelaria, na Bookmakers
1992 - Rio de Janeiro RJ - 1º A Caminho de Niterói: Coleção João Sattamini, no Paço Imperial
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB
1992 - São Paulo SP - Antonio Bandeira 70 Anos, na Dan Galeria
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade
1992 - São Paulo SP - Primeiro Aniversário da Grifo Galeria de Arte, na Grifo Galeria de Arte
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi
1993 - São Paulo SP - Obras para Ilustração do Suplemento Literário: 1956-1967, no MAM/SP
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateubriand, no MAM/RJ
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva de Antonio Bandeira, no MAM/RJ
1995 - São Paulo SP - Retrospectiva de Antonio Bandeira, no Masp
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP
1997 - Porto Alegre RS - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - Porto Alegre RS - Exposição Paralela, no Museu da Caixa Econômica Federal
1997 - São Paulo SP - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1997 - São Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte
1998 - Curitiba PR - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - Fortaleza CE - Individual, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
1998 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do Acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp
1998 - São Paulo, SP - Coleção MAM Bahia: pinturas, no MAM/SP
1999 - Fortaleza CE - Antonio Bandeira: pinturas e desenhos, na Galeria Multiarte
1999 - Salvador BA - 60 Anos de Arte Brasileira, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal
1999 - São Paulo SP - Cotidiano/Arte. O Consumo, no Itaú Cultural
2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão
2000 - Rio de Janeiro RJ - Quando o Brasil Era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro de 1905 a 1960, no Paço Imperial
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - Brasília DF - Coleções do Brasil, no CCBB
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light
2001 - São Paulo SP - 4 Décadas, na Nova André Galeria
2001 - São Paulo SP - Biografias Instantâneas, na Casa das Rosas
2002 - Niterói RJ - Arte Brasileira sobre Papel: séculos XIX e XX, no Solar do Jambeiro
2002 - Rio de Janeiro RJ - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - Rio de Janeiro RJ - Identidades: o retrato brasileiro na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ
2002 - São Paulo SP - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2002 - São Paulo SP - Espelho Selvagem: arte moderna no Brasil da primeira metade do século XX, Coleção Nemirovsky, no MAM/SP
2002 - São Paulo SP - Modernismo: da Semana de 22 à seção de arte de Sérgio Milliet, no CCSP
2003 - Belém PA - 22º Salão Arte Pará, no Museu de Arte do Pará
2003 - Brasília DF - Arte Brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem, no CCBB
2003 - Rio de Janeiro RJ - Autonomia do Desenho, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Ordem x Liberdade, no MAM/RJ
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa
2003 - São Paulo SP - Arteconhecimento: 70 anos USP, no MAC/USP
2004 - Rio de Janeiro RJ - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial
2004 - São Paulo SP - Abstração como Linguagem: perfil de um acervo, na Pinakotheke
2004 - São Paulo SP - Gesto e Expressão: o abstracionismo informal nas coleções JP Morgan Chase e MAM, no MAM/SP
2004 - São Paulo SP - Sala do Acervo, na Ricardo Camargo Galeria
2005 - Petrópolis RJ - Expresso Abstrato, no Museu Imperial
2005 - São Paulo SP - O Século de um Brasileiro: Coleção Roberto Marinho, no MAM/SP
[1] Leia mais:
“Jean-Pierre Chabloz”; www.itaucultural.org.br.
[2] In: “Antonio Bandeira, um raro”; Vera Novis; Salamandra Consultoria Editorial; RJ, 1996.
[3] Vincent Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por exemplo, o expressionismo, o fauvismo e o abstraccionismo.
[4] Ob. Cit.; pág. 7.
[5] A “Académie de la Grande Chaumière” foi fundada em 1909 no bairro de Montparnasse, em Paris, pela pintora de origem belga Martha Stettler (1870-1964). Trata-se de uma escola de arte privada, estruturada com cursos livres de desenho, pintura e escultura - com aulas práticas e teóricas - aberta a qualquer interessado.
[6] NdA: As declarações acima dão a entender que para Bandeira o convívio com os dois pintores foi muito frutífero; fato parcialmente diminuído quando de suas declarações, em 1959, durante sua estada prolongada no nosso país. “(...) Muita gente afirma que sofri grande influência do pintor alemão Wols (...) quando cheguei a Paris já levava uma pintura muito parecida coma de Wols.”
Leia mais:
Op. Cit.; pág 52.
[7] O “Expressionismo” surgiu em diferentes círculos intelectuais na Europa durante o primeiro vintênio do século XX, explorando principalmente as emoções relativas às afinidades e alienação. Suas confinanças principais podem ser: cores fortes, distorções, abstrações, crítica social, etc. Vide grupos “Die Brücke” e “Der Blaue Reiter”.
Leia mais:
- “Du spiritual dans l’art et dans la peinture en particulier”; W. Kandinsky; Denoël, 1989.
- “Antonio Bandeira, um raro”; Vera Novis; Salamandra Consultoria Editorial; RJ, 1996.
- “...isms; understanding art”; Stephen Little; Universe/Rizzoli; NYC, 2004.
- “Antonio Bandeira, no Espaço Cultural Unifor”; Iracema Sales, 2009.
- “Fundação Edson Queiroz; Universidade de Fortaleza”.
[8] NdA: tentei localizar o autor deste texto, sem sucesso. Texto foi publicado com as devidas referências e na sua íntegra, em virtude de suas excepcionais características explicativas que podem acrescentar muito à compreensão da obra de Bandeira. O autor somente acrescentou as notas explicativas.
[9] “Je peins pour ne plus écrire". Explorateur des possibilités offertes par l'art et l'écriture, Camille Bryen a marqué le milieu du XXème siècle de sa verve et de sa créativité plastique.
Ses expérimentations littéraires lui font passer par les textes automatiques, la poésie phonétique... Il prône la poésie pour tous, par tous et partout. Il la clame dans la rue, l'affiche dans les bois ou en livre des opuscules miniatures.
Avec ses objets à fonctionnement, réalisés entre 1935 et 1937, Camille Bryen se fait le passeur entre les oeuvres de Marcel Duchamp et des nouveaux réalistes. Il multiplie les formes d'expression (dessins, gravures, actes poétiques...), n'hésitant pas à se désapproprier de ses oeuvres.
Comme pour l'écriture, c'est l'informe, le non-forme, voire le non-non-forme, qui caractérise sa peinture. L'abstraction, dans sa tendance lyrique, devient alors pour Camille Bryen le domaine qui va lui permettre de s'exprimer pleinement, de faire ressortir sa créativité plastique.
Camille Bryen est le nom d'artiste de Camille Briand, né à Nantes en 1907 et mort à Paris en 1977, poète, peintre et graveur français de la nouvelle École de Paris, appartenant aux courants de l'abstraction lyrique et du tachisme.
L'artiste parisien ; Camille Bryen s'installe peu après à Paris. Attiré par les surréalistes, il publie en 1927 un premier recueil de poèmes, Opopanax puis, en 1932, Expériences, mêlant poèmes, dessins et collages.
Il présente en 1934 sa première exposition personnelle et réalise en 1936 sa première peinture tachiste. Bryen cosigne le « manifeste dimensioniste » de Charles Sirato, avec entre autres Jean Arp, Marcel Duchamp et Francis Picabia. Avec Raoul Ubac, il dépose des « objets dans les endroits les plus inattendus », affiche « des poèmes et images sur les murs ». Il est notamment l'auteur du slogan Défense d'interdire, placardé en plusieurs endroits de Paris à cette époque, et qui sera repris en 1968 par les insurgés parisiens sous la forme Il est interdit d'interdire.
En 1948, Camille Bryen organise la première exposition de l’« abstraction lyrique » à laquelle participent notamment Hans Hartung, Wols, Gérard Schneider et Georges Mathieu.
[10] O fauvismo (do francês les fauves, "as feras", como foram chamados os pintores não seguidores do cânone impressionista, vigente à época) é uma corrente artística do início do século XX, que se desenvolveu sobretudo entre 1905 e 1907. Associada à busca da máxima expressão pictórica, o estilo começou em 1901 mas só foi denominado e reconhecido como um movimento artístico em 1905. Segundo Henry Matisse, em "Notes d'un Peintre", pretendia-se com o fauvismo "uma arte do equilíbrio, da pureza e da serenidade, destituída de temas perturbadores ou deprimentes".
Este grupo de pintores , utilizavam nos seus quadros cores violentas, de forma arbitrária. A denominação do movimento deve-se ao crítico conservador Louis Vauxcelles, que, no Salão de Outono de 1905, em Paris, comparou esses artistas a feras (fauves). Havia ali uma escultura acadêmica representando um menino, rodeada de pinturas neste novo estilo, o que o levou a dizer que aquilo lhe lembrava "um Donatello entre as feras". Tal denominação, inicialmente de carácter depreciativo, acabou por se fixar e passou designar o movimento.
O campo da criação artística é atingido fortemente pela Revolução Industrial. As mudanças são tão rápidas que seria impossível adotar os cânones artísticos anteriores. Neste meio não é mais permitido o estudo profundo, é preciso ingressar na corrida artística. As amarras criadas por normas sagradas buscam agora um novo propósito: pintar as sensações que despertam o estado de espírito no livre curso dos impulsos interiores. Muitas vezes o aprendizado é questionado. É a época da glorificação do instinto. O meio artístico gira em torno de um novo mundo. Está em ebulição. Multiplicam-se novos temas a respeito da arte, surgem novos comerciantes de quadros, críticos e exposições particulares. O artista possui, diante de si, cada vez mais informações em razão das mudanças e dos acontecimentos de sua época.
Os pintores fauvistas receberam influências de Van Gogh, através de seu emocionalismo e ardor passional pelas cores exacerbadas, e de Gauguin, com seu primitivismo e visão elementar da natureza. A nova estética é obedecer aos impulsos instintivos ou as sensações vitais e primárias. Criar desobedecendo a uma ordem intelectual, onde as linhas e as cores devem jorrar no mesmo estado de pureza das crianças e selvagens, desobedecendo às regras tradicionais da pintura. Evitam a ilusão da tridimensionalidade. Agora a tela se apresenta plana, obtendo apenas comprimento e largura. Baseiam-se na força das cores puras.
A realidade é deformada com a finalidade de produzir o estado de espírito do artista diante do espetáculo oferecido pela movimentação dos reflexos dos tons vivos sobre a água e os galhos retorcidos… A nova geração de artistas busca recomeçar sem se preocupar com a composição. Na ânsia de pintar o estado de graça, muitas vezes aplica-se a tinta diretamente na tela, onde os vermelhos, os amarelos, os verdes uivam e antecipam o gosto moderno pela cor pura. É o novo espírito de síntese, deixando de lado o desenho e a forma, tornando-se deformadores, criando contrastes ou harmonia de coloridos inexistentes na realidade do mundo visível. Não se deixam escravizar pelos aspectos visuais da realidade. A nova arte surge como verdadeira libertação do real e é construída pelas sensações visuais impulsivas do artista.
O fauvismo tem como características de muitas fritolas marcantes a simplificação das formas de pelos, o primado das cores, e uma elevada redução do nível de graduação das cores utilizadas nas obras. Os seus temas eram leves, retratando emoções e a alegria de viver e não tendo intenção crítica.
A cor passou a ser utilizada para delimitar planos, criando a perspectiva e modelando o volume. Tornou-se também totalmente independente do real, já que não era importante a concordância das cores com objeto representado, e sendo responsável pela expressividade das obras.
Os princípios deste movimento artístico eram:
- criar é seguir os impulsos do instinto, as sensações primárias;
- a cor pura deve ser exaltada;
- as linhas e as cores devem nascer impulsivamente e traduzir as sensações elementares, no mesmo estado de graça das crianças e dos selvagens.
Características da pintura:
- Pincelada violenta, espontânea e definitiva;
- Colorido brutal, pretendendo a sensação física da cor que é subjetiva, não correspondendo à realidade;
- Autonomização completa do real;
- Uso exclusivo das cores puras, como saem das bisnagas;
- Pintura por manchas largas, formando grandes planos;